Silvio Berlusconi, que caiu em uma nova cilada por sua queda por jovens mulheres, foi condenado nesta segunda-feira por um tribunal de Milão a sete anos de prisão, após uma longa batalha judicial de dois anos.
No caso "Ruby", três juízes de Milão julgam o ex-premiê desde abril de 2011 por abuso de poder e prostituição de menores, acusações negadas por Berlusconi e que dividiram o país.
Aos 76 anos, o ex-presidente do Conselho também foi impedido de exercer qualquer cargo público. Esta é uma grande humilhação para um homem que foi uma das principais figuras da vida política italiana nos últimos 20 anos.
Seus problemas relacionados com mulheres começaram a ser revelados em 2009.
Em maio deste ano, sua segunda esposa, Veronica Lario, pediu o divórcio em uma carta pública em que denunciava o comportamento de um homem que "transava com menores". Ela chegou a descrevê-lo como "um dragão para quem são oferecidas jovens virgens", em referência ao relacionamento do marido com Noemi, uma napolitana de 18 anos.
Este episódio terminou em dezembro de 2012, quando um tribunal condenou 'Il Cavaliere' a pagar três milhões de euros por mês para a sua ex-mulher.
Em junho de 2009, foi a vez de a jovem prostituta Patrizia D'Addario contar em detalhes a noite tórrida com Silvio Berlusconi, em novembro de 2008, e publicar um livro, "Gradisca Presidente" ("Desfrute, Presidente").
Silvio Berlusconi, que completa 77 anos em setembro, nunca manteve segredo de seu gosto por mulheres bonitas, assegurando que nunca pagou por sexo. E sempre negou qualquer relacionamento íntimo com a marroquina Karima El Mahroug, também conhecida como Ruby.
Nascido em 29 de setembro de 1936 em uma família burguesa de Milão, ele herdou de seu pai, funcionário de banco, uma visão para os negócios.
Forte fisicamente, Silvio Berlusconi trabalhou como animador de boates e como cantor em navios de cruzeiro.
Vendedor de aspirador de pó no final dos anos 50, concluiu em 1961 a faculdade de Direito, e, em seguida, pediu dinheiro emprestado ao banco de seu pai para abrir uma empresa imobiliária.
Sua ascensão começou com a construção do bairro residencial Milano 2, que suscitou questionamentos sobre a origem de sua fortuna, sobre a qual sempre se manteve discreto.
Na televisão encontrou o espaço para expressar sua genialidade criativa de grande comunicador: em sintonia com o público e sem hesitar em levar mulheres nuas a seus programas.
A holding da família Berlusconi, a Fininvest, possui três canais de TV, dois jornais, a editora Mondadori, e também o clube de futebol AC Milan, um dos maiores do mundo.
Esses êxitos lhe renderam o status de homem mais rico da Itália por dez anos antes de as flutuações do mercado fazerem suas ações despencarem, embora continue a ser um dos cinco mais ricos do país.
Em 1994, Berlusconi entrou para a política e criou em algumas semanas a Forza Italia, essencialmente com executivos da Fininvest.
Ele venceu as eleições de abril de 1994, mas, abandonado pela Liga do Norte, seu governo entrou em colapso depois de sete meses. Em 2001, recuperou o poder que exerceu até abril de 2006, um recorde para a Itália do pós-guerra.
Desgastado por esses cinco anos, foi derrotado por uma diferença apertada nas eleições seguintes, mas se vingou dois anos depois assumindo o poder pela terceira vez.
Em novembro de 2011, foi forçado a deixar as rédeas da Itália com o economista Mario Monti, em meio a uma grave crise financeira.
Durante seus anos à frente do governo, seus problemas pessoais, inclusive judiciais, ocuparam o centro das atenções. Ele é acusado de ter usado seu poder para aprovar leis que lhe permitiram escapar da justiça ou defender a sua fortuna.
Berlusconi tem sido repetidamente condenado em primeira instância, mas nunca de forma permanente.
Muito preocupado com sua aparência, este homem de baixa estatura, com uma grossa camada de base no rosto, parece estar eternamente bronzeado. Recorreu a cirurgias estéticas para não parecer velho demais. Ele é pai de cinco filhos de dois casamentos.