Postagem em destaque

Notícias da Revista Oeste ...

Mostrando postagens com marcador Globo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Globo. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

"Que país é este?" / Fernando Gabeira

Fernando Gabeira: Que país é este?

Eles acreditam que podem deter a Operação Lava Jato através de um golpe parlamentar. Podem aumentar a irritação popular e transformar a delação da Odebrecht num genocídio da espécie

Por: Augusto Nunes  
Publicado no Globo
Gostaria de ter ido a Salvador para conhecer e mostrar a Igreja de Santo Antônio da Barra, o Forte de São Diogo e o Cemitério dos Ingleses. Na igreja, você assiste à missa e contempla a Baía de Todos os Santos. O Forte de São Diogo foi erguido para defender o flanco sul da cidade, no tempo em que Salvador era a capital do Brasil.
Só que os inimigos não chegaram pelo mar. Vieram de dentro de Salvador, capitaneados por Geddel Vieira Lima. Construiriam um prédio de 30 andares, que, segundo o Iphan, arquitetos e moradores, arruinaria a paisagem.
Felizmente, a paisagem foi salva. Geddel tentou pressionar o ministro da Cultura, mas acabou perdendo a batalha. Quase continuou no cargo. O governo Temer é feito de cumplicidades pretéritas com o objetivo de escapar da Lava Jato. Ao tentar manter Geddel no cargo, Temer queria impedir que ele caísse nas mãos de Sérgio Moro. Ele é investigado pela Lava Jato. O apartamento de Geddel no prédio La Vue custou R$ 2,5 milhões. Ou comprou ou ganhou. Em ambas as hipóteses, aumentaria a suspeição da Lava Jato.
Lembro-me de Geddel ainda na década dos 1990. Antônio Carlos Magalhães divulgou um dossiê intitulado “Geddel vai às compras”. Os líderes políticos que, inutilmente, lhe deram apoio para evitar sua queda são uma espécie de Bessias, aquele mensageiro cuja missão era evitar que Lula caísse nas mãos de Moro. Não adiantaria muito tentar salvar Geddel, esconder-se nas barras das togas dos ministros do Supremo. A grande delação da Odebrecht vai colocar todo o mundo político na roda.
Existem fortes manobras para decretar uma autoanistia. Essas manobras são conduzidas por Renan Calheiros e Rodrigo Maia, mas têm o apoio de Temer. Eles acreditam que podem deter a Operação Lava Jato através de um golpe parlamentar. Na verdade, podem aumentar a irritação popular com eles e transformar a delação da Odebrecht num genocídio da espécie.
Temer e a cúpula do PMDB, embora estejam trabalhando para estabilizar a economia, confirmam as piores suspeitas. Seu grande objetivo é desmontar a Lava Jato. Considerei o impeachment um momento importante para atenuar a crise brasileira. Achei que era preciso dar um crédito inicial de confiança para que o desastre econômico fosse reparado. Pouco se avançou nesse campo. Mas eles andam rápido no projeto de autoblindagem.
O que não faz o medo? Se Temer, Moreira, Geddel e Padilha, o quarteto do Palácio, partem para essa luta com Renan Calheiros e Rodrigo Maia, o jovem ancião da política brasileira, eles abrem uma nova frente. Quais são seus motivos? Geddel, por exemplo, já aparece em algumas delações premiadas. Seu enriquecimento é visível. Moreira Franco, também citado cobrando propinas em obras de aeroporto, e Padilha, como Geddel, são velhos sobreviventes. ACM o chamava de Eliseu Quadrilha. O próprio Temer tem dois apelidos na delação da Odebrecht.
No momento em que abrem o jogo, não deixam outro caminho a não ser o de uma oposição implacável. Contam com um grande número de deputados e senadores, mas esses estão apenas cavando mais profundamente sua sepultura. Comandados por Renan Calheiros e o quarteto do Palácio, os políticos brasileiros temem encarar a sua batalha decisiva. Ou liberam a corrupção que sempre os alimentou ou vão para o inferno.
Na biografia de Renato Russo, há menções a Geddel Vieira Lima, que frequentava a mesma escola do cantor. Geddel chegava sempre num carro verde e dizia que seu sonho era ser político. Renato Russo o achava insuportável. O que diria hoje diante da bela paisagem que Geddel ameaçava em Salvador?
Não pude ir à Bahia porque a crise no Rio me levou aos presídios de Bangu. Agora que um ex-governador está lá dentro, vale a pena conhecer o que é aquilo. Passei uma noite em claro para documentar o esforço das famílias em visitar os presos. Existe uma visão geral de que as famílias também são culpadas e devem pagar um pouco pelos crimes de seus filhos, pais e maridos. É um equivoco. Com a prisão de Cabral, o sistema penitenciário tem dois caminhos: ou cria um regime de exceção para ele e sua família ou racionaliza a visita de todos os 26 mil presos no complexo. Parece mais fácil criar um regime de exceção. Mas com um bom aplicativo, o que leva horas de espera, pegar uma senha, poderia ser feito pelo telefone. Pelo menos, os problemas com Cabral em Bangu são mais fáceis de equacionar do que os da cúpula do PMDB.
Presos, ainda dão trabalho. Muito menos, no entanto, do que a Renan Calheiros e ao núcleo do Planalto, que mantêm o poder em Brasilia e trabalham, intensamente, numa blindagem de aço especial que consiga, simultaneamente, anular a Lava Jato com suas evidências e a opinião pública com sua justificada fúria.
Que país é esse? Renato Russo dizia na letra da canção: “na morte eu descanso/ mas o sangue anda solto/ manchando papéis e documentos fiéis”. Como Cabral, Geddel foi às compras. Roubar uma paisagem de nada adianta, porque, na cadeia, o que se vê é o sol nascer quadrado.

domingo, 2 de outubro de 2016

O PT é criador de demandas socioeconômicas para a história política do Brasil ...!



Arnaldo Jabor: O exército do ‘Fora, Temer’

Me expliquem por que a palavra de ordem é “golpe, golpe”. Como assim?

Por: Augusto Nunes  
Publicado no Globo
Eu também quero ser feliz. Fico com inveja dos manifestantes que berram “Fora, Temer”, orgulhosos, iluminados pela certeza de que lutam pelo bem do Brasil. Tenho inveja deles. Nada é mais cobiçado do que a chamada “boa consciência”, a sensação de estar do lado certo da história ou da justiça. Tenho inveja de famosos artistas e intelectuais que aderiram à causa do “Fora, Temer”, se bem que ainda não consegui entender o labirinto ideológico dentro de suas cabeças que desemboca nesses protestos. Fico inquieto, mas logo me tranquilizo, porque eles, pessoas especiais, têm um fino saber e se tivessem tempo (ou saco) me elucidariam sobre suas profundas razões. Esforço-me, mas ainda não alcanço essa profundidade. Acho que tenho de me rever, fazer uma autocrítica. Talvez eu seja levado por minha cruel personalidade que, como eles dizem, não deseja o progresso do País. Eu sei que, ai de mim, talvez eu não passe mesmo de um fascista neoliberal, mas também sou um ser humano. Por isso, me entendam – eu quero ser salvo, doutrinado, catequizado pelo saber histórico dos manifestantes. Peço, por favor, que me ajudem a entender suas teses, para que eu saia das trevas da ignorância. Eu sou um pobre homem alienado, mas quero me atualizar. Por isso, trago algumas perguntas para me livrar dessas dúvidas pequeno-burguesas.
Por exemplo:
Me expliquem porque a palavra de ordem é “golpe, golpe”. Como assim? – pensei, na minha treva: se a Suprema Corte, o Congresso, o Ministério Publico, a PGR, a Ordem dos Advogados, a Associação dos Magistrados do Brasil levaram nove meses para cumprir o ritual constitucional e legitimaram o impeachment, por que é golpe? A turma do “Fora, Temer” deve saber. Talvez, alguém da direita tenha envenenado a mente desses juízes, congressistas, advogados e procuradores. Quem, na calada da noite, se reuniu com eles e juntos planejaram um golpe contra a Dilma? Imagino a cena, tarde da noite num bar de hotel: ministros e juízes bebem e celebram, às gargalhadas, um plano para arrasar o PT. Me expliquem esse mistério, pelo amor de Deus.
Vejo, com assombro de inocente inútil, que ignorei a estratégia bolivariana quando Dilma declarou em campanha que, na economia, estávamos bem. Frívolo que sou, achei que o Dilma estava mentindo; mas, logo lembrei que era “mentira revolucionária” para ser eleita – hoje, entendo que Dilma fez bem em encobrir um rombo de 170 bilhões de reais com dinheiro dos bancos públicos.
Quebrou-se a Petrobras, mas já posso ouvir nossa “intelligentsia”: “os fins justificam os meios e, se a Petrobras era do povo, seu dinheiro podia ser expropriado para o bem do povo”. Na mosca. Espantei-me com a visão de mundo que justificou a compra da refinaria de Pasadena por um preço 30 vezes maior; pagamos por uma lata velha um bilhão e meio de dólares. Mas eu, um idiota da objetividade, tenho a convicção de que vocês me revelarão a límpida verdade: Dilma sabia da venda, mas fez vista grossa em nome de nossa salvação. Afinal, o que são um bilhão de dólares diante do socialismo (ou brizolismo) triunfante que virá?
Às vezes, em minha hesitante mediocridade, temi que os 50 mil petistas empregados no governo estivessem trabalhando para o PT e não para a sociedade, mas já ouço a voz de grandes artistas explicando-me, com doce benevolência, que a sociedade não é confiável e que os petistas não eram infiltrados, mas vigilantes de sua missão no futuro.
Houve um momento em que achei, ingenuamente, que a nova matriz econômica de Dilma e Mantega era o rumo certo para a catástrofe. Ou para o brejo. Mas, sei que os sapientes comunistas dirão que esse será um brejo iluminista que acordará as mentes para a verdade. Assim, respiro aliviado. Entendi-os: “mesmo a ruína poderá ser didática”. Eles dirão, imagino, que um poder popular não podia se ater a normas econômicas neoliberais e tinha de estimular o consumo. Isso criou 12 milhões de desempregados? Sim, mas, nossos teóricos rebaterão que, mesmo quebrando o País e provocando inflação, esses 12 milhões sentiram o gostinho das geladeiras e TVs e que isso é a criação de um desejo para o socialismo. Na mosca.
Confesso também que fiquei desanimado com o atraso de todas as obras prometidas, que o PAC não andou, que não devíamos financiar portos e pontes em Venezuela, Angola e Cuba, mas eles me ensinarão que a solidariedade internacional bolivariana é fundamental para a vitória de seu projeto. Quero me penitenciar também por ter me entusiasmado com a Lava Jato, que considerei uma mutação histórica. Depois, lendo os jornais e as explicações de gente lúcida como a barbie-bolivariana Gleisi Hoffman e Lindbergh Farias, o homem que salvou Nova Iguaçu, voltei atrás e vejo que Moro e seus homens não passam de fascistas que querem impedir o avanço das forças do progresso. A Lava Jato, hoje o sei, é de direita.
Às vezes, reacionários criticam o governo Dilma por gastar muito em publicidade, porque desde o início do governo do PT foram gastos 16 bilhões de reais. Eu achava isso errado, mas sábias palavras me provarão que a população é uma grande “massa atrasada” e que há que lhes ensinar a verdade do capitalismo assassino.
Também achei pouco elegante a difusão pelo mundo da tese de que um golpe terrível tinha se passado no Brasil, achei que uma presidenta não podia espalhar uma difamação sobre o próprio país. Mas, artistas e intelectuais vão sorrir com superioridade e me ensinar (já os vejo…) que a adesão internacional é mais importante que velhas fronteiras nacionais.
Por isso, creio que estou pronto para minha reforma mental. Estou pronto para renegar minhas dúvidas pequeno-burguesas. E logo poderei fazer parte daqueles que invejo por seus rostos iluminados de certeza, por sua sabedoria acima da história e do obvio.
Assim, poderei participar desses protestos, me sentir um revolucionário e gritar, de punho erguido e fronte alta: “Fora, Temer!!”.

terça-feira, 21 de junho de 2016

"Não há fichas limpas", Arnaldo Jabor


Arnaldo Jabor: Não há fichas limpas

Somos uns miseráveis cercados de miseráveis por todos os lados

Por: Augusto Nunes  

Publicado no Globo
Não, não sei mais analisar a situação brasileira. Os fatos estão muito à frente de qualquer interpretação, que é sempre fugaz, com uma lógica que se perde em poucos instantes.
A sensação que tenho — estamos reduzidos a sensações — é que os hábitos tradicionais do velho patrimonialismo brasileiro, com suas teias ocultas de escândalos, estão arrebentando juntos e irrompendo da lama escondida por séculos.
Publicidade
Uma das razões é que nossa corrupção deslavada, nosso secular desgoverno se fragilizaram neste mundo contemporâneo global e digital. Nosso atraso ficou atrasado. As informações na velocidade da luz fizeram a opinião pública acordar sem saber bem para que ainda, mas já é um avanço.
Aquele estranho país, oscilando desde sempre entre o público e o privado, está deparando com um perigo: a própria ideia de “país” está ameaçada, se esgarçando com ilhas de civilização cercadas de miséria por todos os lados. Instituições continuariam existindo, mas sem poder para regular a vida social.
A consciência do desastre é grande, mas ninguém sabe o que colocar no lugar da merda que está aí. Não sabe porque talvez não haja. Como traçar um plano político onde a política se desintegrou? O Brasil é uma quadrilha. Todos estão implicados de algum modo. Nunca existiu vida sem o Caixa 2. Nisso, o Lula acertou. Esse era o método de funcionamento “normal”. Era impossível um político ignorar isso. Era normal. Agora, estão abertos os intestinos da pátria que nos pariu. E surge mais uma verdade óbvia: não há inocentes para ocupar cargos públicos. Todos são cúmplices. Não há fichas limpas. O Temer sabe disso e inteligentemente nomeou a melhor equipe econômica que já tivemos, sem contar líderes como Meirelles, Serra, Maria Silvia Bastos, Pedro Parente etc. Eles partiram para impor o óbvio na economia destroçada pelos ladrões e imbecis. Conseguirão?
A Lava Jato está matando o velho país vira-lata, graças a Deus, mas como salvá-lo, como organizar um país melhor? Tudo funcionava mal, mas funcionava pelas regras da velha roubalheira analógica. Havia até uma certa doçura nos ladrões de galinha. Depois do PT, tudo enguiçou. Sempre achei que o PT no poder seria uma previsível ladainha de slogans comunas, de voluntarismo, de gastos públicos malucos, mas nunca supus que eles pudessem causar um estrago desse porte, com 170 bilhões de buracos negros no Estado. Isso foi o resultado da estupidez ideológica aliada à direita mais feudal do país, de Lenin a Sarney. O PT não me decepcionou apenas por seus erros; ele me fez descrente da raça humana.
E vamos combinar: já há uma catástrofe. Queremos não ver, mas a evidência é perturbadora. O país foi metodicamente danificado econômica e socialmente. Eu e provavelmente muitos de vocês leitores não vamos sofrer tanto com a estagflação que vivemos. Agora, os que não lerão esta coluna, milhões de desvalidos, vão sentir na carne o novo estilo para a miséria. Vem aí a nova miséria — um “arrière-goût”, um toque de… África e Índia. Sim.
A miséria era o grande capital do governo Lula. O PT sempre teve ciúmes da miséria. Sempre que o FHC tentou cuidar da miséria, o PT reagiu como um marido enganado.
Antes, havia uma miséria “boa”, controlável. Tínhamos pena, ela aplacava nossa consciência, desde que ficasse no seu lugar. A miséria tinha uma “função social”. Achávamos que nosso escândalo ajudava os pobres de alguma forma. Para nós pequenos burgueses, a miséria era bandeira abstrata, a miséria dos outros era nosso problema existencial. O fim das ilusões gerou um desalento que dá lugar a um alívio quase feliz.
A situação é gravíssima e ninguém sabe como revertê-la. Como imaginar esse Congresso sujo aprovando reformas e ajustes contra o atraso, justamente eles que desejam o atraso, tão propício a roubalheiras mais tradicionais? O escândalo foi desmoralizado — estamos sendo arrasados pela “normalidade”. Isso. Estamos nos acostumando a essa anomalia e vamos aceitando a crescente desgraça com fatalismo ou cinismo: tinha que ser assim ou dane-se…
E aí surge a turma do “precisamos”, da qual eu faço parte, tristemente. “Precisamos” disso, daquilo, mas ninguém sabe como resolver. Não temos agentes executores da política do “precisamos”.
“Precisamos” resolver o problema da administração nos estados e municípios, que já estão sem verbas para pagar os funcionários públicos, os hospitais sem remédio, os limpa-fossas, sei lá. “Precisamos” combater a violência, mas nada funciona para impedir o crime crescente. A polícia não tem dinheiro. Os criminosos têm grana para comprar até canhões antiaéreos no Paraguai. Não é que a violência vai apenas crescer; não há como impedi-la, com traficantes vagando de metralhadora no Centro da cidade, estuprando e matando.
Como imaginar um plano possível para salvar e melhorar as favelas no Rio ou Recife ou Alagoas, em todas as cidades principais, para além das UPPs? O que fazer? Cartas para a Redação.
Esta crise é especial, talvez invencível.
Em geral, as crises surgem, acontecem e, quase sempre, somem. Acabam. Até a terrível ditadura tinha um fim previsível, mas, depois de 12 anos de absurdos do PT, esta crise agora é de areia fina, de areias movediças; ela talvez não acabe, pois não tem um defeito único a combater — é uma miscelânea de crimes históricos. A crise não tem um inimigo só — é um ramalhete de equívocos.
A miséria é a ponta suja de uma miséria maior. Nós fazemos parte dela. O Brasil está contaminado de misérias. Não existe um mundo limpo e outro sujo. Um infecta o outro.
A burocracia é miséria, a corrupção é miséria, a estupidez brasileira é miséria. A miséria não está nas periferias e favelas; está no centro da vida brasileira.
Somos uns miseráveis cercados de miseráveis por todos os lados.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

"No biênio 2015- 2016, o PIB está contraindo algo em torno de 7,7%..." Míriam Leitão

Efeito da recessão - 

MÍRIAM LEITÃO

 GLOBO - 17/02

Vivemos uma queda que ainda não chegou ao fim e que muito provavelmente será a pior recessão da nossa história. No biênio 2015- 2016, o PIB está contraindo algo em torno de 7,7%. As vendas do varejo ampliado caíram 8,6% no ano passado, segundo o IBGE divulgou ontem. Mesmo assim, como tudo na economia, há dois lados nesta moeda. E da forma mais amarga possível está sendo feito um ajuste.

Um dos lados é a coleção dos efeitos que se pode chamar de positivos da queda do consumo, como a redução do ritmo da inflação, o afastamento de riscos, como o apagão, e a melhora externa. Não serve de consolo. Todos os bons resultados poderiam ser conseguidos com boa administração da política econômica. A recessão é sempre um momento doloroso, mas é nela que o diretor do Banco Central Altamir Lopes se baseia para dizer que a inflação pode cair mais do que o mercado está calculando e ficar em 6,5%. Segundo ele, a recessão permitirá que a taxa de 2016 fique no teto da meta. A previsão das instituições financeiras, ouvidas pelo Boletim Focus, está acima de 7,5%.

É triste a situação de esperar que a má notícia traga a boa, mas é isso que tem acontecido. Houve uma redução forte do consumo de energia provocada pela recessão, que derrubou a produção industrial, e pelo tarifaço, que reduziu a demanda das famílias. Isso fez com que o país superasse o risco do apagão. O governo se vangloria de ter evitado o pior, mas não foi por gerenciar bem a crise. Foi decorrência da maior queda da produção industrial da série histórica e do corte no consumo familiar. O certo teria sido a presidente Dilma Rousseff admitir em 2013 que errara ao baixar a tarifa em 2012. Isso permitiria uma correção mais suave e uma adaptação ao período de baixo nível de chuvas. A correção foi adiada por razões eleitorais. Por isso, e só por isso, o país foi atingido pelo tarifaço de 2015.

O ajuste externo também é resultado em parte do encolhimento da economia brasileira. A queda da importação é maior do que a diminuição da exportação, e o superávit comercial nasceu por disso. As importações de petróleo foram reduzidas como resultado do petróleo reequilibrando a balança setorial, que estava com um rombo explosivo.

Não precisávamos estar na situação de contar com a recessão para fazer o trabalho de reduzir um pouco a pressão inflacionária, diminuir o consumo de energia e reequilibrar as contas externas. Tudo poderia ter sido feito pela forma correta. As tarifas de energia não deveriam ter servido para uma demagogia eleitoreira, os preços dos combustíveis não deveriam ter ficado defasados, quando o petróleo estava subindo para além de US$ 100. Se o governo não tivesse cometido esses erros, a Petrobras não teria tido o prejuízo calculado pelos especialistas entre U$ 50 bilhões a U$ 60 bilhões importando combustíveis a preços mais altos do que os que podia vender no mercado interno. As empresas distribuidoras de energia não teriam enfrentado o desequilíbrio financeiro que as fez tomar empréstimos bancários para cobrir dificuldades de caixa.

Hoje, o país poderia aproveitar a onda deflacionária na área de energia, que reduziu a inflação em todos os países do mundo. Pelos erros do passado, o mundo inteiro está com deflação no setor energético, pela queda dos preços do petróleo, mas só o Brasil tem justamente na energia o mais importante fator a elevar a inflação.

A alta de preços agravou a recessão, ao tirar poder de compra das famílias e reduzir a confiança para os investimentos dos empresários. E não é garantido que a queda do PIB reduza a pressão inflacionária. O índice está tão alto que qualquer choque que ocorra, qualquer piora das expectativas, qualquer nova desvalorização cambial vai continuar mantendo a inflação elevada.

O mundo estava ajudando nos últimos anos com a economia americana se recuperando, a Europa saindo da crise e a China crescendo. Houve uma piora rápida das expectativas em relação ao cenário mundial. Se o Brasil piorou quando o mundo estava melhorando, o que acontecerá agora que a situação se agrava aqui e fica mais instável nas principais economias do mundo?

A recessão acaba corrigindo alguns desequilíbrios, mas é a pior forma de ajustar uma economia.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O Brasil perdeu a inocência na política por atos indecentes de alguns de seus padrastos...


11/01/2016
 às 19:18 \ Opinião

Fernando Gabeira: Alguma verdade

Publicado no Globo 
A exigência de ouvir a verdade era ao mesmo tempo uma crítica à sucessão de mentiras do grupo de Nixon e uma aspiração de milhões de jovens americanos. O tempo passou, revolução digital no meio do caminho, e hoje é possível afirmar que o pedido de Lennon transcendeu a juventude: é um amplo desejo social.
O caso do governo Nixon contra Lennon tem relação com o Brasil de hoje. Embora incurso em outros artigos do Código Penal, o governo do PT nesses 12 anos tem a mesma recusa em aceitar a verdade. Independentemente de nuances políticas, governos ilegais não têm outro caminho senão construir uma narrativa de fuga, um cipoal de álibis. Essa incapacidade de nos dar alguma verdade parece incomodar dois quadros importantes do partido: Patrus Ananias e Jaques Wagner.
Nessa virada de ano, como se cumprissem uma promessa de réveillon, disseram: um, que o PT precisava pôr a mão na consciência; o outro, que o PT se lambuzou no poder. É uma reação tardia. Durante tanto tempo, a mão esteve no bolso dos brasileiros, estranho que só agora se desloque para a consciência. Jaques Wagner disse alguma verdade ao afirmar que o PT se lambuzou no poder. Mas o fez de forma tão hábil que parecia atenuar a culpa por ser um réu primário.
O PT teria chegado ao poder e reproduzido as práticas que condenava nos outros. Acontece que isso é apenas um fragmento da realidade. O PT, como nunca antes na História, transformou a corrupção num instrumento de governo e base para se perpetuar no poder. Fundos de pensão, estatais, empreiteiras, teles, tudo passou a ser fonte de recursos. Os aliados foram comprados no Mensalão e ganharam lugares estratégicos para saquear a Petrobras.
O PT montou um esquema que produziu fortunas. Sua passagem pelo governo, além de tornar a prática sistemática e abrangente, fez da corrupção no Brasil um tema internacional com desdobramento em várias cortes. Possivelmente, a tática dos dois quadros políticos, diante das resistências internas, é apenas uma proposta gradativa da verdade. É uma tática que só funciona quando o poder é o único a deter a realidade dos fatos. Mas hoje eles são públicos, através de dados da polícia, delações, reportagens investigativas.
A imagem que me vem à cabeça é a do colégio de freiras Stela Matutina, onde minha mãe estudou. As alunas tinham de tomar banho de camisola. Jamais se viam os corpos, apenas sombras, contornos, saliências. Eram virgens, os corpos nus eram um segredo pessoal. Mas a realidade histórica desnudou o PT. Por que revelar a varejo o que todos conhecem por atacado?
O gigantesco esquema montado pelo PT mudou a própria maneira como a sociedade vê a corrupção. Nos últimos dias do ano, a PF informou que houve um rombo de R$ 5 bilhões no Postalis. O tema desapareceu como se fosse a luz de um foguete no réveillon. Não foi adiante porque R$ 5 bilhões parecem ser uma mixaria diante das cifras gigantescas.
Foi criado no Brasil um partido das mulheres que só tem homens e uma única mulher como presidente. Uma observadora da ONU, em entrevista sobre as Metas do Milênio, detectou essa jabuticaba.

Um governo pode ser sincero e até meio incompetente. Mas, quando escolhe o caminho ilegal e domina o espaço político, o estímulo ao cinismo se propaga como um rastilho. Foi criado no Brasil um partido das mulheres que só tem homens e uma única mulher como presidente. Uma observadora da ONU, em entrevista sobre as Metas do Milênio, detectou essa jabuticaba. Mas o fato passou batido como o rombo do Postalis. Um sólido bloco masculino propondo um partido das mulheres e sendo reconhecido é apenas mais um dado do cotidiano. Ficou tudo um pouco desconexo, os vínculos se dissiparam, e hoje o campo da política tornou-se um obstáculo ao debate racional. Gira em torno de si mesmo. O pior é que as escolhas econômicas indicam o abismo. O PT quer produzir um vôo da galinha para se salvar nas eleições de 2016.
A galinha não consegue voar, mas eles descobriram algo para lhe dar asas: as reservas monetárias do país. Querem metade delas, cerca de US$ 174 bilhões. Falaram também que a China vai nos ajudar com empréstimos. Dois dias depois, parece que a notícia chegou lá: a bolsa chinesa desabou com relatos de queda na produção industrial. Nossos potenciais salvadores estão em dificuldades. O uso das reservas terá repercussão negativa nos mercados.
Insistir no que deu errado achando que um dia dará certo, fugir da verdade quando todos pedem um encontro com ela, é uma escolha histórica. Nixon, pelo menos, renunciou. No último momento, de alguma forma, assumiu a verdade.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

"A república dos cínicos" / na coluna de Augusto Nunes / Globo


01/12/2015
 às 16:11 \ Opinião

Marco Antonio Villa: A república dos cínicos

Publicado no Globo
Lembra o Conselheiro Aires, célebre personagem de Machado de Assis, que o inesperado tem sempre voto decisivo nos acontecimentos. O ano parecia caminhar para o encerramento. E em tons inglórios. 
O enfrentamento da crise política estava sendo empurrado para 2016. Tudo indicava que o impasse — produto em grande parte da inoperância das forças políticas de oposição ao projeto criminoso de poder — iria se prolongar, até porque o calendário político do Congresso não é o mesmo que vigora para os brasileiros comuns. Na Praça dos Três Poderes, 2015 termina por volta do dia 11 de dezembro, e o ano vindouro só começa depois do carnaval — e para alguns somente em março.
Mas os acontecimentos de 25 de novembro vieram para atrapalhar — ainda bem! No dia anterior foi preso José Carlos Bumlai, considerado um dos melhores amigos de Lula. Bumlai conseguiu empréstimos privilegiados do BNDES. Acabou falindo. Contudo, a família está em excelentes condições financeiras. Um dos seus filhos, segundo noticiou o Globo, é um rapaz de sorte. Tinha um patrimônio avaliado em R$ 3,8 milhões em 2004. Seis anos depois, saltou para R$ 95,3 milhões, um crescimento de 25 vezes, algo digno de um livro de como prosperar rapidamente na vida. Mas o mais fantástico é que em 2012 o filho prodígio mais que duplicou o patrimônio: R$ 273,8 milhões.
O amigão de Lula vendeu uma de suas fazendas — a Cristo Redentor — para o banqueiro André Esteves por R$ 195 milhões, valor considerado muito acima do preço de mercado. O mesmo banqueiro, também no dia 25, foi preso, envolvido em transações pouco republicanas. É um dos representantes de uma nova classe criada pelo petismo: a burguesia do capital público.
Nesta teia de relações foi incluído o senador Delcídio do Amaral, líder do governo no Senado. O senador, além de vínculos com Estevão e Bumlai, nos últimos anos esteve muito próximo de Lula. E todos eles estão relacionados com o petrolão, alguns já presos; outros, ainda não. A camarilha tinha na Petrobras o instrumento principal de saque. De acordo com perícia da Polícia Federal, o desvio do petrolão foi de R$ 42 bilhões, algo desconhecido na história do mundo.
Mesmo assim, os cínicos que nos governam continuam agindo como se nada tivesse acontecido — isso para não falar das obras da Copa, da Ferrovia Norte-Sul, da Usina de Belo Monte e de Angra-3. E a conjunção da corrupção com a irresponsável gestão econômica acabou jogando o país na crise mais grave da história republicana. Teremos dois anos consecutivos de recessão — sem esquecer que em 2014 o crescimento foi zero. E caminhamos para a depressão.
O significado mais perverso do projeto criminoso de poder e da crise econômica é a destruição dos projetos de vida de milhões de brasileiros. São projetos acalentados anos e anos e que a discussão da macropolítica acaba deixando de lado: os sonhos da casa própria, de obter um diploma universitário, de se casar, entre tantos outros, que, subitamente são inviabilizados. E os maiores atingidos são os mais pobres, que não têm condições de sequer vocalizar suas queixas, seus protestos.
A velocidade da crise não pode mais ser controlada. Quando o governo aparenta viabilizar um acordão negociado com o que há de pior na política brasileira, vem a Operação Lava Jato para atrapalhar o negócio — pois não passa de um negócio. A ação do juiz Sérgio Moro é histórica. Age dentro dos estritos termos da lei e já obteve grandes vitórias. Até o momento, foram 75 condenações, 35 acordos de delações premiadas, 116 mandados de prisão e R$ 1,8 bilhão recuperados. E a 21ª fase da Lava Jato acabou impedindo o acordão. Não é que a Justiça age na política. Não. É a política — entenda-se, os partidos e parlamentares de oposição — que não consegue estar à altura do grave momento histórico que vivemos. A oposição não faz a sua parte. Evita o confronto como se a omissão na luta fosse uma qualidade. Se estivesse no Parlamento inglês, em maio de 1940, defenderia negociar a paz com Adolf Hitler. O governo Dilma caminha para o fim sem que a oposição seja o elemento determinante.
Há uma fratura entre o povo brasileiro e a Praça dos Três Poderes. O poder é surdo aos clamores populares. Não é hora de recesso parlamentar. Recesso para quê? Em meio a esta crise? É justamente nesta hora em que o país precisa dos seus representantes no Congresso Nacional. Também não cabe a quem é responsável no STF pela Operação Lava Jato — ou ao conjunto da Segunda Turma — gozar as intermináveis férias forenses. Há momentos na história de um país que férias ou recesso não passam de subterfúgios para esconder o desinteresse pelos destinos nacionais.
Só sairemos da crise econômica quando resolvermos as crises ética e política. É uma tarefa de sobrevivência nacional. Não é apenas um caso de corrupção de enormes proporções. É mais, muito mais. O conjunto da estrutura de Estado está carcomido pelo projeto criminoso de poder. A punição exemplar dos envolvidos no petrolão abre caminho para enfrentar a corrupção em todos os setores do Estado — pensando Estado no sentido mais amplo, incluindo o conjunto dos Três Poderes.
É indispensável retomar a legitimidade. E só há legitimidade com o combate implacável à corrupção. A impunidade está solapando as bases do Estado Democrático de Direito. A democracia não é instrumento para roubar o Erário e os nossos sonhos. Pelo contrário, é através dela que podemos exercer o controle efetivo da coisa pública. É somente através da democracia que construiremos o Brasil que sonhamos.

sábado, 5 de setembro de 2015

A aula de José 'Pepe' aos insensatos petistas... / blog de Ricardo Noblat

http://noblat.oglobo.globo.com/artigos/noticia/2015/09/mujica-e-nau-dos-insensatos-no-brasil.html#comments
POLÍTICA

Mujica e a nau dos insensatos no Brasil

A Nau dos Insensatos  (Foto: Angeli)(Arte: Angeli)
O ex-presidente do Uruguai esteve no Brasil semana passada. São comoventes e exemplares algumas imagens que José "Pepe" Mujica deixou no rastro da sua passagem. Somadas com atitudes e palavras em atos e encontros durante a visita para não esquecer.
Principalmente o ex-presidente Lula e a atual ocupante do Palácio do Planalto, mas também políticos do principal partido de "sustentação" aos atuais donos do poder e outras legendas, grupos de interesses e figuras que o cercam na hora em que o governo e seus principais personagens cada vez mais se assemelham ao painel humano e político retratado em "A Nau dos Insensatos" (Ship of Fools), célebre romance de Katherine Anne Porter, depois levado às telas por Stanley Kramer, em filme cultuado há mais de 50 anos.
Os dois flagrantes fotográficos são do diário espanhol El País (edição do Brasil). Ilustram o texto da excelente reportagem assinada por Felipe Betim sobre o fim de semana, brasileiro, de Mujica. A mais impressionante (e alentadora), mostra o ex-dirigente uruguaio brilhando como um astro pop no Rio de Janeiro. Em época de tanta desilusão política, quase 10 mil jovens lotaram a concha acústica da UFRJ, para ver, ouvir e aplaudir o visitante.
Na outra fotografia, colhido em São Paulo, durante um seminário internacional, aparece Lula agarrado na cintura do ex-colega, enquanto Mujica o encara com ar que mistura surpresa e desalento. A cena passa a inevitável mensagem de "abraço de afogado", que constrange. Nas duas cenas, no entanto, Pepe Mujica é o foco estelar. Um incrível senhor de 80 anos, tipo pacato, normal, que dá um show de sensatez, decência e grandeza modelar de figura humana e homem público. No Brasil, faz quase um sermão de avô, e a  explicação para tamanho sucesso é tão simples quanto sua figura e suas palavras (à parte, é claro, registra o jornal espanhol, que ele regulamentou o uso da maconha em seu país): “Existem determinados elementos do nosso cotidiano político que deixaram de ser naturais e se tornaram insultantes".
Pelos padrões atuais da política brasileira, em especial os do petismo no poder, o líder uruguaio e global tinha tudo para não dar certo. Descreve o repórter Felipe Betim: "José "Pepe" Mujica anda encurvado, devagar. Dirige um Fusca, veste um terno meio surrado, não corta a unha do pé, possui uma pança imensa e evita a todo o momento o contato visual. Sua fala é mansa, doce. Diz coisas óbvias, sensatas, que qualquer outro velho camponês poderia dizer. A última no sábado passado, ao lado do ex-presidente Lula: "Os políticos devem aprender a viver como a maioria do país, não como a minoria". Na mosca!
Pego então um assento no avião da memória, e vou parar na beira do Rio da Prata. Tantas foram, que perdi a conta das vezes  em que estive no Uruguai. Houve um tempo, quando trabalhava na sucursal do Jornal do Brasil, em Salvador, que marcava férias sempre para 1º de abril (reinavam ditaduras praticamente na América Latina inteira e aimplacável Operação Condor rondava solta). Sabia dos perigos  e sobressaltos políticos e pessoais a que estava sujeito então. Mas valia a pena, pelo aprendizado do exemplo.
Na véspera do meu período de descanso começar a correr oficialmente, eu pegava um avião para Porto Alegre. À noite, na capital gaúcha, tomava o ônibus leito da "Puma" ou da "TTL" e, bem cedinho, na manhã seguinte, com a alma aos pulos, descia em Montevidéu: no histórico terminal bem no centro da capital sul americana, com lugar cativo para sempre no coração do jornalista desde a primeira chegada, nos anos 70, sob um frio de rachar, na companhia do saudoso amigo e brilhante advogado, Pedro Milton de Brito, depois compadre e presidente da OAB-BA, além de corajoso e destacado conselheiro federal da Ordem mais de uma vez, quando a OAB  era símbolo e razão de orgulho entre as entidades de resistência democrática, sempre altiva e independente dos poderosos da vez .
A passagem me fez recordar das idas e vindas ao Uruguai. Das ruas de Montevidéu, seu povo, seus líderes, seus cafés povoados de exilados brasileiros (Brizola, Dagoberto Rodrigues, Paulo Cavalcante Valente, entre tantos outros e a gente do lugar nas mesas em volta - atenta, solidária, educada e generosa . Recordei também do amigo Pedro, um tipo de quem o líder uruguaio seguramente iria gostar e admirar, se é que não se bateram alguma vez em algum café, restaurante, bar ou calle na querida e acolhedora cidade à beira do Prata.
Alguém de palavras que incomodam, como um cisco no olho, acompanhadas de conduta pessoal que condiz com o que prega. Virtudes que fizeram com que esse ex-guerrilheiro Tupamaro (Tupas como a gente chamava então), tão normal e tão humano, alcançasse a presidência do Uruguai em 2009 e o status de guru e filósofo internacional de toda uma geração”. Que bom!
E quanta diferença do Brasil deste setembro dos insensatos discursos e ininteligíveis entrevistas da presidente Dilma. Ou do boneco inflado do ex-presidente Lula vestido de presidiário que percorre o pais e que faz tremer petistas só em pensar que o espantalho pode ser a maior atração civil do 7 de Setembro em Brasília e no resto do País, nos desfiles desta segunda-feira. A conferir.