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sábado, 20 de agosto de 2016

O Brasil sofre bulling da OEA por intermédio da Comissão de Direitos Humanos no processo de impeachment de Dilma



Estrelas).

Pedido de explicações de Comissão da OEA sobre impeachment é um apanhado de tolices

O órgão cumpre uma formalidade; nem por isso, a coisa deixa de ter um elevado grau de estupidez

Por: Reinaldo Azevedo  
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA enviou ao governo brasileiro um documento pedindo explicações sobre o processo de impeachment. Atenção! Trata-se de um procedimento padrão, mas que, nem por isso, deixa de revelar seu caráter ridículo, uma vez que a ação que o motivou é um despropósito.
Parlamentares petistas, encabeçados por Wadih Damous, ex-presidente da OAB-RJ — o que, suponho deve envergonhar a Ordem —, denunciaram à Comissão o que seria um golpe parlamentar no Brasil. Segundo a denúncia dos petistas, “estamos diante de uma situação que não pode ser solucionada por meio de recursos internos”. Os companheiros pedem ainda que a Comissão suspenda o processo. A iniciativa conta com o apoio de José Eduardo Cardozo, o advogado de Dilma, ele também, agora, investigado por obstrução da Justiça.
Chamo atenção para o fato de que, segundo os parlamentares do PT, o próprio Supremo faria parte, então, do tal golpe, uma vez que, como está na denúncia, inexistem “recursos internos” para resguardar os direitos políticos e, pasmem!, humanos de Dilma. Vamos mais longe: para esses senhores, o Brasil já não consegue cuidar sozinho dos seus problemas.
Trata-se de um acinte e de um despropósito. As perguntas enviadas pela Comissão, dado o ridículo da denúncia, tornam-se igualmente vexaminosas.
A Comissão quer saber, por exemplo, “como teria sido garantido o devido processo legal” e “quais seriam os efeitos de uma inabilitação definitiva [de Dilma]”. Ora, ora… O órgão, que abriga o lulista Paulo Vannuchi, não precisaria nem preguntar isso ao governo. Bastaria consultar o Google. A pena em caso de impeachment está devidamente prevista em lei.
Como foi garantido o devido processo legal? Ora, com a aplicação estrita dos nossos códigos, referendados pelo regime democrático e devidamente acompanhados pelo Supremo, que foi chamado a atuar mais de uma vez pelos aliados de Dilma. A Comissão pergunta ainda se haveria a chance de uma “revisão” do processo… Hein? Revisão de quê? Estaria a dita-cuja disposta a declarar sem validade a Constituição do Brasil?
O que acho mais divertido é ler por aí que a Comissão pode conceder uma liminar para “suspender” o julgamento. É mesmo? E quem aplicaria a medida? A Quinta Cavalaria? O Brasil é um país soberano, onde vigora uma democracia de direito. A deposição de Dilma, segundo a Constituição e as leis, é uma questão de política interna.
E arremato com uma questão que já lembrei aqui: quando essa mesma Comissão recomendou a Dilma a suspensão da construção da usina de Belo Monte, a então presidente, em 2011, deu-lhe uma solene banana. E fez muito bem!
Nem a Comissão nem a Corte Interamericana de Direitos Humanos são instâncias revisoras da Justiça brasileira. Menos ainda do Congresso Nacional.
O pedido de explicações não passa de uma tolice derivada de outra.
Se o deputado Wadih Damous não gosta da Constituição e das leis que temos, ele que proponha projetos e emendas para alterá-las. Ou, então, que proponha, sei lá, a luta armada.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

"A tragédia e suas narrativas..."

OS PINGOS NOS IS – A tragédia e suas narrativas

O massacre nos EUA e a exploração política

Por: Reinaldo Azevedo  

Políticos pegam carona no massacre de Orlando para seus discursos...




Tiros em Orlando: oportunismo empapado pelo sangue das vítimas

Assassino em massa, gays, terrorismo islâmico, imigração, armas... Estão dados os elementos para a formação dos partidos e das torcidas

Por: Reinaldo Azevedo  

O coração das trevas pode estar em qualquer lugar, inclusive em Orlando. Omar Mateen, de 29 anos, um americano filho de imigrantes afegãos, matou pelo menos 50 pessoas numa boate gay chamada Pulse. Outras 53 ficaram feridas. É a maior tragédia desse tipo havida nos Estados Unidos.
O Estado Islâmico reivindica a autoria do atentado, mas a polícia ainda não tem a certeza de que Mateen fosse ligado ao grupo. De todo modo, dada a forma que o terror islâmico tomou, tal vínculo nem precisa ser formal. Uma comunhão espiritual pode ser o bastante. No tempo do terror em rede, mesmo a tecnologia das células autônomas da Al Qaeda já foi superada. O Estado Islâmico lançou o conceito dos homens-célula. É suficiente que um particular entendimento de Alá os una.
Nos dois primeiros parágrafos deste texto, estão todos os “botões quentes” da polêmica, como chamou o grande Umberto Eco aos temas que costumam mobilizar a opinião pública, rendendo muito mais calor do que luz. Ou por outra: deixa-se de lado a tragédia propriamente para debater seu significado. O fenômeno, em si, é abandonado e se passa a discutir o evento como sintoma. E quais são esses botões? Gays, terrorismo islâmico, imigração, armas. Estão dados os elementos para a formação dos partidos e das torcidas.
Mundo afora, e também no Brasil, as comunidades LGBT denunciaram mais um crime de ódio voltado contra essa comunidade. É até compreensível, desde que se faça a devida ponderação: afinal, a Pulse era, segundo consta, uma espécie de símbolo desse grupo. Não se destina apenas ao lazer. Tem também um caráter militante.
Testemunho do pai do assassino em massa — que também morreu no local — informa que ele não tolerava os gays. No Brasil, alguns exaltados chegaram até a evocar o nome do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) como exemplo da cultura que mata homossexuais… Trata-se, obviamente, de uma tolice. Bolsonaro fala bobagem às pencas. Mas não tem nada com isso.
Donald Trump, o delinquente político que vai disputar a Presidência dos EUA pelo Partido Republicano, recorreu ao Twitter para tirar vantagem do ocorrido em termos obviamente inaceitáveis:
“Agradeço pelos parabéns por estar certo sobre o terrorismo islâmico radical, mas não quero parabéns, eu quero mais rigor e cautela”. E cobrou que sua provável adversária do Partido Democrata, Hillary Clinton, se posicione a respeito. Trump já chegou a defender que os imigrantes voltem a seus países de origem.
Hillary também foi o Twitter para se solidarizar com a comunidade LGBT e atacou as leis americanas que garantem a posse de armas — nas quais Trump não quer mexer: “Temos de manter armas como as usadas na noite de ontem longe das mãos de terroristas e outros criminosos violentos”. Barack Obama foi na mesma linha: “Temos de decidir se esse é o tipo de país que queremos ser. E entender que não fazer nada também é tomar uma decisão”. Bill, marido de Hillary e ex-presidente dos EUA, foi na mesma linha.
Então vamos pensar
Quem tem razão nessa gritaria? Ninguém. É muito mais fácil comprar uma arma nos EUA do que no Brasil. Não obstante, a taxa de homicídios naquele país está na casa de 5 por 100 mil habitantes — elevada, sim, para países com alto grau de desenvolvimento (na Alemanha, é de 0,5…) —, mas muito mais baixa do que os 26 por 100 mil do Brasil.
Se alguém espera que eu vá aqui defender a posse de armas, pode tirar o cavalo da chuva. Mas a proibição, por si, não resolve nada porque ela só passaria a vigorar para as pessoas decentes. Provo: se eu quisesse comprar uma arma, teria um trabalho danado. O bandido vai até a esquina e obtém a sua.
Notem: ainda que se possa argumentar que a diminuição da circulação de armas levará a um menor número de incidentes com esse tipo de dispositivo mortífero, o que a proibição da venda e do porte poderia contra assassinos como Omar Mateen, seja ele ou não um terrorista islâmico? A resposta: nada! Esse tipo de sociopatia ou de psicopatia não é regulado por lei.
Assim, é evidente que o casal Clinton e Obama estão pegando carona numa tragédia para vender um viés ideológico que não explica a realidade.
E não é diferente com Donald Trump. Os pais de Mateen vivem regularmente nos EUA, integrados às leis americanas. O eventual endurecimento contra a imigração nada poderia contra o assassino — que era, afinal, americano. E de origem imigrante — como Trump, afinal de contas… Ou o magnata é um cherokee legítimo?
Cumpre aguardar o resultado da investigação. Há indícios bastante consistentes de que Mateen tenha sido capturado pelo extremismo islâmico. Como é sabido, em casos assim, não é preciso que parta uma ordem superior para atacar. Que ele o tenha feito numa boate gay, trata-se de um ato consistente com um grupo que pratica o extermínio sistemático de homossexuais nas áreas que ocupa. Em Mosul, no Iraque, estes eram levados ao topo do edifício mais alto da cidade e de lá eram lançados, em execuções públicas.
Ocorre que é preciso ser um tanto cuidadoso ao se falar de “homofobia”. O Estado Islâmico crucifica cristãos — sim, seus militantes são cristofóbicos também. E escravizam mulheres: sim, eles são misóginos também. E degolam ocidentais. Sim, eles não toleram nenhuma diferença. O terror islâmico mata 100 mil cristãos por ano no mundo.
O que me parece é que as potências ocidentais terão de considerar, ainda que sob um custo imenso, que o terror não pode ter, como tem hoje, um território como referência. Ninguém estará seguro, pouco importam cultura, etnia, religião ou orientação sexual.
E, vamos convir, nesse particular, Obama é um flagelo. O mundo que ele deixa, em razão de incompreensões várias e erros clamorosos, é muito menos seguro do que o que ele encontrou. Culpar a venda de armas e a homofobia é só o discurso mais fácil e mais demagógico. E é evidente que um imbecil como Donald Trump não tem a resposta.
Texto publicado originalmente às 4h45
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sábado, 21 de maio de 2016

Cineasta protestante 'mamava' nas tetas' dó governo federal // blog de Reinaldo Azevedo



Cineasta que liderou protesto de golpistas de esquerda em Cannes está em folha de pagamento do governo federal

Kleber Mendonça Filho é diretor de Cinema da Fundação Joaquim Nabuco

Por: Reinaldo Azevedo  

fundação 3
Ai, ai…
Vocês se lembram daquela patuscada em Cannes, com o cineasta Kleber Mendonça Filho (na foto, em destaque) a liderar um protesto contra o suposto golpe no Brasil? Pois é… Só pra lembrar: o homem é diretor do filme “Aquarius”. Quando chegar ao Brasil, a nossa obrigação é boicotá-lo.
Vejam isto e leia o que segue.
FUNDAÇÃO JN1
O jornalista Carlos Marchi publicou o seguinte em sua página no Facebook:
“Até anteontem, você não sabia quem era Kleber Mendonça Filho, diretor do filme “Aquarius”, que comandou, em Cannes, o protesto contra o “golpe”. Agora já sabe que Kleber não é um cineasta, é um cineasta-petista. E o que mais?
Tem coisa muito melhor. Venha comigo.
KMF, além de beneficiário da Lei do Audiovisual, tem um cargo que depende de nomeação federal. Você já desconfiava disso, né não?
É Coordenador do Cinema da Casa do Museu, vinculada à Fundação Joaquim Nabuco, em Recife.
Ora pois… O presidente da Fundação é nomeado pelo ministro da Educação.
O atual presidente da Fundação, Paulo Rubem Santiago, sindicalista, foi um dos fundadores da CUT. Pediu demissão dia 13.
Isso quer dizer que o cineasta-petista perdeu o carguinho-moleza na Fundação Joaquim Nabuco. Daí ficou nervosinho e comandou o protesto.
Moral da história: por trás do protesto de todo petralha, tem a história sombria de um carguinho perdido.”
Retomo
Pois é… Não! Pelo que informa o Portal da Transparência, o cargo comissionado de Kleber nem lhe rende tanta grana, vejam:
FUNDAÇÃO JN 2
Líquidos, são R$ 3.870,23, que é, de todo modo, mais do que recebe a esmagadora maioria dos trabalhadores do setor privado. Ele deveria cumprir jornada de 40 horas — oito horas diárias de segunda a sexta. Ele e a fundação sabem que isso não acontece.
Para quem pretende ter aquela altivez que o dito-cujo demonstrou em Cannes, duas coisas seriam imperiosas:
1 – que não tivesse levado dinheiro público para fazer o filme — e ele levou: do BNDES  e da Secretaria de Cultura de Pernambuco;
2 – que não fosse um contratado do governo federal, exercendo cargo de confiança. E ele é. Ou era, né?
Assim se fazem os nossos intelectuais e artistas independentes.
Ah, sim: os dados estão no Portal da Transparência.
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terça-feira, 3 de maio de 2016

"Um país que se anuncia sob a ordem do Direito deve tolerar invasões, obstrução do direito de ir e vir e cerceamento da atividade profissional de terceiros?


Ministério público começa a contaminar a Justiça

Um país que se anuncia sob a ordem do Direito deve tolerar invasões, obstrução do direito de ir e vir e cerceamento da atividade profissional de terceiros?

Por: Reinaldo Azevedo  
É do balacobaco. A ser como se depreende de algumas decisões judiciais, tão logo um grupo invade um prédio público, não importa o pretexto, ele se torna uma parte com direitos protegidos pela lei. Por que digo isso? Estudantes de esquerda e extrema esquerda — PT, PSTU, PSOL e coisas ainda mais exóticas — invadiram na última quinta-feira a sede do Centro Paula Souza, na região central de São Paulo, É a autarquia do governo do Estado responsável pela administração de 219 Escolas Técnicas e 66 Fatecs.
O governo conseguiu uma liminar garantindo a reintegração de posse. Foi expedida pelo juiz Fernão Borba Franco, que questionou a legitimidade da invasão, “uma vez que o prédio não é utilizado para aulas, mas para sede administrativa de rede educacional”. O magistrado afirmou, também, que o ato dos ditos estudantes pode causar prejuízos não tanto ao Estado, mas “a muitas pessoas que dele dependem: os servidores do Centro Paula Souza e seus alunos e ex-alunos” devido ao “atraso no processamento da folha de pagamentos e à possibilidade de dano aos arquivos”.
Ponto parágrafo. Por volta das 11h, a Polícia Militar entrou no prédio, MAS NÃO PARA EFETIVAR A REINTEGRAÇÃO, E SIM PARA GARANTIR A ENTRADA DOS FUNCIONÁRIOS, o que os invasores estavam impedindo. Alexandre de Moraes, o secretário de Segurança, estava presente.
Pra quê? O juiz Luís Manuel Pires, da central de mandados não gostou e deu 72 horas para a Secretaria de Segurança Pública explicar o ato. Mas não havia a liminar de reintegração? Havia! Ocorre que as partes ainda não tinham sido informadas.
Manuel Pires aproveitou para fazer um pouco de proselitismo:
“Um país que se anuncia sob a ordem do Direito deve respeitar os parâmetros definidos pelo sistema jurídico e não pela vontade casuística e personalíssima de agentes que se encontram no Poder. Sem mandado judicial, não há possibilidade de cumprimento de decisão alguma. Sem mandado judicial, qualquer ato de execução forçada caracteriza arbítrio, violência ao Estado Democrático, rompimento com a Constituição Vigente e os seus fundamentos”.
É mesmo? Responda, doutor: um país que se anuncia sob a ordem do Direito deve tolerar invasões, obstrução do direito de ir e vir e cerceamento da atividade profissional de terceiros? Mas essa é uma questão de fundo que nem pretendo debater agora.
Ocorre que a Polícia Militar nada fez além de garantir o direito que têm os funcionários do Paula Souza de trabalhar. Quem disse que houve reintegração de posse? Não houve. Tanto é assim que os invasores continuam lá. Uma pergunta ao doutor Manuel: os invasores também exercem arbítrio sobre os direitos dos funcionários? Vale a vontade casuística de quem se impõe pela força?
E que se note: a reintegração de posse não foi suspensa, não. Continua a valer. Será preciso apenas discutir a forma de aplicá-la.
Creio que o doutor Manuel exagera na retórica e acaba conferindo a invasores um estatuto que eles obviamente não devem ter: o de agentes de direito. Não! Eles podem reivindicar o que quiser. Impor-se como parte, na base do fato consumado, parece coisa inaceitável na democracia.
Infelizmente, há uma corrente de juízes que passaram a cultivar uma espécie de fetichização da invasão de prédio público. Não tenho dúvida de que isso é ideologia, não exercício do direito.

sábado, 5 de março de 2016

O PT ganhou mais do que a oposição nesta sexta-feira .... em 'que Lula foi preso'

e “Objeções de um Rottweiler Amoroso” (Três Estrelas).

Lula declara guerra à Justiça, à imprensa, à democracia e ao bom senso

Pelo visto, líder petista quer sangue nas ruas para ver se continua vivo, como um vampiro. Não é o caso de ceder à provocação dos zumbis

Por: Reinaldo Azevedo  
Lula chora durante discurso do Sindicato dos Bancários. Seus seguidores perseguiam jornalistas nas ruas (Foto: Fábio Braga/FolhaPress)
Lula chora durante discurso no Sindicato dos Bancários. Seus seguidores perseguiam jornalistas nas ruas (Foto: Fábio Braga/FolhaPress)
A irresponsabilidade de Lula nada teme, muito especialmente o sangue alheio, já que não há possibilidade de o dele próprio correr nas ruas. Nem o de seus rebentos, sempre cercados de seguranças. Os dois discursos que fez nesta sexta-feira, convocando as ruas a reagir contra a Justiça — pois é precisamente disso que se trata —, anunciam o vale-tudo. Podem apostar que eles tentarão produzir coisa feia.
Na entrevista-pronunciamento que concedeu à tarde, Lula pintou e bordou. Ora falava como o oprimido que busca piedade e solidariedade, ora como o líder capaz de ombrear como os poderosos do mundo; ora se manifestava a vítima de uma grande conspiração, ora o chefe ameaçador que deixou claro: só bateram no rabo da jararaca, não na cabeça.
À noite, na quadra do Sindicato dos Bancários, falando a militantes petistas — os organizadores afirmaram que havia lá 5 mil pessoas; convém apostar em um terço disso —, carregou nas tintas da dramaticidade. Ofereceu-se, como um Aquiles indignado prestes a entrar na luta contra Troia, para liderar os seus soldados: “Se vocês estão precisando de alguém para comandar a tropa, está aqui”.  Lula quer liderar tropas. Lula quer guerra.
Mas o guerreiro também chorou. Ora sangue, ora lágrimas.
E não economizou: “Quero comunicar aos dirigentes que estão aqui que, a partir de segunda-feira, estou disposto a viajar esse país do Oiapoque ao Chuí. Se alguém pensa que vai me calar com perseguição e denúncia, vou falar que sobrevivi à fome. Não sou vingativo e não carregou ódio na minha alma, mas quero dizer que tenho consciência do que posso fazer por esse povo e tenho consciência do que eles querem comigo”.
ErroUm dia depois da devastadora delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) ter vindo a público, com o petismo ainda aturdido, com a presidente Dilma silenciada pela perplexidade, com o chorume do petismo correndo a céu aberto, o juiz Sergio Moro fez o que não deveria ter feito: deu a Lula um palanque; aos petistas, uma causa; à Operação Lava Jato, a suspeita do excesso e da truculência gratuita.
Comece-se do óbvio: se há um mandado de condução coercitiva até Curitiba, que se chegue, então a Curitiba, que não fica no Aeroporto de Congonhas. Não tendo havido negativa anterior de Lula para depor à Justiça Federal — ele se recusara a falar ao Ministério Público de São Paulo —, a coerção, que prisão não é, tornou-se uma provocação desnecessária.
Analise-se a coisa pelo resultado: o país poderia muito bem ter passado esta sexta sem os dois discursos de Lula, os confrontos de rua, o início precoce da nova gesta petista. Citando o próprio Apedeuta: se não dá para esmagar a cabeça da jararaca, que não se lhe fira o rabo…
A ação desta sexta conferiu verossimilhança a uma mentira descarada: a de que a Operação Lava Jato é uma grande conspiração que busca atingir o PT, a figura de Lula e as conquistas dos oprimidos nos últimos 14 anos.
É preciso tomar cuidado com a soberba!
Injustificável
É evidente que o excesso do juiz Sergio Moro não justifica as duas falas de Lula. A reação do ex-presidente e de seus militantes é absolutamente desproporcional. O aparelho logo mobilizado indica que eles estavam preparados para algo, vamos dizer assim, sensacional. Faltava o pretexto. E agora eles têm um.
A reação, note-se, é muito própria do aparelho mental de fascistas dos mais variados matizes. O fascismo se traduz na cultura política do ressentimento. Ele manipula o rancor dos que se sentem perseguidos, injustiçados, humilhados e incompreendidos por uma suposta elite insensível e alheia ao sofrimento dos humildes.
E quem pode levar adiante a causa desses excluídos? Ora, o líder, o condutor, o redentor, o demiurgo! E Lula se oferece para comandar, então, o que chamou de a sua “tropa”.
É pouco provável que obtenha o efeito desejado. Duvido que vá conseguir mobilizar pessoas fora das hostes militantes. O Lula candidato a 2018 já está morto faz tempo. “Ah, mas o povo já acha que todo político é mesmo ladrão…” Pode ser. Mas Lula só se tornou Lula porque ele convenceu milhões de pessoas que era diferente. Não fica bem aparecer na fita como uma espécie de chefe de organização criminosa.
Não creio que o PT será bem-sucedido no esforço de criar um movimento de massa que volte a carregar Lula nos braços. Mas é evidente que a reação desencadeada nesta sexta vai buscar, podem escrever aí (até porque já começou), o confronto de rua, a violência e a intimidação. Se o PT não consegue pôr freio à investigação pelos meios legais, vai apelar aos ilegais.
E é óbvio que o país não precisa disso.
Atenção!
Aliás, as forças responsáveis pela segurança pública fiquem mais atentas do que nunca. É raro o movimento político, por mais pacífico e correto que seja, que não abrigue, nas suas franjas, alguns delinquentes — quando menos, delinquentes intelectuais.
Quando o próprio “comandante da tropa” anuncia que vai “para as ruas”, isso pode soar a alguns como uma “senha” para o “faça você mesmo!”
Ao longo de sua história, o petismo nunca aderiu completamente ao discurso da ordem — no caso, da ordem democrática. Agora que seu líder está politicamente morto, querem usar deu cadáver político para ameaçar as instituições.
Não é o caso de ceder à provocação dos zumbis.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Lula presta depoimento no posto da Polícia Federal no aeroporto de Congonhas em SP

Lula depõe no posto da Polícia Federal no aeroporto de Congonhas

Militantes pró e contra ex-presidente se concentram no local

Foto de Paraná online
Por: Reinaldo Azevedo  
Lula depõe à Polícia Federal neste momento na Sala da Presidência do Pavilhão das Autoridades do Aeroporto de Congonhas, informa Vera Magalhães, na VEJA. Houve tumulto entre manifestantes contrários ao ex-presidente que gritavam palavras de ordem na frente do escritório da PF no aeroporto e o ex-deputado petista Professor Luizinho, mostrou a GloboNews. Na coletiva da PF, o procurador do MPF Carlos Fernando dos Santos Lima queixou-se do assédio de políticos que foram ao aeroporto tentar falar com Lula e esclareceu que a condução coercitiva foi necessária para minorar possíveis tumultos e confrontos em caso de agendamento de um depoimento.