Ilustração mostra GJ 1214b em órbita de estrela anã vermelha distante 40 anos luz da Terra
Um grupo de astrônomos descobriu que um planeta fora de nosso sistema solar, observado pela primeira vez em 2009 pelo telescópio espacial Hubble, é formado em sua maior parte por água, segundo estudo divulgado pelo Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian (Cambridge, nos Estados Unidos) e pela Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) nesta terça-feira (21).
Batizado de "GJ 1214b", o planeta órbita uma estrela anã vermelha distante 40 anos luz da Terra e possui 2,7 vezes o comprimento de nosso planeta e sete vezes o seu peso. Estima-se ainda que sua temperatura gire em torno dos 450 graus Fahrenheit (232 graus celsius).
“O GJ 1214b não é como nenhum tipo de planeta que conhecemos”, disse o pesquisador Zachory Berta, um dos autores do estudo. “Em nosso sistema solar, temos dois tipos de planetas: rochosos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) e gigantes gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno). Nesse caso, uma fração enorme da massa do planeta é formada por água”.
Os cientistas já haviam relatado que a atmosfera do GJ 1214b era composta principalmente de água. Mas os resultados não eram definitivos. Agora, Berta e sua equipe usaram a câmera “Wide Field 3” do Hubble para comprovarem a autenticidade da descoberta.
Os pesquisadores foram capazes de determinar a composição da atmosfera do planeta quando o GJ 1214b passou diante do seu sol e permitiu medir como a luz da estrela era filtrada através da atmosfera do planeta, exibindo um conjunto de gases.
As medições revelaram a densidade do planeta a partir de sua massa e tamanho, comprovando que ele tem muito mais água e menos rocha do que a Terra. Os cientistas acreditam ainda que a estrutura interior do planeta alienígena seja muito diferente da do nosso.
“As altas temperaturas e altas pressões poderiam formar materiais exóticos como 'gelo quente' ou 'água superfluida', substâncias que são completamente alheias à nossa experiência cotidiana”, disse Berta.
A teoria é que o GJ 1214b foi formado "mais longe” da sua estrela, onde o gelo de água era abundante, e depois migrou para seu local atual, fazendo todo o gelo se liquefazer. Agora, o planeta órbita a sua estrela a cada 38 horas a uma distância de 1,3 milhões de quilômetros.