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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

A cultura do desapego

Menu HOME ADMINISTRAÇÃO FAMÍLIA PARTIDO BEM EFICIENTE COMUNITARISMO ECONOMIA POLÍTICA MELHORES ARTIGOS BENCHMARKS CASAMENTO + Search Buscar... Início » ADMINISTRAÇÃO » A Cultura do Desapego A Cultura do Desapego 01/02/2022 Uns 20 anos atrás, o meu amigo e presidente da Alcoa, Alain Belda, me mostrava a fábrica no Maranhão. Inspecionando as instalações, Belda me apresenta o José “nosso melhor torneiro”. “Agora pergunta ao Zé por que ele só trabalha às segundas e terças, e falta às quartas, quintas e sextas?” Perguntei. “Ah Doutor, pelo salário que me pagam aqui na Alcoa, não dá para trabalhar somente às segundas-feiras.” Outro caso é de um empresário alemão trabalhando na Bahia, que simplesmente decidiu dobrar os salários de seus funcionários. (Henry Ford fez a mesma coisa.) Três meses depois, seus funcionários convocaram uma reunião, e perguntaram se não podiam trabalhar meio período. Essa questão nunca foi discutida, e tem a ver com produtividade. Anglo-saxões, quando alguma máquina dobra a produtividade, em vez de trabalharem menos, ou até 50% menos, preferem trabalhar tanto quanto e ganhar o dobro. Latinos, mais humanos e ligados na vida, com o aumento da produtividade preferem trocar salário por mais tempo disponível. E curtir a família, o sol, as praias, a música e os amigos. Pela pesquisa abaixo, os nordestinos têm o maior índice de desapego desse país, e quem diz que não são eles os mais certos? Essa é a conclusão do estudo “Dinheiro no Brasil: um estudo comparativo do significado do dinheiro entre as regiões geográficas”, de Alice da Silva Moreira. Com o clima e a natureza que temos faz sentido não sermos workaholics. Não temos invernos que nos mantêm em casa, temos praias maravilhosas. Eu mesmo passei a trabalhar meio período após os 55 anos de idade, em vez de riqueza preferi curtir a vida enquanto tivesse a energia necessária. Curtir a vida numa cadeira de rodas não fazia sentido para mim. Pelo jeito o Brasil vai continuar não crescendo nos próximos oito anos, mas isso não será um problema tão sério como os economistas acreditam. Sempre fomos um povo desapegado a bens materiais. E isso não é sinal de pobreza, e sim de riqueza. Visualização do Post: 1,272

A últma crônica de Arnaldo Jabor

última crônica de Arnaldo Jabor, jornalista e cineasta que morreu nesta terça (15/02), por complicações de um AVC, em São Paulo, tem o título “Adeus”, escrita em seu blog, em 2017. Era um aviso para seus leitores de que não voltaria mais a escrever em seu site oficial (e apenas ocasionalmente em outros veículos) porque estava ocupado com outra coisa: “Resolvi parar porque vou fazer mais um filme (meus inimigos dirão: mais um?). Vou abandoná-los e vou dizer por quê. Foram 26 anos escrevendo sem parar em vários jornais do País. Fiz as contas e, entre o espanto e o orgulho (outra obviedade), verifiquei que, nestas duas décadas e meia, escrevi cerca de mil e quinhentos artigos em jornais. Como ousei? Com que cara me meti nisso, deitando regra sobre tudo? Bem, foi por fome e não por vaidade”, disse no texto. O filme é o ainda inédito “Meu último desejo”, inspirado no conto “O livro dos panegíricos”, de Rubem Fonseca, que foi gravado pouco antes da pandemia e ainda não tem data de lançamento. O longa conta a história do Doutor (Michel Melamed), ex-político influente e hoje solitário e preso a uma cadeira de rodas, que vive cercado por um passado misterioso. Ainda na produção, Bella Piero e João Miguel. “Fiz cinema por 30 anos e, como todo cineasta, sofria de duas angústias básicas: ansiedade e frustração. Fiz nove filmes e, mesmo assim, passava necessidade para sustentar minhas filhas. Um dia falei: ‘Enchi. Chega de sofrer’. Encontrei Fernando Gabeira num avião e pedi que ele me recomendasse à Folha, onde ele escrevia. Pois não é que o bom Gabeira me indicou ao Otavinho Frias, que me empregou? Sou grato a Gabeira”, escreveu ele, que passou 10 anos na Folha e depois escreveu para o Estadão e O Tempo, de Belo Horizonte, além de TV e rádio, onde ficou por 20 anos. Ainda sobre seus filmes: “Não posso reclamar, pois alguns filmes deram certo em crítica e público, mas nada se compara ao prazer de esculachar o cabelo implantado do Renan (Calheiros), o bigode e jaquetão do (José) Sarney ou a cachoeira de rugas e valas que escorrem da cara do (Edison) Lobão. E fico orgulhoso porque nunca o jornalismo teve tanta importância como em nossos tempos de claros e escuros. Resolvi parar porque vou fazer mais um filme e estou louco para trabalhar só com a ideia de beleza que, como me disseram que Freud disse, seria a única razão para se viver. Aqui fico. Desculpem qualquer coisa.” O velório será nesta quarta (16/02), no Museu de Arte Moderna (MAM). Leia o texto completo aqui. ♠️