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sábado, 22 de setembro de 2012

O patrimônio democrático de Putin...



15/09/2012
 às 14:40 \ Vasto Mundo

Rússia: a vida nababesca — quer dizer, “putinesca” — do tirano Vladimir Putin

LUXO PUTINESCO -- Vladimir Putin em uma lancha, no Lago Ladoga (Foto: Alexsey Druginyn / AFP)
LUXO PUTINESCO -- Vladimir Putin em uma lancha, no Lago Ladoga (Foto: Alexsey Druginyn / AFP)
Publicado por Tatiana Gianini em edição impressa de VEJA de está nas bancas

 UMA VIDA PUTINESCA
Como o presidente russo colocou à sua disposição mais palácios pagos pelos contribuintes do que a realeza britânica, entre outras mordomias

A opulência dos nababos, o equivalente muçulmano dos marajás da Índia no século XVI, deu origem à expressão nababesca, sinônimo de ostentoso, luxuoso.
O estilo de vida de Vladimir Putin, que com três mandatos presidenciais e dois de primeiro-ministro está há treze anos à frente do poder na Rússia, é tão espetacular e custoso que faz por merecer um adjetivo próprio: putinesco.
Segundo um levantamento concluído no mês passado por dois respeitados políticos de oposição, Boris Nemtsov e Leonid Martynyuk, Putin tem à sua disposição vinte palácios e mansões, 58 aviões e helicópteros e quatro barcos. Um porta-voz do governo russo informou que todos os bens pertencem ao estado e que o presidente tem o direito de utilizá-los.
Seria uma boa explicação, não fossem dois fatos complicadores. O primeiro é que, com exceção da Coreia do Norte e talvez de uma ou outra monarquia árabe, não há país no mundo em que o chefe de estado tenha o usufruto exclusivo de uma infraestrutura tão grande e cara.
O presidente americano, por exemplo, tem à sua disposição duas residências oficiais e o italiano, três. No Brasil também são duas, o Palácio da Alvorada e a Granja do Torto. Toda a família real inglesa, com seus príncipes, duques e condessas, dispõe de apenas oito casas ou palácios mantidos pelo estado.
LUXO ATÉ NO BANHEIRO -- detalhes em ouro no banheiro do o gigantesco Ilyiushyn IL-96-300, um dos aviões presidenciais à disposição de Vladimir Putin
LUXO ATÉ NO BANHEIRO --Ddetalhes em ouro no banheiro do o gigantesco Ilyiushyn IL-96-300, um dos aviões presidenciais à disposição de Putin
O segundo motivo para suspeitar da justificativa de que as mordomias de Putin são legais é o fato de que o governo não presta conta dos gastos necessários para mantê-las. A falta de transparência é tal que a construção de um dos palácios, situado no litoral do Mar Negro, foi mantida em segredo até agora.
Uma imitação de Versalhes que vale 1 bilhão de dólares
Avaliada em 1 bilhão de dólares, com área total de 740 000 metros quadrados, uma vinícola e um cassino próprios, a imitação kitsch do Palácio de Versalhes é chamada pelos russos de “mansão do Putin”, na falta de um nome oficial. A obra nunca esteve no orçamento nacional e teria sido bancada com uma espécie de dízimo que as grandes empresas do país pagam a Putin, segundo denúncia feita em 2010 por um ex-executivo de uma das companhias envolvidas.
O governo também não deixa claro qual é a função ou o custo para os cofres públicos das nove propriedades incorporadas durante a administração Putin à lista de moradias presidenciais. Uma exceção é o Palácio de Constantino, em São Petersburgo, que pertenceu a czares e, após uma reforma, passou a receber visitações turísticas e eventos oficiais.
O Palácio do Constantino, reformado, é uma das 20 residências presidenciais russas, da administração de Putin (Foto: Pavel Balabanov / AFP)
O Palácio de Constantino, ex-residência dos czares, reformada, é uma das 20 moradias presidenciais de que Putin desfruta (Foto: Pavel Balabanov / AFP)
Nemtsov, um dos autores do relatório sobre os bens presidenciais, disse a VEJA que começou a fazer o levantamento depois de ter percebido, em fotos de jornal, que Putin troca de relógio de luxo como quem troca de meia. “Na Rússia, o relógio é um dos maiores símbolos de status masculino. Trata-se de uma herança dos tempos soviéticos, quando esse acessório era o único que a elite nacional podia ostentar”, diz Nemtsov, que reuniu fotos de Putin usando onze relógios diferentes.
O mais caro deles, um Tourbograph “Pour le Mérite”, da marca alemã A. Lange & Söhne, custa meio milhão de dólares. Seria necessário economizar o salário de um mandato presidencial inteiro e mais um pouco para comprá-lo.
Pode ter sido um presente? Sim, mas não seria ético. Em democracias sérias, os agrados aos presidentes não podem ultrapassar um valor predeterminado, em geral pequeno, para não ser confundidos com propina.

O Tourbograph, o relógio de luxo mais caro da coleção de Putin
O Tourbograph, o relógio de luxo mais caro da coleção de Putin
O patrimônio pessoal declarado de Putin consiste em um automóvel Lada ano 2009, dois apartamentos, um terreno nos subúrbios de Moscou e o equivalente a 180 000 dólares em aplicações em banco. Mas a oposição diz que ele amealhou uma fortuna de 40 bilhões de dólares, o que o tornaria o quinto homem mais rico do mundo. Um feito e tanto para um ex-espião da KGB que desde a queda da União Soviética só ocupou cargos públicos.
Putin, dizem seus adversários, controla por meio de laranjas 4,5% das ações da Gazprom, 37% da Surgutneftegas e 75% da Gunvor, gigantescas empresas do setor de petróleo e gás natural, os principais produtos de exportação da Rússia. Se isso for provado, a vida putinesca que o presidente russo leva deixará de ser apenas cortesia temporária dos contribuintes.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Pintura hiperrealista de Javier Arizabalo...


08/09/2012
 às 19:00 \ Tema Livre

Arte: corpos nus e muita delicadeza na pintura do artista hiperrealista Javier Arizabalo

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Por Rita de Sousa
O francês de Saint-Jean-de-Luz Javier Arizabalo, pintor hiperrealista, demonstra em sua obra um olhar carinhoso  para a velhice (veja as reproduções no final do post), mas é para as mulheres que guarda a maior porção de sua delicadeza.
Esculpe, com pincéis, corpos – nus – e tudo o que fazem parte de seu universo: sentimentos, esperanças, sonhos e prazeres.
Sua obra ostenta dupla entrega: a do próprio pintor, que dá vida a um imaginário latente, vívido, prazeirento e lânguido, e a do modelo, que confia que seu reflexo espelhe o que de melhor tem a oferecer.
Nas suas palavras: “A “arte” ou o “fazer” são por e para a vida humana; como tudo o que é real, o são por “razões” (sentido, vontade…). Faz tempo que utilizo a arte para curar-me, alimentar-me; resolvo os desejos a partir das imagens que re-presento, é maravilhoso”.
Arizabalo é um daqueles artistas que, por alguma razão, não dá títulos a seus quadros. Isso, naturalmente, não muda a qualidade de seu trabalho.

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 Leia também:

segunda-feira, 2 de julho de 2012

"Cinquenta tons de cinza" /// Veja /// coluna de Ricardo Setti



Livros & Filmes


24/06/2012
 às 16:05 \ Livros & Filmes

Sexo, sexo, sexo, do começo ao fim, no livro mais falado do momento — e o mais vendido no mundo

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A despeito de décadas de feminismo, ser subjugada e dominada por um macho alfa ainda seria mesmo a suprema fantasia feminina? (Foto: Getty Images)
(Publicado em VEJA de 6 de junho de 2012, por Mario Mendes)

CINQUENTA TONS DE CINZA: ATA-ME
O estrondoso sucesso mundial do livro ”Cinquenta Tons de Cinza” sugere que, a despeito de décadas de feminismo, ser subjugada e dominada por um macho alfa ainda seria a suprema fantasia feminina
Anastasia Steele é uma radiante garota na flor de seus 21 anos, prestes a se formar em literatura. Ingênua e bem-comportada, ela nunca teve sequer um namorado. Na verdade, ainda é virgem. Perto dos 30 anos, Christian Grey tem cabelos acobreados, é alto, forte, de corpo muito bem definido, porém não musculoso demais, e bi – isto é, bilionário.
Os dois se encontram por acaso quando ela vai, no lugar de uma amiga, entrevistá-lo para o jornal da faculdade. A atração mútua é fulminante e avassaladora. Se Grey é a imagem perfeita do príncipe encantado dos sonhos de Anastasia, ele não suporta mais ficar um instante longe dela. Parece se tratar de uma união simplesmente divina, não fosse o fato de o magnata possuir um traço terrível e obscuro em sua personalidade.
Na luxuosa cobertura envidraçada onde vive, na cidade americana de Seattle, entre valiosas obras de arte e um piano de cauda branco – que ele toca com o talento de um virtuose -, existe “o quarto da dor”. Decorado com veludo vermelho e couro negro, o cômodo é equipado com cama gigante, almofadas confortáveis, chicotes, coleiras, correntes, algemas e todo o aparato necessário para intensas sessões de sexo sadomasoquista.
Em vez de propor casamento, Grey espera que Anastasia se torne sua escrava sexual e principal objeto de prazer. “Não sou do tipo romântico”, diz, em tom autoritário, para a aterrorizada porém perdidamente apaixonada donzela. Mesmo hesitante, ela aceita o desafio, que inclui total submissão, açoitamento, palmadas, olhos vendados, punhos atados e nenhum carinho.
Tudo descrito nos detalhes mais gráficos, epidérmicos e voluptuosos. Conseguirá a inocente heroína conquistar o amor verdadeiro mergulhando nessa relação no mínimo doloridíssima?
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PORNÔ PARA MAMÃES -- A trilogia de E.L. James tornou práticas sexuais nada ortodoxas palatáveis para o grande público: "As mulheres se sentiram encorajadas a voltar a falar sobre sexo", diz a autora
Esse é o enredo de Cinquenta Tons de Cinza, o livro que todo mundo está lendo, comprando, baixando na internet, comentando, recomendando, discutindo e, acima de tudo, a-do-ran-do no mundo inteiro. Devido ao caráter extremamente explícito das cenas de sexo, que vêm misturadas à linguagem simples dos romances baratos e ao enfoque descaradamente água com açúcar da história de amor, a obra já foi qualificada como “pornô para mamães” e “Cinderela tarada”.
Desde seu lançamento nos Estados Unidos, em março, vendeu mais de 10 milhões de exemplares em apenas seis semanas, tornando-se o maior fenômeno editorial dos últimos tempos e deixando para trás pesos-pesados como o mega-best-seller O Código Da Vinci e a saga Crepúsculo.
Aliás, essa última é a verdadeira culpada pela existência de Cinquenta Tons de Cinza. Foram os romances vampirescos de Stephenie Meyer que levaram a até então desconhecida inglesa E.L. James – ex-gerente de produção de TV, casada, mãe de dois garotos adolescentes e idade “lá pelos 40″ – a escrever sua própria trilogia (as duas continuações, Cinquenta Tons Mais Escuros e Cinquenta Tons de Liberdade, estão vendendo tão bem quanto o original).

DEVANEIOS DELIRANTES Apaixonada pela saga Crepúsculo, a inglesa E.L. James começou a escrever apenas como passatempo: 25% do mercado literário americano e direitos vendidos para o cinema por 5 milhões de dólares (Foto: Ni Sindication / Other Images)
DEVANEIOS DELIRANTES -- Apaixonada pela saga "Crepúsculo", a inglesa E.L. James começou a escrever apenas como passatempo: agora, domina 25% do mercado literário norte-americano e vendeu direitos para o cinema por 5 milhões de dólares (Foto: Ni Sindication / Other Images)

“Um exemplarzinho só já estaria bom”
Em 2008, depois de ler e se apaixonar pelas aventuras do vampiro Edward e sua amada Bella, Erika Leonard (só o sobrenome James não é o seu verdadeiro) passou a escrever variações da trama no popular site Fanfiction.net, no qual fãs podem postar histórias criadas a partir de livros de sucesso favoritos como, por exemplo, a série Harry Potter.
Um dia ela decidiu ir além e começou a escrever o que viria a ser Cinquenta Tons de Cinza. O conteúdo on-line não demorou muito a atrair a atenção de uma pequena editora australiana, que propôs à autora cobrar pelo download da história e também fazer cópias impressas por encomenda. O sucesso da empreitada foi tão instantâneo e avassalador quanto a atração entre Anastasia e Grey.
Quando Cinquenta Tons se tornou o número 1 na lista de e-books do The New York Times e a versão impressa se esgotou nas livrarias, as grandes editoras americanas começaram a disputar os direitos de publicação. A vitoriosa foi a Vintage Books, uma subsidiária da gigante Random House.
No começo de junho, o serviço de verificação de venda de livros nos Estados Unidos, o BookScan, informou que a trilogia acabara de abocanhar 25% do mercado americano de ficção adulta, além de ter ganhado tradução para 37 idiomas. Também os direitos de adaptação cinematográfica já foram adquiridos, pela Universal e pela Focus Features, por alegados 5 milhões de dólares – um recorde que pertencia a O Código Da Vinci, comprado por 3 milhões.
Detalhe: a escolha do elenco está sujeita à aprovação da autora. “Nunca, nem nos meus devaneios mais delirantes, imaginei que o livro se tornaria o que se tornou”, declarou E.L. James, uma morena de humor transbordante, à editora executiva Isabela Boscov durante uma conversa num café de Londres pontuada por suas risadas e tiradas espirituosas. “A extensão da minha ambição era um dia ver o livro – um exemplarzinho só já estaria bom – na vitrine de uma livraria.”
“Estamos diante de um daqueles livros de suspense impossíveis de largar, espetacular e totalmente original”, acredita Jorge Oakim, da Intrínseca, a editora que desembolsou 780 000 dólares para publicar a trilogia no Brasil (o lançamento está previsto para agosto) e deter os direitos da tradução em português para e-books em todo o mundo.
Mas um momento: quem quer saber de suspense diante de um material quente como Cinquenta Tons de Cinza? É o sexo que interessa. Principalmente como são descritas as práticas S&M: “De maneira totalmente saudável, segura e consentida por ambas as partes”, como observou um crítico americano.
Metódico e cauteloso, Grey coloca em um contrato todas as suas exigências e expectativas sexuais para Anastasia. Em uma piscadela para a literatura de autoajuda, a trilogia funciona como um manual erótico para quem deseja sair da rotina sexual de um relacionamento, sem no entanto resvalar na perversão canalha ou na promiscuidade pura e simples. Além de estritamente monógamo, Grey só avança nos jogos violentos (“mas bem menos violentos que o S&M do mundo real”, frisa a autora) com a absoluta aquiescência de Anastasia. Que, não obstante seus momentos de dúvida, topa tudo por amor.

O universo da literatura erótica feminina
O tema também está longe de ser original. Submissão sadomasô é o mote de História de O, clássico erótico publicado nos anos 50 e filmado nos 70. Vale lembrar que, nos últimos setenta anos, várias escritoras – muitas delas de talento superior ao de E.L. James – se dedicaram a escrever histórias encharcadas de sexo ou livros inteiros sobre o assunto. Além disso, uma gorda fatia do mercado literário internacional se dedica aos chamados romances femininos.
RAINHA COR-DE-ROSA A inglesa Barbara Cartland, a mais famosa escritora de best-sellers açucarados para mulheres: heroínas virgens que só se entregam ao amado no último parágrafo (Foto: Gianni Minischetti / Getty Images)
RAINHA COR-DE-ROSA -- A inglesa Barbara Cartland, a mais famosa escritora de best-sellers açucarados para mulheres: heroínas virgens que só se entregam ao amado no último parágrafo (Foto: Gianni Minischetti / Getty Images)
São livros de bolso impressos em papel barato que contam histórias de amor despudoradamente melosas, arrematadas com o esperado e inevitável final feliz e salpicadas aqui e ali com cenas mais palpitantes.
A fórmula – subtraídas dela as cenas palpitantes – fez a fama da inglesa Barbara Cartland, a rainha da literatura cor-de-rosa (ela só se vestia nesse tom), cujas heroínas somente se entregavam ao amado no último parágrafo. Autora de mais de 700 títulos do gênero, Barbara vendeu mais de 1 bilhão de exemplares no mundo inteiro.
Esse é também o nicho dominado pela editora canadense Harlequin – que em 1971 adquiriu outro gigante do gênero, a inglesa Mills & Boon, mantida até hoje como marca independente e milionária. Só a Harlequin lança cerca de 110 títulos por mês e, claro, também possui coleções eróticas, a exemplo da série sugestivamente intitulada Homens de Uniforme.
MATRIZ CLASSICA Jane Austen, uma das maiores prosadoras da língua inglesa: os personagens de seu Orgulho e Preconceito viraram uma das inspirações para o casal improvável de Cinquenta Tons de Cinza (Foto: Stock Montage / Getty Images)
MATRIZ CLASSICA -- Jane Austen, uma das maiores prosadoras da língua inglesa: os personagens de seu "Orgulho e Preconceito" viraram uma das inspirações para o casal improvável de "Cinquenta Tons de Cinza" (Foto: Stock Montage / Getty Images)