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domingo, 31 de julho de 2016

"Precisamos de encanadores"... / Fernando Gabeira

domingo, julho 31, 2016

Sobre humor e cangurus -

 FERNANDO GABEIRA

O Globo - 31/07

A frase infeliz de Paes faz pensar: existe um humor tipicamente carioca?


Não precisamos de cangurus, mas sim de encanadores. A frase da chefe da delegação australiana na Olimpíada do 
Rio é mais do que uma tirada pragmática. Ela nos leva a pensar no humor. Quando prometeu os cangurus, diante das reclamações sobre problemas hidráulicos, Eduardo Paes estava fazendo humor. E, ao contrário do que ele costuma dizer, não é um humor carioca, apenas humor. Na verdade, não sei se existe um humor tipicamente carioca. Um dos maiores humoristas de todos os tempos, o carioca Millôr Fernandes era universal na maioria dos seus textos e pode ser incluído em qualquer boa seleção planetária.

Talvez exista um humor judeu, classificado, organizado em antologias, com traços marcantes, como a autoironia de Woody Allen. Mas ainda assim é um esforço classificatório. No livro “O ato da criação”, Arthur Koestler descreve a dinâmica do humor e, de um modo geral, o atribui a um tipo de associação que expressa o encontro súbito de dois quadros do pensamento, uma centelha criativa que faz rir. Paes associou rapidamente um fato do mundo material, o entupimento das pias, para outro do mundo afetivo, os cangurus tão presentes no cenário australiano. A resposta australiana recolocou o quadro real da demanda.

Se examinarmos o quadro clássico da dinâmica do humor, ele apenas introduziu uma centelha criativa, com o propósito de fazer rir. No entanto, carioca ou judeu, o humor está sujeito a uma condição universal: tem ou não tem graça? É difícil aceitar a tese de um humor carioca, sempre que o prefeito do Rio diz uma frase infeliz. Existe um estado de espírito mais descontraído talvez. Mas ele também está sujeito ao julgamento do outro.

Se as frases de Paes expressam um típico humor carioca, era de se esperar que os cariocas fossem discretamente evitados por outros povos: lá vêm aqueles caras, com aquelas piadas sem graça. E não é isso o que acontece nas relações entre eles e o mundo. É compreensível que pessoas modestas atribuam seus talentos à sociedade em que trabalham, que socializem a celebração de suas conquistas. Mas torna-se um pouco difícil atribuir frases das quais ele próprio se arrepende a um traço da sua própria cultura. Como os cariocas, por serem cariocas, estivessem condenados culturalmente a dizer coisas sem graça, nas circunstâncias mais sérias. A resposta da australiana, Kitty Chiller — “precisamos de encanadores” — jogou Paes na realidade e foram feitos avanços nas reparações. Ministros de Brasília andaram dizendo que isso acontece mesmo com prédios novos. É a inversão do senso comum. Seria como dizer: meu carro é novo, por isso não sai da oficina.
O diálogo Paes-Chiller me jogou também numa outra dimensão da realidade. Se uma obra que custou R$ 2,9 bilhões, inaugurada com exposição internacional, foi entregue assim, o que acontece com as outras ao longo do Brasil, escondidas das câmeras, anônimas? Cobrindo uma enchente num bairro popular de São Gonçalo, a moradora me convidou para entrar em sua casa e ver o resultado de uma recente obra de saneamento. Simplesmente os canos devolviam esgoto para dentro de casa. Naquele momento, senti muito que ela fosse obrigada a viver naquelas circunstâncias desagradáveis. Era apenas uma velha senhora de São Gonçalo. O que vemos hoje atrela aquele destino individual à própria imagem do Brasil.

As reportagens mais críticas e dolorosas referem-se sempre aos graves problemas de saneamento. Uma atleta americana postou para seus seguidores: vou remar na merda por vocês. Num sentido mais amplo, a chefe da delegação australiana falou por todo o Brasil: precisamos de encanadores. Impossível esconder de uma superexposição internacional o fato de que ainda não resolvemos no XXI o problema que alguns países resolveram no século XIX, como o saneamento básico. Não é preciso ir aos bairros mais pobres para constatar essa realidade. As lagoas são um termômetro. Todas, e especialmente a Baía de Guanabara, são poluídas e decadentes. A opção de realizar a Vila Olímpica na Barra consagra um tipo de crescimento que segue o ritmo do próprio comércio imobiliário. Ao fugir das grandes concentrações, a expansão impõe ao governo custos muito altos para instalar a infraestrutura. A frase da australiana Kitty Chiller não é todo estranha à Barra de Tijuca de hoje.

Mas, certamente, ao apontar o crescimento para a região, ela pode se tornar profética: precisamos de encanadores. De uma certa forma, a Lava-Jato nos ajudou nisso. Grandes empreiteiras como a Odebrecht não terão condições de repetir seus métodos. E não poderão substituir o planejamento pela lista das obras que querem construir. O colapso dessas grandes empresas talvez abra caminho para se enfrentar com mais eficácia a tarefa do saneamento.

Se isso acontecer será também um legado da Olimpíada, teremos encanadores e os canos que ainda nos faltam.

sábado, 30 de julho de 2016

"As enfermidade mentais se desenvolvem na adolescência" / Kirstie Whitaker

BBC
30/07/2016 06h00 - Atualizado em 30/07/2016 07h16

Cientistas desvendam segredo das mudanças no cérebro durante a adolescência

Áreas do cérebro relacionadas ao pensamento complexo são aquelas que mais se alteram durante esse período, revela pesquisa.

Pallab GhoshBBC News

Estímulos deixam cérebro mais ativo e mantêm órgão saudável a vida toda (Grep) (Foto: Globo Repórter)Áreas com muitas ligações a outras partes do cérebro se desenvolvem rapidamente em adolescentes (Foto: Globo Repórter)
Uma equipe da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, identificou as áreas do cérebro que mais se alteram durante a adolescência.
Tomografias cerebrais mostraram que são áreas associadas a processos de pensamento complexo.
Os pesquisadores também descobriram uma ligação entre o desenvolvimento do cérebro do adolescente e doenças como esquizofrenia.
A pesquisa foi publicada na revista especializada PNAS (Proceedings of the National Academy of Science, no original em inglês).
O time do departamento de psiquiatria de Cambridge escaneou os cérebros de 300 jovens entre 14 e 24 anos.
Enquanto as áreas associadas com o funcionamento básico do corpo, como visão, audição e movimento, estão totalmente desenvolvidas na adolescência, as partes ligadas ao pensamento complexo e tomada de decisões ainda estão mudando.
Tais áreas são centros nervosos com várias conexões a outras partes essenciais do cérebro.
Você pode imaginar o cérebro como uma malha aérea global, formada por pequenos aeroportos pouco utilizados e grandes centros de conexão como o aeroporto de Heathrow (Londres), onde há muito tráfego.
O cérebro usa um arranjo semelhante para coordenar nossos pensamentos e ações.
Durante a adolescência, essa rede de grandes centros é consolidada e fortalecida. É um pouco como os grandes aeroportos se tornaram gradativamente mais movimentados ao longo dos anos.
Os pesquisadores então analisaram os genes envolvidos no desenvolvimento desses "hubs" cerebrais e descobriram que são similares àqueles associados com muitas doenças mentais, incluindo esquizofrenia.
A descoberta corrobora o fato de que muitas enfermidades mentais se desenvolvem durante a adolescência, afirma a pesquisadora Kirstie Whitaker.
"Nós revelamos um caminho da biologia das células pelo qual pessoas no final da adolescência podem ter seus prímeiros episódios de psicose", afirmou à BBC.
Muitos estudos já mostraram que, além de fatores genéticos, o estresse durante a infância e adolescência está ligado à ocorrência de doenças mentais.
Os novos achados indicam que maus-tratos, abusos e negligência podem continuar a prejudicar o desenvolvimento de importantes funções cerebrais durante os cruciais anos da adolescência, contribuindo para a emergência de problemas mentais.
O coordenador da pesquisa, Ed Bullmore, diz acreditar que a descoberta de um elo biológico entre o desenvolvimento cerebral do adolescente e o início de doenças mentais possa ajudar cientistas a identificar grupos de risco para essas enfermidades.
"Ao entendermos mais sobre o risco de esquizofrenia, isso nos dá uma oportunidade de tentar identificar indivíduos com possibilidade de se tornar esquizofrênicos no futuro próximo, nos dois ou três anos seguintes, e talvez oferecer algum tratamento útil para prevenir o aparecimento de sintomas clínicos."
O estudo também ajuda a compreender melhor as mudanças de comportamento e humor do adolescente durante o desenvolvimento cerebral normal.
"As regiões que mudam mais são associadas ao pensamento complexo e tomada de decisões. Isso mostra que adolescentes estão numa jornada rumo à vida adulta, para se tornarem alguém capaz de conectar todos esses fragmentos de informação", afirma Whitaker.
"É uma etapa muito importante. Você provavelmente não gostaria de ser criança por toda a vida. É uma fase poderosa e importante que devemos passar para nos tornarmos o melhor e mais capacitado adulto que possamos ser."
No vídeo, o psiquiatra Táki Cordás comenta sobre o surgimento das doenças psiquiátricas entre adolescentes:

quarta-feira, 20 de julho de 2016

"Êta mundo ruim.." // Zuenir Ventura

Êta mundo ruim

A pior novidade é que agora estão procurando exportar para nós terrorismo e outras mazelas, como se as nativas não fossem suficientes
Zuenir Ventura, O Globo
Podia ser pior, podia ser a França dos atentados terroristas, a Turquia da tentativa de golpe de Estado com mais de 200 mortos, os Estados Unidos dos eternos conflitos raciais ou mesmo a Venezuela dos milhares de habitantes atravessando a fronteira para comprar alimentos e medicamentos.
Fanatismo (Foto: Arquivo Google)
Essas tragédias distantes não nos servem, porém, de consolo nem querem dizer que devemos ficar satisfeitos com a nossa crise, com os nossos quase 60 mil homicídios por ano e com uma situação como a do Rio, onde, em 72 horas da semana passada, balas perdidas deixaram três mortos e 12 feridos, em episódios de violência que viraram rotina.
É apenas uma lembrança para aqueles que acham que a solução é deixar o país. Como já escrevi aqui, não há mais Pasárgada, aquele lugar mítico, paradisíaco, onde Manuel Bandeira sonhava em se refugiar e, com essa viagem onírica, compôs um dos mais populares e bonitos poemas de evasão.
Tuberculoso, o poeta achava que lá faria tudo a que não tinha direito: andaria de bicicleta, montaria em burro brabo, faria ginástica, subiria em pau de sebo. Pasárgada era uma cidadezinha nas montanhas do sul da Pérsia onde é hoje o Irã, um país carregado de tensões.
A pior novidade é que agora esse mundo está procurando exportar para nós suas mazelas, como se as nossas, as nativas, não fossem suficientes — com a agravante de que são pragas desconhecidas aqui, como o terrorismo e o fundamentalismo religioso. Protegidos pela distância, olhávamos para lá com espanto, mas sem medo e até com um certo alívio: “Pelo menos disso estamos livres”.
No entanto, uma ONG internacional que monitora ações terroristas na internet acaba de descobrir que existe uma organização extremista fiel ao abominável Estado Islâmico enviando ameaças, uma das quais diz que, se a França não conseguiu impedir os ataques recentes, “o treinamento dado à polícia brasileira não conseguirá”.
Mais grave ainda: já existiriam brasileiros “preparados para o sacrifício de se tornarem mártires”, a exemplo do que está acontecendo com milhares de jovens europeus, que partem para as fileiras do EI na Síria e no Iraque, trocando suas vidas pela “causa”. Os atentados ocorreriam durante os Jogos Olímpicos, que vão atrair o olhar do planeta.
É preciso, porém, considerar que uma das armas do terrorismo que vem sendo praticado pelo Estado Islâmico é a propaganda, é a criação de uma expectativa de medo e pânico. De qualquer maneira, o sistema de segurança da Olimpíada deverá montar um esquema cujo aparato não provoque uma paranoia coletiva e, ao mesmo tempo, ofereça à população uma sensação de tranquilidade.
Zuenir Ventura é jornalista

terça-feira, 12 de julho de 2016

Lula e Stalin, os governantes próximos pela ideologia...

Lula e Stalin, os deuses que falharam

Leonardo Padura recriou o Brasil clivado por ideologias de apostilas ao contar a história de Trostski e seu algoz, Ramón Mercader
Lula e Stalin (Foto: Arquivo Google)
Miguel de Almeida, O Globo
Em “O homem que amava os cachorros”, o escritor cubano Leonardo Padura reconstrói a atmosfera de perseguição montada por Stalin, nas décadas de 1930-50, a Trostski e seus outros inimigos. A perseguição se dava no nível físico (espiões, policiais, caça-recompensas) e no moral, por meio de mentiras, intrigas, aleivosias e canalhices diversas.
Stalin fazia ainda uso de cães intelectuais — em geral gente em busca de glórias efê- meras, como um prêmio ou um elogio — na desconstrução de seus adversários. Não vem à toa a admiração de Hitler pelo regime soviético: o nazismo fará uso de seus vira-latas provocadores (exemplo: a turma que avançou sobre Janaina Paschoal) e Stalin forjará o oportuno Inimigos do Povo (exemplo: a campanha contra ex-petistas como Fernando Gabeira e Luiza Erundina).
O nazismo muito deve ao stalinismo (exemplo: Marilena Chauí difundir que Sérgio Moro é filhote do FBI e os SS digitais repercutirem a difamação). Padura fornece ao leitor um retrato do clima policialesco criado por Stalin. São creditados nas costas de Trotski, mesmo exilado e banido, o poder de uma hipotética conspiração, a autoria de documentos apócrifos... Tudo balela.
Cena construída para distrair os militantes dos reais motivos do desastre econômico perpetrado por Stalin e sua megalomania estatista. Depois, Stalin jamais foi marxista e só foi de esquerda (oportunista) até chegar ao poder (exemplo: nunca antes neste país...). Lá, usurpou o sonho de vários gerações.
Muitos deram suas vidas por acreditar estarem defendendo a revolução e ainda lutaram contra o que julgavam ser o jogo da direita (exemplo: fazer vaquinha para pagar a multa do companheiro José Dirceu e depois carregar seu cadáver político, de boca fechada). Os paralelos com a história política brasileira atual são assustadores.
Padura recriou o Brasil clivado por ideologias de apostilas ao contar a história de Trostski e seu algoz, Ramón Mercader: as falsas informações plantadas na imprensa mundial (os amigos dos cães), os supostos complôs (olha o pré-sal aí, gente), com o objetivo de atiçar na militância ralé (a turminha do Facebook) um ódio contra o ex-dirigente da Revolução Russa, que passa a apupar sua biografia sem entender nada do riscado (exemplo: Trotski caiu ao propor uma plataforma econômica em interação com as forças do mercado. Stalin o satanizou. No poder, depois de ver seu barco estatal afundar, Stalin praticou... a política defendida por Trotski, de braço dado com o capital internacional. Você pode pensar em Dilma/Joaquim Levy e Lula/Henrique Meirelles e não estará errado).
Vale lembrar também que a visão econômica de Stalin era identificada como sendo nazinacionalista. Stalin era o sonho de Hitler. As mentiras urdidas por Stalin repercutiam facilmente. Os intelectuais se calavam. E quando ousavam... Foi o caso de André Gide, escritor francês e militante de esquerda. Após visitar a convite a União Soviética em 1936, percebeu a arapuca e denunciou o engodo.
Afinal, acreditava, era seu dever alertar as forças de esquerda que Stalin era tão-somente um ditador, e nada tinha de progressista (o Brasil não conhece o Brasil...). Pobre Gide. Até então, seu homossexualismo não fora um estorvo nas fileiras da Causa. Segundo os stalinistas, como se poderia acreditar num escritor que tinha o hábito de gostar de homens? Era traidor... e gay.
Trinta anos depois e milhões de mortes, Kruschev repetiria o mesmo diagnóstico de Gide. Sabe, o que aconteceu? A ficha só caiu em 1989, quase 40 anos depois e outras milhares de mortes.
Lula e Stalin (Foto: Arquivo Google)

sábado, 9 de julho de 2016

A revelação da idiotice a plenos pulmões ou o protagonismo insano de deficiente intelectual

http://noblat.oglobo.globo.com/geral/noticia/2016/07/conspiracoes-e-piracoes.html

Conspirações e pirações

A professora Marilena Chauí denuncia que o juiz Sérgio Moro foi treinado pelo FBI para um plano de entregar o pré-sal aos americanos
Nelson Motta, O Globo
Conspiração (Foto: Arquivo Google)Na coluna da semana passada sobre a TV Brasil, atribuí equivocada- mente ao filósofo Herbert Marcuse o clássico conceito “o meio é a mensagem”, do teórico de comunicação canadense Marshall McLuhan.
Logo cedo, fui corrigido por um amável e-mail de meu mestre Zuenir Ventura, que me ensina desde a faculdade. Envergonhado, me restava corrigir na edição on-line e me desculpar no jornal na semana seguinte.
São sempre muitos leitores que comentam, mas, para minha surpresa, ninguém reclamou, ninguém notou. E sempre tem quem nota alguma coisa, mesmo quando falo só de números e fatos, para me chamar de fascista nas redes... rsrs. Um sinal dos tempos.
Vivemos no império da ignorância e da esperteza sobre a cultura e a ética, como uma consequência perversa, entre tantas maravilhosas, da era das comunicações de massa que foi antecipada por McLuhan nos anos 60, e levada ao paroxismo na era digital, com a comunicação total, de todos com, ou contra, todos.
“Eu odeio a classe média. A classe média é um atraso de vida. A classe média é a estupidez. É o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista. A classe média é uma abominação política, porque é fascista. Ela é uma abominação ética porque é violenta. Ela é uma abominação cognitiva porque é ignorante.”
Todo esse ódio não vem de um aristocrata, de um representante da nobreza ou das velhas oligarquias, de um coxinha elitista ou de um marginal revoltado: são conceitos e sentimentos da filósofa, professora e ideóloga petista Marilena Chauí, que agora denuncia publicamente que o juiz Sérgio Moro foi treinado pelo FBI nos Estados Unidos, como parte de um plano diabólico para entregar o pré-sal aos americanos.
Até petistas ficam constrangidos. Afinal, eles se orgulham de tirar milhões da pobreza para a classe média — os ignorantes, fascistas, estúpidos e abomináveis que os elegeram.
O juiz Moro, sempre sério, talvez possa dar boas risadas, ou talvez, didaticamente, a processe por danos morais, porque a acusação é grave, sem provas, e a liberdade de expressão não absolve a calúnia e a difamação. Ou a piração.
Nelson Motta é jornalista

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Governo do Rio de Janeiro decreta estado de calamidade pública...

Dornelles, governador interino do Rio, decreta estado de calamidade pública

Motivo é a crise financeira que o estado enfrenta
Pablo Jacob (Foto: Agência O Globo)Francisco Dornelles (Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo)
Carina Bacelar, O Globo
O governador interino do Rio Francisco Dornelles decretou nesta sexta-feira "Estado de Calamidade Pública no âmbito da administração financeira". O decreto foi publicado na segunda edição do Diário Oficial. Na publicação, o governador justifica a medida pela "grave crise econômica que assola o estado", e diz que a crise está impedindo o Rio de "honrar seus compromissos" para a realização da Olimpíada de 2016.
Com a medida, Dornelles admite que "o cumprimento das obrigações assumidas em decorrência da realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016" fica impedido diante da situação financeira do estado. Ele autoriza "as autoridades competentes" a "adotar medidas excepcionais necessárias à racionalização de todos os serviços públicos essenciais, com vistas à realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016".
Confira a íntegra do decreto
"Considerando a grave crise econômica que assola o Estado do Rio de Janeiro, Considerando a queda na arrecadação, principalmente a observada no ICMS e nos royalties e participações especiais do petróleo; considerando todos os esforços de reprogramação financeira já empreendidos para ajustar as contas estaduais; Considerando que a referida crise vem impedindo o Estado do Rio de Janeiro de honrar com os seus compromissos para a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016; considerando o que tal fato vem acarretando severas dificuldades na prestação dos serviços públicos essenciais e pode ocasionar ainda o total colapso na segurança pública, na saúde, na educação, na mobilidade e na gestão ambiental; Considerando que a interrupção da prestação de serviços públicos essenciais afeta sobremaneira a população do Estado do Rio de Janeiro; Considerando que já nesse mês de junho as delegações estrangeiras começam a chegar na Cidade do Rio de Janeiro, a fim de permitir a aclimatação dos atletas para a competição que se inicia no dia 5 de agosto do corrente ano; Considerando, por fim, que os eventos possuem importância e repercussão mundial, onde qualquer desestabilização institucional implicará um risco à imagem do país de dificílima recuperação; (o governador Francisco Dornelles) DECRETA:
"Art. 1º- Fica decretado o estado de calamidade pública, em razão da grave crise financeira no Estado do Rio de Janeiro, que impede o cumprimento das obrigações assumidas em decorrência da realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

"Carta ao meu estuprador"

Carta ao meu estuprador http://flip.it/ccU4l


Carta ao meu estuprador
Vítima de violência nos EUA relata noite do crime e sofrimento que vive desde então


POR O GLOBO
10/06/2016 14:47 / atualizado 10/06/2016 16:54



RIO - Em janeiro de 2015, uma jovem de 23 anos foi estuprada no campus da Universidade Stanford, uma das instituições de ensino superior mais prestigiadas do mundo, na Califórnia, nos Estados Unidos. Ela foi violentada atrás de uma lixeira enquanto estava inconsciente.






Seu agressor, o estudante Brock Allen Turner, hoje com 20 anos, foi pego em flagrante. Nadador, o americano tinha bolsa de atleta, mas foi expulso da universidade. Em janeiro deste ano, Brock foi declarado culpado e, no último dia 31 de maio, recebeu uma sentença leve: ele ficará seis meses numa cadeia local e outros três meses em liberdade condicional.
O juiz que proferiu a sentença disse que temeu o impacto de uma pena mais severa em Turner. Seu pai, durante o julgamento, afirmou no tribunal que seu filho não poderia ser preso por causa de um "ato de 20 minutos".

No mesmo 31 de maio, a vítima, que não foi identificada para proteger sua privacidade, leu no tribunal uma longa carta endereçada a seu estuprador. No texto, ela relata a noite do crime e tudo o que passou ao longo de mais de um ano transcorrido. A jovem descreve uma espiral de sofrimento intenso que vive desde que descobriu ter sido violentada. O GLOBO traduziu a carta na íntegra.
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"Meritíssimo,
Se estiver tudo bem, pela maior parte desse depoimento eu gostaria de me dirigir diretamente ao réu.
Você não me conhece, mas você esteve dentro de mim, e é por isto que estamos aqui hoje.
Em 17 de janeiro de 2015, era uma noite de sábado tranquila em casa. Meu pai fez um jantar e eu me sentei à mesa com minha irmã mais nova que estava nos visitando naquele fim de semana. Eu estava trabalhando em expediente integral, e estava se aproximando a hora de dormir. Eu planejava ficar em casa sozinha, ver TV e ler, enquanto ela iria a uma festa com amigos. Então, eu decidi que era minha única noite com ela, eu não tinha nada melhor a fazer, então por que não?, tem uma festa idiota a dez minutos da minha casa, eu iria, dançaria de forma ridícula, e faria minha irmã mais nova passar vexame. No caminho até lá, eu brinquei dizendo que meninos que ainda não se formaram usam aparelhos. Minha irmã implicou comigo por usar um cardigan bege numa festa de fraternidade, como uma bibliotecária. Eu me chamei de "mamãe", porque sabia que seria a pessoa mais velha. Fiz caretas, baixei a guarda, e bebi licor rápido demais, sem me dar conta de que minha tolerância caiu bastante desde que saí da faculdade.
A próxima coisa da qual me lembro é estar numa maca num corredor. Eu tinha sangue seco e esparadrapos nas costas das mãos e cotovelo. Eu pensei que talvez tivesse caído e estivesse num escritório administrativo do campus. Estava muito calma e pensando onde estaria minha irmã. Um policial explicou que eu havia sido assaltada. Eu continuei calma, achando que ele estava falando com a pessoa errada. Eu não conhecia ninguém naquela festa. Quando finalmente pude usar o banheiro, puxei as calças que o hospital me deu, tentei puxar minha calcinha, e não senti nada. Ainda me lembro do sentimento de minhas mãos tocando minha pele sem agarrar nada. Olhei para baixo e não tinha nada. A peça fina de tecido, a única coisa entre minha vagina e qualquer outra coisa, estava faltando e tudo dentro de mim ficou em silêncio. Eu ainda não tenho palavras para aquele sentimento. Para continuar respirando, pensei que o policial poderia ter usado uma tesoura para cortar (a calcinha) como evidênca. Meu cérebro estava tentando convencer meu estômago a não entrar em colapso. Porque meu estômago estava dizendo, me ajude, me ajude.
Eu fui de quarto em quarto com um cobertor enrolado em mim, uma trilha de agulhas de pinheiro atrás de mim, deixei uma pequena pilha em cada quarto aonde me sentei. Pediram para eu assinar documentos que diziam "vítima de estupro" e eu pensei que algo realmente tinha acontecido. Minhas roupas foram confiscadas e eu fiquei de pé enquanto as enfermeiras usavam uma régua em várias escoriações no meu corpo e tiravam fotos delas. Nós três nos juntamos para tirar as agulhas de pinheiro do meu cabelo, seis mãos para encher um saco de papel. Para me acalmar, elas disseram que era apenas flora e fauna, flora e fauna. Eu tinha muitos algodões inseridos na minha vagina e ânus, agulhas para injeções, pílulas, tinha uma nikon apontada diretamente para minhas pernas abertas. Minha vagina estava manchada com uma tinta azul e fria para verificar escoriações.
‘Decidi, eu não quero mais meu corpo. Eu estava horrorizada com ele, eu não sabia o que tinha entrado nele, se estava contaminado, quem havia tocado nele’
- VÍTIMAEstupro em Stanford
Depois de algumas horas disso, eles me deixaram tomar banho. Eu fiquei lá examinhando meu corpo debaixo do jato d'água e decidi, eu não quero mais meu corpo. Eu estava horrorizada com ele, eu não sabia o que tinha entrado nele, se estava contaminado, quem havia tocado nele. Eu queria tirar meu corpo como se fosse uma jaqueta e deixá-lo no hospital com todo o resto.
Naquela manhã, só me disseram que eu fui encontrada atrás de uma lixeira, potencialmente penetrada por um estranho, e que eu devia me testar de novo para HIV porque os resultados nem sempre se mostram imediatamente. Mas por agora eu deveria ir para casa e voltar para a minha vida normal. Imagine voltar ao mundo com apenas aquela informação. Eles me deram grandes abraços, então eu andei do hospital para o estacionamento usando as novas camisa e calça que eles me deram, já que só me deixaram ficar com o meu colar e os meus sapatos.
Minha irmã me buscou, com o rosto coberto de lágrimas e contorcido em angústia. Instintiva e imediatamente, eu queria tirar a dor dela. Eu sorri para ela, disse para olhar para mim, eu estou aqui, estou ok, está tudo ok, eu estou aqui. Meu cabelo está lavado e limpo, eles me deram um xampu estranho, acalme-se, e olha pra mim. Olha essas calças engraçadas e a camisa, eu me pareço com uma professora de educação física, vamos para casa, vamos comer alguma coisa. Ela não sabia que por debaixo das minhas roupas, eu tinha escoriações e curativos na minha pele, minha vagina estava doendo e tinha se tornado uma estranha, escura por causa da fricção, minha calcinha tinha sumido, e eu me sentia vazia demais para continuar falando. Que eu estava também com medo, que eu estava também devastada. Naquele dia nós dirigimos para casa e por horas minha irmã me segurou.
Meu namorado não sabia o que tinha acontecido, mas ligou naquele dia e disse, "eu fiquei muito preocupado com você ontem à noite, você me assustou, você voltou para casa bem?" Eu fiquei aterrorizada. Foi quando eu soube que eu liguei para ele na noite do meu apagão, deixei uma mensagem de voz incompreensível, que a gente também se falou ao telefone, mas eu estava xingando tanto que ele ficou com medo de mim, que ele repetidamente me disse para encontrar minha irmã. De novo, ele me perguntou, "O que aconteceu ontem à noite? Você voltou para casa bem?" Eu disse que sim, e desliguei para chorar.
Eu não estava pronta para contar a meu namorado ou meus pais que na verdade, eu posso ter sido estuprada atrás de uma lixeira, mas que eu não sabia por quem ou quando ou como. Se eu contasse, eu veria o medo nos rostos deles, e o meu multiplicaria em dez vezes, então em vez disso eu fingi que tudo aquilo não era real.
Eu tentei tirar aquilo da minha vida, mas era tão pesado que eu não falei, não comi, não dormi, não interagi com ninguém. Depois do trabalho, eu dirigia para um lugar escondido para gritar. Não falei, não comi, não interagi com ninguém, e me isolei daqueles que mais amo. Por uma semana depois do incidente, não recebi telefonemas ou atualizações sobre aquela noite ou o que aconteceu comigo. O único símbolo provando que aquilo não foi um pesadelo era a camisa do hospital no meu armário.
‘Não falei, não comi, não interagi com ninguém, e me isolei daqueles que mais amo’
- VÍTIMAEstupro em Stanford
Um dia, estava no trabalho, navegando pelas notícias no meu telefone, e encontrei um artigo. Nele, eu li e soube pela primeira vez sobre como fui encontrada inconsciente, com meu cabelo desgrenhado, o colar enrolado em volta do pescoço, o sutiã puxado para fora do vestido, o vestido puxado para cima dos ombros e puxado para cima da minha cintura, que eu estava totalmente pelada a não ser pelas mnihas botas, pernas escancaradas, e que tinha sido penetrada por um objeto externo por alguém que eu não reconhecia. Foi assim que eu entendi o que aconteceu comigo, sentada em minha mesa lendo as notícias no trabalho. Eu soube o que aconteceu comigo do mesmo jeito que todas as pessoas no mundo souberam o que aconteceu comigo. Foi quando as agulhas de pinheiro no meu cabelo fizeram sentido, elas não caíram de uma árvore. Ele tinha tirado minha calcinha, os dedos dele entraram em mim. Eu nem conheço essa pessoa. Eu ainda não conheço essa pessoa. Quando li sobre mim desse jeito, eu disse, essa não pode ser eu. Eu não conseguia digerir ou aceitar qualquer coisa dessas informações. Não conseguia imaginar minha família tendo que ler sobre isso on-line. Continuei a ler. No próximo parágrafo, li algo que nunca vou perdoar. Eu li que, segundo ele, eu tinha gostado. Eu tinha gostado. Novamente, eu não tinha palavra para esses sentimentos.
É como se você lesse uma matéria onde um carro foi atingido e encontrado danificado em um barranco. Mas talvez o carro tenha gostado da pancada. Talvez o outro carro não queria bater no primeiro, só dar uma esbarradinha. Carros se envolvem em acidentes o tempo todo, as pessoas não prestam atenção, podemos realmente dizer de quem foi a culpa?
E aí, no final da matéria, depois de descobrir os detalhes gráficos do meu próprio ataque sexual, a matéria listava os números dele como nadador. Ela foi encontrada respirando, inconsciente, com suas roupas intimas a 15 centímetros de distância de sua barriga nua, curvada em posição fetal. Falando nisso, ele é muito bom na natação. Coloquem então também meu tempo correndo, se é isso que vamos fazer. Eu cozinho bem, coloca isso lá, acho que o final é onde você coloca as suas atividades extracurriculares para anular todas as coisas doentias que aconteceram.
Na noite em que as notícias foram publicadas eu me sentei com meus pais e contei que tinha sido atacada, que eles não lessem as notícias porque são pertubadoras, que eu estava bem, eu estou aqui, e estou bem. Mas na metade da conversa, minha mãe teve que me segurar, porque eu não conseguia me levantar. Eu nao estava bem.
Na noite seguinte ao que aconteceu, ele disse que não sabia meu nome, que não conseguiria apontar meu rosto na multidão, não mencionou qualquer diálogo entre nós, nenhuma palavra, só danças e beijos. Dança é um termo bonito: era dançar estalando os dedos e girando ou só corpos se esfregando um contra o outro em uma sala lotada? Quando o detetive perguntou se ele planejava me levar para o dormitório dele, ele disse que não. Quando o detetive perguntou como nos acabamos atrás da lixeira, ele disse que não sabia. Ele admitiu que beijou outras garotas na festa, uma delas minha própria irmã, que o empurrou para longe. Ele admitiu que queria pegar alguém. Eu era o antílope ferido na manada, completamente sozinha e vulnerável, fisicamente incapaz de me defender, e ele me escolheu. Às vezes eu penso que se não tivesse ido, nada disso teria acontecido. Só que então eu me dei conta, teria acontecido, só que com outra pessoa. Você estava entrando num período de quatro anos com acesso a festas e garotas bêbadas e se esse é o pé com qual você começou, então é certo você não continuar. Na noite seguinte ao que aconteceu, ele disse que achou que eu tinha gostado porque fiz carinho nas costas dele. Carinho nas costas.
‘Na noite seguinte ao que aconteceu, ele disse que achou que eu tinha gostado porque fiz carinho nas costas dele. Carinho nas costas.’
- VÍTIMAEstupro em Stanford
Não mencionou eu ter consentido, não mencionou a gente conversando, um carinho nas costas. Mais uma vez, em notícias públicas, eu descobri que minha bunda e minha vagina tinham sido completamente expostas na rua, meus seios tinham sido agarrados, dedos tinham sido enfiados dentro de mim com agulhas de pinheiro e sujeira, minha pele nua e minha cabeça tinham sido esfregadas no chão da lixeira, enquanto um calouro ereto estava se esfregando no meu corpo seminu e inconsciente. Mas eu não me lembro, então como provo que não tinha gostado?
Eu pensei que isso nunca iria a julgamento: havia testemunhas, sujeira no meu corpo, ele fugiu mas foi pego. Ele vai fazer um acordo com a promotoria, se desculpar formalmente e nós dois vamos seguir com a vida. Em vez disso, me contaram que ele tinha contratado um advogado poderoso, especialistas como testemunhas, investigadores privados que iriam tentar achar detalhes da minha vida para usar contra mim, encontrar buracos na minha história para desqualificar a mim e minha irmã, para mostrar que esse ataque sexual era na verdade um mal entendido. Que ele iria até o fim para convencer o mundo de que ele apenas tinha se confundido.
Não apenas me disseram que eu tinha sido atacada, me disseram que como eu não podia lembrar, eu tecnicamente não podia provar que tinha sido contra a minha vontade. E isso me distorceu, me machucou, quase me quebrou. É o tipo mais triste de confusão ouvir dizer que fui atacada e quase estuprada abertamente na rua, mas não sabemos ainda se conta como um ataque. Tive que lutar por um ano inteiro para provar que havia algo errado nessa situação.
Quando me disseram que eu deveria estar preparada para o caso de perdermos, eu disse que não tinha como me preparar para isso. Ele era culpado desde o momento em que eu acordei. Ninguém pode me convencer a deixar para trás a dor que ele me causou. Pior de tudo, me avisaram que, agora que ele sabe que você não se lembra, ele vai poder escrever a história. Ele pode dizer o que quiser e ninguém pode contestar. Eu não tinha poder, não tinha voz, estava indefesa. Minha perda de memória seria usada contra mim. Meu testemunho era fraco, incompleto, e me fizeram acreditar que talvez eu não fosse o bastante para ganhar. O advogado dele constantemente lembrou ao júri que só podiam confiar em Brock, porque ela não se lembra. Essa incapacidade foi traumatizante.
Em vez de usar o tempo para me curar, eu tinha que gastar meu tempo tentando me lembrar de todos os mínimos detalhes daquela noite para me preparar para as perguntas do advogado, que seriam invasivas, agressivas e preparadas para me desequilibrar, me fazer entrar em contradição, contra a minha irmã, fraseadas de um jeito que as minhas respostas já saíssem manipuladas. Ao invés de dizer "Você notou alguma marca?", ele disse "Você não notou marcas, certo?". Era um jogo de estratégia, como se eu pudesse ser trapaceada e levassem o valor das minhas palavras; O ataque sexual tinha sido claro, mas aqui eu estava no tribunal, respondendo a perguntas como:
Qual é a sua idade? Quanto pesa? Você comeu naquele dia? Bem, o que você teve para o jantar? Quem fez o jantar? Você bebeu no jantar? Não, nem água? Quando você bebeu? Quanto você bebeu? Em que copo? Quem te deu a bebida? Quanto você costuma beber? Quem te deixou na festa? Que horas? Mas onde exatamente? O que você estava vestindo? Por que você foi à festa? Que horas? O que você fez quando chegou lá? Você tem certeza que fez isso? Mas que horas você fez isso? O que essa mensagem significa? Para quem você estava mandando mensagens? Quando você urinou? Onde você urinou? Com quem você urinou do lado de fora? O seu celular estava no silencioso quando a sua irmã ligou? Você se lembra de coloca-lo no silencioso? Sério, porque na página 53, eu gostaria de apontar que você disse que ele estava programado para tocar. Você bebia na faculdade? Você disse que era festeira? Quantas vezes você bebeu até cair? Você ia em festas em fraternidades? Você está namorando seriamente? Você é sexualmente ativa com ele? Quando vocês começaram a sair? Você trairia? Você tem um histórico de traição? O que você queria dizer quando disse que gostaria de recompensá-lo? Você se lembra que horas acordou? Você estava usando seu cardigã? De que cor era o seu cardigã? Você se lembra de mais alguma coisa daquela noite? Não? Ok, bem, então vamos deixar o Brock preencher os buracos.
‘Eu fui esmagada por perguntas estreitas e afiadas que dissecaram minha vida pessoal, minha vida amorosa, minha vida passada, minha vida pessoal, questões irrelevantes’
- VÍTIMAEstupro em Stanford
Eu fui esmagada por perguntas estreitas e afiadas que dissecaram minha vida pessoal, minha vida amorosa, minha vida passada, minha vida pessoal, questões irrelevantes que iam acumulando detalhes triviais para tentar achar uma desculpa para esse cara que tinha me deixado seminua antes mesmo de se incomodar e perguntar meu nome. Depois de um ataque físico, fui agredida com perguntas criadas para me atacar, para dizer "Vejam, os fatos dela não se encaixam, ela está fora de si, ela é praticamente uma alcoólatra, ela provavelmente queria ficar com alguém, ele é quase um atleta, certo, eles estavam os dois bêbados, que seja, as coisas no hospital que ela lembra são depois do fato, por que considerar isso, Brock tem muita coisa em jogo, ele está passando por um período muito difícil.
E então chegou a hora dele testemunhar, e eu entendi o que significa ser revitimizada. Eu quero lembrar a vocês, na noite seguinte após o que aconteceu ele disse que nunca tinha planejado me levar para o seu dormitório. Ele disse que não sabia porque estávamos atrás de uma lixeira. Ele se levantou para ir embora porque não estava se sentindo bem, quando então foi subitamente perseguido e atacado. Então ele descobriu que eu não me lembrava de nada.
Então um ano depois, como previsto, um novo diálogo surgiu. Brock tinha uma nova e estranha história, que quase soava como um romance infanto-juvenil mal escrito, com beijos e dança e mãos dadas e os dois caindo gentilmente no chão, e, o mais importante nessa nova história, subitamente havia consentimento. Um ano depois do incidente, ele se lembrou, ah, sim, falando nisso, ela na verdade disse sim, para tudo, então".
Ele disse que tinha perguntado se eu queria dançar. Aparentemente eu disse sim. Ele tinha perguntado se eu queria ir para seu dormitório, eu disse sim. Então ele perguntou se podia me dedar e eu disse que sim. A maioria dos caras não pergunta "Posso te dedar?". Geralmente há uma progressão natural das coisas, que vão se desenvolvendo consensualmente, não perguntas e respostas. Mas aparentemente eu deixei ele fazer tudo. Ele falou abertamente. Mesmo na história, eu só falo um total de três palavas, sim sim sim, antes de estar com ele seminua no chão. Para referência futura, se você está confuso sobre se uma garota pode consentir, veja se ela consegue falar uma frase inteira. Você não pôde nem fazer isso. Só uma sequência coerente de palavras. Onde estava a confusão? Isso é senso comum, decência humana.
Segundo ele, a única razão de estarmos no chão é porque eu caía. Nota: se uma garota cai, ajude-a a se levantar. Se ela está bêbada demais para andar e cai, não monte nela, se esfregue, tire a calcinha dela e enfie sua mão na vagina dela. Se uma garota cai, a ajude a levantar. Se ela está usando um cardigã sobre o vestido não o tire para tocar nos seios dela. Talvez ela esteja com frio, talvez seja por isso que ela está com o cardigã.
Em seguida na sua história, dois suecos de bicicleta se aproximam de você e você corre. Quando eles te agarraram, por que você não disse: "Parem! Está tudo bem, falem com ela, ela está logo ali, ela vai falar pra vocês". Digo, você já tinha pedido o meu consentimento, certo? Eu estava consciente, certo? Quando o policial chegou e entrevistou o malvado sueco que te pegou, ele estava chorando tanto que não conseguia falar do que tinha visto.
O seu advogado repetidamente apontou "Bem, nós não sabemos exatamente quando ela perdeu a consciência". E você tem razão, talvez eu ainda estivesse fechando os olhos e não estivesse completamente desmaiada ainda. Esse nunca foi o ponto. Eu estava bêbada demais para falar inglês, bêbada demais para consentir muito antes de estar no chão. Eu nunca deveria ter sido tocada, antes de qualquer coisa. Brock disse: "Em momento algum eu vi que ela não estava respondendo. Se em algum momento eu tivesse achado que ela não estava respondendo, eu teria parado imediatamente". Aqui é que está o ponto: se o seu plano era parar apenas quando eu ficasse inconsciente, então você ainda não entende. Você não parou quando eu estava inconsciente! Alguém te parou. Dois caras em bicicletas notaram no escuro que eu não me mexia e tiveram que te derrubar. Como você não notou enquanto estava em cima de mim?
Você disse que você teria parado e pedido ajuda. Você diz isso, mas eu quero que você explique como teria me ajudado, passo por passo, me explique. Eu quero saber, se aqueles suecos malvados não tivessem me achado, como a noite teria sido. Eu estou te perguntando; você teria colocado a minha calcinha em mim? Desenrolado o cordão amarrado no meu pescoço? Fechado as minhas pernas, me coberto? Tirado as agulhas de pinheiro do meu cabelo? Perguntado se os machucados na minha bunda e no meu pescoço estavam doendo? Você teria então procurado um amigo e dito "Me ajuda a levá-la para algum lugar quente e macio?" Eu não consigo dormir quando penso no que teria acontecido se aqueles dois caras não tivessem vindo. O que teria acontecido comigo? Isso é algo para o que você nunca terá uma boa resposta, é isso que você não consegue explicar nem um um ano depois.
‘Além disso tudo, ele disse que eu tive um orgasmo depois de um minuto de penetração manual. A enfermeira disse que havia escoriações, lesões e sujeira na minha genitália. Isso foi antes ou depois de eu gozar?’
- VÍTIMAEstupro em Stanford
Além disso tudo, ele disse que eu tive um orgasmo depois de um minuto de penetração manual. A enfermeira disse que havia escoriações, lesões e sujeira na minha genitália. Isso foi antes ou depois de eu gozar?
Jurar dizer a verdade e informar todos nós que sim, eu quis, sim, eu permiti, e que você é a verdadeira vítima atacada por suecos por razões desconhecidas para você é apavorante, é demente, é egoísta, é danoso. Já basta sofrer. É outra coisa ter alguém impiedosamente trabalhando para diminuir a validade do seu sofrimento.
Minha família teve que ver fotos da minha cabeça presa numa maca cheia de agulhas de pinheiros, do meu corpo na sujeira de olhos fechados, membros dobrados e vestido levantado. E até depois disso, minha família teve que ouvir seu advogado dizer que as fotos eram de depois do ataque, podemos ignorá-las. Dizer, "sim, a enfermeira dela confirmou que havia vermelhidão e lesões dentro dela, trauma significativo na genitália dela, mas é isso que acontece quando você deda alguém, e ele já admitiu isso. Ouvir seu advogado tentar pintar uma figura de mim, o rosto das garotas descontroladas, como se de algum jeito isso fizesse com que eu merecesse o que aconteceu. Ouvi-lo dizer que eu soava bêbada no telefone porque sou boba e esse é meu jeito bobo de falar. Apontar que na caixa postal, eu disse que ia recompensar meu namorado e que todos sabemos no que eu estava pensando. Eu te asseguro que meu programa de recompensas é não-transferível, especialmente para um homem qualquer sem nome que se aproximar de mim.
Ele causou danos irreversíveis a mim e minha família durante o julgamento e nós ficamos quietos, sentados, ouvindo-o dar forma àquela noite. Mas, no fim, suas declarações sem sustentação e a lógica distorcida do seu advogado não enganaram ninguém. A verdade venceu, a verdade falou por si mesma.
Você é culpado. Doze jurados te condenaram como culpado de três acusações criminais além da dúvida razoável, isso são doze votos por cada acusação, trinta e seis vezes "sim" confirmando a sua culpa, é cem porcento, culpa unânime. E eu achei que finalmente tinha acabado, finalmente ele vai reconhecer o que fez, se desculpar de verdade, nós iremos em frente e vamos melhorar. Aí eu li a sua declaração.
Se você está esperando que um dos meus órgãos imploda de raiva e que eu morra, você está quase lá. Você está muito perto disso. Essa não é uma história qualquer de uma ficada bêbada na faculdade, causada por uma tomada de decisões ruins. Agressão não é um acidente. De algum jeito, você ainda não entende isso. De algum jeito, você ainda está confuso. Eu agora vou ler partes da declaração do acusado e respondê-las.
Você disse "Estando bêbado, eu não simplesmente não podia tomar as melhores decisões e ela também não".
Álcool não é uma desculpa. É um fator? Sim. Mas não foi o álcool que tirou as minhas roupas, me dedou, arrastou minha cabeça no chão, estando eu quase completamente nua. Beber demais foi um erro de amadora que eu admito, mas não é um crime. Todos nesta sala já tiveram uma noite em que se arrependeram de beber demais, ou conhece alguém próximo que teve uma noite em que se arrependeu de beber demais. Se arrepender de beber não é a mesma coisa que se arrepender de um ataque sexual. Nós dois estávamos bêbados, a diferença é que eu não tirei suas calças e roupa de baixo, te toquei de forma inapropriada e fugi. Esta é a diferença.
Você disse "Se eu queria conhecê-la, deveria ter pedido o número dela, não perguntado se ela queria ir para o meu dormitório".
Eu não estou com raiva porque você não pediu meu número. Mesmo se você me conhecesse, eu não iria querer estar nesta situação. Meu namorado me conhece, mas se ele perguntasse se pode me dedar atrás de uma lixeira, eu daria um tapa nele. Nenhuma garota gostaria de estar nesta situação. Nenhuma. Eu não me importo se você sabe o meu telefone ou não.
Você disse "Eu estupidamente pensei que era ok fazer o que todos a minha volta estavam fazendo, que era beber. Eu estava errado".
Novamente, você não estava errado por beber. Todos a sua volta não estavam me atacando. Você estava errado por fazer o que ninguém a sua volta estava fazendo, que é esfregando o seu pau ereto dentro das suas calças contra o meu corpo nu e indefeso, escondido em uma área escura, onde quem estava na festa não podia mais me ver ou me proteger, e onde minha própria irmã não conseguia mais me achar. Beber uísque não é seu crime. Tirar a minha calcinha e jogá-la fora como uma embalagem de doce para enfiar o seu dedo no meu corpo é onde você errou. Por que ainda estou explicando isso?
Você disse, "Durante o julgamento eu não queria vitimizá-la de jeito algum. Aquilo foi apenas meu advogado e o jeito de ele lidar com o caso".
O seu advogado não é seu bode expiatório, ele te representa. O seu advogado disse algumas coisas incrivelmente enfurecedoras e degradantes? Claro. Ele disse que você tinha uma ereção porque estava frio.
Você disse que está no processo de criar um programa para alunos de universidade e ensino médio onde falará sobre a sua experiência para "falar contra a cultura de bebedeira no campus e a promiscuidade sexual que acompanha isso".
Cultura da bebedeira no campus. É contra isso que estamos protestando? Você acha que é contra isso que passei o último ano lutando? Não contra ataques sexuais nas universidades, ou estupro ou aprender a reconhecer consentimento, mas contra a cultura da bebedeira no campus. Chega de Jack Daniels, abaixo a vodca. Se você quer falar com as pessoas sobre beber, vá para os Alcoólicos Anônimos. Você entende que ter um problema com bebida é diferente de tentar ter sexo com alguém contra sua vontade? Ensine aos homens a respeitarem as mulheres, não a beber menos".
Cultura de bebedeira e a promiscuidade sexual que a acompanha. Acompanha, como um efeito colateral, como fritas acompanhando o filé. Onde entra a promiscuidade nisso? Eu não vi manchetes escrito "Brock Turner, culpado de beber demais e a promiscuidade sexual que acompanha isso". Violência sexual no campus. Este é o primeiro slide na sua apresentação de PowerPoint. Não se preocupe, se você falhar em consertar o assunto das suas conversas, eu vou te seguir em cada escola aonde você for e fazer outra apresentação.
Por último, você disse "Quero mostrar às pessoas que uma noite de bebedeira pode arruinar a sua vida".
A vida, uma vida, a sua, você esqueceu da minha. Deixa eu refrasear isso para você, Quero mostrar que uma noite de bebedeira pode arruinar duas vidas. A sua e a minha. Você é a causa, eu sou o efeito. Você me arrastou para este inferno com você, me fez passar por aquela noite de novo e de novo. Você derrubou as duas torres, e eu caí ao mesmo tempo que você. Se você pensa que eu fui poupada, que escapei ilesa, que hoje eu vou caminhar para o pôr-do-Sol, enquanto você sofre mais, está errado. Ninguém vence. Todos nós fomos devastados, nós todos que tentamos encontrar um significado nesse sofrimento todo. O seu dano foi concreto: tiraram seus títulos, diplomas, matrícula. Meu dano foi interno, invisível, eu carrego comigo. Você levou meu valor, minha privacidade, minha energia, meu tempo, minha segurança, minha intimidade, minha confiança, minha própria voz, até hoje.
‘Você entende que ter um problema com bebida é diferente de tentar ter sexo com alguém contra sua vontade?’
- VÍTIMAde estupro em Stanford
Veja, uma coisa que temos em comum é que nós dois não pudemos nos levantar naquela manhã. O sofrimento não é um estranho para mim, eu o conheço bem. Você me tornou uma vítima. Nos jornais, meu nome era "mulher bêbada inconsciente", nove sílabas e nada mais que isso. Por um tempo eu acreditei que isso era tudo que eu era. Tive que me forçar a reaprender meu nome real, minha identidade. Reaprender que aquilo não era tudo que eu era. Que não sou apenas uma vítima bêbada em uma festa de fraternidade encontrada atrás de uma lixeira, enquanto você era o atleta de ponta, nadador numa universidade prestigiada, inocente até prova em contrário, com tanta coisa em jogo. Eu sou um ser humano que foi irreversivelmente machucado, minha vida ficou parada por mais de um ano, esperando para decidir se eu valia alguma coisa.
Minha independência, alegria natural, gentileza e o estilo de vida estável que eu tinha foram distorcidos além do reconhecimento. Eu me tornei fechada, raivosa, autodepreciativa, cansada, irritável, vazia. O isolamento em alguns momentos é insuportável. Você também não pode me dar de volta a vida que eu tinha antes daquela noite. Enquanto você se preocupa com sua reputação destruída, eu coloquei colheres na geladeira todo dia para que quando eu acordasse, com os olhos inchados de tanto chorar, pudesse segurar as colheres nos olhos para diminuir o inchaço para que eu pudesse enxergar. Eu me atrasava para o trabalho toda manhã, pedi licença para chorar na escada de emergência, posso te contar os melhores lugares para chorar naquele prédio sem ninguém te ouvir. A dor se tornou tão forte que eu tive que contar os detalhes para a minha chefe, para ela saber porque eu estava saindo. Precisei de tempo, porque continuar no dia a dia não era mais possível. Usei minha poupança para ir o mais longe que conseguisse. Não voltei ao trabalho em tempo integral porque sabia que teria que tirar semanas de folga no futuro para a audiência e o julgamento, que eram constantemente remarcados. Minha vida ficou paralisada por mais de um ano, minha estrutura foi destruída.
Eu não consigo dormir sozinha de noite sem uma luz acessa, como se fosse uma criança de 5 anos, porque tenho pesadelos onde sou tocada sem conseguir acordar. Passei a esperar o Sol nascer para me sentir segura o bastante para dormir. Durante 3 meses, eu só ia para a cama às seis da manhã.
Eu costumava ter orgulho da minha independência, agora tenho medo de andar na calçada de manhã, de ir a eventos sociais onde beberia com amigos, onde eu deveria me sentir confortável. Eu me tornei craca de navio, sempre precisando de alguém do meu lado, ter meu namorado ao meu lado, dormindo comigo, me protegendo. É embaraçoso quão débil eu me sinto, como me movo timidamente pela vida, sempre guardada, pronta para me defender, pronta para ter raiva.
Você não tem ideia de quão duro eu trabalhei para reconstruir as partes de mim que ainda são fracas. Foram 8 meses para eu conseguir falar sobre o que aconteceu. Eu não conseguia mais me conectar com amigos, com todos à minha volta. Eu gritava com o meu namorado, com a minha própria família, sempre que falavam sobre isso. Você nunca deixa eu esquecer do que aconteceu comigo. No fim dos dias da audiência, no julgamento, eu estava cansada demais para falar. Eu saía sugada, silenciosa. Você me comprou uma viagem para um planeta onde eu vivia apenas comigo mesma. Toda vez que uma matéria nova era publicada, eu vivia com a paranoia que minha cidade natal inteira iria descobrir e me conhecer como a garota que foi atacada. Não queria a piedade de ninguém e ainda estou aprendendo a aceitar "vítima" como parte da minha identidade. Você tornou a minha cidade natal um lugar desconfortável para mim.
Você não pode me dar de volta as minhas noites sem dormir. A maneira como eu me desfiz soluçando incontrolavelmente se estou assistindo a um filme e uma mulher é machucada, para falar de forma leve, essa experiência expandiu minha empatia por outras vítimas. Eu perdi peso com o estresse, e quandp as pessoas comentavam eu dizia que estava fazendo muito exercício. Há momentos em que não queria ser tocada. Tenho que reaprender que não sou frágil, que sou capaz, que sou inteira, não doente e fraca.....
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