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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Ambientalistas reclamam de discurso de Dilma na Conferência do Clima da ONU em Paris... / BBC


Seis pontos polêmicos do discurso de Dilma em Paris – e as reações de ambientalistas

  • Há 32 minutos

(Foto: Loic Venance/AFP/Getty)Image copyrightAFP
Image captionPresidente brasileira faz discurso genérico na conferência mundial do clima

Sob o impacto de duas más notícias na área ambiental, o desastre de Mariana (MG) e o aumento nos índices de desmatamento, a presidente Dilma Rousseff fez na Conferência do Clima da ONU um discurso correto – mas generalista e até um pouco acanhado, na avaliação de especialistas.
"A ação irresponsável de uma empresa provocou recentemente o maior desastre ambiental da história do Brasil, na grande bacia hidrográfica do rio Doce. Estamos reagindo ao desastre com medidas de redução de danos, apoio às populações atingidas, prevenção de novas ocorrências e também punindo severamente os responsáveis por essa tragédia", disse a presidente na COP21, que a partir desta segunda reúne 150 chefes de Estado em Paris.
No discurso, Dilma também citou o avanço no combate ao desmatamento no Brasil, mas não mencionou os dados divulgados na última sexta-feira – que mostraram justamente um aumento nos índices.
"É uma postura acanhada, quase constrangida, que fala do desastre de Mariana e fala de combate ao desmatamento quando os dados recentes mostram ampliação", diz Adriana Ramos, do ISA (Instituto Socioambiental).
Mas também houve acertos, dizem os ambientalistas. Entre eles, o pedido para que o acordo global do clima, a ser firmado no evento, tenha força de lei – Dilma fez a defesa de um documento "legalmente vinculante", quer dizer, de cumprimento obrigatório, com revisão a cada cinco anos.
Confira cinco pontos do discurso da presidente brasileira em que vale a pena prestar atenção:

1) Desmatamento

"As taxas de desmatamento na Amazônia caíram cerca de 80% na última década", disse Dilma em Paris.
Isso é verdade, mas a presidente não mencionou que, entre 2014 e 2015, houve um aumento de 16% no índice – a área desmatada corresponde a cinco vezes à da cidade de São Paulo.
"O Brasil não consegue mais falar de algo que vai fazer de bom, fica só evidenciando o que aconteceu nos últimos dez anos. A previsão para os próximos 15 anos, que é o período de que trata o plano, não traz nada de bom para a área florestal. A lei é fraca, permite muito desmatamento", afirma Marcio Astrini, do Greenpeace Brasil.
O plano apresentado pelo país para colaborar com a mudança no ritmo do aquecimento global promete acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030, o que Astrini e outros especialistas criticam. Para eles, se há práticas ilegais, já é uma obrigação do governo combatê-las.
"Ela nem deveria falar de desmatamento ilegal, ainda mais só em 2030. O Brasil tem condições de fazer isso muito mais rapidamente", avalia Paulo Barreto, do Imazon.

Foto: ReutersImage copyrightReuters
Image captionTaxa de desmatamento na Amazônia cresceu 16% entre 2014 e 2015

2) Energia

"Todas as fontes de energias renováveis terão sua participação em nossa matriz energética ampliada, até alcançar, em 2030, 45%", afirmou Dilma, falando sobre o plano apresentado pelo Brasil.
Mas, para os ambientalistas, a fala não condiz com a realidade.
"Não acontece na prática, 70% dos investimentos do plano decenal (para dez anos) de energia do Brasil são para combustíveis fósseis. Pelo plano, a gente chega em 2030 com participação de energias renováveis muito parecida com o que temos hoje", diz Astrini.
"Não tem nenhuma grande revolução, isso segue a tendência atual", completa Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.

3) Acordo, revisão e metas

A presidente Dilma pediu que o acordo de Paris seja legalmente vinculante, ou seja, que tenha força de lei.
Além disso, defendeu uma "revisão quinquenal" nos planos dos países e destacou que o brasileiro fala em termos absolutos.
"Nunca ouvi isso (legalmente vinculante) tão explicitamente na boca da presidente. É muito importante falar isso aqui. E pedir a revisão a cada cinco anos também", diz Astrini, do Greenpeace.
A questão da obrigatoriedade do acordo encontra resistência nos Estados Unidos, já que um tratado teria de ser aprovado pelo Senado norte-americano, de maioria republicana (oposição ao governo do democrata Barack Obama).
Já a revisão das metas a cada cinco anos é importante porque, até o momento, os planos nacionais não conseguem limitar o aquecimento global a 2°C acima dos níveis pré-industriais. A expectativa é que, com essas revisões, surjam metas mais ambiciosas e esse problema seja corrigido.
"Ela também fez um chamado para que países entreguem metas absolutas, não vinculadas ao crescimento de PIB ou outros fatores econômicos, como está no plano do Brasil", completou Astrini.

4) Redd+


Image copyrightReuters
Image captionDilma Rousselff se referiu de forma acanhada a desastre ambiental em Mariana (MG)

Durante o discurso, Dilma também falou sobre o Redd+, mecanismo que permite a remuneração daqueles que combatem o desmatamento.
"Nosso esforços de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia ganham agora um novo patamar de ação com a adoção da estratégia nacional da Redd+. O Brasil já preenche todos os mecanismos da convenção do clima para tornar-se beneficiário desse mecanismo", disse Dilma.
Mas os ambientalistas dizem que a estratégia não está pronta.
"O governo publicou na sexta-feira a criação de uma comissão para analisar isso", diz Adriana, do ISA.
"Esta estratégia, em discussão há mais de cinco anos em Brasília, existe apenas nas intenções do governo. Ainda nem sequer foi colocada em consulta pública", complementa Rittl.

5) Responsabilidade

A presidente afirmou em sua fala que o plano do Brasil tem como meta reduzir as emissões em 43% no período entre 2005 e 2030.
"Ela é, sem dúvida, muito ambiciosa e vai além da nossa responsabilidade pelo aumento da temperatura média global", afirmou Dilma.
Mas, para Rittl, isso não é verdade. Ele diz que, apesar de o Brasil ter uma meta ambiciosa em relação a outras economias em desenvolvimento, nem o país nem nenhum outro está fazendo o suficiente.
"Se todo mundo fizesse um esforço proporcional ao do Brasil, o aquecimento ainda ficaria acima de 2ºC. Pensar assim é péssimo para o resultado da negociação, os países não podem achar que estão fazendo o suficiente se a meta não foi atingida", diz Rittl.

6) Medidas de implementação

No discurso, Dilma citou também a forma como as medidas para impedir o aumento da temperatura global serão implementadas.
Trata-se de um grande tema das discussões sobre clima: os países em desenvolvimento lutam para que os desenvolvidos – que já poluíram muito para chegar onde estão agora – ajudem a financiá-los na transição para uma economia menos poluente, para evitar que isso prejudique seu avanço.
"Os meios de implementação do novo acordo, financiamento, transferência de tecnologia e capacitação devem assegurar que todos os países tenham as condições necessárias para alcançar o objetivo", disse a presidente.
Essas formas de implementação, segundo Astrini, devem ser uma questão-chave da conferência, já que o que está em jogo não são as metas – pois cada país já apresentou as suas, voluntariamente.
"Significa que o Brasil vai se juntar fortemente a países como China e Índia para que eles cobrem dos desenvolvidos colocar mais dinheiro na mesa", diz o especialista.
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domingo, 29 de novembro de 2015

Um recorte da coluna de Augusto Nunes

29/11/2015
 às 21:19 \ Opinião

“O nome da crise” e outras seis notas de Carlos Brickmann

A prisão do senador Delcídio chamou a atenção. Mas outra prisão, realizada ao mesmo tempo, envolve um personagem muito mais importante: o banqueiro André Esteves, presidente do BTG Pactual. Banqueiro ─ e acionista do UOL, da área de Comunicações; banqueiro ─ e sócio da Petrobras na exploração de petróleo na África; banqueiro ─ e dono de uma imensa rede nacional de farmácias, a Brasil Farma; banqueiro ─ e sócio de uma grande empresa que fornece plataformas à Petrobras. Banqueiro ─ e, principalmente, dono de um moderno jatinho intercontinental Falcon, da francesa Dassault, bem do tipo sugerido por Delcídio para que Nestor Cerveró voasse sem escalas, direto, refugiando-se em Madri.
29/11/2015
 às 12:34 \ Opinião

Editorial do Estadão: Os empresários diante da lei

A prisão do banqueiro André Esteves, bem como a de outro jovem empreendedor brasileiro, o presidente da maior empreiteira nacional, Marcelo Odebrecht, são dois episódios que ilustram dramaticamente, por um lado, a ameaça representada pelo perigoso caminho pelo qual o ainda incipiente capitalismo brasileiro está enveredando e, por outro, como boa notícia, a surpreendente solidez das instituições democráticas de um país que ainda há 30 anos vivia sob regime de exceção.
29/11/2015
 às 12:30 \ Direto ao Ponto

Lula precisa ensinar ao caçula que tentar tapear a polícia com um besteirol pescado na internet também é coisa de imbecil

Atualizado às 12h30
lula - 5
Tão amável com companheiros que praticam delinquências sem chamar a atenção do camburão estacionado na esquina, tão cordial com meliantes que escondem ou apagam as provas do crime, Lula fica grávido de cólera quando bandidos de estimação protagonizam trapalhadas de trombadinha aprendiz. Era previsível que atravessasse o almoço promovido pela CUT nesta quinta-feira com Delcídio do Amaral entalado na garganta.
“Coisa de imbecil!”, repetiu de dez em dez minutos o ex-presidente, indignado não com o que andou fazendo o senador fora da lei, mas com o que deixou de fazer para prevenir perigos e contornar a gaiola. O que Lula qualificou de “uma grande burrada” foi a inexistência de cuidados e cautelas que o livrariam de gravadores letais. “Que loucura!”, exclamou na hora da sobremesa. “Que idiota!”, reiterou ao despedir-se dos convivas. À saída, avisou que não haverá perdão para quem presenteia a Justiça com uma conversa como a gravada pelo filho de Nestor Cerveró.
Se merecem a danação eterna os que facilitam o trabalho da polícia, não foi ameno o almoço da família Lula da Silva neste sábado: o patriarca, Marisa Letícia e seus lulinhas tiveram de digerir o capítulo mais recente da história muito mal contada em que se meteu o caçula Luís Cláudio. Como informa o site de VEJA, o país ficou sabendo que os textos entregues pelo garotão à Polícia Federal, para justificar o recebimento de 2,4 milhões de reais desembolsados por uma empresa de lobby, são “meras reproduções de conteúdo disponível na internet, “em especial, no site do Wikipedia”.
Até a piscina do Instituto Lula sabe que o escritório Marcondes & Mautoni, um viveiro de lobistas, repassou a bolada a Luis Cláudio para que o pai enxergasse com olhos complacentes a renovação de uma medida provisória que abençoara com mais privilégios empresas do setor automobilística, várias das quais figuram na lista de clientes dos doadores do dinheiro. O ajudante de preparador físico de times de futebol que virou dono de uma empresa de marketing esportivo continua jurando que não.
No depoimento à Polícia Federal, Luís Cláudio garante que ficou mais rico graças a “projetos de pesquisa, avaliações setoriais e elaboração propriamente dita”, com “foco relacionado à Copa do Mundo e à Olimpíada” do Rio. Analistas que examinaram cópias do material apresentado pelo jovem negociante notaram que tudo “parecia ser de rasa profundidade e complexidade, em total falta de sintonia com os milionários valores pagos”. O lulinha menos esperto nem se deu ao trabalho de encomendar a algum revisor retoques e remendos no besteirol pescado na internet.
Se uma vigarice tão mambembe fosse concebida por outro sobrenome, Lula reagiria com pitos de espantar Dilma Rousseff. O que ouviu do pai o lulinha que tentou tapear os investigadores engajados na Operação Zelotes com uma tremenda burrada? Já soube que o que fez é coisa de imbecil, prova de idiotia, sinal de loucura? Caso falte coragem para palavrórios ferozes, o chefe da família precisa ao menos levar o caçula para um canto da sala, mostrar-lhe um recorte de jornal com o que disse sobre o senador engaiolado e rosnar a ordem em surdina: “Deixe imediatamente de ser delcídio!”
29/11/2015
 às 12:09 \ Opinião

Roberto Pompeu de Toledo: Paris, Paris

Publicado na versão impressa de VEJA
Paris (…) tem o meu coração desde minha infância; ela me provocou o que provocam as coisas excelentes: quanto mais eu vi, depois, outras belas cidades, mais sua beleza ganhou minha afeição. (…) Não sou francês senão por esta grande cidade.” (Michel de Montaigne, Ensaios, 1580, livro III, capítulo 9)

Porque temos medo: um segredo de 1400 anos

sábado, 28 de novembro de 2015

"Enquanto nós amamos uma alimentação balanceada com suco, os islamitas amam a morte. Como se enfrenta gente que ama a morte?"


segunda-feira, novembro 23, 2015

Wake up call - 

LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 23/11

Wake up call (despertar) é aquilo que você pede num hotel quando precisa acordar cedo. Tomo uma liberdade poética aqui para dizer que o terrorismo islamita é o Wake up call da Europa. O mundo pós-Segunda Guerra Mundial acabou. Sinto pela França que é um país muito amado.

O islamismo político (mais uma vez, porque desde a idade média o islamismo político, seja árabe, seja turco-otomano, "atormenta" o sono dos europeus) pôs um ponto final no mundo que a Europa conheceu desde o fim da Segunda Guerra, principalmente a Europa que ganhou uma grana preta dos Estados Unidos para não ser engolida pela então União Soviética, umas das formas históricas do atávico império Russo. Stálin era um czar, como Putin é hoje. E, se Obama, o fraco, enfrentar Putin, aposto no Putin.
Enquanto nós amamos uma alimentação balanceada com suco, os islamitas amam a morte. Como se enfrenta gente que ama a morte?

A Europa era, até dia 13 de novembro de 2015, um parque temático em que seus personagens viviam uma vida de Cinderelas sociais, anjinhos políticos e riquinhos. Alimentados pelo delírio de "um mundo perfeito", não perceberam que esse mundo era apenas um momento passageiro numa história que caminha para lugar nenhum, sem nenhum sentido, a não ser nosso esforço de sofrer menos, quando dá.

O despertar implicará uma dramática redução dos direitos individuais. O combate ao terrorismo fere, necessariamente, os direitos civis. E isso é algo que os terroristas contam. A saber, a incapacidade europeia de responder de modo assertivo, porque isso implicaria um mergulho profundo em formas de controle social estranho à natureza da democracia. Se a população islâmica da Europa for pressionada, sua integração, que já é ruim, ficará pior. Então, ela se transformará num celeiro ainda maior de jihadistas com passaporte europeu. A Europa vira a Cisjordânia.
Por exemplo, como combater o terrorismo em solo europeu e não ampliar a pressão sobre escolas religiosas islâmicas que ensinam formas radicais de islamismo político? E se esses "professores e alunos" forem tão franceses quanto Joana D'Arc? Como marcar uma distância razoável entre tais procedimentos legítimos e métodos implícitos de discriminação étnico-religiosa? Ajudaria se a própria população islâmica europeia começasse a denunciar seus "patrícios" radicais? Talvez uma política de "disque denúncia" discreta ajudasse aos muçulmanos europeus a entregar potenciais terroristas às autoridades? Ou, talvez, mais fácil, aumentar a pressão e associar a ela uma retórica "humanista" melosa?

Terão que encontrar um equilíbrio entre esses valores políticos de liberdade individual que marcam o mundo ocidental e os excessos de crendices políticas num "mundo melhor" construído a base de muito blá-blá-blá regado a queijos e vinhos, intelectuais-gurus e a grana dos "capitalistas selvagens".

O parque temático europeu de felicidade e direitos é uma conquista da violência europeia de séculos, que hoje todo "bonitinho" quer negar ao silêncio, dizendo que "não é sua". O mundo não é um embate ao redor das luzes, o mundo é um embate ao redor da manutenção das trevas o mais longe possível. E os europeus acreditaram que as trevas que habitam o mundo seriam mantidas à distância graças a discursos melosos e a compras na Ikea. Deveriam ler mais Joseph Conrad (1857-1924), escritor polonês-britânico do século 19, e menos Edward Said (1935-2003), intelectual "palestino" chique que vivia no Ocidente ouvindo ópera.

O terrorismo islamita vai mudar a geopolítica europeia e seu cotidiano. Infelizmente, a Europa se transformou num continente marcado pela negação de uma ideia muito antiga: que a guerra é parte da diplomacia.

E, aqui entre nós, como pequeno exemplo desse delírio de falsos riquinhos que somos, sonhamos com um Brasil que deveria ser a França (coitada...) e mergulhamos na histeria de gênero e na política das bicicletas, enquanto falta quimioterapia no SUS. O Brasil é mesmo um país ridículo.

A guerra é um horror. Mas, como dizia Napoleão, "preparem-se para a guerra porque a paz será terrível".