MENSALÃO! O LIVRO QUE TEM TUDO PARA SE TRANSFORMAR NO MAIOR BEST-SELLER BRASILEIRO DOS ÚLTIMOS TEMPOS.
O site da revista postou uma matéria que vale a pena ler. É sobre o livro que o historiador Marco Antonio Villa lança no dia 10 deste mês em noite de autógrafos na Livaria Cultura de São Paulo. Lembro aos leitores que o livro já está à venda aqui no blog na coluna ao lado, bastando clicar sobre a capa para adquirir a obra pela internet.
O texto que segue é excelente. Suspeito que o meu amigo Augusto Nunes seja o autor, pelo estilo cortante e bem articulado, em que as palavras são diligentemente garimpadas para denotar de forma exata e inconteste o que os leitores encontarão no livro de Marco Antonio Villa. Olha aí, gente. Este é um livro que não pode deixar de ser lido! Vejam:
Marco Antonio Villa é homem disciplinado: único dos convidados pelo site de VEJA que participou de todos os quarenta debates sobre o julgamento do mensalão, chegou invariavelmente na hora combinada depois de ter acompanhado a sessão do Supremo Tribunal Federal e refletido sobre os temas a discutir. O professor da Universidade Federal de São Carlos também não é de perder tempo com fatos irrelevantes: sabe separar o essencial do acessório e, com clareza e concisão, conta o caso como o caso foi. A soma dessas virtudes desvenda o mistério aparente: como é que Villa conseguiu escrever entre um debate e outro, sem interromper a colaboração regular com os principais jornais do país nem suspender suas múltiplas atividades, um livro indispensável sobre um julgamento que nem terminou? É uma proeza de bom tamanho. Mas não foi a única consumada com a publi-cação de Mensalão - O Julgamento do Maior Caso de Corrupção da História Política Brasileira (Leya; 392 páginas; 31,90 reais).
CINISMO DO QUADRILHA
Quem acompanhou os debates no estúdio da Editora Abril (que publica VEJA) descobriu que Villa fala como se estivesse escrevendo. E escreve como se estivesse conversando. O autor se dispensa de minuetos retóricos para criticar a impontualidade, as tradições empoeiradas ou a linguagem pedante e verborrágica cultivadas pelos ministros, ou para desmontar a argumentação indigente dos advogados de defesa, demolir o palavrório dos cúmplices de toga, exasperar-se com o cinismo dos comandantes da quadrilha e celebrar o triunfo da decência. O olhar honesto do historiador é especialmente impiedoso com personagens como José Dirceu, que seria o presidente da República se não houvesse um mensalão em seu caminho, ou Ricardo Lewandowski, um advogado de defesa disfarçado de juiz. Mas não poupa sequer os que contribuíram para tornar o Brasil menos cafajeste.
ALIANÇA PROFANA
O decano Celso de Mello, por exemplo, não escapa de observações irônicas sobre a mania de recuar alguns séculos para justificar a decisão que vai anunciar na primavera de 2012. Em contrapartida, é homenageado com a reprodução parcial, na página de abertura, do voto em que fez um demolidor resumo da ópera: "Esse quadro de anomalia revela as gravíssimas consequências que derivam dessa aliança profana, desse gesto infiel e indigno de agentes corruptores, públicos e privados, e de parlamentares corruptos, em comportamentos criminosos, devidamente comprovados, que só fazem desqualificar e desautorizar, perante as leis criminais do país, a atuação desses marginais do poder".
Num Brasil afrontado pela institucionalização da mentira em dimensões orwellianas, envilecido pela supremacia das versões malandras e ultrajado pelos sucessivos assassinatos da verdade factual, Villa vê as coisas como as coisas são. Sempre viu. Desde 2005, quando o Brasil foi confrontado com o escândalo inverossímil, ele vem defendendo com coragem e brilho teses que o STF acaba de ratificar. Agora com o endosso da ampla maioria dos ministros, o livro conclui a implosão de monumentos ao embuste erguidos nos últimos sete anos e escancara o que os delinquentes cinco-estrelas e seus comparsas tentaram inutilmente esconder: o mensalão não só existiu como foi muito mais que um caso de caixa dois.
TOMADA DO ESTADO
"Este livro conta a história de uma tentativa - fracassada - de tomada do estado", resume Villa já no início da tomografia do esquema criminoso forjado pelo alto comando do lulopetismo para aparelhar as instituições, capturar os três Poderes, algemar a oposição pusilânime e submeter o país ao domínio de uma seita incapaz de aceitar o convívio dos contrários. "O único projeto da aristocracia petista - conservadora, oportunista e reacionária - é perpetuar-se no poder", constata o último capítulo. "Para isso, precisa contar com uma sociedade civil amorfa, invertebrada."
Segundo Villa, a trama mensaleira seria bem-sucedida se não tivesse tropeçado na independência do Judiciário e na liberdade de imprensa, "que acabaram se tornando, mesmo sem querer, os maiores obstáculos à ditadura de novo tipo que almejam criar". O perigo não passou, adverte. "As decisões do Supremo permitem imaginar uma República onde os valores predominantes não sejam o da malandragem e o da corrupção", anima-se. "Mas para que isso aconteça é preciso refundar a República." Depois de verem Villa em ação, muitos espectadores deduziram que o pai de todos os escândalos havia encontrado seu historiador. O livro atesta que estavam certos. Do site da revista Veja
O texto que segue é excelente. Suspeito que o meu amigo Augusto Nunes seja o autor, pelo estilo cortante e bem articulado, em que as palavras são diligentemente garimpadas para denotar de forma exata e inconteste o que os leitores encontarão no livro de Marco Antonio Villa. Olha aí, gente. Este é um livro que não pode deixar de ser lido! Vejam:
Marco Antonio Villa é homem disciplinado: único dos convidados pelo site de VEJA que participou de todos os quarenta debates sobre o julgamento do mensalão, chegou invariavelmente na hora combinada depois de ter acompanhado a sessão do Supremo Tribunal Federal e refletido sobre os temas a discutir. O professor da Universidade Federal de São Carlos também não é de perder tempo com fatos irrelevantes: sabe separar o essencial do acessório e, com clareza e concisão, conta o caso como o caso foi. A soma dessas virtudes desvenda o mistério aparente: como é que Villa conseguiu escrever entre um debate e outro, sem interromper a colaboração regular com os principais jornais do país nem suspender suas múltiplas atividades, um livro indispensável sobre um julgamento que nem terminou? É uma proeza de bom tamanho. Mas não foi a única consumada com a publi-cação de Mensalão - O Julgamento do Maior Caso de Corrupção da História Política Brasileira (Leya; 392 páginas; 31,90 reais).
CINISMO DO QUADRILHA
Quem acompanhou os debates no estúdio da Editora Abril (que publica VEJA) descobriu que Villa fala como se estivesse escrevendo. E escreve como se estivesse conversando. O autor se dispensa de minuetos retóricos para criticar a impontualidade, as tradições empoeiradas ou a linguagem pedante e verborrágica cultivadas pelos ministros, ou para desmontar a argumentação indigente dos advogados de defesa, demolir o palavrório dos cúmplices de toga, exasperar-se com o cinismo dos comandantes da quadrilha e celebrar o triunfo da decência. O olhar honesto do historiador é especialmente impiedoso com personagens como José Dirceu, que seria o presidente da República se não houvesse um mensalão em seu caminho, ou Ricardo Lewandowski, um advogado de defesa disfarçado de juiz. Mas não poupa sequer os que contribuíram para tornar o Brasil menos cafajeste.
ALIANÇA PROFANA
O decano Celso de Mello, por exemplo, não escapa de observações irônicas sobre a mania de recuar alguns séculos para justificar a decisão que vai anunciar na primavera de 2012. Em contrapartida, é homenageado com a reprodução parcial, na página de abertura, do voto em que fez um demolidor resumo da ópera: "Esse quadro de anomalia revela as gravíssimas consequências que derivam dessa aliança profana, desse gesto infiel e indigno de agentes corruptores, públicos e privados, e de parlamentares corruptos, em comportamentos criminosos, devidamente comprovados, que só fazem desqualificar e desautorizar, perante as leis criminais do país, a atuação desses marginais do poder".
Num Brasil afrontado pela institucionalização da mentira em dimensões orwellianas, envilecido pela supremacia das versões malandras e ultrajado pelos sucessivos assassinatos da verdade factual, Villa vê as coisas como as coisas são. Sempre viu. Desde 2005, quando o Brasil foi confrontado com o escândalo inverossímil, ele vem defendendo com coragem e brilho teses que o STF acaba de ratificar. Agora com o endosso da ampla maioria dos ministros, o livro conclui a implosão de monumentos ao embuste erguidos nos últimos sete anos e escancara o que os delinquentes cinco-estrelas e seus comparsas tentaram inutilmente esconder: o mensalão não só existiu como foi muito mais que um caso de caixa dois.
TOMADA DO ESTADO
"Este livro conta a história de uma tentativa - fracassada - de tomada do estado", resume Villa já no início da tomografia do esquema criminoso forjado pelo alto comando do lulopetismo para aparelhar as instituições, capturar os três Poderes, algemar a oposição pusilânime e submeter o país ao domínio de uma seita incapaz de aceitar o convívio dos contrários. "O único projeto da aristocracia petista - conservadora, oportunista e reacionária - é perpetuar-se no poder", constata o último capítulo. "Para isso, precisa contar com uma sociedade civil amorfa, invertebrada."
Segundo Villa, a trama mensaleira seria bem-sucedida se não tivesse tropeçado na independência do Judiciário e na liberdade de imprensa, "que acabaram se tornando, mesmo sem querer, os maiores obstáculos à ditadura de novo tipo que almejam criar". O perigo não passou, adverte. "As decisões do Supremo permitem imaginar uma República onde os valores predominantes não sejam o da malandragem e o da corrupção", anima-se. "Mas para que isso aconteça é preciso refundar a República." Depois de verem Villa em ação, muitos espectadores deduziram que o pai de todos os escândalos havia encontrado seu historiador. O livro atesta que estavam certos. Do site da revista Veja