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quinta-feira, 24 de março de 2016

"O sonho de Dilma é deixar explodir na mão de qualquer outro a massa falida em que seu governo transformou o Brasil " / Ruth de Aquino

O cenário falso de Dilma

Dilma e Lula prometeram o impossível. Blefaram. O papel de parede e os eletrodomésticos se foram

RUTH DE AQUINO
11/03/2016 - 21h01 - Atualizado 11/03/2016 21h28
O sonho de Dilma é deixar explodir na mão de qualquer outro a massa falida em que seu governo transformou o Brasil e sair por aí de bicicleta. Só se fala de Lula. A presidente deve agradecer de joelhos à Justiça atabalhoada brasileira, que tem desviado o foco das denúncias contra seu governo. Dilma tentou ser populista e popular. Não conseguiu ser uma coisa nem outra. O “dilmismo” nunca passou de um cenário provisório e improvisado.
Um cenário falso como o do apartamento do Minha Casa Minha Vida, adquirido pelo casal Eliel e Adriane Silveira, em Caxias do Sul. No início, eles se sentiram num sonho. O casal foi informado de que Dilma, em pessoa, entregaria as chaves de seu apartamento. Os dois vibraram ao ver que seu apartamento estava mobiliado e decorado. Dilma foi filmada com o casal. Depois da visita presidencial, a decoração foi removida. Geladeira, fogão, televisão e máquina de lavar.
“Só não levaram o resto dos móveis porque a gente bateu o pé e não deixou”, disse Adriane. “O tapete, disseram que poderíamos ficar com ele, porque tinha sido muito pisado.” A Arcari Empreendimentos retrucou que ninguém havia prometido doar nada, mas, diante da repercussão negativa, os eletrodomésticos voltaram. “Nos avisaram que a presidente viria e que precisaríamos ambientar um apartamento para a visita”, explicou Francielle Arcari, do departamento jurídico da construtora. “Colocamos até papel de parede, e vamos deixar, mesmo não sabendo quem prometeu.”
A história de Eliel e sua mulher Adriane parece surreal, mas é a melhor metáfora para o governo Dilma. Não o final feliz – no qual ninguém acredita, especialmente a “presidenta” e os pobres. A história ilustra a fantasia populista brasileira. Dilma, Lula e o marqueteiro João Santana “ambientaram” um cenário grandioso na última eleição para inventar um país que só existia na propaganda político-partidária, sem compromisso com o futuro da economia e da população. Blefaram. Prometeram o impossível. Rasgaram depois até o papel de parede, os eletrodomésticos se foram, os empregos também, o país ficou no escuro.
Dilma e Lula juntos no Meu Tríplex Minha Vida, com fim de semana no Meu Sítio Minha Vida, tudo com a cumplicidade e as doações de empreiteiras. As construtoras pagavam palestras, viagens e imóveis do padrinho e, em troca, eram escolhidas para comandar os empreendimentos furados da afilhada. Eram um pouquinho maiores do que a Arcari Empreendimentos, aquela que botou, tirou e recolocou os eletrodomésticos na casa de Eliel e Adriane.
O populismo é a ideologia da ignorância. Confunde esquerda e direita, mistura promessas na mesma sopa. O populismo se sustenta em líderes carismáticos e se alimenta da manipulação da massa. A História tem exemplos com resultados dramáticos. O programa Sem fronteiras, da GloboNews, analisou ciclos de populismo no mundo e abordou alguns fenômenos atuais de ascensão e queda. Qual a diferença entre ser populista e popular? A quem serve o populismo, cuja retórica costuma ser o “nós contra eles”?
Donald Trump, o pré-candidato republicano nos Estados Unidos, é o mais exorbitante populista no momento. Quanto mais esbraveja, mais conquista a audiência e eleitores. Mesmo que seja com palavrões. Já viram algo parecido? Trump é uma celebridade, com seus livros, hotéis e cassinos, que fica “confortável diante das câmeras, fala como demagogo contra imigrantes ilegais, especialmente mexicanos”, e faz parecer simples combater o Estado Islâmico e os terroristas. A definição é de Michael Kazin, professor de História da Universidade de Georgetown, para o Sem fronteiras. Como muitos populistas, diz Kazin, “Trump gosta de reduzir a política a um conjunto simples de polarizações” porque o “populismo é um dispositivo para mobilizar o povo contra as elites”.
Na França, a populista mais popular é Marine Le Pen, com discurso social e nacionalista de direita, contra a imigração. Na América Latina de populistas de esquerda como Juan Perón e Getúlio Vargas, o movimento tem caído em desgraça – na Venezuela, no Equador, na Argentina, na Bolívia e no Brasil.
“O populismo, quando surge, permite acentuar o que a democracia tem de positivo e de negativo. Se o populismo se consolida, é um sintoma de que havia gente que não se sentia representada. Pode criar, assim, fenômenos de inclusão social importantes”, disse ao jornalista Silio Boccanera, da GloboNews, o uruguaio Francisco Panizza, professor de política da London School of Economics e autor do livro Populismo e o espelho da democracia.
“Mas também há populismos extremamente destrutivos que levam a uma completa polarização social e a um conflito social muito difícil de resolver.” É, no mínimo, um alerta para este domingo 13.

quarta-feira, 23 de março de 2016

PF revela planilhas com valores destinados a mais de 200 de 24 partidos

23/03/2016 16h51 - Atualizado em 23/03/2016 20h04

PF apreende planilhas da Odebrecht com valores destinados a políticos

Tabelas mostram doações a mais de 200 políticos de 24 partidos.
Não é possível afirmar se são doações legais ou caixa dois de campanha.

Lucas SalomãoDo G1, em Brasília
Planilha apreendida com presidente da Odebrecht Infraestrutura mostra doações a partidos políticos (Foto: Reprodução)Planilha apreendida com presidente da Odebrecht Infraestrutura mostra doações a partidos políticos (Foto: Reprodução)



Polícia Federal encontrou planilhas que mostram doações feitas pela Odebrecht a mais de 200 políticos de 24 partidos.
Os documentos foram apreendidos na residência do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Junior, que foi preso temporariamente na 23ª fase da Operação Lava Jato e liberado posteriormente pela Justiça.
Políticos cujos nomes aparecem nas planilhasnegam ter cometido irregularidades.
Nesta quarta-feira (23), depois de as planilhas terem sido divulgadas na imprensa, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, determinou o sigilo sobre os documentos (leia mais ao final desta reportagem).
De acordo com as tabelas, os repasses foram feitos pela empreiteira para as campanhas municipais de 2012 e para as eleições de 2010 e de 2014. As planilhas foram apreendidas pela PF durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, que teve como alvo principal o marqueteiroJoão Santana, que trabalhou em diversas campanhas do PT.
Não é possível, porém, afirmar que se tratam de doações legais de campanha ou feitas por meio de caixa 2, já que os documentos não detalham se os valores, de fato, foram repassados e se foram pagos em forma de doação oficial.
Nas tabelas que relacionam o nome de políticos, os valores repassados ultrapassariam os R$ 55 milhões.
Planilha apreendida com presidente da Odebrecht Infraestrutura mostra doações a partidos políticos nas eleições de 2012 (Foto: Reprodução)Planilha apreendida com presidente da Odebrecht Infraestrutura mostra doações a partidos políticos nas eleições de 2012 (Foto: Reprodução)
Em depoimento à Polícia Federal no último dia 24 de fevereiro, o presidente da Odebrecht Infraestrutura explicou que as doações da empreiteira nunca eram destinadas a políticos, mas sempre para os partidos "de modo a evitar pressões e constrangimentos de candidatos". No depoimento, Benedicto Barbosa nega ter repassado vantagens ilícitas a políticos.
Na lista, estão políticos de diversos partidos, tanto da base aliada ao governo federal quanto de oposição. Entre os políticos citados estão o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves(MG), o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto durante a campanha presidencial de 2014, e o os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Jaques Wagner (Chefia de Gabinete da Presidência).
Também são citados como destinatários de doações da empreiteira o senador José Serra (PSDB-SP), o ministro da Defesa, Aldo Rebelo, os governadores tucanos Beto Richa (Paraná) eGeraldo Alckmin (São Paulo) e o ex-governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT).
Planilha apreendida com presidente da Odebrecht Infraestrutura mostra doações a políticos nas eleições de 2010 (Foto: Reprodução)Planilha apreendida com presidente da Odebrecht Infraestrutura mostra doações a políticos nas eleições de 2010 (Foto: Reprodução)
Apelidos
Ao lado de alguns nomes, a Odebrecht utiliza apelidos para se referir a políticos. É o caso do ex-presidente da República José Sarney (PMDB), apelidado de "Escritor". Outros peemedebistas, como os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado, Renan Calheiros (AL), também têm apelidos. Cunha é tratado como "Caranguejo" e, Renan, como "Atleta".
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), é apelidado de "Nervosinho", de acordo com a tabela de repasses da Odebrecht. O deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) é tratado como "Bruto".
Outras figuras conhecidas e que recebem apelidos são os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), o "Lindinho"; o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), o "Drácula"; e a deputada estadual Manuela d'Ávila (PCdoB-RS), apelidada de "Avião".
Planilha apreendida com presidente da Odebrecht Infraestrutura mostra doações a políticos e apelidos usados para se referir a eles (Foto: Reprodução)Planilha apreendida com presidente da Odebrecht Infraestrutura mostra doações a políticos e apelidos usados para se referir a eles (Foto: Reprodução)
'Setor de Operações Estruturadas'
Segundo o juiz Sérgio Moro, as tabelas apreendidas pela PF que citam políticos não têm, em princípio, relação com o que a força-tarefa da Lava Jato chama de "estrutura profissional" de pagamento de propina em dinheiro no Brasil.
A empresa, ainda conforme a investigação, tinha funcionários dedicados a uma espécie de contabilidade paralela que visava pagamentos ilícitos. A área era chamada de "Setor de Operações Estruturadas".
O Ministério Público Federal (MPF) afirma que os pagamentos feitos pela Odebrecht estão atrelados a diversas obras e serviços federais e também a governos estaduais e municipais.
Dentre elas está a construção da Arena Corinthians, segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
A estimativa é de, ao menos, R$ 66 milhões em propina distribuída entre 25 a 30 pessoas. Esse valor, segundo a Polícia Federal (PF), estava disponível em apenas uma das contas identificada como pertecente à contabilidade paralela da empresa.
Além do estádio, a operação também investiga irregularidades no Canal do Sertão, na Supervias, no Aeroporto de Goiânia e na Trensurb, do Rio Grande do Sul.
De acordo com a força-tarefa, o setor da Odebrecht responsável pelas vantagens indevidas tinha um sistema informatizado próprio utilizado para armazenar os dados referentes ao processamento de pagamentos ilícitos e para permitir a comunicação reservada entre os executivos e funcionários envolvidos nas tarefas ilícitas.
Outro sistema, no qual os envolvidos usavam codinomes, permitia a comunicação secreta entre executivos, funcionários da Odebrecht e os doleiros responsáveis por movimentar os recursos irregulares.
Planilha apreendida com presidente da Odebrecht Infraestrutura mostra doações a políticos e apelidos usados para se referir a eles (Foto: Reprodução)Planilha apreendida com presidente da Odebrecht Infraestrutura mostra doações a políticos e apelidos usados para se referir a eles (Foto: Reprodução)
Sigilo
Nesta quarta-feira (23), após as planilhas terem sido divulgadas na imprensa, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, determinou o sigilo sobre os documentos.
"Aparentemente, na residência de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, foram apreendidas listas com registros de pagamentos a agentes políticos. Prematura conclusão quanto à natureza desses pagamentos. Não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos", diz o juiz no despacho.
"De todo modo, considerando o ocorrido, restabeleço sigilo neste feito e determino a intimação do MPF para se manifestar, com urgência, quanto à eventual remessa ao Egrégio Supremo Tribunal Federal para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado", conclui Moro.