ALBUQUERQUE - Após ter o pedido para dar aulas de química na UNB recusado pelo Supremo, José Dirceu negou, com veemência, os boatos de que esteja produzindo metanfetamina para pagar a multa imposta pelo STF. "Joaquim Barbosa não me deixa ganhar dinheiro honestamente, usando apenas meu suor, meus contatos e meu charme interiorano. Mas me mantenho, como sempre, dentro da lei", garantiu. — Leia o post completo.
LISBOA - Após viajar para Portugal na companhia de um brasileiro, um argentino, um americano, uma loira e um papagaio para jantar no restaurante Tasca do Joaquim, a presidenta Dilma Rousseff lançou as bases do programa Fome Zero lusitano. "Caros amigos da terrinha, vamos oferecer bacalhau e pastéis de Belém para o nosso povo carente, porque quem gosta de tilápia e rapadura é intelectual", disse a gaja. — Leia o post completo.
UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS - Depois de realizar campanhas online para financiar as multas de José Genoino e Delúbio Soares, militantes bolcheviques do PT iniciaram uma vaquinha para reabastecer os cofres da Visanet. "Companheiros, a revolução só estará completa quando a mídia golpista não puder esconder que o mensalão emana do povo", discursou o líder estudantil Leon Inácio da Smirnov. — Leia o post completo.
FOLHA MALL - Invadida em seu habitat natural, o shopping center, a classe média paulistana fez uso de suas armas mais poderosas para conter a epidemia. "Receitamos altas dosagens do antibiótico Reinaldozan 45mg e do antiinflamatorio Pondex, em cápsulas", explicou Geraldo Alckmin. — Leia o post completo.
DOLPHIN MALL - A Confederação Americana de Fornecimento Nacional (CAFONA), que regula os Shopping Centers de Miami, conseguiu uma liminar na Suprema Côrte dos Estados Unidos proibindo os rolezinhos de socialites, novos ricos, apresentadors de TV e blogueiros liberais brasileiros. "Eles chegam falando alto, tumultuando o ambiente", explicou o assessor James 'Sonny' Crockett. — Leia o post completo.
ROMÊNIA PROFUNDA - Coberto de névoa e carisma em iguais proporções, José Serra despertou de um sono longuíssimo para comentar a paradinha de Dilma Rousseff em Portugal: "Eu, como a Vânia, como o Damião, como o Vlad, sou notívago especialista em olheiras. Fiquei comovido com as bolsas formadas debaixo dos olhos da presidenta", sussurrou. — Leia o post completo.
GRÁFICA DO SENADO - O comitê executivo da editora Panini reuniu a imprensa para informar que o álbum de figurinhas da Copa do Mundo não ficará pronto dentro do prazo. "Tivemos imprevistos e fomos obrigados a refazer o cronograma e o orçamento. O álbum sairá em novembro e o pacote com três figurinhas custará 650 reais", explicou o diretor executivo Bráulio Abraão. — Leia o post completo.
GABINETE DA PRESIDÊNCIA - Ocupada com os rolezinhos, a imprensa deixou passar batido um protesto silencioso protagonizado pelo ex-presidente em exercício. "Ele abandonou o bigode para protestar contra a onda de descalabro que assola o Maranhão", denunciou Paulo Henrique Amorim. — Leia o post completo.
INSTITUTO CIDADANIA - Liberado pela Justiça para realizar rolezinhos na Central Única dos Tesoureiros (CUT), Delúbio Soares chocou o país ao exibir um novo visual. "Para exprimir minha fidelidade ao Lula e minha sensibilidade com que há de mais moderno na política brasileira, aderi ao bigode", salientou, colocando as barbas de molho. — Leia o post completo.
CAPELA SISTINA - Depois de trocar quatro dos cinco cardeais da comissão responsável por supervisionar o Banco do Vaticano, o papa Francisco foi além: "Vamos oferecer crédito consignado para fiéis com renda inferior a três salários mínimos e beneficiários do Bolsa Família", discursou, dando prosseguimento à reforma que busca aproximar a Igreja Católica dos mais necessitados. "Também abrimos uma linha de crédito para ajudar revendedoras Jequiti a darem os primeiros passos", completou. — Leia o post completo.
O Brasil tinha a chance de gerar lucro e mudanças importantes com a Copa do Mundo deste ano, sem realizar nenhum gasto público, como fez os Estados Unidos no evento de 1994. A poucos meses para os jogos, porém, se mostra o maior gastador de verbas do governo em Mundial de Futebol, em nome de um evento que deve beneficiar principalmente, ou apenas, a iniciativa privada. Que pode ainda gerar desemprego e outras consequências negativas. Qualquer coisa que se ganhe com a Copa de 2014, então, pode não se comparar ao preço que o país já começou a pagar. Uma das grandes paixões do brasileiro, que virou parte da cultura principalmente nas camadas mais pobres da sociedade, de onde sai, inclusive, a maior parte dos jogadores, agora se volta cada vez mais à elite.
Apenas um terço dos ingressos dos jogos da Copa estão disponíveis para o torcedor brasileiro pela distribuição inicial da Fifa, de acordo com artigo do blog do Rodrigo Mattos, no Uol Esporte. Com 12 cidades-sede, nenhum outro Mundial teve uma oferta de assentos tão grande, mas nem por isso os brasileiros ganharam facilidade para conseguir uma entrada, que não são baratas, inclusive.
Como ressaltou Christopher Gaffney à Carta Capital em 2011, a Copa era a oportunidade de usar um investimento federal em benefício da população, mas se tornou um evento esportivo financiado com dinheiro público para o lucro privado: "o governo assume o risco e os patrocinadores é que vão receber os benefícios".
Conforme o país adota uma posição mais mercantilista em relação ao futebol, também perde posições no ranking da Fifa. Chegou à 18ª posição em 2012 e agora subiu para a 10a., depois de anos no primeiro lugar. Os meninos brasileiros que crescem com o sonho de se tornarem jogadores, ao mesmo tempo, viraram produtos de exportação para times estrangeiros, até mesmo antes de passar por qualquer time nacional. Muitos, inclusive, são enganados e explorados lá fora. O público nos estádios brasileiros vem caindo ano a ano também. Na década passada, o ex-presidente Lula chegou a comentar que a massiva exportação de jogadores brasileiros acabava ofuscando o desempenho dos times do país.
Os ingressos
Foram muitas as manifestações pelo Brasil inteiro contra os gastos na Copa. Muitos, inclusive, torcem para que dê tudo errado e ela não aconteça. Outros, animados com promessa de bom entretenimento, se empenharam para conseguir um ingresso para os jogos. A sorte, no entanto, não sorriu para todos. Em novembro, o Procon alertava que mais de seis milhões de torcedores que se inscreveram para o sorteio no site da Fifa, não foram devidamente informados sobre as etapas e critérios da seleção. Um sorteio obscuro, classificou o advogado Ricardo Amitay Kutwak. Para o jurista, não foi surpreendente o fato da federação não divulgar os critérios de sorteio, assim como não divulgar os nomes das pessoas contempladas.
Em novembro, o jornal argentino Clarín publicou uma reportagem para criticar a metodologia de sorteio de ingressos pela Fifa. Fontes ligadas à AFA (Associação Argentina de Futebol) revelaram ao jornal que a compra de bilhetes para a Copa por empresas de viagens foi excepcional, com óbvio objetivo de revenda. No Brasil, grandes marcas que apoiam ou patrocinam a Copa promoveram campanhas de Natal com sorteios de ingressos para os principais jogos. Somente uma rede nacional de lojas esportivas disponibilizava 200 entradas para o primeiro jogo da competição, que será realizado no dia 12 de junho, em São Paulo.
O Departamento de Imprensa da Fifa informou ao JB que nenhuma empresa, além dela, está autorizada oficialmente a comercializar ingressos. O único canal para o torcedor comum conseguir um passe é o site da própria Fifa. Quando o primeiro lote de quase 1,1 milhão de ingressos foi alocado no ano passado, cerca de 62% foram para brasileiros e 38% para compradores internacionais, disse a federação. Os cinco principais países interessados foram o Brasil, seguido pelos Estados Unidos, Austrália, Inglaterra e Argentina.
A população dos estados que vão receber a Copa é equivalente a 74% da população brasileira - em julho de 2013, o país contava com 148.972.739 de habitantes nas 12 cidades-sede, de acordo com o IBGE. Ao todo, os estádios das 12 cidades-sede da Copa têm capacidade para 675 mil pessoas, a maior oferta de assentos entre as últimas Copas.
Os estados americanos que sediaram o megaevento em 1994 tinham uma população em torno de 114.563 milhões de habitantes, ou 44% da população total do país na época. Esses norte-americanos, vale ressaltar, tinham uma capacidade e disposição superior ao dos brasileiros para o consumo. Agora que grande parte da população do Brasil começa a romper barreiras e a comprar elementos considerados básicos, como móveis e eletrodomésticos. Não são todos que podem tentar – porque não se sabe se conseguirão – comprar um ingresso. Os parceiros comerciais da Fifa, que podem promover concursos culturais ou sorteios para distribuir os ingressos aos seus clientes, também não atingem a toda a população brasileira e, alguns deles, chegam apenas a uma minoria.
A Emirates, por exemplo, parceira comercial, é a principal companhia aérea dos Emirados Árabes Unidos, eleita a Melhor Cia Aérea do Mundo pela Skytrax 2013. Ela oferece viagens no Brasil para destinos exóticos, como o Vietnã e outras rotas asiáticas. A Fifa conta com Parceiros, como a Emirates, com os patrocinadores da Copa deste ano, e também com apoiadores nacionais, em um total de 22 empresas.
Os patrocinadores do evento deste ano são a cervejaria Budweiser, a produtora de óleos lubrificantes Castrol, o grupo automotivo Continental, a Johnson & Johnson, o Mc Donald's, a Oi, a Moy Park e a Yingli. A Moy Park é reconhecida como uma das maiores produtoras de aves orgânicas e milho para aves na Europa. A Yingli, por sua vez, se apresenta em seu website como a maior produtora de painéis solares do mundo, cuja missão seria oferecer energia verde acessível para todos. Já entre os apoiadores nacionais estão a Centauro, o Itaú, a Apex Brasil, a Garoto, a Liberty Seguros e o Wise Up.
Mais da metade dos 3,3 milhões de bilhetes da distribuição inicial da Fifa vai para a federação internacional, associações nacionais de futebol, CBF, parceiros comerciais, Vips, Comitê Organizador, governo federal, entre outros, além da fatia destinada a estrangeiros, de acordo com artigo de Rodrigo Mattos. As entradas podem ser comercializadas posteriormente, mas apenas se todos os parceiros anunciarem desinteresse, o que se acredita que não deve acontecer nesta edição.
No total, indica Rodrigo, os bilhetes disponíveis para o torcedor comum brasileiro somam 1,127 milhão (33,8% do total), sendo que parte deles também tem restrições ou preferências para determinados grupos. Só 700 mil bilhetes, contabiliza, serão vendidos em condições de igualdade para qualquer torcedor do mundo, inclusive os do Brasil.
"Quem leva mais vantagem na divisão são os parceiros comerciais, que ficam com 605 mil entradas. Eles pagam por isso e podem fazer promoções para torcedores, como ressalta a Fifa. Outros 445 mil são para empresas de hospitalidade, que incluem as que vendem pacotes milionários com hospedagem e outros serviços para torcedores abastados. Televisões e rádio com direitos de transmissão ficam com 66 mil bilhetes", alerta Rodrigo.
De paixão popular ao futebol para a elite
Grandes times brasileiros têm uma dívida em torno de R$ 4 bi em impostos aos cofres públicos, mesma quantia anunciada como lucro da Fifa com a Copa, e que poderia ser aplicada em saúde, educação e infraestrutura. Além disso, o país acabou se tornando também um grande exportador de jogadores para outros países e, basta uma olhada no histórico desses atletas do país para perceber que a grande maioria vem de famílias pobres.
Uma figura que representa um pouco a situação a qual chegou o futebol é Sandro Rosell, ex- presidente do Barcelona, ex-representante da Nike no Brasil e amigo pessoal de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. Como o Estadão revelou no ano passado, parte do dinheiro pago à CBF por times no mundo inteiro como cachê para enfrentar a seleção não era depositada em contas no país, mas direcionadas a empresas com sede nos Estados Unidos, registradas em nome de Sandro Rosell.
Rosell chegou a ser investigado no Brasil por causa de um amistoso entre Brasil x Portugal, em Brasília, em novembro de 2008. Em 2011, a Polícia Civil do Distrito Federal suspeitava de um superfaturamento na organização do amistoso, com gastos enormes com estadias e transporte das equipes.
Na semana passada, Rosell decidiu deixar o cargo após a Justiça espanhola acolher uma denúncia contra ele por irregularidades na contratação de Neymar. De acordo com o jornal El Mundo, de Madri, a compra de Neymar teria custado 95 milhões de euros (R$ 308 milhões), e não os 38 milhões (R$ 127 milhões) declarados pelo presidente. Segundo a Justiça espanhola, a documentação entregue pelo clube possui indícios suficientes para sustentar o início de um inquérito.
Os gastos e o retorno das últimas Copas
O geógrafo Gaffney reforçou em entrevista para a Carta Capital que a Fifa conta com cinco ou seis pessoas comandando, ligadas diretamente ao Ricardo Teixeira. A estrutura, alertou, permite que ninguém assuma responsabilidades, pois quando surge um problema "o COL joga para o Ministério do Esporte, que pode jogar para a Infraero, que joga para a CBF, que diz que não tem nada com isso porque diz que os contratos são com as cidades, que pode jogar para o Estado, que pode jogar para a CBF. Não existe uma estrutura centralizada da Copa. E se você procura informações sobre a organização na internet, você chega só nas páginas da Fifa. Não há informações. E depois, quando apertar, a responsabilidade vai cair no colo do governo federal, como houve no Pan e na Olimpíada."
No total, para todas as cidades-sede brasileiras, a previsão de aplicação de recursos do TCU é de R$ 8,3 bi em financiamentos federais, R$ 6,3 bi em recursos diretos federais, R$ 4 bi estaduais, R$ 1 bi municipais e R$ 4 bi de outras fontes - em um total previsto de R$ 25,9 bi. Artigo do pesquisador e consultor da Trevisan Gestão do Esporte e diretor da Trevisan Escola de Negócios, Fernando Trevisan, no Portal 2014, reforça que, além de empréstimos do BNDES, outra forma de presença de recursos públicos nos estádios é pela isenção de pagamento de tributos. Trevisan aponta que, de acordo com o Tribunal de Contas da União, o governo vai deixar de arrecadar RS 461 milhões - o que não chega a representar tanto, considerando que o setor automotivo deixou de pagar R$ 7,9 bilhões em tributos desde 2008, por conta de políticas de incentivo governamental.
Os Estados Unidos, durante a Copa de 1994, receberam 400 mil turistas e não precisaram gastar um centavo para receber o evento, já que toda a infra-estrutura estava pronta. De acordo com estudos da Universidade de Nova Iorque, o principal objetivo dos Estados Unidos em sediar a Copa do Mundo foi o de promover o futebol no país. Nova Iorque, São Francisco e Boston tiveram receita de U$ 1,45 bilhão. Na indústria hoteleira, o crescimento, em comparação com o ano anterior, foi de 10%, e na indústria de alimentos e bebidas, de 15%.
É claro que ao longo da vida várias reportagens jornalísticas me emocionaram. Até porque já se vão bem mais que 50. Mas confesso não esperava que uma nota com tão poucas palavras pudesse me entristecer. Foi como ler o falecimento da minha própria esperança. Uma esperança edificada na consolidação das lutas por uma sociedade mais justa e igual. Uma esperança espelhada na convicção pura dos homens e mulheres que tratam e trataram a vida como o maior patrimônio do planeta. Uma esperança forjada nos ensinamentos de que o bom trato com este mesmo planeta seria a garantia da responsabilidade do respirar livre dos que hão de vir. É triste ler numa pequena nota que a sua própria esperança morreu. É como se o nosso corpo perdesse os sentidos e começasse a viver sem alma. Sem essência. Sem porquê.
Na segunda-feira tive um dia de atividades no Rio que abasteciam, como há anos, a mesma esperança. Resolvi sair de Campos no domingo mais cedo para passar algumas horas em Niterói com um amigo que, com a companhia indesejável de uma leucemia, briga intensamente para se ver livre dela. E fala como um vencedor: "Estou fodendo com ela. Minhas taxas estão ótimas!" E vibra como um Napoleão vitorioso. Emocionante. Como em qualquer batalha, a disposição pela conquista não é fácil. Remédios fortes que mudam o metabolismo e te jogam para baixo, suplementos alimentares, caminhar cansado, porém insistente, para não definhar os músculos e perder o tônus, vitamina mista que mistura de tudo no lugar do tão querido uísque que sempre lhe acompanhou nas mesas de histórias, causos, lembranças, gargalhadas e muita vida. Dormimos por ali mesmo. Eu e um outro amigo que não o conhecia e se disse triste por não tê-lo conhecido antes. Mas tenho a certeza de que se encontrarão outras vezes. Muitas vezes.
Como ainda não sabemos ainda o porvir, conversamos até as duas da madrugada, eu e meu amigo com um bom escoti acompanhado de petiscos. Ele se contentava em tomar sorvete. Mas tínhamos de estar no Rio bem cedo. Às 7 nosso anfitrião já nos acordava com sua ressaca de sorvete e uma bela mesa posta. O Rio, talvez por ter sido o primeiro dia — julgo — da mudança no trânsito, estava um caos. Estresse coletivo expressado na gritaria permanente das buzinas. Nas ruas, o grito de junho era materializado. Os trens ineficientes. Os ônibus sobrecarregados e nervosos. O metrô entupido e com galerias que pareciam invejar os micro-ondas. Ao passar por três hospitais, era possível perceber as aglomerações em busca de atendimento. Mas as ruas, estas transpareciam uma limpeza de saltar aos olhos — pelo menos na área central a lei parece estar funcionando. A sensação de insegurança era despertada em mim e no meu amigo a cada barulho diferente. Uma descarga da moto que explodia nos causava espanto. Assim como o abaixar de uma porta de correr de aço sendo aberta. O que valeu do meu amigo um comentário: Em Campos absorveríamos apenas como a explosão de uma descarga de moto e uma porta de aço sendo aberta. Verdade. O medo da violência está latente pelo Rio. O mesmo Rio que aprendi a amar, que me deu filhos, experiência, amizades e muita poesia nos anos em que por lá vivi. A mesma saudade do interior de antigamente. Há anos o percebo vítima dos desgovernos que o querem apenas como instrumento de projetos pessoais. Das disputas só por disputar a sua alma. Eta políticos sem alma!!! E a nota jornalística que me entristeceu? Sim, está assinada pelo Felipe Patury, na edição desta semana da revista Época:
Operários ainda instalavam os assentos na arquibancada da Arena da Baixada, em Curitiba, no dia 21 de janeiro
"Estádios são coisas relativamente simples de se construir", disse a presidente Dilma Rousseff em visita à Suíça na semana passada. Isso de fato nos leva a uma pergunta óbvia: então por que tantos estádios para a Copa do Mundo estão tão atrasados?
A alta procura por ingressos e pacotes de hospitalidade ajudam a explicar a falta de paciência da Fifa com os prazos assumidos e não cumpridos – e não importa o que se pense sobre o relacionamento entre a Fifa e o governo brasileiro, a Copa do Mundo foi um negócio em que o Brasil entrou (e que o Brasil aceitou) voluntariamente.
Mas uma hora as máscaras caem, como quando o presidente da Fifa, Joseph Blatter, comentou recentemente que, em todos os anos que esteve no comando da entidade, nunca viu uma Copa do Mundo com tantos atrasos. Ele ainda acrescentou que o Brasil foi definido como país-sede da Copa de 2014 em 2007 e, portanto, acabou se beneficiando de um ano extra para se preparar – sete, em vez dos tradicionais seis.
E aqui ele não está sendo generoso. Porque a realidade é que o Brasil não teve sete anos para se preparar. Teve 11.
Um pouco de história: Blatter tentou levar a Copa do Mundo de 2006 para a África do Sul, mas ele perdeu uma votação controversa no Comitê Executivo da Fifa. Por razões políticas, ele não poderia fracassar de novo quatro anos depois. Por isso, junto com Danny Jordaan (presidente da Confederação Sul-Africana de Futebol), ele sugeriu a ideia de revezar o torneio entre os cinco continentes. Em 2010, ele conseguiu decretar: seria a vez da África. Problema resolvido.
E para onde a Copa do Mundo iria depois? A América do Sul, que não recebia o Mundial desde 1978, era o candidato óvio. Então, em março de 2003, Joseph Blatter anunciou que em 2014 seria a vez do subcontinente. O torneio havia dobrado de tamanho desde a Copa da Argentina, em 1978. Quantos países no continente seriam capazes de sediar um Mundial com os 32 times que jogam atualmente? Na realidade, havia apenas um - e assim, alguns dias após o anúncio de Blatter, a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) declarou que o Brasil era o seu único candidato.
"Nenhum outro país estava na briga com o Brasil. A disciplina da competição, então, acabou não existindo e abriu espaço para alguns velhos vícios brasileiros; muita politicagem nos bastidores, muita esperteza e pouco progresso. De fato, a consequência da experiência brasileira foi o fim da ideia de revezamento de continentes para sediar a Copa do Mundo."
(É verdade que a Colômbia rapidamente rompeu com a Confederação e até lançou uma candidatura separada, mas nunca chegou a alimentar sérias esperanças. Ela estava apenas se protegendo contra a vizinha e rival Venezuela, que estava investindo pesado em estádios à época para sediar a Copa América de 2007. O real objetivo da Colômbia – que foi alcançado – era superar a Venezuela na disputa para sediar o Mundial Sub-20 de 2011).
Mas não dá para escapar da verdade: o Brasil sabia que iria sediar a Copa do Mundo de 2014 desde março de 2003. Não havia nenhuma tensão dramática quando, quatro anos e meio depois, a palavra "Brazil" saiu do envelope. Isso simplesmente confirmou o que todos já sabiam. Então por que outubro de 2007 foi tratado, não apenas pela mídia brasileira, como o ponto de partida?
Se tivesse havido uma disputa competitiva pela Copa de 2014, os países candidatos teriam que apresentar propostas. Uma das primeiras coisas que eles teriam quem fazer seria identificar as cidades-sede. Seria um princípio básico, necessário apenas para entrar na briga.
Mas nenhum outro país estava na briga com o Brasil. A disciplina da competição, então, acabou não existindo e abriu espaço para alguns velhos vícios brasileiros; muita politicagem nos bastidores, muita esperteza e pouco progresso. De fato, a consequência da experiência brasileira foi o fim da ideia de revezamento de continentes para sediar a Copa do Mundo.
Nenhuma decisão definitiva sobre as cidades-sede foi tomada até o fim de maio de 2009. Anos foram jogados fora. E uma vez que você fica atrás do relógio, os princípios básicos começam a valer; o custo do que você pode fazer aumenta. A escala do que você pode fazer diminui. E muitos estádios estão atrasados, com o orçamento estourado, enquanto inúmeros projetos de mobilidade urbana, a principal área que iria beneficiar realmente a sociedade, ainda não saíram do papel ou sequer têm chances de ficarem prontas a tempo.
Os estádios são bastante impressionantes. Ainda em 2007, o medo era que eles se tornassem Engenhões, versões maiores do estádio construído no Rio de Janeiro para os Jogos Pan-Americanos de 2007 que custou caro e nasceu obsoleto. Em vez disso, deixando de lado por um minuto a questão dos preços dos ingressos, os estádios são grandiosamente modernos. Eu não voltei lá depois da Copa das Confederações, mas achei a Fonte Nova, em Salvador, um lugar maravilhoso para se apreciar o futebol.
Os protestos contra a realização da Copa foram retomados no dia 25 de janeiro
Em termos políticos, porém, o fato de os estádios serem impressionantes cria um problema. Isso ficou implícito – e em muitas vezes explícito – na mensagem dos protestos que estouraram em junho e julho do ano passado; se os estados brasileiros foram capazes de construir essas arenas, então por que seriam incapazes de entregar os serviços públicos no chamado "padrão Fifa"?
O pentacampeão em 2002, Rivaldo, disse outro dia que "o Brasil vai passar vergonha na Copa". Não vejo exatamente assim, embora imagino que haverá problemas e que já ficou claro que o evento não vai cumprir seu potencial para a sociedade brasileira.
Mas a "vergonha" é de quem? Do frentista ou da recepcionista que moram na periferia de uma grande cidade, acordando às 4 da manhã todo dia para chegar ao trabalho? Por que eles deveriam se sentir envergonhados? Eles não tiveram qualquer participação no processo. Não houve nenhum debate público no Brasil sobre os objetivos da Copa do Mundo, sobre quanto a sociedade estava disposta a gastar e o que queria em troca. Por anos, não havia sequer um lugar no Comitê Organizador Local para representantes eleitores pela sociedade (o que, por sinal, é um contraste gritante com a Copa da África do Sul, onde havia um envolvimento generalizado no governo). As pessoas não são porta-vozes das suas nações ou responsáveis por ações da classe dominante.
Infelizmente, todos os atrasos que afetaram a Copa do Mundo de 2014 eram previsíveis. O que não era nem um pouco previsível foi a reação do povo durante a Copa das Confederações, saindo às ruas em centenas, milhares, desafiando a noção que os brasileiros tinham – tinham, no passado – deles mesmos de ser um povo tão passivo a ponto de ser idiota.
O país estava mudando bem em frente aos nossos olhos. O Brasil que existia até maio de 2013 se foi para sempre. Ainda não está claro aonde isso vai nos levar em julho de 2014. Mas aqueles envolvidos na luta positiva para formar uma nova nação não estão passando vergonha. Estão passando para o mundo a visão de um Brasil alternativo, um Brasil mais justo e mais competente.
The seam where a city meets the country is an uncanny place. It's not rural, yet not exactly urban, either, a non-place often full of half-finished streets and isolated developments. Most of us only see these environments through the windows of our cars, but photographer Alexander Gronsky has spent the last four years in Moscow's outskirts, watching and photographing.
SEXPAND
SEXPAND
Moscow—like countless other cities—expanded outwards after World War II by building satellite towns full of prefabricated towers.
It was an optimistic time: Inexpensive, clean, and safe housing for everyone—the dream of modernism—seemed within arm's reach.
SEXPAND
While some of these projects succeeded and others fell into blight, development has steadily expanded Moscow's footprint, now bristling with pastel-colored high-rises.