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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Um exemplo que vem da Matriz histórica..../ Estádio da Luz

Futebol

Ideia de português: estádio novo em dois anos, por 40% do preço do Itaquerão

O Estádio da Luz (palco da final da Liga dos Campeões, no sábado) completou dez anos dando lucro e ainda moderno. Será assim também no Brasil em 2024?

Giancarlo Lepiani, de Lisboa
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O Estádio da Luz na época de sua inauguração, em 2003
O Estádio da Luz na época de sua inauguração, em 2003 - AFP
É fácil entender como os portugueses conseguiram abaixar a conta: eles trabalharam para simplificar a sua versão do projeto, deixando o estádio mais despojado e dispensando luxos desnecessários
Dentro de exatamente duas semanas, São Paulo receberá a abertura da Copa do Mundo – mas o palco da festa, o Itaquerão, continua cercado de dúvidas. Ainda que já tenha sido inaugurado, o estádio não estará nas condições ideais na partida entre Brasil e Croácia, em 12 de junho. Com alguns trabalhos inacabados e muitos improvisos, a arena do Corinthians continuará em obras mesmo depois do Mundial – quando, aliás, o clube começará a encarar o desafio de pagar o custo do empreendimento (que deve passar de 1 bilhão de reais) e de fazer com que ele seja lucrativo. Há pouco mais de uma década, uma missão muito similar foi entregue à direção do Benfica, o principal clube de Portugal, que receberia a decisão da Eurocopa de 2004. Mas se o Itaquerão começou a ser construído em maio de 2011 e, passados três anos, ainda não está totalmente pronto, o Estádio da Luz, em Lisboa, foi entregue em apenas dois anos – e acabou sendo inaugurado, com público total e sem nenhuma restrição, nada menos de oito meses antes do torneio europeu de seleções. No último sábado, foi o palco da decisão da Liga dos Campeões, entre Real Madrid e Atlético de Madri. Recebeu elogios gerais dos visitantes, foi exibida para 400 milhões de telespectadores no mundo todo e rendeu aos cofres do Benfica pelo menos 2 milhões de euros, ou 6 milhões de reais – esse foi o valor do aluguel pago pela Uefa para realizar a final ali.
Capaz de abrigar pouco mais de 65.000 torcedores, o estádio do Benfica tem uma capacidade similar à do Itaquerão – desde que incluídos os setores de cadeiras provisórias, que estão sendo instalados para aumentar o público máximo durante a Copa (cerca de 68.000 lugares). Ainda assim, o custo final do projeto foi muito inferior ao da arena paulista (que, aliás, ainda pode aumentar, graças à correria para completar o estádio antes da Copa). O preço declarado pelo Benfica foi de 134 milhões de euros, o equivalente a cerca de 400 milhões de reais pelo câmbio atual – ou apenas 40% do custo estimado do Itaquerão. A comparação não leva em conta, por exemplo, as diferenças nos custos de construção na Europa e no Brasil, mas é fácil entender como os portugueses conseguiram abaixar a conta. A Eurocopa só foi entregue a Portugal em 2000, quatro anos antes da realização do torneio. O Benfica teve de fazer uma escolha: ou reformava o velho Estádio da Luz (que ficava no mesmo terreno e tinha sido erguido em 1954) ou aproveitava a oportunidade para construir uma nova casa da estaca zero, abrindo caminho para ganhar mais dinheiro com os atrativos de uma arena moderna (como museu do clube, lojas e restaurantes). Preferiu a segunda opção, e como tinha pouco tempo para desenvolver o projeto, procurou um escritório de arquitetura especializado em arenas multiuso e reaproveitou um desenho que estava engavetado.
Sem excessos Não é coincidência a semelhança do novo Estádio da Luz com o Emirates Stadium, do Arsenal, em Londres: o projeto absorvido pelos portugueses era uma das versões iniciais da arena inglesa, que, assim como o Itaquerão, passou da marca de 1 bilhão de reais. Os benfiquistas, porém, trabalharam para simplificar a sua versão, deixando o estádio mais despojado e dispensando luxos desnecessários. O palco da final da Eurocopa de 2004 e da decisão da Liga dos Campeões deste ano não tem banheiros com mármore, corredores com acabamento imponente nem materiais nobres em áreas de grande fluxo de torcedores. Isso não quer dizer, entretanto, que não seja um estádio extremamente confortável, funcional e agradável (além de bonito, mas sem excessos). A arena é servida por duas estações de metrô (permitindo que torcidas rivais, como a de Real e Atlético, sejam separadas na chegada) e tem bons acessos viários. Por causa da boa média de público sustentada pela fanática torcida do Benfica e das visitas ao Museu Cosme Damião (que conta a história do clube) e às lojas e restaurantes, a arrecadação mensal com a arena supera os gastos com a manutenção do estádio. Isso não quer dizer que todos os problemas financeiros estejam resolvidos: por causa da crise econômica que abateu o país nos últimos anos, o Benfica está endividado. O estádio, contudo, não é o culpado pela situação – pelo contrário, já que a quitação dos débitos decorrentes da construção está na reta final e, daqui em diante, vai ajudar a agremiação a se reerguer, e não mergulhar o clube num buraco ainda maior.
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Torcedor do Corinthians comparece no jogo contra o Figueirense, na estreia do Itaquerão pelo Campeonato Brasileiro
Torcedor do Corinthians comparece no jogo contra o Figueirense, na estreia do Itaquerão pelo Campeonato Brasileiro - Ivan Pacheco/Veja.com

A cadeia de erros do Brasil na Copa

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Estádios demais

Como poderia ter sido: A Fifa ficaria satisfeita com apenas oito estádios, o suficiente para o evento
O que o país fez: Para aumentar o número de cidades envolvidas – e atender aos pedidos do maior número possível de governadores e prefeitos –, ampliou o número para doze arenas
Qual foi a consequência: Além de encarecer todo o evento, criou dois problemas. Sem investidores privados para bancar estádios em capitais sem clubes de grande torcida, usou-se dinheiro público. Além disso, algumas das arenas poderão virar elefantes brancos depois do Mundial

O que ficou só na promessa para o Mundial

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Estádios privados

O Estádio Nacional de Brasília: o custo se aproxima dos 2 bilhões de reais em verba pública
O ministro do Esporte do governo Lula prometia uma Copa totalmente privada, sem uso de dinheiro público nas arenas. Entre as doze sedes do Mundial, porém, só três (São Paulo, Curitiba e Porto Alegre) são empreendimentos particulares - e mesmo essas obras dependem de financiamento de bancos estatais e generosos incentivos públicos.