Campo de Bergen-Belsen. Imagem do documentário Memory of the Camps (Foto: Wikimedia / Creative Commons)
GERAL
Digitalização dissemina imagens que o mundo não viu
Foram 1.094 campos de concentração e 1.150 guetos, além de milhares de fábricas e outros centros de trabalho forçado, de tortura e de morte
Sheila Sacks, Observatório da Imprensa
Para o jornalista Elio Gaspari, o mundo só começou a encarar o Holocausto a partir dos anos 1960, com o julgamento público de Adolf Eichmann em Israel. De fato, a captura do oficial nazista em Buenos Aires por um comando israelense, seu transporte clandestino para Tel Aviv e as audiências na Suprema Corte em Jerusalém renderam milhares de reportagens, centenas de livros e ensaios, questionamentos políticos, filmes e documentários.
Entretanto, essa revelação histórica – a do mais brutal massacre institucional de cidadãos promovido por um governo em solo europeu – poderia ter sido antecipada e exibida ao mundo 15 anos antes, ainda em 1945, caso as autoridades britânicas e americanas não tivessem arquivado em uma repartição pública militar os cinco cilindros de filme que registraram em tempo real o horror dos campos de concentração alemães.
Uma decisão jamais discutida, em qualquer tempo, pelos meios de comunicação, pesquisadores, intelectuais e organizações sociais a quem caberia, ao menos, uma palavra de indignação diante do ocorrido.
Jarbas Vasconcelos não entende como pode oposição confiar em Cunha, que mente sobre contas na Suíça, já confirmadas pela Procuradoria
Tantas concessões, tanta entrega, tanto toma lá dá cá, tanta nomeação infeliz, terá valido a pena para a presidente a tal reforma ministerial? Parece que o próprio Planalto estaria reconhecendo que não, diante de uma semana de dificuldades e derrotas.
O TCU recomendou a rejeição das contas de 2014 do governo, o TSE reabriu investigação sobre a campanha de Dilma e Temer, e o governo não conseguiu quorum no Congresso para os vetos presidenciais.
Assim, a crise prossegue num estilo de telenovela, com a diretora-protagonista se complicando a cada capítulo e, sem saber o que fazer, dando razão à grosseria de Delfim Netto, que disse ser ela “simplesmente uma trapalhona”, como se ele não tivesse feito também suas trapalhadas quando ministro dos militares.
Mas, enfim, este é o país da amnésia crônica. Voltando ao espetáculo, anteontem, ela reuniu todo o elenco para cobrar fidelidade dos aliados no Congresso e para denunciar que está em curso no país um “golpe democrático à paraguaia”.
O personagem mais intrigante desse folhetim é aquele que seu correligionário do PMDB Jarbas Vasconcelos chama de “doente, psicopata, um cínico”: é o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Em entrevista a Josias de Souza, o deputado pernambucano se diz “estarrecido” com a aliança firmada pela oposição com Cunha para facilitar o processo de impeachment. Ele não entende “como confiar numa pessoa que mente sobre contas bancárias na Suíça, já confirmadas pela Procuradoria”.
De fato, documentos do Ministério Público suíço não deixam dúvidas: as quatro contas do banco Julius Baer têm o nome e o endereço de Cunha na Barra da Tijuca, sendo que duas foram fechadas um mês depois do início da Lava-Jato. Nas duas que continuaram ativas, as autoridades bloquearam US$ 2,5 milhões.
Enquanto isso, Eduardo Cunha continua negando ter dinheiro depositado no exterior ou se recusando a falar sobre o assunto, sem explicar as coincidências que envolvem seu nome. Ao contrário do PSDB, cujo líder Carlos Sampaio alegou o “benefício da dúvida” para não agir contra Cunha, o PSOL não teve dúvida em anunciar que pedirá ao Conselho de Ética abertura de processo de cassação do presidente da Câmara.
Mas Jarbas Vasconcelos acredita que Cunha só correrá riscos se a reação contra ele adquirir consistência e força. “Ou essa coisa se avoluma, ganhando a forma de um movimento sério e contundente, ou o problema vai se arrastar”. E, para descrever a situação moral da Casa presidida por Cunha, ele não usa eufemismos: “Hoje, a Câmara fede. Daqui a pouco, vai apodrecer.”
O que mais impressiona quando se se dirige rumo á capital da Coreia do Norte, Pyongyang, é a escuridão.
Uma famosa fotografia do país feita por satélite mostra a República Democrática Popular da Coreia como uma mancha negra em contraste com o festival de luzes de neon que é o país vizinho, a Coreia do Sul.
Nas ruas, quando a noite cai, é comum passar por uma série de blocos de apartamentos em que apenas uma luz fraca escapa de pouquíssimas janelas.
Durante o dia, é possível ver pequenos painéis solares em varandas, um indício de como algumas pessoas contornam os serviços estatais e assumem o controle da situação com as próprias mãos.Essa presença da iniciativa privada no país tem muitas outras facetas. Depois da fome dos anos 1990, a economia começou a mudar.
A população faminta encontrou formas de cultivar seus próprios alimentos e vendê-los. Os mercados privados ajudaram a aliviar uma situação de vida ou morte. Eles existem ainda hoje e são tacitamente permitidos pelas autoridades.
Capitalismo
Um tipo de capitalismo começa a aparecer na Coreia do Norte. Isso quer dizer que algumas pessoas têm dinheiro em mãos para adquirir todo o tipo de bens que entram no país por meio da fronteira ao norte com a China.
Enquanto vem surgindo esta nova forma de fazer negócios, é importante dizer que a Coreia do Norte continua a ser muito mais pobre que outros países, especialmente em relação à Coreia do Sul.
Nem em Pyongyang há fortunas que podem ser comparadas com as de habitantes da capital do país vizinho, Seul.
Mas os sinais de mudança são claros. Uma outra imagem clássica da capital do país - suas ruas largas e vazias, sem qualquer trânsito além daquele de carroças - deu lugar atualmente para cenas de engarrafamentos de carros chineses, além de veículos de outras marcas, como BMW e Volkswagen.
Controle político
O que não mudou foi o nível de controle político. Neste sábado, um grande desfile, com milhares de soldados e exibição de armas e aeronaves, celebrou o 70º aniversário do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, que governa o país.
O líder supremo do país, Kim Jong-un estava presente e disse que seu país pode se defender de qualquer guerra iniciada pelos Estados Unidos, em um raro pronunciamento em público.
Tudo foi transmitido pela televisão estatal, que adicionou comentários emocionados enquanto as imagens eram divulgadas.
Depois da passagem dos militares e do armamento pesado, como tanques e mísseis, logo em frente ao palanque onde estava Kim Jong-un, o desfile continuou.
Dezenas de milhares de civis, incluindo estudantes e crianças, dançaram e acenaram para o líder supremo.
Cada jornalista que tenta acompanhar eventos como este ou apenas fazer uma reportagem no país é acompanhado por uma escolta de funcionários do governo, e estes funcionários supervisionam o trabalho dos repórteres com rigor, impedindo qualquer contato com pessoas comuns e também impedindo que os cinegrafistas filmem cenas não autorizadas.
Os visitantes que chegam ao novo e impressionante aeroporto da capital têm seus livros sobre a Coreia do Norte confiscados.
O aeroporto ilustra o dilema pelo qual passa o regime: foi construído para facilitar a chegada de milhões de pessoas que deixam dólares e euros no país, mas as autoridades continuam a desconfiar muito dos forasteiros.
Querem que eles venham e tragam seu dinheiro, mas não suas ideias pertubadoras para que conceitos, como democracia e crenças religiosas como o cristianismo, não "corrompam" seus cidadãos.
Cientistas americanos descobriram que elefantes têm defesas reforçadas contra o câncer que podem evitar a formação de tumores.
Os pesquisadores estavam tentando explicar por que os elefantes têm índices menores de câncer do que seria esperado em animais deste tamanho.
A equipe, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, disse que "a natureza já descobriu como evitar o câncer". Eles planejam desenvolver novos tratamentos a partir deste conhecimento.
Mas especialistas dizem que as pesquisas deveriam se concentrar nas coisas "ridículas" e "absurdas" que os humanos fazem e que aumentam o risco de desenvolver a doença.
Há uma linha de pensamento que diz que toda célula pode se transformar em cancerígena - ou seja, quanto mais células você tem, mais chances de você ter câncer.
Então, como um elefante tem cem vezes mais células que uma pessoa, o mamífero deveria ter cem vezes mais chances de ter câncer.
Mas a análise, divulgada na publicação científica Journal of the American Medical Association, mostrou que apenas 5% dos elefantes morrem de câncer, comparados com 25% dos humanos.
DNA
Os cientistas se voltaram então para o DNA do elefante para buscar uma explicação.
O câncer é causado por mutações no DNA de uma célula, que produz instruções erradas, levando a um crescimento súbito, já que a célula se multiplica sem controle.
Mas animais têm uma espécie de alarme que detecta o dano e leva ou ao conserto da célula ou à morte dela.
Um desses mecanismos é chamado TP53. Mas enquanto os humanos têm um gene TP53, elefantes têm 20. Por isso, elefantes são muito mais propensos a matar células prestes a se transformarem em prejudiciais.
"Pela lógica, os elefantes deveriam desenvolver muitos casos de câncer e alguns deveriam até estar extintos a essa altura devido ao alto risco de câncer", disse o oncologista pediátrico Joshua Schiffman, um dos pesquisadores.
"A natureza já descobriu como evitar o câncer e cabe a nós aprender como diferentes animais lidam com o problema para podermos adaptar nossas estratégias para prevenir câncer em pessoas."
Outros animais desenvolveram formas diferentes de lidar com a doença, como o rato toupeira pelado, que também é incrivelmente resistente ao câncer.
Mas Mel Greaves, do Instituto de Pesquisa do Câncer de Londres, diz que deveríamos nos concentrar no motivo de os humanos terem índices tão altos de câncer.
"Em termos de mecanismos de adaptação ao câncer, temos os mesmo que os chimpanzés, mas temos muitos mais câncer que eles. Acho que a resposta é que os humanos são completamente únicos como espécie, tendo uma evolução social muito rápida em um curto período de tempo", disse.
Ele destacou o aumento dos comportamentos prejudiciais à saúde e que provocam câncer, como obesidade e o hábito de se expor ao sol.
"Você nunca verá um elefante fumando", acrescentou.
A menopausa também é uma explicação potencial para justificar por que humanos não desenvolveram formas melhores de prevenir câncer.
Em termos evolucionários, o "sucesso" de uma espécie é medido pelo número de descendentes que você tem, e não pelos anos que você vive.
Os elefantes têm maior sucesso reprodutivo no final de sua vida, enquanto humanos podem viver por décadas após a menopausa.
Isso significa que há pouca pressão, em termos de evolução, para que os humanos desenvolvam formas de prevenir câncer na velhice.
"Os humanos desenvolveram uma expectativa de vida muito além da velhice reprodutiva - não há outra espécie assim", disse Greaves.