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sexta-feira, 4 de julho de 2014

Jornalismo - torcedor, deontologia, nacionalismo de ocasião e outros assuntos do Futebol

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed805_jornalismo_torcedor_e_nacionalismo_de_ocasiao

COPA DAS CONFEDERAÇÕES 2013

Jornalismo-torcedor e nacionalismo de ocasião

Por Renan Apuk e Fernando Oliveira Paulino em 01/07/2014 na edição 805
Título original “Jornalismo-torcedor e nacionalismo de ocasião: desdobramentos da cobertura da Copa das Confederações 2013 pelo Linha de Passe da ESPN Brasil”
O artigo analisa desdobramentos decorrentes da divergência de opiniões sobre jornalismo esportivo pelos profissionais do canal de televisão paga ESPN Brasil e o treinador da seleção brasileira de futebol Luiz Felipe Scolari. Durante a Copa das Confederações 2013, sediada no Brasil, as partes originaram debate público relacionado às bases éticas do jornalismo. Scolari expressou sua insatisfação com a cobertura feita pela emissora a respeito dos desempenhos de sua equipe. O técnico acusou o canal de “jogar contra o Brasil” ao utilizar estatísticas de jogos que apontavam o time como demasiadamente faltoso. Em reação à manifestação, os jornalistas da ESPN apresentaram como principal defesa o dever social do jornalismo de informar com veracidade e independência. Pesquisas bibliográficas demonstraram que o clamor por uma imprensa favorável às representações esportivas nacionais está presente em países como Brasil e Portugal. Diante do exposto, o trabalho conclui que existe necessidade de expansão dos debates acerca do impacto que atitudes baseadas em um espírito de nacionalismo de ocasião podem provocar sobre os preceitos éticos do jornalismo.
Introdução
Ao longo de anos o futebol foi considerado de forma redutiva como sendo o ópio do povo. Tal clichê faz referência à considerável propriedade de entretenimento do jogo, exercida sobre parte da sociedade. Segundo escreve Roberto Ramos (1984) em seu livro Futebol: Ideologia do poder, o esporte preferido do brasileiro e todos os elementos que o envolvam, tais como programas de rádio e TV e notícias de jornal, são capazes de alienar o cidadão médio comum, desviando seu foco daquelas que deveriam ser suas reais preocupações no cotidiano. De modo gradativo este pensamento tem sido remodelado e o futebol passa a ser considerado por cientistas sociais modernos como portador de um papel preponderante na formação cultural do povo brasileiro e nos estudos sobre identidade nacional.
Fazendo referência à relação específica do público com a seleção brasileira em ocasiões de Copa do Mundo, o psicólogo Claudio Bastidas (2002, p.16) acredita que o esporte é parte visceral da cultura brasileira, sendo uma das mais relevantes ilustrações de expressão nacional, tanto pela intensidade quanto pela periodicidade definida com que ocorre. Neste mesmo sentido, a antropóloga Simoni Guedes (2010) destaca um momento histórico como ponto de partida para a mudança de patamar do futebol como instrumento identitário no país.
Certamente, no Brasil, os períodos da Copa do Mundo são verdadeiros rituais quadrienais de nacionalidade, especialmente a partir de 1950. [...] é bastante interessante que, no caso brasileiro, tenhamos selecionado as Copas do Mundo de futebol como momentos paroxísticos da vivência da brasilidade. (GUEDES, 2010, p.23)
A experiência do brasileiro com o futebol como representação nacional data de períodos anteriores à Copa do Mundo de 1950. O campeonato sul-americano de 1929, realizado no Rio de Janeiro, já despertara o interesse de muitos. De acordo com Napoleão e Assaf (2006, p. 29), o Estádio das Laranjeiras com seus então vinte e cinco mil lugares foi insuficiente para abrigar torcedores interessados em assistir à estreia da seleção brasileira na competição. A goleada por seis a zero sobre a seleção chilena teve público de cerca de trinta e cinco mil espectadores. Lotação máxima do estádio somada a torcedores acomodados em “pedreiras, árvores e muros”. Em 1938, o terceiro lugar no Mundial da França foi comemorado com entusiasmo pelos fãs brasileiros e o artilheiro Leônidas da Silva aclamado nacional e internacionalmente como grande craque da delegação (NAPOLEÃO; ASSAF, 2006, p. 43).
A Copa de Mundo de 1950, entretanto, foi marcante por simbolizar a demonstração de força do país diante do mundo, não apenas no futebol, mas sobretudo por meio dele. Guedes (2010) entende esta ocasião como marco principal para os sonhos de se construir um Brasil grande. Enquanto nações europeias se recuperavam dos prejuízos provocados pela Segunda Grande Guerra, construiu-se o Maracanã, o maior estádio do mundo. [O Maracanã perdeu o posto de maior do mundo, mas nenhum estádio maior foi construído após ele. As sucessivas reformas para adequações aos novos padrões mundiais de segurança reduziram a capacidade do estádio brasileiro, que hoje abriga cerca de 75 mil pessoas. Desde 1989, o Estádio Rungrado May Day, na Coreia do Norte, ocupa a posição de maior do mundo, com capacidade para 150 mil espectadores. (Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-maracana-ainda-e-o-maior-estadio-do-mundo. Acesso em: 31 out. 2013)] Some-se a isto a comoção nacional causada pela derrota sofrida pelo time brasileiro na partida final do torneio. Os efeitos do Maracanazosão lembrados até hoje com certa dramaticidade. Em 1958, às vésperas da campanha vitoriosa da seleção brasileira na Copa do Mundo da Suécia, Nelson Rodrigues ainda referia-se à herança deixada por aquele resultado.
Eis a verdade, amigos: – desde 50 que o nosso futebol tem pudor de acreditar em si mesmo. A derrota frente aos uruguaios, na última batalha, ainda faz sofrer, na cara e na alma, qualquer brasileiro. Foi uma humilhação nacional que nada, absolutamente nada, pode curar. Dizem que tudo passa, mas eu vos digo: menos a dor-de-cotovelo que nos ficou dos 2 x 1. E custa crer que um escore tão pequeno possa causar uma dor tão grande. (RODRIGUES, 1994, p. 60)
Apesar disto, os laços entre brasileiros e seleção nacional de futebol não foram rompidos. Antes fortalecidos, como demonstra a historiografia. De tal forma que o engajamento nacional provocado pela representação brasileira neste esporte é frequentemente referenciado e ocorre de modo perceptível. Para Bastidas (2002, p. 16), o jogo entre palavras que dizem respeito à seleção brasileira e substitutivos diretos que remetem ao próprio país, como por exemplo, a utilização de “camisa do Brasil”, em vez de “camisa da seleção brasileira”, ou “o Brasil entrou em campo” em lugar de “a seleção brasileira entrou em campo”, indicam a relevância do papel exercido pelo futebol como símbolo identitário na sociedade.
Em dias de partidas da seleção nacional válidas por Mundiais reduz-se expedientes, fecha-se estabelecimentos e empunha-se bandeiras e vestimentas com cores e símbolos da nação. Para o antropólogo Édison Gastaldo (2010) a Copa do Mundo é “o fato social total” para os brasileiros. “Concentram-se multidões de pessoas no mesmo lugar, em torno de um único valor: nós contra os outros. Por isso a Copa é tão importante. É o momento de ver quem somos frente aos outros, expresso na metonímia de que 11 pessoas são o Brasil” (2010, p. 9).
É como se durante os Mundiais todos se tornassem mais brasileiros. Resulta desse fenômeno um conceito importante para este trabalho: nacionalismo de ocasião.
De acordo com o professor Alberto Vara Branco (2009, p. 2), “a palavra nacionalismo designa a atitude mental que confere à entidade nação um altíssimo posto na hierarquia de valores. Esta tendência para dar excessiva importância ao valor da nação, à custa de outros valores, leva a uma sobrestimação de cada nacionalidade e ao consequente asfixiamento das restantes”. Diversos fatores no decorrer do tempo, como as grandes exibições, a produção de alguns dos melhores jogadores de todos os tempos e, por fim, os cinco títulos mundiais tornaram o torcedor brasileiro exigente. A expectativa sobre o desempenho da seleção nacional em uma competição é sempre de vitória, pouco importando o nível do torneio ou dos adversários, algo que classifica o torcedor como um nacionalista na definição da palavra.
Alcance do jornalismo esportivo
O jornalismo esportivo e a produção dos veículos de comunicação em torno do esporte corroboram para que o futebol seja sempre discutido, comentado, assistido e admirado. Por ser a partida de futebol – e os eventos esportivos de modo geral – produto primordialmente visual, a televisão ainda é responsável por boa parte dos desdobramentos sobre o esporte. Embora existam programas de rádio e revistas voltados para o tema e o surgimento de sites especializados seja crescente, reportagem da revistaVeja (2012) [Disponível em:  http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/a-invasao-do-esporte-na-telinha.Acesso em: 2 nov. 2013] demonstrou que grande parte do conteúdo dos canais de TV gratuita e por assinatura é ocupada por programações esportivas.
Na TV aberta, entre transmissões ao vivo, produções de entretenimento e programas jornalísticos especializados, a soma das exibições voltadas ao esporte alcançam a marca de 76 horas por semana. Na modalidade paga, passam de 410 horas por semana – isso sem levar em conta as transmissões eventuais, fora da grade. Isto significa que se toda a programação esportiva disponível na TV paga no país no decorrer de uma semana fosse gravada, seriam necessários 17 dias ininterruptos para assistir as partidas, noticiários e programas de debates.
Em termos de comparação, há menos programas voltados de modo exclusivo à análise política ou econômica do que aos esportes. No canal Globo News, da Globosat, que possui enfoque na cobertura de notícias do cotidiano e seus desdobramentos, programas especializados em economia e política na grade, como Conta Corrente e GloboNewsAlexandre Garcia, possuem meia hora de duração e são exibidos duas vezes ao dia desegunda a sexta-feira, sendo um destes horários na madrugada, faixa considerada não nobre.
A mesma Globosat mantém atualmente três canais simultâneos de esportes, SporTV, SporTV 2 e SporTV 3, que revezam em sua programação transmissões e jornalismo esportivos. O noticiário do gênero de menor duração – SporTV News – também vai ao ar duas vezes ao dia, de segunda à sexta, mas possui uma hora de extensão. Além disso, um dos horários ocupados pelo programa é considerado nobre. [De acordo com informações do sistema Media Workstation, do Instituto Ibope, o horário entre 21h e 23h é o que atinge maior número de espectadores na TV por assinatura, chegando a 8,11% de audiência. (Disponível em:http://www4.ibope.com.br/midia/downloads/conceitos_e_criterios_da_pesquisa_de_midia.pdfAcesso em 15 fev. 2014] Segundo Barbeiro e Rangel, o futebol é uma das principais armas das emissoras na guerra pela audiência na TV, razão pela qual elas investem cada vez mais nas produções esportivas (2010, p. 3). A reportagem de Veja (2012) aborda o quanto o panorama do prestígio dado ao esporte se modificou ao longo das últimas décadas.
Nos anos 1970, quando a paixão do brasileiro pelas grandes competições aflorou de vez, havia parcas transmissões ao vivo de futebol e uma ou duas mesas-redondas nas noites de domingo. Naquele tempo, ao longo de uma semana, a TV exibia pouco mais de quatro horas de esporte. Quatro décadas depois, além da overdose de partidas ao vivo e atrações especializadas nas mais diversas modalidades, programas de variedades, telejornais e até novelas abrem espaço para o esporte. Neymar, Kaká, Ronaldinho, Lucas, Anderson Silva, Bruno Senna e Cesar Cielo são convidados frequentes de atrações como Domingão do Faustão, Mais Você, Altas Horas e CQC, todos à caça de alguns pontos a mais no Ibope na carona do carisma e popularidade dos atletas [Disponível em:  http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/a-invasao-do-esporte-na-telinha.Acesso em: 2 nov. 2013]. (VEJA, 2012)
Sendo o futebol responsável por importante parcela dos materiais propagados nos veículos de comunicação, cabe observar o modo pelo qual estas informações são difundidas. Na matéria de Veja, telejornais são descritos ao lado de eventos esportivos e programas de entretenimento. Na prática, os valores que regem a produção de um ou outro produto são distintos. Enquanto os eventos esportivos – tidos como espetáculos – e programas de entretenimento tem como principal objetivo agradar o telespectador, aumentando sua satisfação e fidelizando sua audiência, os telejornais devem primar em sua produção pela informação integrada aos valores sociais do jornalismo acima de outros interesses comerciais. Assim, para os noticiários e programas de debates há a necessidade do cumprimento e preservação de princípios que regem a prática do jornalismo, tais como independência, credibilidade e lealdade ao interesse público e à veracidade. [Estes princípios fazem parte da Declaração de Intenções Partilhadas, assinada e publicada em 2001 pelo comitê de jornalistas do PEJ,  Project for Excellence in Journalism.No documento os profissionais estabeleceram nove princípios fundamentais para atender àquilo que entendem ser o propósito central do jornalismo, fornecer informações precisas e confiáveis aos cidadãos para que todos possam operar em uma sociedade livre. Os princípios estão detalhados no livro The Elements of Journalism, de Tom Rosenstiel e Bill Kovach. (Disponível em:  http://futurojornalismo.org/np4/45.html#.UnT3Fvmfjmc.Acesso em: 2 nov. 2013)]
No mesmo sentido da definição de Branco (2009) sobre nacionalismo, a antropóloga Simoni Guedes (2010), entende que a época do Mundial é o momento em que, para o povo brasileiro (incluindo obviamente jornalistas), aciona-se uma dimensão de identidade nacional que obscurece outros valores. Para a autora, durante uma Copa do Mundo, padrões diferenciados de sociabilidade se estabelecem, mesmo que por um curto período, e a depender do desempenho da seleção brasileira (GUEDES, 2010, p. 23). As condições produzidas neste momento peculiar tornam propícia a ocorrência de uma mutação do jornalismo esportivo que se pode nomear como jornalismo-torcedor.
Jornalismo-torcedor
Repórteres e comentaristas são seres dotados de subjetividades inclusive no exercício de seu trabalho. Segundo Amaral (1996, p.26), em prol da prática da objetividade pura e simples, o jornalista precisaria deixar em casa seus princípios, suas preferências políticas e ideológicas, excluindo-se do pensamento para se concentrar na narração dos fatos. A separação absoluta é improvável. Assim, o jornalista Alberto Dines (2002) classifica que:
Isenção, neutralidade, objetividade ou imparcialidade não existem em estado puro. Assim como não existe a verdade pura. Existe a busca da verdade, a atitude cândida e despojada de assumir a falibilidade e a precariedade de um processo tão veloz como o jornalístico [Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/showNews/mid250920021.htm.Acesso em: 23 set. 2013]. (DINES, 2002)
Uma das falhas apresentadas neste processo é a possível mistura de valores que não se correspondem, como preferências pessoais que possam ameaçar a fidelidade da mensagem divulgada como informação ao fato verídico ocorrido, sejam estas ameaças individuais ou emanadas a partir de uma determinada coletividade. Neste sentido, destaca-se a experiência de profissionais portugueses relatada pelo jornalista lusitano João Nuno Coelho (2004). No artigo “ ‘Vestir a camisola’ – jornalismo esportivo e a selecção nacional de futebol”, publicado às vésperas da Eurocopa de 2004, sediada em Portugal, Coelho põe em debate o fato de companheiros de profissão que assumidamente deixaram de publicar informações a respeito dos bastidores internos da seleção portuguesa em prol da manutenção de um ambiente favorável entre time nacional e torcida.
[...] durante a fase final do Campeonato da Europa de futebol, em 2000, foram vários os jornalistas a proclamar o propósito (“auto-imposto”) de calar determinados aspectos negativos relacionados com a seleção nacional como maneira de contribuírem para o sucesso da equipa e para o prestígio do país. No fundo, assumindo uma forma de “auto-censura”, com o objetivo de “remarmos todos para o mesmo lado...”, traduzindo a ideia, mil vezes difundida, de que a selecção enquanto símbolo nacional representa um interesse supremo. (COELHO, 2004, p. 9)
A situação quase dramática se repetiu dois anos mais tarde na Copa do Mundo da Coreia/Japão quando, segundo Nuno Coelho, a seleção portuguesa viveu graves problemas disciplinares envolvendo técnicos, dirigentes e jogadores. Vários acontecimentos não foram divulgados pelos jornalistas lusos, que tinham conhecimento das ocorrências, em nome da importância da representação nacional e do prestígio do país internacionalmente. Ao fim da participação da equipe no torneio, a própria Federação Portuguesa de Futebol foi a público agradecer à imprensa presente no Mundial, admitindo que “os órgãos de comunicação social, tendo conhecimento diário destas questões decidiram e bem não as publicar, já que isso traria um ambiente de instabilidade à Selecção Nacional” (COELHO, 2004, p. 10).
Tal episódio, apesar de parecer moralmente justificado ante a classe jornalística portuguesa segundo a descrição de Coelho, é explicitamente contrastante com os princípios éticos da profissão. De uma só vez os jornalistas envolvidos solaparam os três primeiros itens do Código Deontológico [Aprovado em 4/5/1993 pelo Sindicato de Jornalistas de Portugal. (Disponível em http://www.lusa.pt/lusamaterial/PDFs/CodigoDeontologicoJornalista.pdf. Acesso em: 23 out. 2013)] profissional em seu país. Sendo eles: 1) relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade; 2) combater a censura e o sensacionalismo; 3) lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar. Isto sob a justificativa de defender de forma passional a imagem da representação esportiva nacional portuguesa.
O artigo de Nuno Coelho não é o único material produzido em Portugal que discorra sobre este tipo de jornalismo que incorpora o lado torcedor como fator primordial ante a informação. A compilação A TV do Futebol (2006) é uma reunião de artigos organizada por Felisbela Lopes e Sara Pereira, docentes da Universidade do Minho. Desenvolvido por ocasião dos preparativos para a cobertura da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, o livro revela em diferentes períodos opiniões de diversos jornalistas que reconhecem a maneira peculiar e controversa da abordagem sobre os assuntos da seleção portuguesa. O então diretor da RTP (Rádio e Televisão de Portugal) Carlos Daniel (2006, p. 41) posiciona-se frente à questão considerando que um dos maiores desafios do jornalista esportivo é lidar com o espectador apaixonado que, apesar disso, exige do profissional uma isenção inatingível.
Não acredito no relato jornalístico desprovido de emoção, quando estamos perante um fenómeno que vive dela e da qual não se consegue separar. Mas também não concebo que se veja no jornalista que trata assuntos desportivos alguém que é mais emocional ainda que o próprio fenómeno. [...] Um bom relato jornalístico é o que respeita as notícias. [...] Ser jornalista equidistante, sério e descomprometido é sempre possível. Nunca falhar é que já não faz parte da condição humana. (DANIEL, 2006, p. 42).
O debate em torno do jornalismo-torcedor está presente em Portugal de forma ampla. Em abril de 2006 a empresa Sonda Central de Informações, em parceria com o jornal luso Meios & Publicidade [Disponível em: http://www.centraldeinformacao.pt/fotos/editor2/10mp_28_abr.pdf.Acesso em: 24 fev. 2014], inquiriu noventa e um jornalistas do país a respeito dos limites entre valores do jornalismo e nacionalismo na prática profissional. Para 51% dos entrevistados questões de interesse nacional nunca deveriam se sobrepor a critérios editoriais, 42% consideraram que sim, mas somente em casos excepcionais e 7% declararam que sim e em qualquer situação. Em pergunta direcionada à cobertura da seleção nacional, 53% concordaram que os órgãos de comunicação portugueses ultrapassa os limites do jornalismo rumo ao nacionalismo, sendo que 38% afirmaram que sim e de maneira crescente. 7% declararam que não e 2% que sim, mas cada vez menos.
No Brasil, o debate reduzido sobre tema não é sinônimo de ausência da prática do jornalismo-torcedor – ou ao menos um clamor para que o mesmo seja praticado. Profissionais de comunicação se manifestam quando o assunto é mencionado, mas poderiam se aprofundar ainda. Por ocasião da cobertura da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, o jornalista Paulo Vinícius Coelho mostrou-se incomodado com uma recorrente conduta equivocada por parte de protagonistas do futebol na interpretação do papel de jornalismo esportivo. Naquela oportunidade, a repórter da TV Record Mylena Ciribelli teria dito, em meio a uma participação em entrevista coletiva da comissão técnica brasileira, que todos os profissionais naquela sala eram, antes de jornalistas, torcedores. Em sua coluna no jornal Folha de São Paulo, Coelho criticou:
Os jogadores e o técnico acham mesmo que uma das missões da imprensa é ajudar a seleção. Não é. [...] Jornalista nenhum deve ir à Copa para torcer, nem contra nem a favor de seleção nenhuma. Não quer dizer que se esteja proibido de socar o ar na hora do gol. Quer dizer que os jogadores e a comissão técnica deveriam entender que uma notícia não deixará de ser publicada, nenhuma crítica deixará de ser feita, mesmo que provoque um terremoto na concentração brasileira. O tempo dirá se a avaliação foi correta ou equivocada. No exercício de sua profissão, jornalista não tem time, não tem amigo nem inimigo. Seu gol é a notícia. Gol contra é informação errada. (COELHO, 2010)
A declaração de Paulo Vinícius Coelho parece ter ecoado solitária no tempo, prova disto é que três anos depois do ocorrido, prestes a sediar uma Copa do Mundo e durante a realização de um evento de vulto internacional, o técnico da seleção brasileira e posteriormente o jogador da seleção Daniel Alves, deram declarações no mesmo sentido do que já havia sido mencionado pelo jornalista da Folha.
Scolari x ESPN Brasil
Em 26 de junho de 2013, durante entrevista coletiva após a classificação da seleção brasileira à final da Copa das Confederações, conquistada diante da rival uruguaia, o treinador Luiz Felipe Scolari aproveitou uma brecha entre duas perguntas de jornalistas e, munido de um papel com algumas informações, discursou:
Olha! Espere só um pouquinho, antes que tu fale (sic). Não é para ti, não é para ti! Deixa só eu dizer. Posse de bola, gente, sessenta e cinco para o Brasil, trinta e cinco para o Uruguai. Número de passes, quatrocentos e vinte e cinco para o Brasil, duzentos e cinquenta para o Uruguai. Finalizações, dezenove para o Brasil, dez para o Uruguai. Faltas. Faltas! [aqui o treinador aproxima o microfone de sua boca] Tá?

Vou falar aqui bem, mais uma vez. Faltas! Inclusive para aquele canal que faz o Scout que eu jogo só assim. [O termo em inglês scoutpode ser entendido como explorar. No esporte, o trabalho de Scouté feito justamente no sentido de, por meio de estatísticas, explorar as possibilidades das equipes analisadas, encontrando pontos fortes e fracos nas mesmas. Com as informações contidas nestas análises, é possível formar bases de dados a respeito dos desempenhos dos competidores. Estes dados podem ser utilizados por uma comissão técnica para aperfeiçoar os treinamentos ou, segundo Garganta (1996 apud ROSE JR, 2002, p. 3), para detectar as características e estilos de jogo das equipes adversárias, no sentido de explorar seus pontos fracos e contrariar suas dimensões fortes.] Aqueles artistas! 14 do Brasil e 24 [aqui o treinadoraproxima o microfone de sua boca], viu? Do adversário. Porque eles estão... Eu quero que vocês saibam que tem alguns, alguns... Uma televisão que joga contra o Brasil. E que só induz o árbitro que o Neymar faz isso. Ah, que o nosso time bate. Ah, que isso, que aquilo. Tá na hora de canalizar esforços para o Brasil, não contra o Brasil. Ah, e desculpe, desculpe Sílvio [jornalista que faria a pergunta]. Eu não tô voltando a ser ignorante não, viu? (SCOLARI, 2013)
A televisão a que Scolari se referiu em seu apelo era a ESPN Brasil, como ficou apurado uma hora depois pelo portal Terra [Disponível em: http://esportes.terra.com.br/futebol/copa-das-confederacoes/irritado-por-faltas-felipao-ironiza-e-diz-que-tv-torce-contra-selecao,8214688f3b28f310VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html.Acesso em: 5 nov. 2013]. Mesmo sem menção nominal, era possível saber a quem o treinador se referia. Apesar de não transmitir os jogos, o canal de TV por assinatura cobriu o dia-a-dia da competição e da seleção brasileira. Um dos principais métodos adotados pelo jornalismo da ESPN Brasil nas análises que precedem e procedem partidas de futebol é a utilização de estatísticas de desempenho baseadas em retrospectos de jogos anteriores realizados pela equipe em avaliação. Tal método de apuração está presente em diversos programas da grade da emissora.
Durante a Copa das Confederações os scouts continuaram a ser utilizados como ferramenta de apuração. Neste período, parte significativa das estatísticas divulgadas pela ESPN Brasil era de autoria do site independente especializado Footstats.net. Em um scoutde jogo de futebol é possível obter dados referentes a diversos fundamentos como passes errados e certos, finalizações, chutes a gol e posse de bola. Entre estes quesitos um deles foi mais utilizado, comentado e exibido nas transmissões do canal por assinatura: o número de faltas cometidas.
Para compreender os motivos pelos quais este elemento foi realçado ao espectador da ESPN Brasil, a ponto de provocar em Scolari uma irritação com este veículo de imprensa específico, foi adotada como metodologia para desenvolvimento deste trabalho uma análise do discurso dos jornalistas do canal por assinatura no período da competição (15 a 30 de junho de 2013). A fim de viabilizar o projeto, destacou-se uma atração específica da ESPN Brasil, na qual discussões em torno do número de faltas cometidas pela seleção brasileira estiveram marcadamente presentes, o programa Linha de Passe  Mesa Redonda.

O debate esportivo semanal faz parte da grade de programação da ESPN Brasil desde 1998. Adaptado durante a Copa das Confederações de 2013 como principal veículo da emissora para repercutir as notícias diárias da competição, o programa passou a ter frequência diária. Com duas horas de duração, transmitido ao vivo entre 21h e 23h, aconteceu com a participação de seis jornalistas por programa em média [O número de integrantes da mesa-redonda era variável em um participante para mais ou para menos, a depender das combinações feitas pela produção do programa. No período houve edições com cinco e sete jornalistas participantes.] (um apresentador e cinco comentaristas), sendo dois deles itinerantes, seguindo a seleção brasileira pelas cidades que sediariam suas partidas. Entre os profissionais que integraram a mesa-redonda havia jornalistas notáveis no cenário esportivo nacional como Juca Kfouri, José Trajano e Paulo Vinícius Coelho.
As críticas em torno do número de faltas cometidas pela seleção brasileira – especialmente pelo atacante Neymar – começaram a ser destacadas a partir do segundo jogo da equipe na competição, em 19 de junho, contra a seleção do México. Naquela oportunidade, após os companheiros de mesa elogiarem o desempenho do jogador, o jornalista José Trajano chamou atenção para este assunto e mencionou as tão referidas estatísticas pela primeira vez. A partir daquela oportunidade, o tema das faltas tornou-se rotineiro nas análises emLinha de Passe.
Na medida em que o Neymar faz uma exibição de gala: ele fez um golaço de primeira, como já tinha feito da outra vez, quase faz um outro, também golaço; a jogada do segundo gol é brilhante; procurou o jogo. O Neymar só me chamou a atenção [em um aspecto negativo], se ele pode ter alguma coisa negativa depois de uma atuação tão boa: o número de faltas que tem cometido. O Neymar, talvez, se a gente tiver uma estatística aí, é o jogador mais faltoso da seleção brasileira. Na recuperação da bola, no primeiro tempo ele tinha feito quatro, pra levar um cartão amarelo a qualquer momento, não custa. (TRAJANO, Linha de Passe, ESPN Brasil, 19 jun. 2013)
Integrou a mesa de debates durante a competição o jornalista Mauro Cezar Pereira, conhecido no meio esportivo por defender a prática de um estilo de jogo dinâmico, isto é, não prejudicado por faltas, sejam elas efetivamente cometidas pelos jogadores ou marcadas em excesso a critério da arbitragem. Em artigo publicado em 2009, a jornalista Patrícia Rangel aborda o tema da estereotipização dos jornalistas televisivos como personagens em favor da valorização programa de TV como produto da indústria cultural. Para ela, “em vários programas, estes jornalistas assumem um papel teatral na atração, sendo um o bonzinho, o outro o ranzinza, o ingênuo, o seguinte o bravo. Com isso, as discussões crescem, tornam-se até polêmicas gerando audiência” (RANGEL, 2009, p. 2). Segundo esta definição, pode-se classificar José Trajano como “o ranzinza” e Mauro Cezar Pereira como “o bravo”.
Na edição de Linha de Passe do dia 16 de junho de 2013, um dia após a estreia da seleção brasileira contra a representação do Japão, Pereira deixou clara uma insatisfação pessoal contra o estilo de trabalho adotado pelo treinador da seleção brasileira Luiz Felipe Scolari.
Eu acho que a gente está caminhando numa direção muito perigosa [...], que é este discurso do pragmatismo do Felipão. A direção do ‘o que importa é ganhar, o que importa é avançar, o que importa é ser campeão’. Não. Isso importa, mas há muito mais coisas em jogo. O futebol brasileiro está defasado. [...] Não existem técnicos brasileiros de primeira linha. [...] A seleção brasileira deveria ser a locomotiva de uma mudança, para trazer novas ideias. Uma outra forma de jogar, imposição de jogo com a bola, como faz a Espanha. [...] Esta discussão tem que avançar muito além do pragmatismo do senhor Luiz Felipe Scolari. Ganhando ou perdendo esta Copa das Confederações, este é meu ponto de vista com relação ao que representa a seleção neste momento em que ela pode fazer as coisas mudarem. Não parece que vai mudar. O que importa é o ‘pra frente, Brasil’, ‘vamos lá, galera’, ‘todos juntos vamos’ e vai empurrando com a barriga, vencendo do jeito que for, se for o caso. O que importa é vencer. Eu acho que não é só isso. (PEREIRA, Linha de Passe, ESPN Brasil, 16 jun. 2013)
Em entrevista coletiva concedida no dia 24 de junho, o goleiro Júlio César falou sobre a característica de jogo adotada pelo treinador da seleção brasileira, que àquela altura já vinha chamando a atenção da mídia em geral. A pergunta que relacionava o número de infrações cometidas pelos jogadores da seleção e o sistema tático de marcação sob pressão foi feita pela repórter Marluci Martins, do Jornal Extra.
Em relação às faltas, vejo isso como uma coisa positiva. Porque desde a entrada do Felipão na seleção brasileira, nos jogos anteriores, nos amistosos, acabamos sofrendo gols em contra-ataque. E uma coisa que ele pedia pra gente era pra parar a jogada. Não em uma jogada violenta, enfim, mas aquelas jogadas para o time se armar de novo, se posicionar taticamente, e eu acho que a gente vem obtendo sucesso em relação a isso. (CÉSAR, 2013) [Disponível em:http://www.espn.com.br/noticia/338406_julio-cesar-diz-que-felipao-e-quem-pede-para-time-fazer-faltas.Acesso em: 5 nov. 2103]
No Linha de Passe daquele mesmo dia, Mauro Cezar Pereira repercutiu a declaração do jogador. De acordo com o jornalista, as faltas cometidas com intuito de parar jogadas constituem uma estratégia antiga e usual no futebol. Para ele, não são poucos os técnicos que utilizam a tática – a maioria deles, inclusive, dirigem equipes limitadas tecnicamente. O que causava estranheza, segundo a análise de Pereira, é o contexto específico de o expediente ser empregado por um treinador de seleção brasileira, que tem a prerrogativa de escolher para seu time os melhores jogadores nascidos no país. Tal fato teoricamente lhe daria um elenco com possibilidades de desenvolver um estilo de jogo não calcado no uso de infrações contra o adversário. Para fortalecer sua tese, o jornalista comparou a média de faltas na competição da seleção brasileira (22,3 por jogo) e da seleção espanhola, atual campeã do mundo (10,6).
Embora os números utilizados por Scolari em sua manifestação de reprovação ao canal de TV por assinatura fossem favoráveis a seu time, até a partida contra o time uruguaio o Brasil aparecia no ranking do site Footstats.net como a equipe que mais cometia faltas na competição. [De acordo com o site especializado Footstats (www.footstats.net), ao fim da competição a seleção do Uruguai foi a mais faltosa, com 111 faltas cometidas, contra 105 da seleção brasileira. Respectivamente, Cavani, da equipe azul celeste e Neymar, do time nacional, foram os atletas mais faltosos (19 e 18 faltas, cada, na soma de cinco jogos).] Isso demonstra que, independentemente do perfil crítico dos jornalistas que apontavam os números, os dados atacados por Scolari eram verídicos. Sendo a opinião parte do jornalismo (BELTRÃO, 1980, p. 14) e a informação transmitida aos telespectadores apurada e veraz, a reação do treinador ao atacar especificamente a ESPN Brasil revelou-se oportunista e inadequada. Sobretudo porque o treinador finalizou sua declaração protestando contra um suposto ato de “jogar contra” atribuído a um veículo de comunicação. Segundo a deontologia que rege a profissão jornalística, não deve existir intenção em beneficiar ou prejudicar nenhuma parte, antes de posicionar-se com a máxima isenção. Logo após a entrevista coletiva de Scolari, o jornalista José Trajano defendeu o trabalho realizado pela ESPN Brasil, atestando a legitimidade das informações e da notícia como prestação de serviço ao público.
[...] tudo o que foi dito aqui são informações que você encontra em qualquer site que analisa e que faz estatística de futebol. Essa que nós temos aqui é da Footstats, mas tem da própria Fifa também, tem da Conmebol. Então, ninguém inventou que o Neymar é o mais faltoso da Copa das Confederações, ninguém inventou que o Brasil faz mais de vinte faltas, em média, por partida, ninguém inventou que o Brasil tem 81 faltas em toda a Copa das Confederações. [...] E você, ao revelar estes números, não está fazendo o trabalho do inimigo, está prestando um favor ao seu assinante, ao seu leitor, a quem te paga, a quem te assiste. Ele toma isso como uma agressão. Como se você tivesse que esconder os números para estar servindo à pátria. (TRAJANO, Linha de Passe, ESPN Brasil, 26 jun. 2013)
Neste sentido, em texto publicado no Observatório da Imprensa [Disponível em:http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed753_por_uma_midia_que_torce_ou_distorce. Acesso em: 8 nov. 2013], o jornalista João Paz, não ligado à ESPN, questionou se informar números exatos seria sinônimo de torcer ou jogar contra, e se, pela ótica do treinador brasileiro, seria correto distorcer os fatos em prol do fortalecimento da imagem da seleção. Para Paz, o jornalismo esportivo é naturalmente rodeado pelo dilema de torcer. Entretanto, o pensamento equivocado e extremista transmitido ao público é prejudicial. Além disso, o autor considera que “números são números e apresentá-los não classifica quem os faz como contrário ou a favor”. Ainda segundo apuração do jornalista, a ESPN Brasil não havia sido o único nem sequer o primeiro veículo a abordar a temática das faltas com uso de scouts.
[...] diversos veículos repercutiram os números faltosos do time brasileiro. O ponto inicial dessa discussão foi uma matéria do site globoesporte.com que apresentou detalhadamente o dado, levantado pela organizadora do evento (Fifa). Na segunda-feira (24/6), o tema foi debatido na mesa-redonda da ESPN Brasil (programa Linha de Passe). No dia seguinte, o jornalFolha de S. Paulo falou sobre essa questão namatéria com o seguinte título: “Brasil é o time que mais bate na Copa das Confederações; Neymar é o mais faltoso”. Na mesma data, o programa Redação, do canal esportivo SporTV, também discutiu o assunto. Se a ESPN Brasil foi mais enfática nessa discussão, não pode ser tida como o único veículo que falou sobre; muito menos de que “joga contra”. O que a emissora fez está dento do esperado – levar a informação ao telespectador de um fato que não é tão comum para a seleção. Tanto que a repercussão não se restringiu à ESPN Brasil. (PAZ, 2013)
O mau exemplo como referência
Luiz Felipe Scolari foi treinador da seleção portuguesa entre 2003 e 2008. Conforme apresentado acima, em Portugal, ocorreu debate sobre limites entre inclinação ao favorecimento da representação nacional sobre valores deontológicos do jornalismo. Naquele país, embora não possuísse aprovação total por parte dos fãs de futebol, Scolari escapava às críticas sobre seu trabalho devido ao sentimento de apoio à seleção em primeiro lugar materializado pelos jornalistas em suas coberturas, como relata João Nuno Coelho.
Já durante o ano de 2003, a propósito da polémica levantada por determinadas decisões do Seleccionador Nacional Luís Filipe Scolari, foi comum ler-se nos jornais desportivos que, por muito que se discordasse das decisões em causa, e inclusive da escolha do treinador brasileiro para ocupar o cargo em questão, o importante era apoiar a sua acção no sentido de que o nome do país saísse engrandecido do verdadeiro “desígnio nacional” que constitui o Campeonato da Europa de 2004, disputado em Portugal. (COELHO, 2004, p. 37)
É provável que a convivência com este tipo de cobertura pouco questionadora possa ter desacostumado o treinador à abordagem diferenciada – e do ponto de vista profissional mais apropriada – que ainda prevalece no Brasil. Outro pedido para que a mídia adotasse uma postura mais colaborativa em prol da seleção foi expresso pelo lateral-direito do time brasileiro Daniel Alves [Disponível em:http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2013/06/29/daniel-alves-critica-imprensa-do-brasil-e-pede-cobertura-a-la-espanhola.htm.Acesso em: 7 nov. 2013]. Em entrevista coletiva concedida em 29 de junho, véspera do jogo decisivo contra a Espanha, o jogador do Barcelona sugeriu que o jornalismo esportivo brasileiro seguisse o exemplo da espanhola, que, segundo suas palavras, “torce pela seleção”. De acordo com apuração do site de notícias Lancenet, a declaração de Alves gerou manifestações contrárias por parte de jornalistas nas redes sociais [Disponível em:http://www.lancenet.com.br/selecao/Selecao_Brasileira-Copa_das_Confederacoes-Espanha_0_947305304.html.Acesso: 7 nov. 2013].
Curiosamente, no dia seguinte à entrevista de Daniel Alves, jornalistas espanhóis que cobriam a Copa das Confederações no Brasil foram fotografados trabalhando no centro de imprensa localizado no Rio de Janeiro e no estádio Maracanã vestidos com a camiseta daFúria. A conduta foi criticada por comentaristas da ESPN Brasil [Disponível em: http://www.espn.com.br/video/339556_bertozzi-detona-imprensa-espanhola-nao-tem-exemplo-pior-no-mundo-e-a-que-mais-torce-e-distorce.Acesso em: 7 nov. 2013].
Conclusões
Sessenta e quatro anos após o Mundial de 1950, o Brasil tem a oportunidade de sediar novamente uma Copa do Mundo. Ainda que a conquista em campo se concretize e a seleção consagre-se a única hexacampeã do planeta, há um significado restrito em termos de legado social e avanço coletivo. Exemplo de debate acerca dos assuntos sobre práticas jornalísticas que torcem e, com isso, correm o risco de omissão ou distorção, Portugal intensificou as discussões sobre o tema após sediar a Euro de 2004, competição importante por reunir as principais seleções europeias e a atenção de seus respectivos países. Antes da Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, realizou mais discussões sobre os efeitos da paixão pela pátria sobre a ética jornalística. No Brasil, a despeito do torneio que atraiu a atenção de diversos países e da proximidade do megaevento principal, muito pouco se propôs sobre a continuidade do tema.
O episódio de Scolari e depois de Daniel Alves são representativos, mas não isolados de como a falta de discussão pode fazê-los parecer. Ainda que no Brasil não se verifique um nacionalismo tão exacerbado interferindo completamente no jornalismo, não se pode afirmar que o jornalismo-torcedor seja apenas um pedido de profissionais da bola ou uma ameaça virtual à credibilidade jornalística. Por meio de uma análise mais detalhada é possível identificar expressões de riscos de desvio ético no jornalismo esportivo atual, quanto às coberturas estaduais e regionais de futebol no país.
A relação íntima e pouco clara de determinados veículos de comunicação com entidades que comandam o futebol também pode resultar em um ambiente favorável à manipulação de notícias e ao direcionamento de atenções do público de acordo com os interesses das organizações. Tal realidade não é ideal e tende a ser cada vez menos identificável caso o assunto não passe a ser tratado com a devida atenção por profissionais da imprensa e acadêmicos. A expectativa pós-autoria deste trabalho é estimular que a reflexão sobre a influência do nacionalismo de ocasião e do jornalismo-torcedor em práticas jornalísticas seja um dos legados deixados pela Copa do Mundo no Brasil.
Referências
AMARAL, Luiz. A objetividade jornalística. Porto Alegre: Sagra: DC Luzzatto, 1996.
BARBEIRO, Heródoto; RANGEL, Patrícia. Manual do Jornalismo Esportivo. São Paulo: Contexto, 2006.
BASTIDAS, Claudio. Driblando a perversão: psicanálise, futebol e subjetividade brasileira. São Paulo: Escuta, 2002.
BELTRÃO, Luiz. Jornalismo opinativo. Porto Alegre: Sulina, 1980.
BRANCO, Alberto Manuel Vara. O Nacionalismo nos séculos XVIII, XIX e XX: o princípio construtivo da modernidade numa perspectiva histórico - filosófica e ideológica. Revista Millenium do Instituto Politécnico de Viseu, ed. 36, Maio 2009. Disponível em: <http://www.ipv.pt/millenium/Millenium36/7.pdf>. Acesso em: 4 nov. 2013.
COELHO, João Nuno. “Vestir a camisola” – jornalismo desportivo e a selecção nacional de futebol. Revista Media & Jornalismo. Vol. 4, nº. 4, Lisboa: 2004. pp. 27 - 39. Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/mediajornalismo/article/viewArticle/6130>.Acesso em: 16 ago. 2013.
DANIEL, Carlos. Entre a paixão e o rigor. In: LOPES, Felisbela; PEREIRA, Sara (Coord.). A TV do Futebol. Porto: Campo das Letras e Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da universidade do Minho, 2006, pp. 37 - 44.
GASTALDO, Édison Luis. O futebol como um drama da vida social no Brasil. Revista do Instituto Humanitas Unisinos. Ed. 334. 2010, pp. 8 - 10
GRUPO de Mídia São Paulo. Mídia Dados Brasil 2012. São Paulo, 2012. Disponível em: <http://www.gm.org.br/page/midia-dados>. Acesso em: 2 nov. 2013.
GUEDES, Simoni Lahud. Copa do mundo: ritual quadrienal de nacionalidade. Revista do Instituto Humanitas Unisinos. Ed. 334. 2010, pp. 22 - 24.
LOPES, Felisbela; PEREIRA, Sara (Coord.). A TV do Futebol. Porto: Campo das Letras e Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da universidade do Minho, 2006.
NAPOLEÃO, Antônio Carlos; ASSAF, Roberto. Seleção Brasileira 1914-2006. 2ª. ed. atual. Rio de Janeiro: Mauad X, 2006. Disponível em:<goo.gl/kAOWD2>. Acesso em: 4 out. 2013.
RAMOS, Roberto. Futebol: Ideologia do poder. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1984.
RANGEL, Patrícia. Globo Esporte São Paulo: Ousadia e Experimentalismo no Telejornal Esportivo. Intercom, 2009. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-0543-1.pdf>. Acesso em: 22 out. 2013.
RODRIGUES, Nelson. A Pátria em Chuteiras – Novas Crônicas de Futebol. São Paulo, Companhia das Letras, 1994.
ROSE JR, Dante. GASPAR, Alexandre. SINISCALCHI, Marcello. Análise estatística dodesempenho técnico coletivo no basquetebol. Educación Física y Deportes, Revista Digital. Ano 8,nº. 49, Buenos Aires: 2002. Disponível em:<http://arearestritiva.files.wordpress.com/2013/05/13-05-2013-de-rose-jr-gaspar-sinisclachi-anc3a1lise-estatc3adstica-do-desempenho-tc3a9cnico-coletivo-no-basquetebol.pdf>. Acesso em: 5 nov. 2013.
***
Renan Apuk é bacharel em Jornalismo pela Universidade de Brasília. Fernando Oliveira Paulino é jornalista (1999), radialista, mestre (2003) e doutor (2008, com estágio na Universidad de Sevilla) em Comunicação pela Universidade de Brasília. Professor na UnB, pesquisador do Laboratório de Políticas de Comunicação e do Projeto Comunicação Comunitária e Cidadania (CNPq). Membro do Conselho Diretivo da ALAIC (Associação Latinoamericana de Pesquisadores da Comunicação), 2009-2014, e coordenador do Grupo "Ética, Liberdade de Expressão e Direito à Comunicação" (ALAIC). Gestor de Termos de Cooperação entre UnB e Communication University of China, UnB e Universidade do Minho e UnB e Universidade de Coimbra. 

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Rede internacional de cambistas vendia ingressos da Copa do Mundo e envolveu brasileiros, desconfia a Polícia Civil do Rio

quinta-feira, julho 03, 2014


'CONEXÃO BOLA': POLÍCIA APURA ENVOLVIMENTO DE EX-JOGADORES COM A ''MÁFIA DOS INGRESSOS" E INVESTIGA SE HÁ ENVOLVIMENTO DO PAI DE DO JOGADOR NEYMAR.

O jogador Neymar com seu pai e empresário Neymar da Silva Santos
A Polícia Civil do Rio deverá chamar ex-jogadores, entre eles Dunga e Júnior Baiano, e empresários de futebol para depor na investigação sobre uma rede internacional de cambistas que atua em Copas do Mundo desde 2002.
Inicialmente, eles serão chamados como testemunhas –o objetivo é esclarecer se há ligação com a rede.
Na terça (1º), a polícia prendeu 11 suspeitos de integrar um esquema ilegal de venda de ingressos da Copa-14, que faturava até R$ 1 milhão por jogo. Há suspeitas de participação de integrantes da CBF e das federações de Argentina e Espanha.

Entre os presos está o franco-argelino Mohamadou Lamine Fofana, 57, apontado como chefe do grupo e que fez ligações para a Granja Comary, concentração da seleção, em busca de ingressos.
(...)
A polícia investiga ainda se há ligação do grupo com o pai e empresário do jogador Neymar.
Em conversa grampeada pela polícia, Alexandre Vieira, suspeito de integrar a quadrilha, disse a Antônio Henrique de Paula Jorge, outro suspeito, que assistia ao jogo entre Brasil e Chile ao lado do pai do craque – nos lugares mais caro do Mineirão. Leiam AQUI a reportagem completa

Declarações de Joaquim Barbosa vão incomodar privilegiados...

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/opiniao-2/as-preocupantes-declaracoes-de-joaquim-barbosa-editorial-do-globo/

03/07/2014‘As preocupantes declarações de Joaquim Barbosa’, editorial do Globo

 às 12:24 \ Opinião
Publicado no Globo desta quinta-feira
Bem ao seu estilo, o ministro Joaquim Barbosa se despediu do Supremo Tribunal Federal sem cumprir o protocolo. Para não ouvir os discursos de praxe de colegas e evitar qualquer pronunciamento formal, Barbosa saiu antes de encerrada a sessão de terça-feira, a sua última no STF. Agora, espera a publicação da aposentadoria no Diário Oficial.
Mas já aproveitou os primeiros momentos fora da Corte para, em entrevista, dar opiniões fortes sobre a atuação de ministros. No julgamento do mensalão, de que foi relator, já fizera acusações a alguns de seus pares de atuar com o objetivo de ajudar condenados.
Terça, sem a toga, foi mais explícito: “Aqui (STF) não é lugar para pessoas que chegam com vínculos a determinados grupos. Não é lugar para privilegiar determinadas orientações”. E mais adiante: “(…) aquilo que falei da constante queda de braço, da tentativa de utilização da jurisdição para fins partidários, de fortalecimento de grupos, de certas corporações, isso é extremamente nocivo, em primeiro lugar, à credibilidade do tribunal, e também à institucionalidade do nosso país”.

O pessoal do PT é 'barra pesada'... Ataque indecente ao candidato de oposição chama a atenção dos mais educados

http://aluizioamorim.blogspot.com.br/2014/07/os-canalhas-estao-soltos.html

quinta-feira, julho 03, 2014


OS CANALHAS ESTÃO SOLTOS!

Por Nilson Borges Filho (*)
Na falta de argumentos sólidos para desqualificar  a vida pública de Aécio Neves, postulante à cadeira presidencial nas próximas eleições, a canalha situacionista  partiu para a ignorância, usando dos piores meios disponíveis aos sem caráter,  com o único objetivo de enlamear a família do senador mineiro para atingir o candidato que sobe nas pesquisas de intenções de votos. A sordidez utilizada pela patifaria institucional, abrigada em valhacoutos sustentados com dinheiro público, dessa vez se superou na produção do lixo em que chafurda.
Na luta política, o confronto ideológico e programático determinam de que lado cada um dos candidatos se encontra, obedecendo os limites da boa educação e da compostura pessoal, os postulantes saem em busca de votos. Um e outro desvio, revelados pela emoção que uma campanha eleitoral implica, pode-se até perdoar pelo excesso produzido por um dos contendores. A rigor, é feio, mas releva-se.
O senador Aécio Neves é pai e na avaliação dos que com ele convivem, um pai extremoso e presente. Pois é na condição de  pai que o candidato a presidente e senador mineiro está sendo caluniado pela escória que se vê ameaçada de perder o poder e, por consequência, a chave do cofre. Ora, pelos escândalos que diariamente são veiculados pela imprensa brasileira, sabe-se bem o que motiva essa gentalha a  assassinar reputações, mesmo que para isso acontecer não se envergonha de enxovalhar a reputação de uma moça de 22 anos, cujo único pecado é o de ser filha de um candidato de oposição.
Acostumados com o jogo sujo, sempre margeando o nível do esgoto, esses tipos, conhecidíssimos pela maneira estúpida com que agem, saíram a campo para produzir e reproduzir pelas redes sociais que a ex-mulher do senador Aécio Neves o estava acusando de usar a filha de ambos para contrabandear diamantes.
A mentira, por si só, não merece ser levada a sério. Somente a burrice crônica acumulada com a falta de caráter justificariam que alguém em sã consciência e com o controle de suas faculdades mentais acreditasse em tamanho disparate. 
Mas esses aprendizes de Joseph Goebbels, tresloucado ministro de Propaganda do Reich nazista, se juntam na tese de que uma mentira repetida inúmeras vezes, em determinado momento se transforma em verdade. Os incautos, aqueles que por falta de oportunidade são de poucas letras, podem ser levados a dar crédito a essa estupidez.
O senador Aécio Neves e sua ex-mulher Andréa Falcão divulgaram nota  mencionando “a sórdida campanha de mentiras e calúnias patrocinadas pelos adversários”.
A maior covardia está no fato de envolver uma jovem dedicada aos estudos e  que nunca se envolveu com política, seja desqualificada por adversários do pai, candidato à presidência. Ainda bem que a grande parcela dos brasileiros de bem é esclarecida e consegue diferenciar aquilo que é verdade, daquilo que é construído pelos estertores da política baixa. A bandalha não tem limites quando se trata da possibilidade de perder o poder.
(*) Nilson Borges Filho é mestre, doutor e pós-doutor em Direito e articulista colaborador deste blog.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Ferramenta virtual para ajudar indecisos... WeechOne

Nova rede social quer te ajudar a tomar decisões através de perguntas e respostas 

Nova rede social quer te ajudar a tomar decisões através de perguntas e respostas Reprodução/YouTubeCriada por brasileiros, a WeechOne pode solucionar a vida de indecisos

Você sabe onde vai jantar esta noite? Já decidiu que roupa usar no próximo almoço de família? Já sabe o que comprar de presente para o Dia dos Pais?

Se a sua resposta foi não para todas as perguntas acima, chegou uma rede social para te dar aquela forcinha.

Criada por dois estudantes brasileiros de Engenharia da Computação, a WeechOne é uma plataforma de perguntas e respostas que quer ajudar seus usuários a tomarem decisões do dia a dia.

Da até pra escolher quem te ajuda: teus amigos ou todos os usuários.

O projeto estava em desenvolvimento desde o ano passado e foi lançado na última terça-feira, 01.

Veja o vídeo e entenda como funciona:

Policial é mordido por preso bêbado em Curitiba

02/07/2014 10h59 - Atualizado em 02/07/2014 10h59

Motorista bêbado bate em 5 carros e morde policial em Curitiba, diz PM

Ele ainda tentou evitar a prisão arrastando outro policial por 50 metros.
Incidente ocorreu na Cidade Industrial, na noite de terça-feira (1º).

Do G1 PR
Um homem foi preso na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) na noite de terça-feira (1º), após reagir a uma abordagem policial. De acordo com a Polícia Militar (PM), ele chegou a morder um policial e arrastar outro pendurado no carro, antes de ser detido por outros agentes. O homem foi encaminhado ao Hospital do Trabalhador (HT) com lesões e sinais de embriaguez, ainda conforme a PM.
Equipe do 23º Batalhão da PM relatou que tentou abordar o motorista após ele, trafegando em alta velocidade, atingir quatro carros em um acidente. Ao fugir da abordagem, ele ainda bateu no carro da PM, de forma que os agentes decidiram segui-lo a pé. Quando um policial tentou retirá-lo do carro, o suspeito mordeu a mão dele, e ainda arrastou outro agente pendurado no veículo. Ele só parou depois de dirigir por mais cerca de 50 metros, ao bater contra um muro.
Os policiais agredidos sofreram ferimentos leves, foram atendidos e liberados. O suspeito também sofreu ferimentos leves, sendo detido e levado ao HT. A PM acompanha o atendimento e aguarda a liberação médica para encaminhá-lo à Delegacia de Delitos de Trânsito

Frases .../ Albert Camus

Albert Camus

"O que finalmente eu sei sobre a moral e as obrigações do ser humano 
devo ao 
futebol"

terça-feira, 1 de julho de 2014

Prisão de Sarkozy assombra a França

http://elpais.com/internacional/2014/07/01/actualidad/1404196765_854395.html

Sarkozy, retenido en comisaría por una investigación por tráfico de influencias

El abogado del expresidente y un magistrado han sido ya imputados esta noche

  • La policía interrogará al expresidente francés Sarkozy por un caso de corrupción
  • Es una medida excepcional con la que Francia se ha despertado. A primera hora de la mañana, el expresidente de la República Nicolas Sarkozy ha tenido que acudir a la oficina de la policía judicial especializada en infracciones financieras y fiscales para declarar sobre los presuntos delitos de tráfico de influencia y violación del secreto de instrucción. Apenas 24 horas antes, la misma policía había detenido a su abogado Thierry Herzog y dos magistrados del Tribunal Supremo. Anoche Herzog pasó a la condición de imputado, al igual que uno de los magistrados, Gilbert Azibert.
    Sarkozy fue llevado ante el juez para que decidiese sobre su imputación poco antes de medianoche, tras 15 horas detenido, ante el estupor general y la indignación de sus seguidores en su formación política, la conservadora Unión por un Movimiento Popular (UMP).  Algunos no dudaron en tachar de “encarnizamiento” el trato que la justicia está deparando a su antiguo líder. Otro declaraba a Le Figarosu temor a que Sarkozy sufriera la humillación de tener que dormir en comisaría.
    El expresidente francés Nicolas Sarkozy ha llegado a la oficina policial de Nanterre (a las afueras de París) en torno a las ocho de la mañana en un coche de cristales tintados y ante el asombro de la opinión pública, a la que se había informado de que el expresidente de la República podría ser llamado a declarar dentro de unos días. Su abogado y los dos magistrados del Supremo detenidos el día anterior ya llevaban 24 horas en las dependencias policiales de Nanterre (a las afueras de París) cuando llegó Sarkozy a bordo de un coche de cristales tintados. Entró directamente a un aparcamiento subterráneo. Sometido a la figura jurídica de “garde à vue”,el expresidente puede quedar retenido durante un máximo de 48 horas, plazo tras el cual puede quedar en libertad o ser llevado ante un juez. El mutismo ante la sede de la policía judicial fue total durante el día.
    La celeridad con la que se está desarrollando la operación ha sorprendido a todas las fuerzas políticas, que están llamando a confiar en la justicia. Esta detención inédita se inscribe en el caso de la presunta financiación ilegal de la campaña electoral de Sarkozy de 2007, que habría contado con aportaciones económicas del entonces presidente de Libia Muamar Gadafi.
    Los investigadores intentan determinar si el exjefe de Estado y su entorno crearon una "red" de informadores que les mantenía al tanto de la evolución de los procesos judiciales que amenazan al político conservador y jefe del Estado francés entre 2007 y 2012.
    El abogado del expresidente Thierry Herzog y a los magistrados del Supremo Gilbert Azibert y Patrick Sassoust fueron detenidos en el día anterior en el curso de la investigación. Se sospecha que Azibert, cercano al letrado del expresidente, recababa información de consejeros del Tribunal Supremo sobre los avances en la investigación sobre presunta la financiación ilegal de la campaña que llevó a Sarkozy al Palacio del Elíseo, informa Efe.
    Según esa teoría, el defensor de Sarkozy le prometió como contrapartida que el expresidente le ayudaría a conseguir un puesto en la administración de Mónaco que buscaba.
    Las escuchas telefónicas a las que fue sometido Sarkozy —inmerso en varios casos de corrupción —y su entorno en otoño pasado han desvelado que el expresidente de la República se servía de una red de informantes en las estructuras del Estado para mantenerse al tanto de los escándalos financieros que ahora le acorralan, muy especialmente, el caso Bettencourt, que investiga el Tribunal Supremo y que también está relacionado con la presunta financiación ilegal de la misma campaña de 2007 que le valió a Sarkozy el triunfo sobre la socialista Ségolène Royal.
    Esas escuchas fueron las que desvelaron a la policía que Sarkozy utilizaba un teléfono móvil clandestino, a nombre de un tal Paul Bismuth, para hablar justamente con su abogado Herzog, que también disponía de un teléfono clandestino. Las pesquisas indican que Herzog tenía hilo directo con su amigo, el juez de la sala de lo Civil del Supremo Gilbert Azibert, ahora interrogado por la oficina anticorrupción.
    Imágenes del expresidente Sarkozy, el abogado Thierry Herzogy el juez Gilbert Azibert. /AFP
    Destacados miembros de la UMP (Unión por un Movimiento Popular), el partido de Sarkozy, coinciden en calificar de "encarnizamiento" el proceso contra el exjefe del Estado y señalan la coincidencia del calendario judicial con el calendario político, en una clara referencia a la posibilidad de que el político acabara decidiendo en las próximas semanas volver a liderar la organización conservadora.
    El portavoz del Gobierno socialista y ministro de Agricultura, Stéphane Le Foll, ha comentado que la justicia debe llegar hasta el final y que Sarkozy "es un justiciable como los demás".
    Situado en el número 101 de la calle Trois Fontanot, en el barrio de La Defense, el edificio de ocho plantas donde Sarkozy es interrogado es la sede central de la Policía Judicial. Hasta allí fue conducido esta mañana por la policía desde el distinguido distrito 16, donde vive. Su coche entró directamente al aparcamiento subterráneo a través de un acceso situado a la izquierda en la planta baja. Una veintena de periodistas y cámaras permanecían de guardia desde primera hora mientrras una pareja de policías los mantenían alejados de la sede policial. Poco después de las 11.00 de la mañana, la única persona relacionada con el caso que salió al exterior fue el abogado Paul-Albert Iweins, que defiende al también abogado detenido Herzog. Fumó un cigarrillo y se negó a hacer el mínimo comentario.
    En la calle Trois Fontanot, varios empleados arreglaban las aceras y el firme dentro de un proyecto valorado en 500.000 euros "para mejorar su entorno vital", como señala un cartel público en la zona. Ni los obreros ni los empleados de la zona, con muchos edificios dedicados a oficinas, quieren comentar lo ocurrido, pero en las cafeterías de la zona todos siguen la noticia a través de la televisión. "Sí, sí, estoy al tanto", se limita a decir alguno. Sólo los periodistas hacen comentarios jocosos. "Esto es una repúbica bananera", señala un cámara.   

Tostão dá seus palpites sobre a Copa do Mundo

http://elpais.com/deportes/2014/06/30/mundial_futbol/1404154659_316606.html
 Rio de Janeiro 30 JUN 2014 - 20:57 CET
Tostão (Belo Horizonte, 1947) fue nombrado mejor jugador del Mundial de México 70 en la selección más bella de la historia. Delantero y centrocampista zurdo de enorme habilidad y visión de juego, una lesión en el ojo le obligó a colgar las botas a los 26 años. Y hoy, a los 67, se ha convertido en un pensador mediático del fútbol a través de sus columnas en el diario Folha.
Pregunta. ¿Qué le pasa a Brasil? ¿Le falta talento?
Respuesta. En Brasil se había creado una expectativa por encima de la realidad. Esta expectativa fue creada por la victoria en la Copa Confederaciones y la gran diferencia en el último partido contra España. Empezamos a pensar que teníamos un equipo excepcional y que era posible ganar la Copa. Pero no es así. Brasil tiene virtudes y deficiencias, como todas las buenas selecciones presentes.
P. Salvo Neymar, los jugadores brasileños parecen agarrotados. ¿Les pesa la responsabilidad?
R. Si la Copa no fuese en Brasil, si se jugase en Europa, la seleçao estaría ya probablemente eliminada. Que se dispute aquí aumenta sus posibilidades. Se ha instalado en Brasil la idea de que el problema de la selección, la razón de que no juegue bien, de que no enamore, es la presión emocional sobre los jugadores. Yo pienso lo contrario. Lo que la hace candidata al título es jugar en casa, el apoyo de la torcida. Están jugando con muchísima garra, comprometidos emocionalmente. Pero faltan cualidades individuales.
No tenemos medio del campo. Nos haría falta un Xavi o un Alonso en su mejor momento”
P. ¿Cuáles son esas carencias?
R. Nos falta medio campo. Oscar y Hulk juegan por banda, Luiz Gustavo es casi un zaguero más, y sólo queda un jugador (Fernandinho) para tocar el balón y construir. Es triste ver a la selección jugando así. Compensa esas graves deficiencias porque tiene a Neymar, que, aunque contra Chile estuvo muy marcado, mantiene una tónica excepcional. Tenemos también a dos de los mejores defensores del mundo (Thiago Silva y David Luiz). Y Hulk en ataque tiene un poder ofensivo enorme, incluso cuando juega mal. Marcelo es un futbolista excelente cuando cruza la mitad del campo. Y Luiz Gustavo es impecable en su función de volante defensivo. Tenemos cualidades, pero no veo un medio campo que pase, organice y distribuya. Marcan mucho, pero hacia delante no les veo jugar.
P. ¿Echa en falta a algún jugador en la convocatoria?, ¿Kaká?
R. El problema principal es táctico: no hay medio campo, no está organizado, se juega por las bandas y se confía en Neymar arriba. Lo que haría falta es un jugador como Xavi o Xabi Alonso en sus mejores momentos, un Schweinsteiger, un Pirlo, un Kroos... No tenemos un gran jugador en el medio campo. Son combativos: corren mucho, marcan mucho. Kaká es más un atacante, un segundo delantero, como Oscar o Neymar. Es un intermediario para el gol.
P. Otro problema está en la delantera.
R. Por supuesto, me faltó mencionar eso. No tenemos un gran 9. Hemos tenido tantos espectaculares… Y, sin embargo, hoy tenemos un jugador que es buen finalizador [Fred], que sabe remachar las jugadas, pero que participa poco, se pasa el partido escondido entre los defensores. No tenemos un Romario o un Ronaldo. Al ser Hulk y Neymar artilleros tan agresivos, pienso que Brasil podría jugar perfectamente sin Fred, sin un 9, porque tiene otros dos jugadores goleadores en el campo. Sería mucho mejor que el tercer atacante fuese más habilidoso y creativo, más móvil, en lugar de un delantero parado que espera la jugada.
Fue muy importante la baja de Thiago Alcántara para España. Va a crecer mucho”
P. ¿En quién está pensando? ¿En Willian?
R. Neymar pasaría a ser delantero, como Hulk, y esa función un poco más atrasada podrían ocuparla Oscar o Willian. Si Kaká estuviese en forma, sería mejor todavía. Antes de llegar Scolari, todavía con Manu Menezes de seleccionador, el ataque brasileño lo formaban Hulk, Neymar y Kaká; y en ese momento todo el mundo pensaba que Brasil tenía un gran ataque, aun jugando sin delantero centro.
P. Como la España de Del Bosque…
R. Exactamente. Pero Menezes salió y a Felipão le gustan los 9 tipo Fred. A mí me gusta mucho el triángulo con Hulk y Neymar arriba y Kaká de mediapunta. Kaká tiene gol también, pero no estaba en forma. De cualquier manera, con tres partidos que quedan es difícil que Scolari cambie a estas alturas. Lo que sí podría hacer (como sucedió en la Confederaciones) es colocar tres jugadores en el medio campo, un auténtico trío, poblar la mitad de la cancha, y arriba mantener a Fred, Hulk y Neymar. Que Luiz Gustavo no se quede tan atrás, y esté acompañado por dos volantes. Tres centrocampistas, como Holanda, Chile, España o Alemania... Brasil juega teóricamente con dos mediocampistas, pero en la práctica juega con uno, porque Luiz Gustavo juega casi de líbero.
P. ¿Cree que Scolari se equivocó con Diego Costa?
R. Diego Costa sería mejor que Fred. No hay duda alguna. El problema es que cuando Scolari convocó a Costa y le hizo jugar 20 o 30 minutos, Costa no había alcanzado aún el éxito en el Atlético. Y pensó que tenía otros jugadores comparables; no percibió el potencial y el crecimiento de Costa. Cuando quiso traerlo, era ya un ídolo en España y quería jugar con España: es algo lógico, estaba allí desde hace años… Le llamó Del Bosque, se sintió reconocido, mucho más que aquí.
Los países con tradición tienen un código imaginario que les hace salir adelante”
P. ¿Tiene alguna selección favorita para ganar la Copa?
R. No… Porque veo muchos equipos parejos. Argentina, Alemania, Holanda, Francia y Brasil tienen las mismas posibilidades. Cuatro de esas cinco selecciones estarán en semifinales (más probable Alemania que Francia). Sólo falta España, que debería estar en ese grupo. Al final, la fuerza de la tradición en el fútbol, de la historia, tiene mucho peso; no cuenta sólo la calidad. Es lo que pasó, por ejemplo, con Holanda contra México. Se lanzó al ataque con muchísima fuerza. El gol se olía desde mucho antes del empate. Así como los humanos estamos programados por los genes, casi como si fuésemos un ordenador, que influyen en nuestro comportamiento, los países con mucha tradición en el fútbol parecen tener un código imaginario que al final les hace salir adelante.
P. ¿Estamos asistiendo a un Mundial magnífico?
R. Muy bueno, a pesar de que no haya ninguna selección maravillosa que encandile. Todos los partidos son buenos. Y hay muchos goles... Me sorprende sobre todo la velocidad del juego en condiciones de tanto calor. Hay mucha técnica, mucha habilidad y, sobre todo, mucho dinamismo y velocidad. Holanda, en el minuto 90 de su partido de octavos, seguía esprintando bajo ese calor. Sólo falta España.
Me sorprende sobre todo la velocidad del juego en condiciones de tanto calor”
P. Era un momento complicado para la generación que llevó a España a los triunfos…
R. Su fútbol me ha maravillado durante años, y también el del Barça y Real Madrid. Me encantan. Es una pena. Pero conviene recordar que no cayó contra cualquiera… Si hubiese tenido un grupo más fácil en la primera fase, podía haber ido creciendo durante la competición. Me acuerdo del Mundial de 1966 (que jugué, con 19 años). Brasil fue eliminado en la primera fase, y también era el vigente campeón del mundo. Uno de los motivos fue que perdimos contra dos selecciones muy fuertes: Hungría (que era realmente potente) y el Portugal de Eusebio. También éramos un equipo cansado, con varios jugadores al final de su carrera. En esta Copa fue muy importante la baja de Thiago Alcántara. Va a crecer mucho en los próximos años... El Barcelona ha perdido a un gran sustituto de Xavi.
P. ¿Piensa que España se repondrá pronto de este fracaso?
R. España va a renovar el equipo y regresará a la élite en el próximo Mundial. Ya tiene una base. España fue bicampeona de Europa y campeona del mundo sin tener un delantero excepcional. El medio campo era tan fabuloso, tan impresionante, que incluso sin un delantero formidable España era el mejor equipo del planeta. Por supuesto que Torres, Villa (y antes Raúl y otros) son grandes jugadores, pero no ha habido un Romario, un Ronaldo, un Messi, un Cristiano. En la Liga española casi todos los delanteros son extranjeros, no logra cultivar un delantero fuera de serie. Presenta un centro del campo asombroso, pero sin delanteros. Han ganado dos Eurocopas y un Mundial sin un delantero crack. Iniesta, Alonso, Busquets y compañía son tan buenos que lo pudo lograr.

Vamos ler e refletir sobre isso...

O estresse faz bem http://super.abril.com.br/cotidiano/estresse-faz-bem-617849.shtml
SUPER PAPO

O estresse faz bem

Passar nervoso de vez em quando nos torna pessoas mais atentas, ágeis e competitivas, de acordo com o americano Bruce McEwen

por Cristina Westphal
A prestação do carro está vencendo, a crise roeu suas economias, o computador travou de vez e o mala do chefe insiste em pegar no seu pé. O resultado disso é clássico: estresse.
Ninguém gosta de ter fumaça saindo pelas orelhas - mas, acredite, essa pressão faz muito bem para você. Pelo menos é o que diz Bruce McEwen, neurocientista e professor da Universidade Rockefeller, em Nova York. Segundo McEwen, o estresse é fundamental para a nossa sobrevivência. Quando sentimos o mundo cair sobre a cabeça, o cérebro nos prepara para reagir ao desastre. Ficamos prontos para tomar decisões com mais rapidez, guardar informações que podem ser decisivas e encarar desafios e perigos. Ou seja: pessoas estressadas potencializam sua capacidade de superar um problema, na visão do professor (funciona quase como o espinafre para o Popeye). Mas há um porém: se nos estressamos demais, os efeitos benéficos acabam revertidos. Nosso cérebro falha, e funções como a memória acabam prejudicadas. É por isso que precisamos aprender a apreciar o estresse com moderação. O segredo estaria em levar uma vida saudável e buscar atividades que deem prazer, como diz McEwen - autor do livro O Fim do Estresse Como Nós o Conhecemos - na entrevista que concedeu à SUPER.


O estresse costuma ser encarado como vilão. Por que você defende a tese de que ele faz bem?


Porque o estresse representa um sinal de que estamos saudáveis. Ele é uma carga de ansiedade que todos recebemos para evoluir na vida. E estamos falando de situações que vão desde trazer comida para alimentar a família até conseguir um cargo mais alto na empresa.


Como assim?