Dilma Rousseff se esforça há semanas para atingir dois objetivos estratégicos: não cair e passar a impressão de que comanda. De volta das férias, os deputados que supostamente apoiam o governo apertaram o botão de ‘dane-se’. Sonegaram à presidente até a ilusão de que preside. Menos de 24 horas depois de ouvir um apelo de Dilma para que desarmassem os projetos-bomba, os partidos governistas acenderam um pavio no plenário da Câmara.
Uniram-se à oposição para rejeitar requerimento que retirava da pauta uma proposta que vincula aos contracheques dos ministros do STF os salários de várias categorias: advogados da União, delegados federais e civis, auditores fiscais, procuradores estaduais e de capitais… Uma farra. O pedido que resultaria no adiamento da encrenca foi rejeitado por 278 votos a 179. Se não houver um acordo que restabeleça a racionalidade, a bomba irá a voto nesta quarta-feira.
O mapa da votação do pedido de adiamento, disponível aqui, revela que Dilma foi traída por deputados dos principais partidos ditos governistas. O PDT, legenda que controla o Ministério do Trabalho, ostenta o maior índice de infidelidade: 92,8%. Dos 14 deputados da legenda presentes à sessão 13 disseram “não à retirada da bomba da pauta.
O PSD do ministro Gilberto Kassab (Cidades) vem em segundo no ranking da infidelidade: 75%. Dos 32 deputados da legenda que deram as caras, 24 disseram “não” à retirada da bomba da pauta. O PTB vem a seguir: 69,5% de infidelidade. Dos 23 deputados da legenda presentes em plenário, 16 votaram contra os interesses do Planalto.
O PP, partido enrolado no escândalo do petrolão da portaria à presidência, ostenta um índice de traição de 65,6%. Dos 32 votos que o PP levou ao painel da Câmara, 21 foram contra o governo.
O PMDB do vice-presidente Michel Temer, com 29,5% de traidores, somou 18 silvérios num total de 61 votos. Até no PT houve 6,8% de infidelidade: quatro deserções num total de 58 presentes.
Atônito, o petista José Guimarães (CE), líder do governo, foi ao microfone pronunciar algo muito parecido com uma chantagem. Soou como se insinuasse que os traidores poderiam perder as trincheiras que ocupam na Esplanada. “Temos de exigir fidelidade”, disse ele. “E isso se faz isso no painel de votações. Você acha que é razoável um partido ter um ministro e a bancada votar contra o governo?”
Desde que o governo de Dilma Rousseff começou a deslizar para o caos, o país espera um sinal claro de que ainda há no Planalto uma presidente em condições de presidir. Sinaliza-se, porém, o oposto. Dilma reuniu-se com os governadores para rogar que pressionassem as bancadas de seus respectivos Estados, afastando-as da irresponsabilidade fiscal. Deu em nada.
Dilma serviu um churrasco no Alvorada para os presidentes e líderes de partidos da sua coligação. Encareceu que agissem junto aos seus liderados para evitar ataques ao Tesouro Nacional. Os liderados deram de ombros para os líderes. Pior: os próprios líderes riram de Dilma pelas costas ao celebrar na mesma noite com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, um acordo que excluiu o PT do comando das CPIs dos fundos de pensão e do BNDES —ambas por instalar.
Como se fosse pouco, os pseudo-aliados de Dilma ajudaram a aprovar um pedido de urgência para a análise das contas de três ex-presidentes: Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Lula (PT). As votações devem ocorrer nesta quinta-feira (6). Com isso, abre-se o caminho para a análise da prestação de contas do governo Dilma de 2014.
A escrituração de 2014 encontra-se no TCU, que ameaça rejeitá-la. O parecer do TCU vai ao Legislativo, dono da última palavra sobre a matéria. Confirmando-se a rejeição das contas, abre-se um debate sobre a conveniência de abrir um processo de impeachment contra Dilma.
Conforme as circunstâncias e as conveniências, o companheiro José Dirceu jura ter feito o que nunca fez ou nega ter sido o que comprovadamente fez. Ao ser despejado da Casa Civil em meados de 2005, por exemplo, o doutor em luta armada que só atirou com balas de festim caprichou na pose de guerrilheiro condecorado para proclamar-se “camarada de armas” de Dilma Rousseff. Em novembro de 2010, no trecho do Roda Viva reproduzido no vídeo acima, amputou um bom pedaço da biografia com a frase espantosa: “Eu não era deputado no governo Fernando Henrique”.
“Eu fui eleito em 78″, acrescentou sem ficar ruborizado. Só se foi eleito Comerciário do Ano de Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná, onde se entrincheirou na caixa registradora do Magazine do Homem entre 1975 e 1979, quando a decretação da anistia animou o falso Carlos Henrique Gouveia de Mello a restaurar o nome de batismo e retomar a militância política. Virou deputado federal em 1991 e só deixou a Câmara para assumir a chefia da Casa Civil em janeiro de 2003. Enquanto FHC presidiu o país, o cardeal do PT liderou a mais raivosa bancada oposicionista da história do Congresso.
A menos que um gêmeo univitelino tenha exercido o mandato e circulado pela Câmara com o nome do irmão, as fotos que aparecem no vídeo comprovam que o ex-deputado federal é capaz até de negar que foi deputado federal. Coerentemente, o chefe da quadrilha do mensalão continua jurando que não chefiou a quadrilha do mensalão. Previsivelmente, o reincidente sem cura alcançado pela Operação Lava Jato agora faz de conta que conhece só de vista os diretores da Petrobras que nomeou, que nunca ouviu falar nos empresários que extorquiu disfarçado de consultor e que soube do Petrolão pelos jornais.
“É mais fácil matarem Dirceu do que ele fazer uma delação”, garantiu nesta terça-feira seu advogado Roberto Podval. Ele sempre foi incompatível com a verdade. Mas talvez descubra na cadeia em Curitiba que é mais fácil ressuscitar a memória do que morrer por Lula.
Publicado em terça-feira, 4 de agosto de 2015 às 20:35 Histórico
Dirceu divide cela com dois contrabandistas
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula) vai dividir espaço em uma cela com dois contrabandistas, na Custódia da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, base da Operação Lava Jato. Ele foi preso na Operação Pixuleco, 17º capítulo da Lava Jato, na segunda-feira, 4.
José Dirceu é investigado por corrupção e lavagem de dinheiro por meio de sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, já desativada. Condenado no mensalão, ele cumpria prisão domiciliar em Brasília. Sua transferência para a PF, no Paraná, foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Ele (Dirceu) está (em uma cela) com dois presos por contrabando, nada com a Lava Jato", declarou o delegado Igor Romário de Pula, que integra a força-tarefa da Lava Jato. "O irmão (de Dirceu, advogado Luiz Eduardo de Oliveira) e os outros estão em outra ala da Custódia. Ele (Dirceu) está numa ala com alguns dos outros investigados, mas em celas diferentes."
O delegado Igor explicou que 'a separação (dos presos da Pixuleco) é para evitar articulação de respostas'. "Como dois (dos presos pela Pixuleco) já foram ouvidos, a preocupação é menor. Quanto aos outros seis o ideal é que não fiquem juntos."
O delegado informou que Dirceu está na mesma ala em que estão o doleiro Alberto Youssef e os ex-diretores da Petrobras (Internacional) Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada, "mas em celas diferentes".
Cerca de 50 pessoas aguardavam a chegada do ex-ministro em frente à sede da Polícia Federal. Quando ele chegou manifestantes explodiram fogos de artifício, exibindo bandeiras do Brasil e faixas de protesto. "O sonho acabou", dizia uma delas.
A defesa de José Dirceu classifica como desnecessária e sem fundamento jurídico a prisão preventiva do ex-ministro, decretada pela Justiça Federal do Paraná nesta segunda-feira, e afirma que irá recorrer da decisão nos próximos dias.
Segundo o advogado Roberto Podval, o ex-ministro cumpre prisão domiciliar e já havia se colocado à disposição da Justiça por diversas vezes para prestar depoimento e esclarecer o trabalho de consultoria prestado às construtoras sob investigação.
"Como já havíamos argumentado no habeas corpus preventivo, José Dirceu não se enquadra em nenhuma das três condições jurídicas necessárias para a decretação de uma prisão preventiva: ele não apresenta risco de fuga, não tem como obstruir o trabalho da Justiça nem tampouco é capaz de manter qualquer suposta atividade criminosa", afirma. "Mesmo sem entrar no mérito apresentado pelo Ministério Público para justificar a prisão, o argumento da Procuradoria de que Dirceu teria cometido crime desde a época em que era ministro da Casa Civil até o período de sua prisão pela Ação Penal 470 também não tem fundamento porque, hoje, as atividades da JD Assessoria e Consultoria foram encerradas no ano passado e o meu cliente não tem qualquer contato ou recebeu qualquer recurso do delator Milton Pascowitch."
Roberto Podval alerta para o cálculo equivocado apresentado pela Polícia Federal sobre os supostos recebimentos ilícitos por meio da JDA. Na coletiva pela manhã, o delegado Márcio Anselmo afirmou que o montante chegaria a R$ 39 milhões. "Esse é o total faturado pela empresa em 8 anos de atividade, quando atendeu a cerca de 60 clientes de quase 20 setores diferentes da economia", diz Podval. "Não há qualquer razoabilidade imaginar que os pagamentos de multinacionais de diversos setores da indústria teriam relação com o suposto esquema criminoso na Petrobras."
Desde 2006, a JDA foi contratada por empresas como a Ambev, Hypermarcas, Grupo ABC, Telefonica, EMS, além dos empresários Carlos Slim e Gustavo Cisneros. Todos, quando procurados pela imprensa, confirmaram a contratação do ex-ministro para orientação de negócios no exterior ou consultoria política.
"Querem apontar a JDA como uma empresa de fachada, o que é muito inconsistente", completa Roberto Podval. "O ex-ministro sempre teve profundo reconhecimento internacional e desenvolveu importantes laços de relacionamento com destacadas figuras públicas ao longo de toda sua trajetória e militância política. Esse era o ativo e o valor de José Dirceu como consultor, sem que nunca fosse exigido dele, por parte dos clientes, o envio de relatórios ou qualquer outro tipo de comprovação dos serviços prestados."
A defesa do ex-ministro reitera que o trabalho de consultoria nunca teve qualquer relação com contratos da Petrobras e que Dirceu sempre trabalhou para ajudar as construtoras na abertura de novos negócios no exterior, em especial em países como Peru, Cuba, Venezuela e Portugal.
LAVA JATO DEFLAGRA 'OPERAÇÃO PIXULECO'. ENTRE OS PRESOS ESTÁ JOSÉ DIRCEU. CERCA DE 200 POLICIAIS CUMPREM 40 MANDADOS EM BRASÍLILA, SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO.
Nove meses depois de deixar a penitenciária da Papuda, José Dirceu volta para a cadeia. Momento em que Dirceu entra no camburão da Polícia Federal com destino a Curitiba.
Viaturas da Polícia Federal na frente da residência de José Dirceu, onde efetuaram a prisão do petista. As fotos são do site O Antagonista.Clique sobre as imagens para vê-las ampliada.
Nove meses após deixar o presídio da Papuda para cumprir prisão domiciliar, o ex-ministro-chefe da Casa Civil e mensaleiro condenado José Dirceu volta para a cadeia nesta segunda-feira. Ele foi preso preventivamente pela Polícia Federal na 17ª fase da Operação Lava Jato e será transferido para a carceragem do órgão em Curitiba - cidade em que outro petista ilustre, o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, está preso desde abril. O nome desta fase da Lava Jato - Pixuleco - faz referência justamente ao termo que Vaccari usava para se referir ao dinheiro de propina com que a empreiteira UTC abastecia o caixa do PT.
Cerca de 200 agentes cumprem quarenta mandados em Brasília e nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro: 26 de busca e apreensão, três de prisão preventiva, cinco de temporária e seis de condução coercitiva.
A Justiça decretou, ainda, o sequestro de imóveis e bloqueio de ativos financeiros dos alvos da investigação. Entre os crimes investigados estão corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. De acordo com a PF, a Pixuleco mira "pagadores e recebedores de vantagens indevidas oriundas de contratos com o Poder Público".
Em depoimento prestado em acordo de delação premiada, o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, contou que conheceu Vaccari durante o primeiro governo Lula, mas foi só a partir de 2007 que a relação entre os dois se intensificou. Conforme revelou VEJA, o tesoureiro, segundo Pessoa, não gostava de mencionar a palavra propina, suborno, dinheiro ou algo que o valha. Por pudor, vergonha ou por mero despiste, ele buscava o "pixuleco". Assim, a reunião na sede da empreiteira terminava com a mochila do tesoureiro cheia de "pixulecos" de 50 e 100 reais. Mas, antes de sair, um último cuidado, segundo narrou Ricardo Pessoa: "Vaccari picotava a anotação e distribuía os pedaços em lixos diferentes". Do site da revista Veja
EMPRESA DE CONSULTORIA DE JOSÉ DIRCEU RECEBEU 'PIXULECOS' ATÉ DO MILIONÁRIO MEXICANO CARLOS SLIM E DO BOLIBURGUÊS VENEZUELANO GUSTAVO CISNEROS.
A JD Assessoria e Consultoria, empresa do ex-ministro José Dirceu faturou 39,1 milhões de reais entre 2006 e 2013; um valor 33,5% maior do que o discriminado na quebra de sigilo entregue aos procuradores da Operação Lava Jato, de 29,3 milhões de reais. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, parte desse ganho extra vem de clientes estrangeiros, que não são listados na Receita Federal.
A empresa confirmou ter feito negócios com grupos ligados ao setor de comunicação, tais como os empresários mexicanos Carlos Slim (controlador da America Movil, maior operadora de celulares nas Américas) e Ricardo Salinas presidente do grupo Salinas que inclui o Banco Azteca, Grupo Elektra, TV Azteca e Iusacell), além do empresário de comunicação da Venezuela Gustavo Cisneros e a gigante de telecomunicações espanhola Telefónica.
Como o dinheiro proveniente de serviços a esses grupos estrangeiros chegou à JD Assessoria via contratos de câmbio, os nomes desses clientes não constam na declaração à Receita Federal. Nesta modalidade de contrato, só se declara o valor do pagamento e não quem fez o depósito. Só é preciso fazer a discriminação caso se caia na malha fina do Leão. Pagamento - Ainda de acordo com o jornal, em sua declaração de imposto de renda individual, Dirceu aponta que embolsou um lucro de 6,5 milhões de reais com a JD e o escritório de advocacia Oliveira e Silva e Ribeiro. Só a JD lhe rendeu 4 milhões entre 2006 e 2013. Vale ressalvar que Dirceu só ficou no escritório até 2012 - ele saiu após ser condenado no processo do mensalão a 10 anos e 10 meses de prisão. A JD está sob investigação na Operação Lava Jato. Os procuradores suspeitam que Dirceu tenha recebido propina de empreiteiras simulando a prestação de serviços de consultoria. Do site da revista Veja
O Bradesco anunciou hoje (3) a compra do HSBC no Brasil. Mesmo assim, o banco se mantém atrás do Itaú em valor de ativos, embora tenha ficado mais próximo do concorrente. De acordo com dados divulgados pelo Bradesco, com a compra a instituição alcançou 16% do total de ativos dos bancos (R$ 7,471 trilhões), pouco menos que o Itaú, com 16,2%. O Banco do Brasil (BB), que lidera a lista de maiores ativos, tem 19,2%. Nessa lista, o Bradesco supera a Caixa (14,3%) em ativos.
Em número de agências, o Bradesco (23,8%) se aproxima do Banco do Brasil (23,9% de 23.125 agências). Dos 134,8 milhões de correntistas, a liderança também é do Banco do Brasil, com 28,2%, seguido do Bradesco, com 23,3%. No caso dos depósitos totais, de R$ 1,975 trilhões, o BB lidera com 23,7%, seguido da Caixa (21,2%), Itaú (14,9%) e Bradesco (13,8%). Do crédito total, de mais de R$ 3 trilhões, o Bradesco ocupa a quarta colocação, com 16,9%. O banco é precedido por Banco do Brasil (24,6%), Caixa (19,6%) e Itaú (17%).
No início da manhã de hoje, o Bradesco anunciou a compra do HSBC por R$ 17,6 bilhões e garantiu que os clientes do banco comprado continuarão sendo atendidos da “forma habitual”.
“Sempre tivemos posicionamento do crescimento orgânico por meio de nossa rede própria. E sempre estivemos atentos às possibilidades que poderiam surgir do mercado. Essa proposta [de aquisição do HSBC] representou um ativo único. Ela significa um atalho para o crescimento. Portanto, o [crescimento] orgânico é prioridade, mas aquisições nunca foram desprezadas”, explicou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, em teleconferência com jornalistas.