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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Artigo infelizmente profético de Percival Puggina > "Este artigo foi publicado no jornal Zero Hora em 28/11/2012"


NOTAS DO CÁRCERE


por Percival Puggina. Artigo publicado em 
Raramente leio páginas policiais. Evito fazê-lo para não acrescentar doses extras de horror a meus próprios calafrios. Vivemos com medo, aferrolhados. Em nossas conversas habituais não faltam relatos de pavor e sangue. São apontamentos nos diários do cárcere, do cárcere em que nos recolhemos, inseguros e acossados. Há um pânico instalado no país e ele não distingue classe social nem cor da pele, campo e cidade. Como consequência, quem de nós, quando um bandido é morto no exercício de suas atividades, não exclama intimamente - "Um a menos!"?
É sobre essa síndrome que escrevo. Ela tem agentes causadores bem determinados. Não encontro pessoas com medo de serem vítimas de grandes crimes novelescos, por vingança, ciúme, herança ou dívida. O que encontro são pessoas com medo da criminalidade hoje considerada trivial, corriqueira, cotidiana. As pessoas temem ser espancadas ou mortas nas calçadas por motivo fútil. Percebêmo-nos sujeitos a isso. Volta e meia alguém, ao nosso redor, foi parar na mala do carro ou experimentou o metal frio do revólver encostado na cabeça. Quem sai vivo de tais enrascadas ajoelha-se gratificado e lava o passeio com lágrimas de ira e júbilo. Um ano depois, os mais extremados rememoram a data, reúnem a família e sopram velinha. Festejam aniversário. São sobreviventes da criminalidade cotidiana.
O que descrevo tem tudo a ver com luta de classes, com pobres e ricos, com oprimidos e opressores. Mas não pelo motivo que lhe indicam certos analistas. É a bolorenta leitura marxista, conflituosa, da realidade social, sem a qual não conseguem pensar, que produz essa inoperância do Estado e suas consequências. É ela que responde pelo abandono do sistema carcerário e pelo desapreço às instituições policiais. É ela que redige a generosa benignidade dos códigos e os favores concedidos por leis penais que desarmam os juízes bons e compõem o arsenal dos maus. É uma leitura da realidade que minimiza aquilo que apavora o cidadão e aterroriza a sociedade. É uma leitura da realidade que legisla e atua na contramão do que todos temos o direito de exigir. Criminaliza a vítima e absolve o réu.
O bandido que nos sobressalta certamente já foi preso. O desmanche para onde vai nosso automóvel roubado durante o assalto já foi fechado várias vezes. Mas alguém no aparelho estatal não fez e não faz o que lhe corresponde. O legislador brasileiro dispõe sobre matéria penal como se vivesse numa realidade suíça. Inúmeros magistrados desvelam-se em zelos para com os bandidos. Elevam desnecessariamente os riscos a que está exposta a sociedade sob sua jurisdição. E não faltam formadores de opinião para pedir penas brandas exatamente para esse tipo de crime cotidiano, covarde e violento, de consequências sempre imprevisíveis. Em tal contexto, conceder indultos generalizados e soltar presos a rodo é uma bofetada oficial nas vítimas.
Progressão automática de regime, na realidade brasileira? Quanta irresponsabilidade! Existe coisa mais escancarada do que o tal semiaberto? Prisão domiciliar? Estão brincando. "Mas faltam presídios!", alegam os protetores dos apenados. A situação dos presídios brasileiros extrai hipérboles do ministro da Justiça. Mas há dez anos o grupo do ministro governa, dá as cartas e joga de mão no país. Quem sabe Sua Excelência espera que os contribuintes, à conta própria, saiam por aí a construir presídios? Lidam irresponsavelmente com coisa seriíssima, senhores! Da rendição do Estado ante a criminalidade sobrevirão a anomia e o caos.

Este meu artigo, infelizmente profético, foi publicado no jornal Zero Hora em 18/11/2012.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O Crime continua 'goleando' o Castigo / Revista Época

BRASIL

Traficantes cariocas recrutam e armam crianças cada vez mais novas para o crime

Depois de arregimentar adolescentes para o mercado das drogas, os criminosos agora aliciam também meninos com menos de 12 anos

HUDSON CORRÊA
16/01/2017 - 08h01 - Atualizado 16/01/2017 11h05


 (Foto:  )
A cena se deu na Cidade de Deus, favela carioca notabilizada pelo filme de Fernando Meirelles que retrata a atuação de um bando de traficantes. “Conta por que você fugiu de casa”, pede o professor de jiu-jítsu e PM Fernando Pasche ao garoto V., de 7 anos, diante do repórter de ÉPOCA. Sem encontrar palavras, o menino sai do tatame com seu quimono azul e corre até a porta da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), num contêiner ao lado. Ele pega um objeto no chão e volta até o instrutor. “Foi por isso que fugi”, diz V., exibindo uma cápsula de fuzil que acabara de recolher em bom estado, sinal de que o disparo havia sido feito recentemente.
Apavorado com os tiroteios quase diários que testemunhava por lá, V. resolveu deixar a Cidade de Deus. Certo dia de novembro, ele saiu de casa antes de amanhecer apenas de bermuda. Caminhou sem rumo. Os pais comunicaram o desaparecimento aos policiais, que vasculharam a região e o encontraram na hora do almoço, a alguns quilômetros de casa. Seu barraco se situa na área chamada Caratê, a mais conflagrada da favela, na qual agentes da lei e traficantes enfrentam-se cotidianamente.
Comandante da UPP da Cidade de Deus, o capitão Daniel Cunha Neves ouve impressionado o relato do menino. V. sofre com o terror deflagrado pelos bandidos, que buscam a retomada de território e inovam na estratégia de agora recrutar crianças para suas fileiras. Com quatro meses à frente da unidade, o capitão Neves se diz preocupado com o cerco do tráfico às crianças da favela. Depois de arregimentar adolescentes para o mercado das drogas, os criminosos agora aliciam também meninos com menos de 12 anos. “Já existem crianças pegando em armas para confrontar os policiais”, afirma Neves.
 (Foto:  )
O comando da Polícia Militar confirma a nova prática das organizações criminosas. “A quantidade de jovens com armas tem aumentado muito, a ponto de já observarmos crianças de 10 a 12 anos com pistolas na mão”, diz o porta-voz da PM, major Ivan Blaz. Segundo ele, a UPP identificou meninos como soldados do narcotráfico também no Complexo de Lins, conjunto de favelas da Zona Norte da cidade. “Nossos policiais estão com medo. Se houver confronto e aparecer uma criança baleada, nunca acreditarão que ela estava armada”, afirma Cunha Neves.
Ocupados por meninos com poder de fogo e imprevisíveis como qualquer criança costuma ser, becos e vielas se transformaram num campo de batalha ainda mais traiçoeiro. Na noite do dia 3 de dezembro, policiais da Cidade de Deus capturaram três adolescentes acusados de portar 48 pacotinhos de maconha e 91 de cocaína, além de radiotransmissores. L. e H., ambos de 16 anos, foram levados para a delegacia. Atingido na perna por um tiro, o terceiro garoto, de 12 anos, ficou internado no hospital sob a escolta de PMs.
Instalada no 9º andar do Fórum do Rio de Janeiro, a coordenadora das Varas da Infância e Juventude do estado, Raquel Chrispino, faz uma radiografia cética do fenômeno. “Estamos numa guerra civil. A PM vem apreendendo cada vez mais menores de 12 a 18 anos”, diz ela, apontando esse fator como uma das causas de o crime organizado buscar agora armar crianças ainda mais novas. Em 2015, a polícia do Rio capturou 10.262 adolescentes, 22% a mais que em 2014. “O policial militar não pode pôr a mão num menino de 11 anos. E o bandido sabe disso”, diz a juíza. “É como se, na prática, já tivéssemos os efeitos ruins da redução da maioridade penal.”
Não é apenas por falta de mão de obra disponível que os traficantes vêm baixando a faixa etária de seus soldados. Além de, em tese, não causarem maior desconfiança, crianças de até 11 anos não podem ser internadas em entidades socioeducativas. Quando muito, os garotos são levados a instituições de abrigo até que os responsáveis possam reassumir a guarda. Assim, logo eles estão de volta às ruas, ao tráfico e  a outros delitos, uma vez que boa parte deles dispõe de uma arma de fogo ao alcance.
 (Foto:  )
Um dos efeitos mais nítidos desse aumento de detenções de crianças e adolescentes é o volume de processos na Justiça com a participação de menores de idade. Apesar do drama crescente, a capital fluminense tem apenas uma Vara da Infância e Juventude para cuidar de todos os casos. A comarca acumula hoje 15 mil processos, enquanto numa Vara Criminal comum esse número não passa de 3 mil. Desde junho, sua juíza titular, Vanessa Cavalieri Felix, e os magistrados auxiliares realizam audiências semanais com os menores apreendidos pela polícia. Até 24 de novembro, eles haviam ouvido 1.501 adolescentes. Nessas audiências, liberaram 566 deles (38%) e mandaram 935 (62%) para as unidades de internação. Embora esse universo exclua as crianças de até 11 anos e menos de 20% dos menores tenham sido detidos por suspeita de envolvimento com o tráfico, os dados corroboram as evidências de que o crime organizado está cooptando cada vez mais crianças. No total, 30% dos capturados tinham de 12 a 15 anos. Como as audiências começaram em junho, não há estatística anterior para que possa ser feita uma comparação.
Apesar das detenções crescentes de menores, o Rio de Janeiro tem apenas uma Vara da Infância e Juventude
Dois dias depois de terem sido capturados na Cidade de Deus por porte de drogas, L. e H. entraram escoltados por guardas na sala de audiência da Vara da Infância e Juventude, enquanto a juíza Vanessa conferia a lista de menores capturados no final de semana anterior. Na lista há mais de 40 nomes, um número que costuma crescer nos dias de sol a pino, em que as praias ficam apinhadas de gente. Durante a audiência, L., H. e outros meninos alternaram momentos de serenidade com outros de choro descontrolado, principalmente quando viram suas mães em lágrimas. Disseram que passaram a atuar no tráfico em troca de R$ 300 por semana. A dupla contou que, já rendida no chão, levou chutes dos policiais e levantou a camisa para mostrar os hematomas. Só não soubera esclarecer de onde partiu o tiro que atingiu o colega de 12 anos. A juíza auxiliar Meissa Vilela decidiu que eles responderão ao processo em liberdade e encerrou a sessão com um duro alerta: “Eu vejo aqui que menino do tráfico leva tiro todo dia. Ou morre ou fica amputado”.
Ciente da linha delgada entre o bem e o mal por onde circulam as crianças em área de risco, o PM e instrutor de jiu-jítsu Fernando Pasche oferece uma alternativa de inclusão social por meio do esporte. Seu centro de treinamento de artes marciais na Cidade de Deus, em funcionamento desde 2013, reúne 78 alunos entre 5 e 17 anos, entre eles o menino V., que chegou ao extremo de fugir de casa para escapar daquela realidade. Pasche já perdeu alunos aliciados pelos traficantes, mas vangloria-se de ter tirado muitos outros do crime. Como ele, é preciso que todos os responsáveis suem a camisa para evitar o mal maior de ter crianças na delinquência.

Mais um membro PT enrolado com Ministério Público ...


Ministério Público abre quatro investigações criminais contra Haddad

Ex-prefeito achou que se livraria de problemas ao deixar prefeitura

MURILO RAMOS
16/01/2017 - 12h00 - Atualizado 16/01/2017 15h40
O candidato a reeleição a prefeitura de São Paulo Fernando Haddad (Foto:  Fábio Viera / FotoRua)
O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad imaginou que se veria livre de problemas ao deixar o governo. Nada disso. No final do ano, o Ministério Público do estado abriu quatro investigações criminais contra o petista

NBA estende seu carisma para ficar mais perto dos fãs do basquete... / El País


BA

NBA rompe barreiras com jogos no México e em Londres

A liga se globaliza com a disputa de partidas oficiais fora dos Estados Unidos



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Nowitzki, na Cidade de México.  EFE


México respirou os ares da NBA na semana passada, e a arena O2, em Londres, vestiu traje de gala na quinta-feira para servir de anfitriã à melhor liga de basquete do mundo. Pau Gasol e os Spurs jogaram no sábado contra o Phoenix Suns na Arena México, na capital mexicana. No mesmo estádio, 19.874 espectadores assistiram, na quinta-feira, a outra partida oficial entre o Phoenix e Dallas, com vitória dos Mavericks por 113 x 108. No mesmo dia, em Londres, 18.689 pessoas acompanharam o jogo entre Denver e Indiana (140 x 112). A mensagem é clara, a NBA é uma liga que pretende ser a mais global possível e não poupará esforços nesse sentido.
A NBA tem impulsionado os Global Games há vários anos com a realização de jogos oficiais em diferentes países, acompanhados por numerosos eventos promocionais. A liga tem cada vez mais jogadores nascidos fora dos Estados Unidos. Nesta temporada, são 113, 25% do total, e 10 deles são espanhóis, número recorde. O interesse pela NBA fora dos EUA se traduz em declarações de intenções, como a do prefeito da Cidade do México, Miguel Ángel Mancera, que manifestou na semana passada seu interesse de que a capital seja sede no futuro de uma franquia da liga.
O comissário da NBA, Adam Silver, reiterou na quinta-feira, em Londres, seu desejo de aumentar o número de partidas da temporada regular na Europa, embora considere necessário melhorar os ginásios para seguir com o plano. “Esperamos aumentar o número de partidas internacionais que disputamos. Não temos planos específicos atualmente; tudo depende dos ginásios e interesse dos mercados”, disse o comissário.
“Esta campanha alcançou um marco do ponto de vista internacional, com 25% dos jogadores da NBA nascidos fora dos Estados Unidos, e cerca da metade deles é europeia. A Europa continua sendo um lugar importante para o basquetebol. Esta é a sétima vez que jogamos na O2; é um recinto maravilhoso e muito moderno. Acredito que os jogadores se sintam em casa aqui”, disse Adams.
O colossal O2 Arena, que novamente pendurou o cartaz “ingressos esgotados”, reuniu nas primeiras fileiras dezenas de celebridades que foram assistir à partida, entre elas, músicos como Ellie Goulding, James Bay e Little Mix, jogadores de futebol como Pogba, Alexis, Pedro, Willian, Lukaku e Lucas Pérez, ex-jogadores como Henry e Ballack, treinadores como Pochettino e Bilic, designers como Ozwald Boateng e modelos como Xenia e Jourdan Dunn.
O presidente da Federação Espanhola de Basquetebol (FEB), Jorge Garbajosa, também esteve em Londres. “Estamos orgulhosos de ter 10 jogadores espanhóis na NBA, porque a vitrine da melhor liga do mundo significa uma extraordinária promoção para nosso basquete e porque demonstra que são valorizados, evidentemente, por seu talento, mas também pelos valores que transmitem competindo”, comentou Garbajosa.
“A NBA é uma referência em muitas questões. Estamos satisfeitos que atualmente também seja um parceiro em projetos de divulgação do basquete, com a Liga Jr. NBA-FEB, que nesta temporada vamos ampliar para mais cidades e escolas.” O presidente da FEB demonstrou seu apoio a Juancho Hernangómez, jogador espanhol do Denver Nuggets. “Este encontro é algo muito bonito para a Europa; para que todo o continente possa ver um jogo da NBA ao vivo, uma experiência que ninguém pode perder, algo que precisa ser feito pelo menos uma vez na vida”, disse Hernangómez.
A NBA é acompanhada em 215 países por meio de acordos com redes de TV em 49 idiomas, e com mais de 125.000 lojas em 100 países dos seis continentes. Além das partidas da competição, a NBA também realiza jogos de pré-temporada em diversos países, sendo que os últimos aconteceram em outubro, disputados pelo Oklahoma City contra o Real Madrid e o Barcelona.

Torcedores na Cidade do México.  AP

Falando de Humor / Café Filosófico / Jacques Stifelman /Vídeo


o humor e sua função – alívio da experiência de aniquilamento, com jacques stifelman (íntegra)



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“o humor pega um fato e faz uma manobra. ele nos faz ver a natureza humana numa situação mais palatável”, disse o psiquiatra jacques stifelman durante o café filosófico “o humor e sua função – alívio da experiência de aniquilamento” de 27/11.
segundo o especialista, nem sempre é clara essa relação entre realidade, humor e seriedade. “ter dúvidas sobre o que a gente pensa pode ser levado a sério. mas que as pessoas pensam não é o que elas pensam. e sequer tem a ver com elas”, disse.
curador da série, o apresentador marcelo tas, curador da série de novembro sobre o humor politicamente (in)correto acompanhou o encontro e perguntou por que não existe humor em regimes autoritários. segundo stifelman, o humor, como outros mecanismos que induzem ao pensamento, é oprimido, em determinados países, porque oferece riscos. ele ressaltou a peculiaridade da situação brasileira: “há algo no brasileiro que favorece a não levar a sério alguma coisa”.
o palestrante alertou, no entanto, que o humor deve ser aliado da realidade, e não aliado da evasão mental. “toda suspensão de contato da realidade, via humor, vai cobrar a conta depois. da realidade ninguém escapa”, disse.
confira abaixo a íntegra do encontro: