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segunda-feira, 20 de junho de 2016

"Nós que amávamos o golpe" / Guilherme Fiuza

Nós que amávamos o golpe - 

GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA


DAQUI A 50 ANOS, ESTUDARÃO COMO UM BANDO USOU BANDEIRAS SOCIAIS PARA ROUBAR SEM PERDER A TERNURA

O álbum de figurinhas com os personagens que ficarão na história por defender Dilma Rousseff e seu mandato delinqüente está crescendo. Fora as consciências que agem como pessoa jurídica - com ou sem recibo há o exército de mandrakes da bondade. São figuras tristes que penduraram sua reputação em meia dúzia de clichês ideológicos e vivem esta trágica missão: adaptar seu caráter a um slogan. Não pensem que é fácil.

Daqui a 50 anos, o Brasil de 2016 será estudado desta forma: uma avassaladora operação policial e judicial desmascarou um bando que estava usando as bandeiras sociais e humanitárias para roubar o país sem perder a ternura. O estudante de 2066 custará a crer que, depois de flagrada a quadrilha, os mandrakes da bondade continuaram a defendê-la bravamente - num esforço épico para salvar seus slogans. Tudo, menos rasgar a fantasia.

Esta coluna criticou, em sua edição passada, a postura de parte da imprensa internacional na cobertura do impeachment de Dilma Rousseff. E citou o jornal americano The New York Times como um dos veículos que vêm adotando a tese de que há um golpe de Estado no Brasil. Afirmar que a democracia brasileira está em risco por conta de uma manobra política ilegítima é muito grave. É o tipo da afirmação que requer demonstração cabal - se o autor pretende ser levado a sério.

Não há demonstração cabal - nem pálida - sustentando essa tese gravíssima. Vá ao Google, caro leitor, e tente encontrar qualquer matéria publicada na imprensa internacional que explique por que a ordem institucional no Brasil estaria sendo violentada. Você não encontrará. A base científica é sempre a mesma: o choro dos que não querem largar o osso. Eles dizem que o crime fiscal de Dilma Rousseff não foi nada de mais.

A alguns milhares de quilômetros de distância - em Nova York, por exemplo - o desfalque de Dilma não deve doer nada mesmo. A não ser nos americanos lesados pelas negociatas na Petrobras. Mas esses não escrevem editoriais.

Discutir como os crimes de responsabilidade estão demonstrados no pedido de impeachment, e até apresentar as lamúrias petistas sobre supostas falhas jurídicas no processo, estaria dentro do exercício jornalístico. Mas bancar a tese do golpe num processo conduzido absolutamente dentro das regras, com todos os ritos cumpridos e avalizados pelo Supremo Tribunal Federal (de maioria petista), é uma leviandade.
Esta coluna fez então uma ironia - referindo-se à famigerada imprensa de aluguel bancada pelo governo Dilma - perguntando se o NYT, por seu posicionamento espantoso, também estaria no bolso do PT. É sabido que os mandrakes da bondade detestam a liberdade e sonham com um mundo que caiba em suas cartilhas. São os talebans envergonhados. Mas, até onde se saiba, a ironia ainda não foi revogada. E qualquer leitor semialfabetizado saberá que um dos maiores jornais do mundo não cabe no bolso de um partido de picaretas tropicais.

Mas eis que o correspondente do New York Times no Brasil, Simon Romero, decide enviar a referida coluna a sua rede de contatos, acusando este signatário de sugerir que o NYT foi subornado pelo PT. Claro que Romero entendeu a ironia - qualquer estagiário entenderia-, mas preferiu oferecê-la a sua claque como uma acusação séria (e, portanto, bizarra). Não deixa de ser coerente com a postura do jornal que representa.

Perseguir a covardia é perda de tempo. Ela já é, em si, a punição ao covarde. O sujeito que opera com meias verdades e corteja mal-entendidos para parecer virtuoso já tem um problemão para resolver. E isso demora.

A coluna fazia também um convite aos irresponsáveis que dizem ao mundo ser Dilma Rousseff a resistência democrática (morra de rir, estudante de 2066): que se mandassem para a bucólica Venezuela, para narrar a resistência democrática do sanguinário Nicolás Maduro. Adivinhe, caro leitor, o que a claque do companheiro Romero gritou para este colunista? Acertou: xenófobo!
Sem querer estragar a brincadeira progressista da criançada, segue novo adendo ao dicionário taleban: quem quiser fazer proselitismo de político canastrão, vá à luta do seu chavista de estimação - e ceda gentilmente o lugar a quem queira fazer jornalismo. Ainda há muitos desses pelo mundo afora.

domingo, 19 de junho de 2016

"O Brasil está em guerra civil ?

domingo, junho 19, 2016


O BRASIL ESTÁ EM GUERRA CIVIL?

Allan dos Santos e Ítalo Lorenzon, do grupo Terça Livre, mostram, analisam e comentam neste vídeo um episódio que ocorreu na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero que, constitui uma conurbação com a cidade brasileira de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. O Exército Brasileiro entrou em ação e teve que usar armamento pesado para detonar o veículo blindado do traficante Jorge Rafaat, que foi abatido na ação. Até tanque de guerra foi utilizado na operação a mostrar que, de fato, o Brasil já vive um estado de 'guerra civil', dado ao volume anual de mortes decorrente de assassinatos, luta entre quadrilhas de traficantes, assaltos e roubos. Só em 2014 morreram mais de 59 mil pessoas o que constitui um recorde histórico.

Recomendo que vejam o vídeo e prestem a atenção no quadro abaixo que foi publicado pelo site da revista época e que resume o estado de calamidade total no Brasil em termos de segurança pública.

E notem no vídeo o nível de organização e poder de fogo dos bandidos. Os traficantes viajam em veículos importados de alto desempenho e com blindagem que obriga, como neste caso, à intervenção do Exército com tanque de guerra e armamento ultra-pesado.

Quem tem razoável memória lembre-se de como era o Brasil em termos de segurança antes do PT chegar ao poder. É imperioso por fim a esse descalabro, a essa terrível ameaça que paira sobre o Brasil inteiro.

É hora de aplicar a 'tolerância zero'. Direitos humanos para os humanos que trabalham, que estudam, que pagam impostos escorchantes e que têm o sagrado direito à segurança.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

"Em vez ditaduras, temos democracia imperfeitas" / Mario Vargas Llosa

“Em vez de ditaduras, temos democracias imperfeitas”


O romancista Mario Vargas Llosa, criador de obras-­primas como “Conversa na catedral”, “A guerra do fim do mundo” e “Tia Júlia e o escrevinhador”, é um dos maiores escritores da atualidade. Pela excelência de sua literatura, ganhou o Prêmio Nobel. Em suas palestras, no entanto – como as que deu no Brasil na semana passada, no ciclo “Fronteiras do Pensamento” e num evento do Instituto Palavra Aberta –, o autor fala pouco de seus romances. Llosa se tornou um intelectual engajado. Suas causas são a liberdade e a democracia. O bom combate leva o autor peruano, que mora em Londres, a viajar pelo mundo. No giro mais recente, antes de vir ao Brasil, Llosa esteve na Argentina e no Chile. Ele está otimista com a América Latina, incluindo o Brasil. Llosa acha que nossa democracia sairá fortalecida, e não enfraquecida, do segundo processo de impeachment em menos de 30 anos. “O movimento popular que surgiu no Brasil é de melhoramento das instituições”, afirma.
Época – O impeachment da presidente Dilma Rousseff representa uma ameaça à democracia, como diz o governo brasileiro?
Mario Vargas Llosa – Não creio que a democracia brasileira esteja ameaçada. Ao contrário. O que está ocorrendo pode representar um fortalecimento da democracia no Brasil.
Época – Por quê?
Llosa – O movimento popular que surgiu no Brasil é um movimento anticorrupção, de purificação da democracia, de melhoramento das instituições. E, sobretudo, de repúdio à ideia de que chegar ao poder seja um pretexto para enriquecer usando meios ilegais. Esse movimento mostra que havia mais corrupção do que parecia no Brasil, e rechaça a prática. A corrupção, em toda a América Latina, é uma gangrena contra as instituições democráticas.
Época – O senhor vive em Londres. Como os europeus veem a situação atual do Brasil?
Llosa – A ideia de que há um golpe em curso no Brasil é o argumento principal da presidente Dilma Rousseff. Mas não acho que seja possível levar essa ideia a sério. Minha impressão é que estão sendo cumpridos todos os passos estabelecidos pela legalidade brasileira. Se houver impeachment, como parece que haverá, ele se dará estritamente dentro da moldura legal, que assim sai fortalecida. Creio que, se há uma ameaça à legalidade brasileira, essa ameaça está na corrupção, que cria um desencanto muito grande com as instituições democráticas.
Época – Outro assunto muito discutido no país, além da corrupção, é a derrocada econômica, que está na raiz do processo de impeachment.
Llosa – Espero que o impeachment, se ocorrer, sirva como um aviso para evitar a desonestidade nos cargos públicos, mas não apenas isso. É preciso evitar também as políticas fiscalmente irresponsáveis. Creio que a irresponsabilidade, que é o populismo, está muito ligada à corrupção.
Época – Qual a relação entre corrupção e irresponsabilidade fiscal?
Llosa – O populismo serve para ocultar, para disfarçar as transgressões da lei. Eu acredito que as duas coisas, populismo e corrupção, andam sempre juntas.
Época  Como avalia a derrota da presidente Cristina Kirchner na Argentina?
Llosa – Também vejo o caso argentino com muito otimismo. A Argentina estava indo em direção ao abismo. Seus governantes haviam comprado, pelo menos retoricamente, o “socialismo do século XXI” da Venezuela. Cristina foi uma entusiasta de Hugo Chávez e do chavismo. Sabemos aonde conduz o “socialismo do século XXI”. A Venezuela está à beira do abismo, o país está literalmente se desfazendo. Lá existe fome, faltam todos os artigos de primeira necessidade, remédios, alimentos, há uma inflação que é a mais alta do mundo, há uma escalada vertiginosa da violência. A Argentina estava nesse caminho. Tudo o que havia fracassado no resto do mundo estava sendo aplicado na Argentina pelo casal Kirchner. Por sorte, houve uma rea­ção contra o populismo na Argentina, civilizada e eleitoral. Macri está indo bem num primeiro momento. Está pegando o touro pelos chifres, como se diz na Espanha, fazendo as reformas necessárias.
Época – Essas reformas não são dolorosas demais para a população?
Llosa – Claro que o populismo sempre tem um custo, um custo alto, e quem paga é sempre o povo. Mas a culpa pelas reformas que Macri tem de fazer é do próprio populismo, que manejou o dinheiro público de maneira completamente irresponsável, demagógica, aumentando o gasto fiscal de maneira vertiginosa. Apesar do custo, essa mudança é bastante positiva e há indícios de que vá trazer muitos benefícios ao país. A Argentina é um país com recursos enormes. Se os investimentos vierem, como espera o governo, creio que a inflação será controlada e se poderá gerar emprego.
Época – Há dois tipos de governos de esquerda na América Latina. No Peru e no Chile, há responsabilidade fiscal e respeito às regras democráticas. Já no Equador, na Venezuela e na Bolívia – e na Argentina até recentemente –, o modelo é diferente. Por que isso acontece?
Llosa – Isso ocorre porque países como Equador, Venezuela e Bolívia são governados por mandatários que têm uma inclinação muito forte ao populismo. Mas minha impressão é que há uma reação na América Latina contra o populismo. Formou-se uma consciência de que o populismo significa sacrificar o futuro em troca de um presente que é muito efêmero. E o custo é sempre muito alto, principalmente para os mais pobres, que não têm como se defender de uma inflação alta, por exemplo. Minha visão da América Latina não é 100% otimista, porque na América Latina sempre podem ocorrer catástrofes. Mas tenho a impressão de que se compararmos a América Latina atual com a de 30 anos atrás há um progresso considerável. No passado tínhamos ditaduras militares e revoluções armadas. Agora temos democracias imperfeitas, mas que podem ser corrigidas.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

A melhor comédia em Cannes ficou fora da tela... e nela, só artistas brasileiros 'pagando mico'...

Melhor comédia em Cannes

Temos um Barcelona na economia. Mas há quem ache Messi, Suárez e Neymar muito antipáticos e neoliberais
Messi, Suárez e Neymar (Foto: Divulgação)Messi, Suárez e Neymar (Foto: Divulgação)
Guilherme Fiuza, ÉPOCA
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Atores brasileiros denunciaram no Festival de Cannes o golpe de Estado no Brasil. Isso aconteceu pouco depois de o novo ministro da Fazenda declarar que sua primeira missão será descobrir e divulgar a verdade sobre as contas públicas no país. Ou seja: o governo derrubado pelos golpistas mantinha as finanças nacionais na clandestinidade – para poder cometer à vontade os crimes fiscais em que foi flagrado. Faltou traduzir para o francês: sujeitar a malandragem petista à lei é golpe.
Sonia Braga tem todo o direito de querer trocar Gabriela Cravo e Canela por Dilma Cravo e Ferradura – cada um busca a felicidade onde bem entender. O que já passou da hora é a responsabilização criminal da presidente afastada por suas insinuações de golpe de Estado. Aí já não é cinema – é Código Penal.
O governo Michel Temer começou da seguinte forma: Henrique Meirelles na Fazenda, Ilan Goldfajn no Banco Central, Mansueto Almeida no Tesouro, Maria Silvia Bastos Marques no BNDES, Pedro Parente na Petrobras. Vamos explicar de forma alegórica, para a criançada de Cannes entender: sai o time da penitenciária, entra o Barcelona.

"A cada 11 minutos uma mulher é violentada no Brasil" / Ruth de Aquino


POLÍTICA

Um soco no útero

No Brasil, a cada 11 minutos uma mulher sofre abusos. Pode um ator fazer piada com estupro na TV?
Violência contra a mulher (Foto: Arquivo Google)
Ruth de Aquino, ÉPOCA
O estupro coletivo da jovem de 16 anos, “uma mina amassada” por mais de 30 homens, numa favela do Rio de Janeiro, me deixou com as mãos trêmulas, um misto de raiva e impotência. A garota se queixa de fortes dores internas, “como se fosse no útero”. Não vi o vídeo de 40 segundos que exibiu a moça inconsciente, com sua nudez violada e ensanguentada. Foi por seu corpo – o mesmo corpo que deu à luz um filho quando ela só tinha 13 anos – que “o trem-bala passou”.
“É nós, trem-bala Marreta”, gabou-se um dos estupradores no vídeo. Referia-se ao grupo de traficantes do Comando Vermelho chefiado por Luiz Cláudio Machado, o Marreta, preso em 2014 no Paraguai. Os homens estavam armados de fuzis e pistolas. A jovem tinha ido encontrar um rapaz de 19 anos, o “Petão”, em sua casa, na Zona Oeste do Rio. Saía com ele havia uns anos após se conhecerem no colégio. Disse que acordou no dia seguinte, observada pelos homens armados.
Não é o primeiro nem será o último estupro coletivo – ou gang rape, como se diz lá fora. Neste momento, o Piauí investiga uma denúncia de estupro coletivo de uma jovem de 17 anos. A cada 11 minutos, uma mulher é violentada no Brasil. No Rio de Janeiro, 12 são estupradas por dia. Os casos mais chocantes envolvem o próprio pai, parentes, namorados, vizinhos, ou gangues.
saiba mais

quinta-feira, 28 de abril de 2016

"A Câmara dá nojinho, mas representa o Brasil” ! Luiz Felipe Pondé



IDEIAS

"A Câmara dá nojinho, mas representa o Brasil”, diz o filósofo Luiz Felipe Pondé

No Debates e Provocações Época/FAAP, Pondé e o cientista político Marco Aurélio Nogueira pensaram em formas de elevar a discussão no país

BEATRIZ MORRONE (TEXTO) E MARCELO MOURA (EDIÇÃO)
28/04/2016 - 11h47 - Atualizado 28/04/2016 12h14
O diretor de redação de ÉPOCA, João Gabriel de Lima, o cientista social Marco Aurélio Nogueira e o filósofo Luis Felipe Pondé participam do Debates e Provocações ÉPOCA/FAAP (Foto: Reprodução)
"O meu primeiro ato pós-votação na Câmara é a proposta de um pacto, de uma nova repactuação sem vencidos nem vencedores”, afirmou Dilma Rousseff, quatro dias antes de deputados votarem seu afastamento. A fala da presidente reflete a necessidade de reconciliar o Brasil, hoje dividido em um Fla-Flu partidário que pouco ou nada ajuda a enfrentar a grave crise econômica. “Precisamos ordenar e qualificar o conflito”, afirma o cientista político Marco Aurélio Nogueira. “A atitude mais otimista agora é procurar informações mais qualificadas. Não ficar só nas redes sociais e conseguir escutar o que o outro diz no almoço de domingo”, diz o filósofo Luiz Felipe Pondé. Os dois expuseram suas opiniões sobre a polarização política no Debates e Provocações – ÉPOCA/FAAP, evento transmitido pela internet e com entrada gratuita, promovido na terça-feira (26), com mediação de João Gabriel de Lima, diretor de redação de ÉPOCA. Eis abaixo as principais questões do debate:
O acirramento político se deve a intolerância dos debatedores ou a falta de lógica dos argumentos?
“Não sei se há muita intolerância ou se há muita ignorância em relação aos argumentos que precisam ser mobilizados para se instituir um espaço público democrático e inteligente”, diz Nogueira. Ele afirma que o país progrediu politicamente, desde a Constituição de 1988, mas carece de renovação. “Parece que o estoque de ideias que temos para desenhar o futuro do país está se desfazendo”.  
Para Pondé, a carência de ideias está ligada, também, à crise do Partido dos Trabalhadores (PT): “A inteligência que discute o Brasil que deveria existir, com melhores condições econômicas e menos sofrimento social, esteve gravitando ao redor do projeto do PT e guardava expectativas associadas a ele. No momento que o partido entra em crise e agonia, a produção de ideias é afetada.”
Vai ter golpe?
Nogueira afirma que chamar o impeachment de "golpe" é uma forma de distorcer o debate, pela carga passional que o termo carrega e por estar associado, no Brasil, a ditaduras. “Criou-se a figura do golpe para enfraquecer a figura do impeachment. Uma parte grande da opinião pública brasileira acha que o país está enveredando por uma linha que, no limite, vai levar à ditadura. A discussão vai para um caminho de cegueira, não de clarividência.”
Ambos concordam que o impedimento é um processo intrinsecamente político, mais do que jurídico. “Está dentro das regras do jogo constitucional”, diz Pondé. “Os governos, se não conseguem dar conta de suas obrigações, acabam. Podem acabar por morte morrida ou por morta matada. Impeachment é uma morte matada”, afirma Nogueira.
O Congresso representa o país?
Na votação do impeachment de Dilma pela Câmara dos deputados, no dia 17 de março, faltaram justificativas em torno do mérito da denúncia - crime de responsabilidade - e sobraram discursos em exaltação a parentes, a Deus e à paz em Jerusalém, em meio a chuvas de confete. Folclórica e incapaz de debater com seriedade o afastamento da presidente, a Câmara representa o país? “Sou daqueles que acha que a Câmara representa o país e isso dá certo nojinho na gente”, diz Pondé. “O brasileiro não é um pouco aquilo, escrachado e debochado?”, afirma Nogueira.  "A postura dos deputados em relação ao impeachment da presidente Dilma é proporcional à postura da população brasileira. Pelas pesquisas, entre 70 e 75% dos brasileiros são a favor do impeachment e 70% dos deputados defenderam essa posição”, diz João Gabriel.
Se a Câmara representa o país e é imatura, de onde vem a imaturidade? Nogueira atribui a falta de engajamento político a falhas de instituições responsáveis por estimular o pensamento.  Para o cientista político, as escolas não produzem cidadãos suficientemente esclarecidos e a imprensa dá atenção a discussões equivocadas, promovidas por políticos e intelectuais. “O debate das campanhas presidenciais de 2014 foi uma baixaria. Um desserviço completo ao país que vai custar muito tempo para ser sanado”, diz.

quarta-feira, 23 de março de 2016

OAB vai protocolar pedido de impeachment contra Dilma no dia 28



OAB vai protocolar pedido de impeachment contra Dilma dia 28


A entidade decidiu, por maioria de votos, que a presidente não tem mais condições de governar o país

MURILO RAMOS
23/03/2016 - 17h31 - Atualizado 23/03/2016 17h31


quinta-feira, 10 de março de 2016

"O Brasil está se olhando no espelho e não está se reconhecendo..." /Guilherme Fiuza


A Lava Jato é o impeachment

Esse Brasil sério e raro, que faz seu trabalho direito, é agora caçado como peru em véspera de Natal

GUILHERME FIUZA
25/02/2016 - 08h00 - Atualizado 25/02/2016 08h00
O juiz Sergio Moro derrubou a manobra da Odebrecht que tentava desqualificar os documentos bancários enviados por procuradores suíços à Lava Jato. Após uma retificação de procedimento, eles continuarão valendo como prova. É uma dor de cabeça tentar sabotar quem conhece as leis. Por isso, a maior operação anticorrupção da história do país está completando dois anos de vida. Até o STF já tentou pulverizá-la. É inútil.
O Brasil continua afogado no conto de fadas do oprimido – e, agora que Lula está no centro das investigações, a temperatura vai subir. Do já famoso e vexaminoso “manifesto de juristas” montado pelos advogados da Odebrecht, que comparava Moro aos trogloditas da ditadura, ao choro de petistas e seus artistas de aluguel contra a “criminalização” do filho do Brasil, assiste-se a uma rajada de tiros n’água. O estoque de clichês populistas não acaba – o que pode acabar é a proverbial paciência da opinião pública para engoli-los.
Um dos ministros fisiológicos da coleção de Dilma Rousseff declarou, numa das faxinas fantasiosas da presidente, que só deixaria o cargo debaixo de tiro. Acabou saindo por bem – ou melhor, por muito bem: colaborou com o show da faxineira e negociou com ela um substituto de sua gangue, para continuar a sucção que ele iniciara. Assim é o teatro dos pobres milionários. Na vida real, quem só sairá de seu caminho debaixo de tiro é Sergio Moro.
A Lava Jato já tinha revelado ao Brasil o desenho do petrolão antes da reeleição de Dilma. Até os maiores críticos do PT apostavam que, se a presidente ganhasse a eleição, a operação esfriaria. É o país acostumado às CPIs flácidas e às investigações que só sobrevivem enquanto o escândalo está nas manchetes. Aí vieram Sergio Moro e a equipe de procuradores e agentes federais da Lava Jato desmentir a teoria da vida mansa para quem tem costas quentes. Desta vez não foi a bravura da imprensa, nem uma mulher traída ou um sócio roubado quem empurrou a depuração em frente: foi a virtude de um grupo de pessoas que trabalham de verdade. O Brasil está se olhando no espelho e não está se reconhecendo.
Pois é esse pedaço de Brasil sério e raro, que não está fazendo nada além de trabalhar direito, sem partidarizações ou jogos de influências ocultas, que agora está sendo caçado a céu aberto como peru em véspera de Natal. Claro que os caçadores são todos bonzinhos, sofridos e vítimas do peru ao qual tentam degolar. É a especialidade da casa. Você ainda vai ver muitas “reportagens” plantadas por essa elite cultural parasitária acusando a Lava Jato e Sergio Moro de arbitrariedades, condutas abusivas e caça às bruxas. O choro é livre. Como já foi dito aqui, Moro e sua devassa só são paráveis à bala. Espera-se que a coalizão da vadiagem progressista ainda não tenha incorporado o bangue-bangue a seu ideário sublime.
Mas há um único e grave equívoco associado à Operação Lava Jato. E é este equívoco que custa mais caro ao país no momento: o bando que engendrou o monumental sistema de roubo do Estado em favor de um partido continua mandando no Brasil. E mandando turbinado pelo dinheiro roubado. Nunca se viu nada igual, em lugar nenhum do mundo. Uma devassa com a proporção de um tsunami varrendo uma república inteira, sem desalojar do topo dela o grupo responsável pela bandalheira revelada.
A correção desse equívoco é urgente e óbvia, embora o país do Carnaval pareça não se dar conta: falta um pedido de impeachment de Dilma Rousseff baseado na Lava Jato.
O gigante não sabe se samba ou se dorme – sua única certeza é cair em todos os truques do Supremo Tribunal companheiro para proteger a presidente em estado vegetativo. A ideia é esperar a paralisia e a recessão chegarem ao nível do pré-sal? É muito sofrimento ficar carregando o TCU como um vaso de porcelana para que a acusação das pedaladas fiscais não se esfarele no caminho. Ou torcendo para que Eduardo Cunha desembarace as malandragens do companheiro Barroso.
Dilma é a representante oficial do grande projeto – de Lula, de Dirceu, de Vaccari e de toda a teia montada com as marionetes petistas na diretoria da Petrobras. Alguém duvida disso? Os dois anos de literatura da Lava Jato são mais do que suficientes para embasar esse pedido. Acorda, Brasil.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Farra na política; faturamento; farsa; fatiamento; favorecimento; fascínio; feira;felonia; ferocidade; e ... feitiço malvado

O TRIO ACARAJÉ E O MEGA ESQUEMA DE MENTIRAS E ROUBALHEIRAS: PRISÃO DO MARQUETEIRO DO PT FAZ LAVA JATO AVANÇAR

Enquanto a maioria dos jornalistas dos jornalões troca figurinhas com a turma do PT as principais revistas semanais ainda resistem bravamente ao apetralhamento total de suas redações. É o caso da revista Época desta semana que traz uma extensa reportagem do jornalista Diego Escosteguy sobre os efeitos da Operação Acarajé, desdobramento da Lava Jato, que agora já lambe as bordas do centro do poder petista plantando em Brasília depois que Lula chegou ao Planalto. 

Segundo Época, o marqueteiro João Santana, até há pouco uma espécie de ministro sem Pasta da Dilma e do Lula, ao cair nas malhas da lei sincronizou as investigações da força-tarefa da Lava Jato e aparece como o elo da corrente de maracutaias e roubalheiras variadas que une Lula ao ex-poderoso empresário Marcelo Odebrecht que se encontra preso em Curitiba há pelo menos uns oito meses.

Tais conjeturas não podem ser desprezadas. Não é à toa que enquanto a redação de Época corria contra o relógio no fechamento da edição que chega neste sábado às bancas e já está disponível para assinantes online, o Juiz Sergio Moro acolhia o pedido da Polícia Federal prorrogando por mais cinco dias a prisão de João Santana e de sua mulher e sócia Mônica Moura. O casal continua detido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

De acordo com a reportagem de Época constata-se que os próximos passos das investigações terão impacto devastador. Seguindo o dinheiro os investigadores poderão bater inclusive no BNDES e outros organismos estatais. É coisa grande.

Transcrevo a seguir um aperitivo da reportagem de Época que dá uma idéia ligeira do tamanho da encrenca. Leiam:
QUEBRANDO O FEITIÇO
Sobranceiro, ele fez sete presidentes. Bruxo, começou logo pelo que parecia impossível: reeleger, em 2006, um Lula que sobrevivera por pouco ao mensalão. Parecia feitiçaria, e o feitiço ganhou o mundo. Não exatamente o mundo. De acordo com a nova linha de investigação da Lava Jato, ganhou os países onde a Odebrecht tinha interesses econômicos e Lula influência política. À eleição do petista, seguiram-se os presidentes amigos do lulismo e da empreiteira. Maurício Funes em El Salvador. Danilo Medina na República Dominicana. José Eduardo dos Santos em Angola. Chávez e Maduro na Venezuela. Enquanto fazia presidentes aqui e ali, cá e acolá, nas Américas e na África, o bruxo aperfeiçoou seu domínio das artes ocultas do marketing político e – abracadabra – elegeu uma desconhecida para o Palácio do Planalto. E, assim, o marqueteiro João Santana e a presidente Dilma Rousseff chegaram ao topo. E lá se mantiveram mesmo depois das eleições de 2014, sobranceiros. Ela, presidindo. Ele, aconselhando.
A prisão do bruxo na segunda-feira da semana passada, acusado de receber dinheiro do petrolão em contas secretas, desfez abruptamente o feitiço do poder. Esvaiu-se a última esperança no PT de que a força incontrolável da Lava Jato não adentraria o Palácio do Planalto. O bruxo está enrascado. Com ele, Dilma e Lula. Acima deles, a Odebrecht, cujo chefe, Marcelo Odebrecht, que faz companhia aJoão Santana na carceragem de Curitiba, comandava, segundo os investigadores, um esquema internacional de pagamento de propinas. É nesse grupo que a Lava Jato avança agora. Avança em meio aos destroços políticos das prisões, rumo às provas de que o marqueteiro, a empreiteira e o ex-presidente agiam juntos, aqui e lá fora. Segundo a suspeita do Ministério Público, a Odebrecht bancava o marqueteiro que elegia os presidentes amigos. A força-tarefa investigará também as gestões do ex-presidente Lula junto a esses mesmos presidentes amigos, que liberaram à Odebrecht dinheiro de contratos financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES. Vai investigar também as conexões entre todos esses fatos.
A feitiçaria era perfeita como o melhor marketing político: funcionava sem ninguém perceber. Não mais. Abracadabra.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Quantos 'Brasís' existem ? Mais de 1.000 ? O Brasil existe ? O Brasil é uma ficção ?! A Câmara gastou uns 250 dias; 754 páginas para dizer o que todos esperavam; usou mais de 375 mil palavras para escandalizar a instituição do Legislativo; agiu monocraticamente quando rejeitou 5 destaques que alteravam o texto do relator... Um custo desnecessário !

CPI da Petrobras aprova relatório com isenção de políticos

Ex-presidente Lula, Dilma Rousseff e Eduardo Cunha não foram responsabilizados por irregularidades na estatal


REDAÇÃO ÉPOCA
22/10/2015 - 10h15 - Atualizado 22/10/2015 10h17




Votação da CPI da Petrobrass (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

















 Depois de oito meses de investigação, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras aprovou, na madrugada desta quinta-feira (22), o relatório final apresentado pelo deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). O texto foi aprovado por 17 votos a 9, com uma abstenção, um dia antes do prazo final dos trabalhos da CPI. O relatório, de 754 páginas, isentou políticos investigados por suspeita de envolvimento e recebimento de propina, além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente da PetrobrasJosé Sérgio Gabrielli. A CPI ainda rejeitou cinco destaques que alteravam o texto do relator.

Luiz Sérgio criticou a conclusão da Operação Lava Jato de que teria havido pagamento de propina disfarçado de doações oficiais a partidos políticos. No relatório, ele nega a existência de “corrupção institucionalizada” na Petrobras.
Segundo a Agência Câmara de Notícias, Deputados do PMDB, PSDB, Psol, PPS, PHS e PSD criticaram o texto. O deputado Bruno Covas (PSDB-SP) disse que o relatório tenta desacreditar as investigações da Operação Lava Jato e o juiz Sérgio Moro – que conduz os processos da Lava Jato na primeira instância da Justiça Federal.
"O Petrolão e o Mensalão tem o mesmo DNA: nasceram para comprar apoio ao governo no Congresso", considerou Covas, que defendeu o voto em separado apresentado pelo deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), que responsabiliza Lula, Dilma e Gabrielli.
O deputado Augusto Coutinho (SD-PE) disse que o relatório de Luiz Sérgio foi omisso em relação a agentes e partidos políticos: "Não sei por que o relator não responsabilizou Graça Foster nem Sérgio Gabrielli [ex-presidentes da Petrobras], nem [João] Vaccari [ex-tesoureiro do PT]".
Sobre Eduardo Cunha, ainda segundo a Agência Câmara, Luiz Sérgio transcreveu trechos da delação premiada do empresário Julio Camargo, que acusou o presidente da Câmara de ter recebido US$ 5 milhões em uma negociação sobre contratos da Petrobras com empresas fornecedoras de navios-sonda, mencionou o caso das supostas contas bancárias atribuídas a Cunha na Suíça, mas argumentou que a CPI não recebeu provas de qualquer desses fatos e que o presidente da Casa compareceu espontaneamente para depor na CPI.
"Em que pesem as inúmeras notícias veiculadas recentemente sobre contas bancárias no exterior das quais o deputado Eduardo Cunha seria beneficiário, o fato é que esta CPI não recebeu prova alguma destas afirmações, não cabendo a este relator adotar providências com base em acusações sem provas, documentos ou informações prestadas a outras esferas de investigação, já abertas pelo Ministério Público Federal", destacou.
Um relatório alternativo foi apresentado pelo deputado Antonio Imbassahy. "A gestão corporativa da Petrobras, após o ano de 2003, foi colocada à disposição de um projeto de poder do Partido dos Trabalhadores e, por consequência, do Palácio do Planalto, onde ambos se locupletaram”, argumentou.
"Não há, nos depoimentos da Operação Lava Jato, qualquer menção sobre o envolvimento dos ex-presidentes da Petrobras José Sérgio Gabrielli e Graça Foster e da ex-conselheira da estatal, presidente Dilma Rousseff. Reitero ainda que não há, nos autos desta CPI, qualquer evidência nesse sentido ou ainda em relação ao ex-presidente Lula ou à presidente Dilma", rebateu Luis Sérgio, conforme a Câmara.
A CPI também fez críticas à Operação Lava Jato, ao Ministério Público e à Justiça na condução dos inquéritos e processos relativos às irregularidades na Petrobras: questionou delações como a do doleiro Alberto Youssef; considerou excessivo o número de delações premiadas; discordou da tese de que pagamento de propina foi feito mediante doações oficiais de campanha a partidos políticos; afirmou que não dá para "carimbar" doações que seriam propina; e considerou que as mesmas empresas doaram para o PT e o PSDB.