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domingo, 22 de fevereiro de 2015

"Homem também é objeto sexual" ... // Ruth de Aquino / Época/ 50 tons de cinza




O homem também é objeto sexual

Amarrar e dar palmadinha excita muitos adultos. Se for consenso, é uma ferramenta erótica como tantas

RUTH DE AQUINO
12/02/2015 20h43 
E não poderia ser diferente. O livro pornô para amadores Cinquenta tons de cinza chegou ao telão precedido por uma histeria de marketing monumental. Uma histeria incompreensível a mulheres realizadas na horizontal e na vertical, que conseguem prazer pleno na troca real ou na fantasia sem freios. O roteiro é banal, infantil e chato para quem faz sexo de verdade na cama e fora dela. Com ou sem amor. De olhos abertos ou fechados.
Para as heterossexuais bem resolvidas, o homem é um objeto sexual. A mulher que gosta de homem se ocupa do prazer dele, se dedica a seu corpo. Não o corpo dela, mas o corpo dele, com todos os seus mistérios. Homem também tem mistério e ponto H. Não são máquinas de produzir orgasmos. Aliás, longe disso. Eles precisam de orientações femininas para ser bons de cama. Mulher que insiste em reduzir o homem só a “provedor” – de dinheiro ou prazer, ou ambos – não faz jus ao parceiro nem a si mesma.
Cansei de ver homem reclamando de mulheres com corpos sensacionais, que se deitam na cama, se olham no espelho e ficam ali, passivas e maravilhadas consigo mesmas, à espera da adoração e ação intensiva do parceiro. Ou mulheres que apagam a luz por vergonha de suas imperfeições como se fossem pecados contra o tesão. Nada afeta mais o tesão, próprio ou alheio, do que a baixa autoestima. E isso a personagem do livro e do filme, Anastasia Steele, tem de sobra. “Sou desastrada, malvestida e não sou loura” (!).
Outra incompreensão que se escuta nas conversas é a do recurso, interessante, do sadomasoquismo nas relações sexuais. No telão, o sadomasô excessivamente estético é ainda mais enfraquecido, por ficar muito aquém das fantasias. Como se sabe, o roteiro o transforma em contrato, como esses submetidos ao RH, com cláusulas e multas. Perde assim seu fator X: a imprevisibilidade, o frescor, a transgressão.
Nos ambientes acadêmicos ou feministas hard, surgiu agora uma discussão equivocada, fora do tom. Nos Estados Unidos, há um “movimento” para doar US$ 50 a abrigos de mulheres espancadas ou violentadas em vez de gastar para ver o filme. Gail Dines, professora de sociologia no Wheelock College, de Boston, diz que o filme glorifica relações de abuso.
“A história mostra um predador sexual sádico que persegue uma mulher bem mais jovem e abusa dela”, afirma a socióloga. “É um conto de fadas no sentido de não ser real, mas, na realidade, é uma história de terror vivida por muitas mulheres.” Hello! Que exagero. Nem essa importância o roteiro tem, a meu ver. Amarrar e dar palmadinha excita muitos adultos e, se for consenso, de brincadeira, sem machucar, torna-se uma ferramenta erótica como tantas.
O BSM – “b” de “bondage”, ou seja, de “amarrar” – está presente na vida ou nos sonhos de muitas mulheres, suas vizinhas ou companheiras ou colegas de trabalho ou parentes próximas, mesmo que seja sexualmente incorreto. Lamento que haja tanto desconhecimento ao se generalizar o desejo feminino – e o masculino também. Falta conversa, falta abertura, falta ousadia e sobra repressão nas relações de nosso cotidiano.
O livro é um fenômeno mundial. Vendeu mais de 100 milhões de exemplares em 52 línguas. Normalmente, livros são melhores que suas adaptações, pela profundidade e caracterização dos personagens. Mas, num livro tão ruim com diálogos tão melosos, a linguagem visual e resumida do cinema poderia produzir algo mais quente e visceral. Não foi possível. O filme segue rigorosamente a receita de sopão de clichês e a falta de sexo explícito.
A mocinha morre de excitação no filme quando morde o lábio inferior. O mocinho não permitiu nu frontal. Aaaahhh, que peninha. A desculpa oficial é que o ator é casado e acaba de ser pai pela primeira vez. Minha especulação é que talvez a cena decepcionasse as fãs do metido a garanhão Christian Grey, porque a gente sabe que, nas fantasias femininas, tamanho é documento.
Para sair molhadinha, só se cair uma chuva daquelas no fim da sessão e você estiver sem casaco impermeável. O que seria, ao menos, uma boa novidade em tempos de seca – digo seca líquida, falta de água, não de homem. Abram os olhos, moças, os homens estão por aí e, felizmente, não são bobos como o Christian Grey.
 

domingo, 11 de janeiro de 2015

A Marcha Republicana de Paris foi uma celebração de vida e de esperança... / Ruth de Aquino

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Um domingo de trégua e celebração da vida em Paris

Com meu lápis amarelo, eu me juntei à multidão que acredita na tolerância religiosa e que espera vencer um dia a guerra contra o terror

DE PARIS
11/01/2015 19h27 - Atualizado em 11/01/2015 20h08

Manifestação reúne mais de 1 milhão em Paris (Foto: Ruth de Aquino/ÉPOCA)
Era quase impossível respirar dentro do metrô que me levou de Saint-Germain, na Rive Gauche, ao outro lado do rio Sena, na Place de la République, de onde sairia a Marcha Republicana em homenagem aos 17 mortos por terroristas em Paris em três dias, de quarta-feira a sexta-feira. O transporte era gratuito. E quando vi os vagões lotados, joguei-me no último. Só nos segurávamos porque um corpo encostava no outro. Ainda bem que é inverno. Levava meu pequeno lápis amarelo. O papel colado ao casaco, Je Suis Charlie, caiu ao chão para nunca mais ser visto.
 
Ruth de Aquino na marcha contra o terrorismo em Paris (Foto: Época)
Sabia que, por mais “manifs” de que eu tenha participado em Paris, ou “demonstrations” em Londres, como correspondente ou simples cidadã, essa de hoje seria a mais gigantesca. E pacífica. Eu tinha certeza de que seria pacífica. Claro que qualquer um pode colocar uma bomba em qualquer lugar. Mas, mais do que a força policial, fardada, ou à paisana, armada com metralhadoras ou pistolas, havia a força da população unida contra o terror. Todas as religiões, todas as idades, todas as classes sociais, todas as cores de pele, todas as nacionalidades.
Fazia sol à saída do metrô em Strasbourg Saint-Denis, contrariando previsões de chuva. A multidão evitava qualquer empurra-empurra, éramos cúmplices na caminhada pela liberdade. Ninguém fazia festa mas tampouco chorava. Eram passos lentos e, às vezes, os gritos: Charlie, Charlie, Charlie. E também os aplausos, muitos aplausos. As bandeiras, o hino francês, a Marseillaise, liberté, égalité, fraternité. Aplaudíamos os cartunistas, os policiais, os muçulmanos. Aplaudíamos por estar vivos para presenciar esse momento histórico, a maior manifestação desde a Segunda Guerra Mundial, desde a Libération de Paris, em 1944. Mais de 70 anos se passaram. O sentimento era de orgulho nas quatro moças bonitas que diziam, todas, ser Charlie. Foi um dia em que o francês deixou de ser blasé.
 
Manifestação reúne mais de 1 milhão em Paris (Foto: Ruth de Aquino/ÉPOCA)
Havia carrinhos de bebê com mamadeira e cartaz: “Sou o futuro. Quero crescer livre para pensar e falar”. Hoje, éramos tudo de bom. Je suis la vie, sou a vida. Outro cartaz, Je suis Ahmed, lembrava que um policial muçulmano foi abatido. Mais adiante, um rapaz com sua família levava uma faixa que traduzia o desejo sincero de união: “Sou Charlie, sou judeu, sou muçulmano, sou policial, sou um homem livre”. Ateus, judeus, muçulmanos, todos foram vítimas do terror na semana passada, e, entre as minorias, não faltou nem mesmo uma jovem policial negra de 26 anos, desarmada, morta covardemente na quinta-feira, era da Martinica. Repetia-se à exaustão em cartazes a palavra que justificava a presença de todos ali: LIBERTÉ. Todos nos sentíamos responsáveis.
Manifestação reúne mais de 1 milhão em Paris (Foto: Ruth de Aquino/ÉPOCA)
Manifestantes beijavam policiais, com os três beijinhos costumeiros dos franceses. Desconhecidos se abraçavam, sorriam uns para os outros. Sorrisos tristes, dos mais velhos, sorrisos excitados, dos mais jovens. Imagino as charges jocosas que Charb, Cabu, Tignous e Wolinski criariam diante de tanto amor meloso ao próximo. Eles não acreditariam em nada disso. E é difícil acreditar mesmo. Hoje nós vivemos, neste dia inesquecível em Paris, uma linda trégua, que pode não passar de uma ficção de domingo.
Amanhã é segunda. E muita coisa ainda precisa ser explicada, porque não dá para entender como os irmãos Kouachi tiveram tanta liberdade de ação em Paris, com um passado tão sombrio. O atentado à redação de Charlie Hebdo, seguido de sequestros com fuzis Kalashnikov, mostrou que o terror é uma ameaça mais palpável para todo francês, todo europeu. O jihad - a guerra santa islâmica - deixou de ser um inimigo distante. Por isso mesmo, todas as ruas de Paris estavam semidesertas, a não ser na área do cortejo. Não havia mais nada a fazer nesse domingo, 11 de janeiro de 2015, do que desafiar o medo e celebrar a vida.
Manifestação reúne mais de 1 milhão em Paris (Foto: Ruth de Aquino/ÉPOCA)

Manifestação reúne mais de 1 milhão em Paris (Foto: Ruth de Aquino/ÉPOCA)
Manifestação reúne mais de 1 milhão em Paris (Foto: Ruth de Aquino/ÉPOCA)
Manifestação reúne mais de 1 milhão em Paris (Foto: Ruth de Aquino/ÉPOCA)
Manifestação reúne mais de 1 milhão em Paris (Foto: Ruth de Aquino/ÉPOCA)
Manifestação reúne mais de 1 milhão em Paris (Foto: Ruth de Aquino/ÉPOCA)


domingo, 20 de julho de 2014

"Revelar o meu desconforto em usar biquini, as limitações de meu corpo em uma praia cheia de corpos esculturais...."


O corpo perfeito e a realidade. Por Juliana Doretto

Na 'Visita' de hoje, Juliana decide aceitar-se como é, à luz do sol

DE LISBOA
20/07/2014 06h00
Kindle


Para olhar esta imagem em nosso espelho, até onde estamos dispostas a ir? (Foto: Freeimages.com)
Chegou o verão aqui na Europa e, com ele, o meu desconforto em usar biquíni. Ir à praia para mim é sempre revelar em público as limitações do meu corpo: a gordura indesejada na barriga; as coxas volumosas demais; a celulite; as estrias...
Com o tempo, a imensidão do mar e a calmaria que ele me traz me fazem esquecer, por momentos, a protuberância na região abdominal. Mas, antes disso, na hora de tirar o short, vêm uma certa vergonha e a lembrança das horas não passadas na academia.
Cuido da alimentação e não sou nada sedentária, apesar de detestar os instrumentos de tortura da musculação. Mas Deus ou a genética ou minha dieta (ou os três) deram-me gordura em locais que me fazem fugir do corpo escultural. E, pelo que olho na praia, a Divina Providência fez várias mulheres assim, como eu.
Nas mais novas, a barriga “chapada” é minoria. Nas mais velhas, há marcas da gravidez e da gravidade. Mas não somos nós, com quilinhos demais e músculos rijos de menos, que aparecemos nas capas de revista e no cinema.  Pelo menos não nos dias de hoje.
Estava num posto de gasolina do Algarve, região com praias magníficas, no sul de Portugal, quando entrou na loja de conveniência uma moça com padrões corporais iguais aos das revistas vendidas ali também. Eu, que fui atendida depois da bela senhora, ouvi os comentários dos funcionários sobre as suas qualidades físicas. Eles falavam, nem sempre com palavras muito suaves, de seu corpo escultural, da sua boa altura, de suas curvas bem desenhadas.
Então, parece que nem sempre os estereótipos ficam só nas fotografias das modelos: os homens, de vez em quando, os incorporam.
Gostaria de dizer que as mulheres aceitam o corpo que têm e o que escrevo aqui tem a ver apenas com as minhas inseguranças. Mas os relatos que ouço de outras mulheres me fazem pensar que não estou sozinha nessa sensação.
A observação também me ajuda na confirmação dessa tese. A praia europeia permite o topless. Não é escolha da maioria, mas também não é opção só das que se encaixam nos padrões de beleza contemporâneos. Há mulheres com mais idade (e mais ação da gravidade) de peito nu. E há as que estão “com tudo em cima”, seja lá o que for esse “tudo” e esse “em cima”.
O olhar dos homens banhistas é, em geral discreto, feito de modo a não despertar a atenção daquela que está sendo admirada. As mulheres, por sua vez, fixam os olhos no peito alheio. O que pensarão elas? Reprovação pela seminudez? Inveja dos seios rijos? Desejo de ter coragem de fazer o mesmo? De todo modo, é inegável que o espelho do corpo feminino alheio desperta reações nas mulheres.
De volta à cidade, me olho no espelho de casa, protegida dos olhos públicos. Viro, desviro. Vejo as gordurinhas que me incomodaram na praia. Relativizo algumas, confirmo o desgosto por outras.
Pondero: caminho seis quilômetros, três vezes por semana. Busco, sempre que possível, seguir a dieta mediterrânea. Não irei muito além disso: é o que estou disposta a fazer pela saúde e pela forma. Se decido não gastar mais horas com meus músculos, o que posso fazer? O jeito é aceitar o que sou, comprar uma roupa de banho confortável e me entregar ao mar. Dentro dele, nem me lembro de que tenho um corpo.
perfil Juliana Doretto - blog da Ruth (Foto: ÉPOCA)

domingo, 15 de junho de 2014

Artilheira no banco...


Do blog de Ricardo Noblat - 
15.06.2014
 | 
11h04m
POLÍTICA

Dilma no banco, por Ruth de Aquino

Ruth de Aquino, ÉPOCA
Por três vezes, a multidão gritou gol, por quatro vezes mandou Dilma Rousseff tomar no c... Caía por terra o esquema oficial para blindá-la. De pouco adiantou entrar no Itaquerão quase clandestina. Dilma chegou em comboio por uma garagem. Subiu em elevador privativo.
De nada adiantou evitar pronunciamento e quebrar a tradição de Copas do Mundo. Não se anunciou sua presença. Seu nome não foi citado. A imagem de Dilma no telão bastou para detonar o coro ofensivo. Pior que as vaias do ano passado.
O que sentiu a herdeira do ausente Lula? Em seus sonhos, a estreia da Copa no Brasil seria sua consagração e do Partido dos Trabalhadores (PT). O que deu errado?
O primeiro gol contra não foi do Marcelo. Foi do técnico Lula. Há quatro anos, ele convocou como artilheira seu poste querido, inexperiente no gramado político, sem talento para driblar adversidades, sem criatividade para virar um placar, sem carisma para liderar companheiros, sem visão de jogo para lançamentos longos, sem precisão nos cruzamentos, sem vocação para trabalho de equipe. Uma capitã sem a generosidade do passe, sem a humildade da autocrítica, sem o brilho que encanta, sem sorriso, sem suor, sem humor. Dilma foi imposta por Lula até a aliados relutantes.

E, agora, o ex-presidente, corintiano roxo, que pontuou seus dois mandatos com metáforas futebolísticas, se viu coagido a não aparecer no Itaquerão em dia de gala. Ele, que articulou a construção do estádio para sediar a abertura do Mundial, viu o jogo no seu apartamento em São Bernardo, no ABC paulista. Medo de levar rebarba?

domingo, 23 de março de 2014

Você confia no governo municipal, estadual, federal... ???

Você confia em alguém?

Na versão de Dilma? De Alckmin? No governo? Na oposição? Na polícia? Em quem acreditar?

RUTH DE AQUINO
21/03/2014 21h42


A confiança é a base das relações. Em casa ou no trabalho, na família, no amor, na amizade. Quando se perde totalmente a confiança, por uma sucessão de mentiras, incompetências ou traições, fica difícil até acreditar na verdade. O Brasil vive hoje uma crise profunda de credibilidade das instituições, das empresas e dos governantes. É ruim para o país, é péssimo para nossa autoestima como brasileiros e, em ano eleitoral, provoca uma baita insegurança.
Você acredita na versão da presidente Dilma Rousseff sobre o monumental escândalo da compra bilionária da refinaria de Pasadena pela Petrobras? Você acredita que Dilma, então ministra da Casa Civil, foi traída pelo Conselho que ela mesma dirigia? Você acredita que Dilma, com todo o seu rigor de gerentona, assinou um negócio de mais de US$ 1 bilhão sem conhecer as cláusulas, apenas com base num parecer “técnico e juridicamente falho”, segundo a nota do Planalto?
Você acredita nas boas intenções da Petrobras? Você acredita que ninguém da estatal levou dinheiro ao recomendar a compra, por US$ 1,19 bilhão, de uma refinaria vendida um ano antes por US$ 42,5 milhões? Você acredita que o escândalo da refinaria de Pasadena não passa, segundo o presidente do PT, Rui Falcão, de um ataque à maior empresa do Brasil e “patrimônio de nosso povo”? Você confia em Rui Falcão?
Você confia na inocência do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa? Ele foi preso pela Polícia Federal com mais de R$ 1 milhão em casa, sob acusação de envolvimento com quadrilha de lavagem de dinheiro. Você acredita que o Land Rover que ele ganhou de presente do doleiro Alberto Youssef tenha sido apenas um mimo como pagamento por uma consultoria?
Você acredita no governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quando ele diz que pegar água da Bacia do Rio Paraíba do Sul – que abastece o Rio de Janeiro – seria uma boa política para os dois Estados? Alckmin acha que seu plano não prejudicará em nada o abastecimento de água do Estado do Rio e que é “uma via de mão dupla”. Você confia em Alckmin?
Você acredita que nossa inflação anual em 2013 ficou abaixo dos 6%, como afirma o governo? Você, que compra comida e paga por serviços, acha mesmo que a inflação foi de 5,91%? Você confia nos índices oficiais? Você acredita que, caminhando nesse ritmo, a inflação, no próximo ano, subirá ou será “trazida para o centro da meta” – como se fala no economês ininteligível dos ministros?
Você acredita na versão dos PMs que levaram para o hospital Claudia Ferreira, moradora do Morro da Congonha, no Rio de Janeiro? Você acredita que o subtenente Rodney Miguel Arcanjo só colocou Claudia no porta-malas da patrulha porque a rua era estreita, e ele ficou receoso devido ao assédio dos parentes e vizinhos de Claudia? Você acha mesmo que os PMs só queriam salvar Claudia? Você confia nos flagrantes da PM carioca e nos resultados de inquéritos? Mesmo após a história mentirosa e fantasiosa sobre o desaparecimento de Amarildo da favela da Rocinha, você confia nas versões oficiais sobre os “autos de resistência”? Você acredita que os PMs apoiam as UPPs?
Você acredita que o Brasil tem condições de sediar uma Copa do Mundo com um mínimo de respeito a prazos, horários, transporte, voos e acomodações? E sem desperdício de dinheiro? O estádio que abrirá a Copa em 12 de junho, com o jogo entre Brasil e Croácia, será entregue incompleto no dia 15 de abril à Fifa. Sem carpete, com piso de cimento. Sem iluminação, holofotes terão de ser alugados. Lanchonetes ainda por acabar. Ah, o problema é do BNDES, que atrasou a liberação do financiamento de R$ 400 milhões. A Fifa tinha exigido que o estádio fosse entregue com dois telões, cada um com 90 metros quadrados. Adivinhe! Os telões terão de ser alugados. Você acredita que os estádios de Curitiba e Cuiabá estarão prontos logo? Aliás, você confia na Fifa?
Você confia na oposição? Deve haver alguma coisa errada, porque, se 64% dos brasileiros estão insatisfeitos com o atual rumo do Brasil e querem que o próximo presidente mude muito ou totalmente o país, por que Dilma, segundo as previsões, venceria logo no primeiro turno? Você confia em Aécio Neves ou Eduardo Campos na Presidência da República? Você sabia que 35% dos brasileiros não conhecem Eduardo Campos e 27% não conhecem Aécio Neves? Você acredita que Campos e Aécio possam restituir a confiança na ética política e acabar com o vexame internacional do Brasil em saneamento, educação, saúde e segurança?
Todos podem ser inocentes ou competentes, não é mesmo? Em alguém daí de cima – de políticos a empresários e policiais –, a gente deveria acreditar, pelo bem do Brasil. Você confia?