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sábado, 14 de janeiro de 2017

A Música alcançou o coração de dois inimigos e uniu a Ku Klus Klan e os Negros nos EUA

O músico negro que se aproxima de membros da Ku Klux Klan para fazê-los repensarem seu racismo

  • 7 janeiro 2017
Daryl Davis com um membro da Ku Klux KlanDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionO músico diz que, por causa dos encontros, mais de 200 membros da Ku Klux Klan deixaram o grupo
"Como você pode me odiar se você não me conhece?" É com essa pergunta em mente que o americano Daryl Davis se encontra desde os anos 1980 com membros da Ku Klux Klan (KKK) para confrontá-los sobre suas visões racistas.
A organização surgiu no fim dos anos 1860 nos Estados Unidos após a Guerra Civil. Sua ideologia se baseia na superioridade da raça branca, tendo como alvo especialmente a população negra e minorias religiosas do país.
Há mais de três décadas, ele assumiu para si a missão de se reunir pessoalmente com integrantes da KKK e neonazistas para travar um debate sincero e sem agressões e fazê-los repensarem suas crenças na supremacia racial.
O músico de 58 anos diz que, assim, mais de 200 membros já deixaram o grupo, um trabalho agora retratado no documentário Accuracy Courtesy: Daryl Davis, Race and America (Cortesia Precisa: Daryl Davis, Raça e a Américana tradução livre), lançado em dezembro nos Estados Unidos.
"É claro que existem pessoas que vão para o túmulo sendo racistas e repletas de ódio. Mas acredito que as pessoas podem mudar", diz Davis à BBC.
"Elas não nasceram com essas visões. Foram ensinadas - e podem ser 'desensinadas'. Provei que isso é possível."

O primeiro encontro

Daryl Davis mostra bandeira da Ku Klux KlanDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionDavis tem hoje uma coleção de itens supremacistas e diz que não os joga fora porque a história deve ser preservada
Ele começou a promover esses encontros depois de uma noite de 1983, quando integrava uma banda country, o que o fez muitas vezes tocar em locais onde era "o único negro presente".
Davis estava naquela ocasião em um bar de estrada em uma parada de caminhões. Ao descer do palco para um intervalo, um homem foi atrás dele, colocou os braços sobre seus ombros e disse: "Amei você. Foi a primeira vez que vi um negro tocar piano como (o músico branco) Jerry Lee Lewis".
"Não fiquei ofendido, mas surpreso de ele não conhecer a origem daquele tipo de música. Expliquei as raízes negras do que Lewis tocava, o blues, boogie-woogie, o rockabilly", afirma Davis, que acrescenta não ter convencido o homem.
O músico contou, então, que Jerry Lee Lewis era um grande amigo seu. O homem também não acreditou nisso - e muito menos que Lewis tinha "aprendido alguma coisa com negros".
"Mas ele ficou impressionado por eu ser capaz de tocar esse estilo de música e disse que queria me pagar um drink", afirma o músico.
Davis respondeu que não bebia, mas aceitaria sentar na mesa dele para beber um suco e conversar. Ao longo do papo, o homem comentou: "Essa é a primeira vez que sento para beber com um negro".
"Fiquei curioso e perguntei por quê. Não tinha nenhuma pista, eu era inocente assim. Finalmente, ele revelou que era membro da KKK. A conversa não acabou ali. Na verdade, fiquei fascinado."
O encontro levou Davis a começar um trabalho de campo para escrever sobre a organização supremacista, se aproximando de vários de seus membros e líderes. Nessas conversas, conta ele, alguns começaram a "aceitá-lo como ser humano e a respeitá-lo".
"Você pode passar cinco minutos com seu pior inimigo e descobrir que têm ao menos uma coisa em comum. Eles começaram a perceber isso e, com o tempo, repensaram sua ideologia - e alguns até se tornaram grandes amigos meus."
Davis afirma que, nos encontros, primeiro deixa os integrantes da KKK apresentarem seus argumentos e, diante de uma inconsistência, pede calmamente que a expliquem, sem se exaltar.
"Claro que alguns ficam bravos, mas já espero por isso. Mas também sei que as pessoas conseguem se dar bem. Precisamos disso para ter uma sociedade produtiva."

'À frente do meu tempo'

Daryl Davis em frente a um monumento e uma bandeira dos EUADireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionDavis defende que as pessoas não nascem racistas e que, por isso, podem mudar
O músico faz um paralelo com sua própria experiência de vida. Ele conta ter sido criado no exterior e que, por isso, estudou em escolas para alunos internacionais, onde a diversidade e o multiculturalismo eram a norma, algo "15 anos à frente do tempo" nos Estados Unidos.
"Hoje, você entra em uma sala de aula americana e se depara com uma pequena ONU, mas não era assim assim. Percebi ao estar frente a frente com um membro da KKK ou um neonazista que eles ainda não tinham passado por uma experiência assim. Eles poderiam aprender comigo", diz.
"É nessa direção que o país caminha. Eles podem acompanhar a mudança ou ficar para trás."
Essa experiência rendeu a ele uma grande coleção de roupões, capuzes, bandeiras e outros itens da organização. Questionado por que não se livra deles, diz que, "por mais vergonhosos que sejam, não se destrói a história do país".
"A Klu Klux Klan é tão americana quanto o beisebol, a torta de maça e a Chevrolet", argumenta.
A série de encontros também resultou no livro Klan-destine Relatioships: A Black Man's Odyssey in the Ku Klux Klan (Relações Klan-destinas: A Odisséia de um Homem Negro na Klu Klux Klan), que será relançado neste ano em uma versão atualizada.
"Nunca quis converter ninguém. Em minha missão, algumas dessas pessoas acabaram convertendo a si mesmas."

Outra foto impressionante.. agora de uma raposa congelada em bloco de gelo...

A impressionante imagem de uma raposa congelada dentro de bloco de gelo

  • Há 5 horas
Raposa congeladaDireito de imagemAFP
Image captionAnimal caiu na água ao caminhar sobre fina camada de gelo que cobria rio Danúbio, no sudoeste da Alemanha, diz caçador.
Uma impressionante imagem de uma raposa congelada dentro de um bloco de gelo percorreu o mundo na última sexta-feira.
O registro foi feito por um caçador alemão perto do rio Danúbio, no sudoeste da Alemanha.
Em entrevista à agência de notícias alemã DPA, Franz Stehle explicou que a raposa se afogou no local ao cair na água após caminhar sobre a fina camada de gelo que cobria o rio.
Ele acrescentou que extraiu o bloco com o animal no último dia 2 de janeiro e decidiu exibi-lo em frente a um hotel em Fridingen, um povoado localizado às margens do Danúbio, no sudoeste da Alemanha, para alertar sobre os perigos associados aos rios durante o inverno.
O caçador afirmou ainda que não é atípico que animais se afoguem ao atravessarem a superfície congelada de rios durante a estação fria.
"Já vi cervos e javalis congelados", afirmou Stehle.
Tempestades de neve vêm sendo registradas por toda a Europa nas últimas semanas.

Passeio de drone mostra imagens cativantes de lugares extraordinários

No topo do mundo: seleção mostra imagens incríveis capturadas por drones

  • 4 janeiro 2017
As imagens são de cair o queixo. Elas foram tiradas diretamente do alto de drones que conseguiram captar paisagens extraordinárias - que dificilmente estariam ao alcance do olho humano. Dos Estados Unidos à Austrália, do Brasil à Itália e à Polinésia Francesa, as fotos foram tiradas ao redor de todo o mundo de lugares impressionantes.
Homem escala penhascoDireito de imagemMAX SEIGAL
Image captionMax Seigal registrou essa foto inspiradora e impressionante de uma pessoa escalando esse penhasco em Moab, Utah, nos Estados Unidos.
Basílica de São Francisco de Assis sob o por-do-solDireito de imagemFRANCESCO CATTUTO
Image captionEnvolvida pelo nevoeiro, a Basílica de São Francisco de Assis, em Úmbria, na Itália, parece linda com o por-do-sol iluminando suas torres.
Ovelhas pelo campoDireito de imagemSZABOLCS IGNACZ
Image captionGrupos de pequenas ovelhas brancas são vistos se espalhando sobre a grama vibrante de campos romenos.
Camelos caminham pela praiaDireito de imagemTODD KENNEDY
Image captionAs longas sombras dos camelos caminhando na areia são o cenário do entardecer na Praia do Cabo, no Oeste da Austrália.
Vista aérea impressionante de um vulcão em erupçãoDireito de imagemJONATHAN PAYET
Image captionA lava de um vulcão em erupção junto com o vapor e o gás saindo dele formam uma paisagem impressionante na Ilha Reunião.
Verão em Gran Canária na Playa de Amadores.Direito de imagemKAROLIS JANULIS
Image captionO estilo e o "padrão" de guarda-sóis e cadeiras de praia chama a atenção na Playa de Amadores em Gran Canária.
Casal deita de mãos dadas em meio a palmeiras esvoaçantesDireito de imagemHELENE HAVARD
Image captionNo meio de palmeiras balançando com o vento, o drone captou a imagem de um casal deitado de mãos dadas no gramado da ilha de Huahine, na Polinésia Francesa.
Estátua de Ushiku DaibutsuDireito de imagemCLIECHTI
Image captionA estátua de bronze enorme de Ushiku Daibutsu "vigia" a paisagem verdejante da província de Ibaraki, no Japão.
Pássaro voa sobre ilhaDireito de imagemACTUA DRONE
Image captionDe repente, um pássaro passa voando à meia altura bem de frente para o drone sobre o paraíso das praias da Polinésia Francesa.
Uma imagem aérea de uma estrada em meio a árvores coloridas de outonoDireito de imagemCALIN-ANDREI STAN
Image captionSighisoara, na Transilvânia, é o local de nascimento de Vlad, o Empalador - também conhecido como Drácula - e a imagem acima seria uma especulação sobre o que ele poderia ver em seus voos noturnos.
Pedestres caminham no calçadão de CopacabanaDireito de imagemULYSSES PADILHA
Image captionEntre as sombras das palmeiras, os pedestres cariocas caminham sobre o famoso calçadão "ondulado" de Copacabana, no Rio de Janeiro.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Charge de Sponholz

Sponholz: Sexta-feira 13...

Frase de Nelson Mandela


“ninguém conhece verdadeiramente uma 

nação até que tenha estado dentro de suas 

prisões".

"Não foi acidente" / Leandro Pontes (foto )

Não foi acidente

Ao ingressarmos na cadeia ouvíamos o coro geral: “Clareou!” Esta era a senha para que tudo o que não pudesse aparecer no documentário fosse escondido
Policiais retiram corpos do Compaj (Foto: Marcio Silva / AFP)
Leandro Pontes, O Globo
Manaus não tá assim porque o crime ainda não se organizou como no Rio. Mas a tendência é ficar desse jeito. Porque se os caras não se ligarem no que tá acontecendo aqui em Manaus hoje, em dez anos vai ficar pior ou igual do que no Rio.’
Em 2007, há exatos dez anos, eu e o João Áureo Lins, então estudantes da PUC-Rio, fizemos um documentário nas penitenciárias de Manaus. Foram quatro meses visitando a Cadeia Pública Raimundo Vidal e o Complexo Penitenciário Anísio Jobim, ouvindo histórias como a de cima.
Inicialmente, tínhamos a pretensão de gerar uma reflexão sobre a vida sem liberdade, mas nosso trabalho ganhou novos significados a partir de uma rebelião, considerada à época a mais sangrenta do Amazonas, com duas mortes.
Estava tudo ali, nas entrevistas: o sistema se deteriorava a cada dia. A pedra fundamental da recente barbárie no Compaj fora lançada pelos próprios detentos que nos contavam a organização do crime no Amazonas e sua sofisticação para superar as facções de Rio e São Paulo. Alguns falavam deste movimento com brilho nos olhos.
Ao mesmo tempo, num edifício construído em meio a uma densa mata, o Compaj permitia quase uma experiência na selva, pelos mil pássaros que se ouvem na floresta ao redor. Ali dentro, testemunhei detentos produzindo artesanato para sustentar suas famílias, aulas de Inglês, de música, prática de esportes e, pasmem, a organização de um mutirão semanal para doar toda a dispensa do almoço de sexta-feira para caridade.
E foi numa refeição com os detentos que conseguimos estabelecer uma relação de confiança mútua para que eles entendessem os objetivos do documentário e colaborassem.
Arroz, feijão, paio, linguiça e, para cimentar toda a xepa, não poderia faltar a farofa, iguaria que sintetiza na mesa uma cena bem brasileira. Nesse almoço, eu ouvi pela primeira vez os detentos usarem a expressão “lá no Brasil...”, para se referir aos acontecimentos do Sul e Sudeste.
Nessas conversas, era proibido o uso de palavrões, de acordo com uma placa afixada na parede do refeitório, ao lado de belas pinturas da selva amazônica. Naquele país chamado Compaj, não falar palavrão me parecia um símbolo da tentativa de manutenção da paz no cárcere.
Não houve sequer um dia em que ingressamos na cadeia sem ouvir o coro geral: “Clareou!” Esta era a senha para que tudo o que não pudesse aparecer no documentário fosse escondido, incluindo armas e drogas. Mas quando se deu a rebelião do dia 24 de Setembro de 2007, o sistema penitenciário de Manaus finalmente se revelou. O representante dos presos no Compaj, que sempre nos recebeu de forma cortês, monossilábica e quase gentil, seria acusado de chefiar o tráfico de drogas no Amazonas dali de dentro e, por consequência, foi enviado para o presídio federal de segurança máxima, no Mato Grosso do Sul, onde estava Fernandinho Beira-Mar.
Além disto, o diretor-geral do Compaj, vejam só, também ficou foragido e acabou sendo preso dias depois. Contra ele pesavam as acusações de associação com os criminosos, exploração sexual no presídio e facilitação de saídas noturnas, usadas para presos cometerem crimes.
Lembro do padre Guillermo Cadorna, conselheiro espiritual de nossas incursões. Foi um sopro de esperança que trouxe este missionário colombiano até a Amazônia para se engajar nesta guerra civil que, mesmo nós, não temos clareza se é contra o bandido, a polícia ou as drogas. Ainda prevalece no Brasil a crença do “bandido bom é bandido morto", e o governo parece acreditar que a solução são mais presídios. O que vi no Compaj e na cadeia pública foi a falta total de políticas públicas para os presos.
Talvez Nelson Mandela estivesse certo quando disse que “ninguém conhece verdadeiramente uma nação até que tenha estado dentro de suas prisões". Moro na França há alguns anos e, talvez pela distância, percebo que o Compaj diz muito sobre o Brasil. Já dizia há dez anos, mas ninguém queria ouvir.
Policiais retiram corpos do Compaj (Foto: Marcio Silva / AFP)

Humor de Antonio Lucena ...


Arte de Antonio Lucena

Charge (Foto: Antonio Lucena)