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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

"" A crise revela um enredo reprimido. Como conjugar éticas do privilégio de certos papéis e poderes (o Judiciário é o melhor exemplo), mas que atuam num campo onde predomina a tal “ética capitalista”? Esse conflito, hoje ampliado por uma tecnologia de transparência globalizada, traz à tona as contradições, mas impede a sua resolução porque o sistema legal é um emaranhado construído para manter os privilégios de quem está no poder."" / Roberto da Matta

Um enredo para o Brasil? -

 ROBERTO DAMATTA

O GLOBO - 21/10

Na semana passada, falei da possibilidade de ler o Brasil. Pertencer é ser: é uma leitura da “terra” onde nascemos por obra do acaso. Toda autorreflexão coletiva tem seu enredo, seus fracassos, sua cosmologia e muitos investimentos.

Qual seria o enredo do Brasil?

Se a resposta é a de que nada presta mesmo com a “esquerda” no poder, então há algo de podre no reino do pré-sal. Falta boa-fé e honestidade.

Quantas éticas inscrevemos nas leis que governam o nosso país? Um Estado nacional que, conforme disse um esquecido brasilianista, virtualmente experimentou todos os regimes políticos conhecidos?

Fomos abandonados por quase 100 anos e, em seguida, marcados por um sistema ultracentralizado. Em 1808, passamos a ser o centro do reino lusitano. Um rei aliado a contragosto às forças da reação europeia fugiu do seu reino e transformou uma periferia feita de índios e papagaios numa corte com mais papagaios do que índios. A eles se juntaram os mais ou menos 15 mil aristocratas e criados. A cidade marginal passou a ser o centro do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve.

Tais passagens não se fazem impunemente.

O rei dos contos de Trancoso vira gente. O reino, carnavalizado, é num evento único da história das colonizações. O Rio comanda uma Lisboa ressentida e as figuras sagradas pela aristocrática foram humanizadas.

Foi de dentro desse passado que o Brasil libertou gradualmente os seus escravos, fez a sua República e iniciou o seu enredo de país moderno e igualitário. Mas como realizar tal passagem num sistema tocado a escravidão e baronatos que se transformaram em senadores, juízes, governadores e presidentes sem um povo livre capaz de elegê-los? Viramos República no papel, mas continuamos sendo o país do carnaval e das restrições hierárquicas do “Você sabe com quem está falando?” e de um clientelismo cósmico.

Como realizar a igualdade se existem categorias sociais que só podem ser julgadas por seus pares? Se os crimes prescrevem e, pelos menos, os financeiros compensam? Como adotar uma ética de igualdade num país onde os administradores públicos estão literalmente isentos de julgamento de modo que o mentir se tornou parte do ofício de governar?

Escrevemos um sistema político igualitário sem uma ética de igualdade. Como disse um pouco lido Gilberto Freyre, em Ordem e Progresso: “O que se fez com a Marinha desde os primeiros dias da civilização da República de 89 foi o que se fez com o Exército, com o Rio de Janeiro, com os portos, com as indústrias: cuidou-se da modernização das coisas e das técnicas sem se cuidar ao mesmo tempo da adaptação dos homens ou das pessoas a novas situações criadas pela ampliação ou pela modernização tecnológica da vida brasileira”.

Ou seja, mudamos iludidos pela dimensão político-institucional, mas pouco mudamos os costumes e os ritos pessoais das velhas reciprocidades. Não conseguimos passar para a sociedade a ética republicana que revolucionava tudo, menos os revolucionários que continuaram a conceber a dimensão política como um campo separado da sociedade supondo que os costumes iriam se transformar por decreto.

Daí as regalias extraordinárias com as quais traduzimos no nosso republicanismo os poderes que o dinamizam. Entrar no poder no Brasil é se garantir de ser servido pela sociedade. Mais: é estar protegido por uma rede legal que até hoje esquece os crimes, centrando-se muito mais no processo legal. A legislação é mais usada como um complicado código do que como aberto guia de comportamento.
A crise revela um enredo reprimido. Como conjugar éticas do privilégio de certos papéis e poderes (o Judiciário é o melhor exemplo), mas que atuam num campo onde predomina a tal “ética capitalista”? Esse conflito, hoje ampliado por uma tecnologia de transparência globalizada, traz à tona as contradições, mas impede a sua resolução porque o sistema legal é um emaranhado construído para manter os privilégios de quem está no poder.


Aliás, a igualdade republicana acabou por dar mais força aos elos pessoais simbolizada no inextinguível “Você sabe com quem está falando?”. Em vez de domesticar o lado privilegiado do sistema, nós o atrelamos aos recursos coletivos que são sistematicamente roubados pelos governantes em nome do povo e com legitimidade moderna da ideologia e do rito eleitoral.

Penso que o nosso enredo passa por esse sistema movido por múltiplas éticas, mas que é sempre pensado em termos puramente político, ideológico e partidário.

Não por acaso que, nas ruas, exigem-se confiabilidade, empoderamento dos marginalizados, competência administrativa e de muita honestidade.

Enfim, tudo indica que chegou a hora de virar de fato uma democracia igualitária, ou de deformar-se como uma enorme República onde o Estado engana ideologicamente a sociedade, roubando-lhe o autorrespeito e a dignidade.

"" O país ainda não entrou no século 21 em matéria de gestão do Estado, cujos pilares repousam em critérios de mérito, racionalidade, controles, transparência, qualidade de serviços e descentralização. São quase 12 milhões de servidores públicos nas três instâncias federativas, ou seja, 1 em cada 10 brasileiros em idade de trabalhar, número que poderia não impressionar se o contingente fosse qualificado, não escudado no patronato político."" / Gaudêncio Torquato


A vaca, o vampiro e o Pinóquio - 

GAUDÊNCIO TORQUATO

FOLHA DE SP - 21/10

No momento em que o Brasil se debruça sobre as crises que o afligem, valendo-se da análise de circunstâncias que ameaçam a governabilidade, três entes resumem o repertório de conceitos, mazelas e problemas que devastam as esferas da gestão, da política e da economia.

São eles: a vaca, o vampiro e o Pinóquio. A vaca é a grande mãe, a deusa que, para o homem primitivo, se repartia nos rios, nas árvores, nos fenômenos naturais. Entre nós ela assume também a posição de entidade que encobre, abriga, defende e acalenta. É fácil deduzir que a vaca é o próprio Estado, que acaba oferecendo o bico para milhares de brasileiros sugarem suas tetas.

O Estado brasileiro jamais deixou de ser considerado por parcela significativa da elite política uma "cosa nostra", núcleo da grande família, dos donos do poder, que cultivam o filhotismo, o nepotismo e o familismo, transformando a função pública em patrimônio pessoal.

O país ainda não entrou no século 21 em matéria de gestão do Estado, cujos pilares repousam em critérios de mérito, racionalidade, controles, transparência, qualidade de serviços e descentralização. São quase 12 milhões de servidores públicos nas três instâncias federativas, ou seja, 1 em cada 10 brasileiros em idade de trabalhar, número que poderia não impressionar se o contingente fosse qualificado, não escudado no patronato político.

A mamãezada, que, segundo o dicionário Houaiss, é o "descaso ou conivência dos responsáveis que dão cobertura a subordinados, em caso de imoralidade no serviço público", constitui a base da muralha que esconde desvios e atos ilícitos.

Eliminar essa chupeta com os instrumentos da modernização do Estado, implicando nova metodologia para composição dos quadros públicos, é a primeira providência que se espera. Não adianta fusão ou enxugamento de estruturas sem que esse gesto leve a um profundo corte nos 12% do PIB consumidos na administração pública.

"Elas (as notícias) fazem parte do cotidiano, mas não contam a história toda. Por isso, para rebater o desânimo e contrabalançar, não custa dar uma espiada em alguns sites com conteúdo integralmente positivo que andam pipocando por aí. E nunca deixar de assistir a documentários, ler livros, ver filmes, aprofundar-se. Quanto mais abrangente nossa visão das coisas, menos desumano nos parecerá este mundo..." / Martha Medeiros

quarta-feira, outubro 21, 2015


Comum e incomum -


Resultado de imagem para imagem de páginas de jornais MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 21/10

Alain de Botton aterrissa nas livrarias com mais uma obra dedicada à filosofia do cotidiano, desta vez abordando um tema que interessa aos jornalistas em particular e a todos em geral. Notícias – Manual do Usuário nos estimula a pensar mais profundamente sobre nossa relação com a imprensa.

Precisamos saber de tudo o que está sendo noticiado? Esse “tudo” é suficiente ou é excessivo? Qual o critério para decidir que um fato merece ser noticiado e outro não?

Há um jargão clássico do jornalismo que diz que notícia não é quando um cachorro morde um homem, e sim quando um homem morde um cachorro. O incomum pauta os veículos de comunicação. Porém, comum e incomum têm se confundido. Assassinatos, estupros, desastres: não estaria na hora de essas desgraças recorrentes dividirem a atenção com as banalidades que ficam de fora das manchetes?

Por vezes, Alain de Botton soa idealista e até um pouco ingênuo, mas é um homem que traz questionamentos relevantes. Diz ele que o noticiário não transcreve a realidade, ele molda a realidade conforme as histórias que publica. Para cada pedófilo, há milhares de pessoas que respeitam as crianças. Para cada agressor de mulheres, há milhares de homens que não reagem com violência. Sem dúvida que é importante revelar os podres da sociedade, mas não se deve esquecer que as notícias que chegam sobre a nação não são a nação, e sim uma parte dela. Imprensa responsável é aquela que também abre espaço para notícias que possibilitem a criação de uma imagem de comunidade que nos pareça boa e sadia, a fim de fazer com que tenhamos vontade de contribuir para que ela se desenvolva.

A questão dos refugiados é um bom exemplo: todos se sensibilizam com sua situação, mas por quantos minutos? Três, quatro? Enquanto durar a matéria na tevê?

Não sabemos como é a vida corriqueira de quem vive em países com uma cultura tão diversa. O que comem no café da manhã, como namoram, o que fazem no fim de semana, como criam os filhos, que músicas escutam. Não há o olhar microscópico sobre seu universo, são apenas estranhos com o qual não nos identificamos, e essa falta de empatia mantém seu drama longe das nossas preocupações imediatas.

Amanhã, haverá novas más notícias nos jornais.

Elas fazem parte do cotidiano, mas não contam a história toda. Por isso, para rebater o desânimo e contrabalançar, não custa dar uma espiada em alguns sites com conteúdo integralmente positivo que andam pipocando por aí. E nunca deixar de assistir a documentários, ler livros, ver filmes, aprofundar-se. Quanto mais abrangente nossa visão das coisas, menos desumano nos parecerá este mundo.



Oscar Peterson & Count Basie - Slow Blues

terça-feira, 20 de outubro de 2015

"Toda a ópera da emancipação passa pela destruição da intimidade. A mulher emancipada é uma invisível. O homem emancipado não quer se libertar do que as mulheres carregam entre as pernas, quer se libertar do que as mulheres carregam dentro de si. E isso, só se "vê" numa intimidade compartilhada, jamais num mundo impermeável às neuroses do amor."

segunda-feira, outubro 19, 2015


Homens impermeáveis -   

LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 19/10

Lembro-me que, nos idos dos anos 1970, na escola jesuíta em que estudava, quatro meninas chegaram à sala. Foram as primeiras na, até então, escola de padres para meninos. Os padres (que na época eram mais sábios, porque menos "progressistas") decidiram por colocar garotas "aos poucos" na escola.

O colégio era um palco de brigas e competições. A monotonia da vida escolar era quebrada apenas quando algum de nós começava a brigar para valer e, às vezes, uma minibatalha campal se instalava no meio do campo de futebol. Esse ritual tinha lá sua graça e diversão.

Quando as meninas surgiram nas salas de aula, tudo mudou. A própria hierarquia entre os meninos sofreu uma alteração gigantesca. Se antes "mandava" quem batia mais e era mais dado às práticas do que hoje se chama "bullying", a partir do momento que as lindinhas entraram na sala, quem "mandava" passaram a ser aqueles por quem as meninas demonstravam interesse.
Hoje, suspeito que naquele momento repetíamos algum tipo de ritual pré-histórico em que a presença feminina implicava alguma forma sofisticada de poder que passava pelo desejo que tínhamos de "possuí-las". Essa forma de organização de poder num bando devia ser ancestral, pela força e delicadeza com a qual se fazia sentir. Quanto mais ancestral é o poder, maior sua sutileza. Deus é um discreto.

Imagino que, hoje em dia, chatinhas e chatinhos chamariam isso tudo de "machismo". Mas essas chatinhas e esses chatinhos não entendem nada de mulher. Eu chamaria isso de permeabilidade ao poder feminino.

Semanas atrás, nesta coluna, fiz referência a que, talvez, um dia, chegaríamos à situação em que os homens ficariam impermeáveis às mulheres. Recebi alguns e-mails de leitoras que afirmavam que isso já está acontecendo, que muitos homens já são impermeáveis às mulheres. Tanto eu quanto minhas leitoras não nos referíamos a gays, que são, por natureza, impermeáveis e inofensivos às mulheres.

E o que seria um homem impermeável a uma mulher? Um cara que sabe (ou acha que sabe, como é comum neste mundo contemporâneo de modinhas de comportamento) que não precisa de uma mulher para "ser feliz".

Ele é autônomo em seu dia a dia, sabe cozinhar se for preciso (melhor do que as meninas, que confundem ignorância na cozinha com liberdade), tem uma casa na medida de suas necessidades, sabe administrar funcionárias de limpeza, sabe que compra sexo fácil com garotas especializadas, inclusive em "ser namoradas light", e que, quando quer uma mulher "amadora", tem sempre alguma emancipada por perto –para quem nem precisa pagar o jantar, porque ela se orgulha em fazê-lo.

Aliás, isso de "gastar dinheiro com mulher" é uma coisa que esses homens emancipados já resolveram. Só homens antigos imaginam que "devem" algo a uma mulher. Pelo contrário, o mercado estando difícil como está, talvez elas é que devam demonstrar felicidade pagando coisas para caras generosos.

O homem emancipado é fruto da queima dos sutiãs. Não se sente obrigado a satisfazer a mulher em nenhum nível que seja. Ainda vamos perceber que todo discurso emancipatório se alimenta da libertação de qualquer vínculo. E do ressentimento com a vida.

O emancipado é um ingrato. É um solitário com grana para gastar e jamais um sujeito que trabalha demais para satisfazer os desejos de alguma mulher, a começar pelos que ela sente de ser mãe.

Num universo como esse, quatro meninas numa sala de aula mal seriam percebidas, porque o que estava em jogo ali era o convívio próximo. A intimidade da conversa sobre a prova de matemática. O medo partilhado do professor terrível. Além, claro, da graça com a qual elas sentavam nas cadeiras, antes ocupadas o tempo todo por jovens chimpanzés.
Toda a ópera da emancipação passa pela destruição da intimidade. A mulher emancipada é uma invisível. O homem emancipado não quer se libertar do que as mulheres carregam entre as pernas, quer se libertar do que as mulheres carregam dentro de si. E isso, só se "vê" numa intimidade compartilhada, jamais num mundo impermeável às neuroses do amor.


" Xis do problema ".. Colégio Pedro 2° inventa mais uma reforma ortográfica para a língua portuguesa e um problema para a psiquiatria

segunda-feira, outubro 19, 2015

Xis do problema

RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 19/10
RIO DE JANEIRO - O Colégio Pedro 2º deixou de ter alunos e alunas. Tem alunxs e alunxs –é como se escreve lá agora. A ideia não partiu de um grupo de estudantes anarquistas e gozadores, dos quais o Pedro 2º sempre foi pródigo, mas da presente reitoria. É oficial. A intenção, pelo que li no "Globo", é "abolir a diferença de gênero" para tornar a comunicação "mais inclusiva".

Significa que o Pedro 2º praticava uma comunicação "exclusiva" ao chamar os rapazes de alunos e as moças, de alunas? Sim, e isso não era bom, segundo a nova orientação. "É fundamental tratar o assunto da diversidade, seja ela sexual, racial ou cultural", diz o reitor. Perfeito. A maneira de fazer isto, ao que parece, é acabando justamente com a diversidade. E os artigos, também viraram xis? Se o aluno e a aluna se tornam "x alunx" e "x alunx", como vai se saber quem é o quê? Ou a ideia é não saber?

A inspiração para esse surto politicamente correto do Pedro 2º veio das feministas e dos grupos LGBTs. Para derrubar o que consideram uma "ditadura de gênero", esses movimentos já chamam os médicos, enfermeiros e advogados de "médicxs", "enfermeirxs" e "advogadxs". Os jornalistas, pelo menos, não lhes darão trabalho. Jornalista é jornalista, seja homem ou mulher.

"Existem gêneros diferentes, e isto é fato inconteste", constata, com certa contrariedade, um comunicado da reitoria. A descoberta, em pleno século 21, de que o mundo se compõe de meninos e meninas, mas que isso pode ser aperfeiçoado, é notável num colégio que já teve como professores Villa-Lobos, Manuel Bandeira, Antenor Nascentes, José Oiticica, Alvaro Lins, Euclides da Cunha, Paulo Rónai, Mario Pedrosa, Silvio Romero e Capistrano de Abreu.

Delator delatou ... Relator relatou ... o protocolo novo segue firme para o processo virar pizza

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=449844331870558&id=100005349846934&_rdr


20/10/2015 às 08h32 (Atualizado em 20/10/2015 às 09h08)

CPI da Petrobras poupa políticos e quer mudar delação premiada

Relatório também diz que ex-presidentes da estatal não tiveram esquema
Agência Estado
Relatório final deve ser votado nesta semanaFábio Motta/Estadão Conteúdo
Em seu parecer apresentado na noite desta segunda-feira (19), o relator da CPI da Petrobras, Luiz Sérgio (PT-RJ), inocentou de envolvimento no esquema de corrupção a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de ex-presidentes da estatal ligados aos petistas.
"Nos depoimentos dos delatores da Operação Lava Jato, não há menção sobre o envolvimento dos ex-presidentes da Petrobras José Sergio Gabrielli e Graça Foster ou de ex-conselheiros da estatal como a presidente Dilma Rousseff. Também não há nos autos desta CPI qualquer evidência neste sentido ou ainda em relação ao ex-presidente Lula ou à presidente Dilma", disse Luiz Sérgio. "Acho importante destacar isso, pois acredito que não chegou ao conhecimento de todos", afirmou o deputado petista.
O relatório final da CPI da Petrobras, que deve ser votado pelos integrantes da comissão nesta quinta-feira (22), tem como uma de suas principais sugestões mudanças na lei da delação premiada. De acordo com o relatório, a proposta precisa ser alterada para impedir a homologação de delação feita por réu que esteja preso e a contratação de um mesmo defensor por vários delatores. "Pode ter combinação", pontuou.
Luiz Sérgio fez ainda uma sugestão para que seja criada uma Comissão Especial para promover as mudanças na lei. Ele contou, ainda, que recebeu várias sugestões de colegas para alterar a legislação. A delação premiada, cuja lei foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff, é um dos principais instrumentos utilizados pelo juiz Sérgio Moro para obter confissões dos investigados na Operação Lava Jato, em troca da diminuição da pena.
O relatório foi apresentado na noite de ontem e até a conclusão desta edição não havia sido finalizado. Na leitura do documento, o relator rebateu a acusação feita por integrantes do PSOL mais cedo de que haveria um "acordão" para blindar políticos envolvidos na Lava Jato. Ele disse que a comissão entendeu em seu conjunto não convocar parlamentares. "Se for trazer todos os citados na Lava Jato, nós teríamos uma CPI por tempo indeterminado", justificou.
Segundo Luiz Sérgio, o papel da CPI é apresentar sugestões de aprimoramento à Petrobras e não apresentar responsabilizações, uma vez que já existem indiciados, presos e condenados pela Justiça Federal. O deputado disse que cabe ao Conselho de Ética tratar dos políticos e de eventual processo por quebra de decoro parlamentar. "Políticos na Câmara têm um foro adequado, que é Conselho de Ética", afirmou.
Ao abrir os trabalhos, o presidente da Comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), disse que a comissão não foi criada para competir com o Ministério Público ou com a Polícia Federal, negou que a comissão tenha terminado em "pizza" e alegou que se políticos não foram convocados foi porque o plenário não quis. "Temos limites, mas não vamos admitir dizer que essa CPI não trabalhou".
Cunha
Integrante da CPI, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) anunciou que pediria vista do relatório após sua leitura. Ele estava incomodado com o fato de o relator anunciar que não pediria o indiciamento de nenhum político envolvido nas investigações. Isso porque as investigações apontam, até agora, suspeitas sobre 62 políticos entre parlamentares, dirigentes de partidos, ministros e governadores. Ele disse que vai propor até amanhã, em voto separado, o indiciamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"Não indiciar culpados é transformar a CPI em pizza", afirmou Ivan Valente. Na avaliação do deputado, houve um "acordão" entre PT, PSDB e PMDB para "blindar os seus" e não investigar os políticos envolvidos na Operação Lava Jato.

domingo, 18 de outubro de 2015

Você pode estar certo e errado ao mesmo tempo... Vai depender do contexto!

http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_19/america.html

A verdadeira história sobre a descoberta das Américas

Alberto Cury Nassour
Engenheiro de Materiais
À quem se deve realmente a descoberta das Américas, à Cristovão Colombo, à Américo Vespúcio ou aos próprios índios nativos da região? Essa pergunta intrigante tem provocado muita controvérsia nas últimas décadas. Alguns historiadores creditam aos nativos que chegaram do estreito de Bering, entre a Sibéria e o Alasca, à 40.000 anos o verdadeiro descobrimento das Américas. Outros pesquisadores atribuem aos escandinavos por volta do ano 1.000 quando chegaram ao Canadá e retornaram sem desembarcarem devido aos imensos blocos de gelo, enquanto que outros estudiosos acreditam que fragmentos de cerâmicas encontrados no Equador em 1956, apresentam semelhanças marcantes com cerâmicas produzidas no Japão há mais de 5.000 anos. Alguns admitem que uma viagem do monge budista até o lado do “grande mar”, ou oceâno pacífico, teria chegado até o México no século V, conforme comprovam o uso de dragões alados como motivo de cerimônias mágicas encontrados em cerâmicas mexicanas, uma vez que este símbolo especificamente representava a dinastia do monge chinês. Daí a mera semelhança dos latinos, incluindo os índios brasileiros, com traços dos povos orientais.
Enfim, muitas são as teorias que tentam explicar os verdadeiros descobridores das Américas. Até pouco tempo, Cristovão Colombo era tido como um homem de larga visão e caráter obstinado, o sábio defensor da certeza de que a Terra era redonda, o homem que fez um ovo parar em pé e abriu as portas do Oceâno Atlântico, e de repente não é mais nada disso. O escritor e historiador americano Kirkpatrick Sale, em seu livro “The Conquest of Paradise” relata um homem vulgar, apreciador da ganância do ouro, obcecado pelos títulos de nobreza e extremamente confuso em suas observações de navegação. Apesar de realizar quatro viagens às Américas, nunca soube descrever fielmente onde realmente esteve. Além de demonstrar uma ferocidade bestial com os nativos, trazendo consigo e sua tripulação formada na maioria por ladrões e desocupados, doenças como a febre, tuberculose e a varíola, que dissiparam milhares de nativos logo nos primeiros contatos em terra. Sobre Colombo, dos seus primeiros vinte anos pouco se sabe. Há razões para acreditar que nasceu em Gênova no ano de 1451, mas muitos historiadores não estão de acordo. Há quem atribua o seu nascimento nas regiões da Córsega, Maiorca, Aragão, Galícia e até em Portugal. Sabe-se pelo menos que seu idioma favorito era o Castelhano, pois servia-se dele para suas correspondências. Em 1472, tem-se notícia que esteve no mar como corsário, que serviu de trampolim para ingressar na frota do grande corsário francês Coullon, o Velho. Numa investida frustante, viu-se náufrago na costa portuguesa, por onde viveu escondido por oito anos, dos 25 aos 33.

As primeiras rotas das grandes navegações
Era o tempo da Escola de Sagres, das grandes navegações pela Costa da África. Em 1488, o explorador português Bartolomeu Dias, (1455-1500), ultrapassou o cabo da Boa Esperança. Cogitava-se o verdadeiro caminho para as Índias. Colombo então, desenvolvia um plano inovador para chegar as Índias navegando para oeste, cruzando o Oceâno Atlântico. Baseando-se em dados do grande cosmógrafo e navegador árabe Alfraganus, (daí a origem dos termos latinos fragata e naufragar) demarcou as bases para suas viagens utilizando os cálculos em milhas árabes, que correspondem a 1.975,5 metros, diferente da milha italiana, 1.477,5 metros. Sem dúvida um erro marcante. Colombo, concluiu então que saindo das Ilhas Canárias e navegando 2.760 milhas (árabes) para o oeste, chegaria às ilhas japonesas. Um duplo erro, pois se revelasse a distância verdadeira, cerca de quatro vezes maior, nunca teria encontrado alguém que lhe financiasse a tentativa. Estava certo de que poderia alcançar o Oriente pelo Ocidente. Embora a teoria da Terra redonda já circulasse nos meios mais cultos, havia um certo ar confuso nos seus cálculos. Colombo não conseguiu fazer interessar o Rei de Portugal, Dom João II, nos seus projetos. Da sua estada em Portugal, sabe-se de seu casamento com Fillipa Moniz Perestrello, de família nobre, com quem teve um filho chamado Diego, futuro companheiro de viagens. Depois do falecimento de sua esposa, Colombo muda-se para a região de Andaluzia, na Espanha, onde cultivou amizades com os Medina-Celli e os Medina-Sidonia. Graças ao Duque de Medina-Celli, foi apresentado formalmente à rainha Isabel de Castella, e pouco depois apresentou seus planos à uma comissão de cientistas e navegadores espanhóis liderada pelo escriba de Talavera, braço direito da rainha.

Primeiro mapa das Américas
Em face da conclusão inteiramente negativa, a comissão recusou o projeto, considerando-o impossível frente aos cálculos apresentados. Colombo não desistiu. Tentou penetrar nas cortes da França e da Inglaterra em distintas situações frustantes. Volta então à Espanha e certas intervenções históricas acabaram ajudando-o. Em 1492, os espanhóis conseguiram readquirir suas terras após domínio dos mouros árabes por mais de setecentos anos, na rendição de Granada. Vem dessa época a grande influência árabe na cultura portuguesa e espanhola, desde o vocabulário, passando pela culinária, música e costumes. Ultrapassado a fase de reintegração de posse, os espanhóis começaram a se interessar por novos horizontes além-mar. A rainha Isabel de Castella nunca penhorou as jóias para financiar as expedições de Colombo, ao contrário do que se pregava nas escolas antigamente. Das três embarcações, Pinta e Nina eram caravelas e foram providenciadas pela cidade de Palos, a terceira, Santa Maria, era uma nau e foi financiada por um banqueiro independente que não entendia nada de navegação, mas era bastante ganancioso. Todas as embarcações levavam não mais que noventa homens, geralmente ladrões e devedores da corte espanhola e muita gente doente. No dia 06 de setembro de 1492 as embarcações saíram de Palos em direção às Ilhas Canárias e de lá em direção ao tão sonhado Oriente. Em 25 de setembro o comandante da nau capitânia Santa Maria, Martin Alonso Pizón, confundia uma porção quilométrica de algas boiando com um monte de terra e declarou “terra à vista”, o que provocou certo ar de descontentamento entre a tripulação, gerando até indícios de motim à bordo entre os mais revoltosos. Foi só então na manhã de 12 de outubro que a primeira ilha das Bahamas apareceu aos olhos do marinheiro-mor da caravela Pinta. Segundo o Calendário Juliano em vigor no século XV, era realmente 12 de outubro, porém pelo calendário Gregoriano, seria 21 de outubro. O calendário Gregoriano entrou em vigor alguns anos mais tarde corrigindo o período anual correto em função do Equinócio, marco muito utilizado por navegadores que representa o período em que o dia tem a mesma duração que a noite. O local exato onde Colombo aportou é outro ponto de controvérsias. Nada menos do que doze locais são declarados como sendo o primeiro, devido às suas anotações errôneas e ao fato de querer guardar segredo para não ser seguido caso encontrasse ouro ou especiarias. Teve seu mérito ao descobrir as Ilhas do Haiti e República Dominicana, aí fundou Isabella, em homenagem a rainha da Espanha e na expectativa de futuros financiamentos. Como os comandantes a serviço de Colombo acreditavam terem chegado às Índias, denominaram os nativos de “índios”, cujo continente estava à milhares de quilômetros de distância.
De volta à Espanha, Colombo foi recebido como herói, recebeu inúmeras honrarias e dezenas de banquetes, jamais compreendidos pelos grandes cientistas e navegadores da época que acreditavam impossível ter chegado às Índias com cálculos tão absurdos. Colombo retornou por três vezes às ilhas recém descobertas que ainda não se chamavam América, pois à luz da verdade, ele mesmo sabia que seus cálculos estavam equivocados. Isso gerou-lhe uma tremenda confusão interior. De lá saiu para a conquista de Guadalupe, Porto Rico, Jamaica e Cuba, cuja ilha imaginou ser o final do continente asiático. Só na terceira viagem, em 1498, Colombo realmente chegou ao continente americano atracando pelo norte da Venezuela. Na quarta e última viagem, em 1502, já atormentado pela crises de temperamento e alucinações constantes, não consegue descobrir mais nehuma ilha nova e então escreveu entre delírios, as obras “O livro dos privilégios” e “O livro das profecias”, nos quais se auto intitula “Dom Cristovão Colombo, Vice-Rei e Governador de todas as ilhas e terras firmes do Ocidente”. O que mais o prejudicou não foram suas teorias desatinadas, mas a prática do seu dia-a-dia como Governador das terras descobertas. Neste ponto, relata Sale em seu livro, “…Colombo foi simplesmente desastroso.Faltavam aos moradores das novas terras, comida, bebida, roupa e moradias decentes….” Os reis de Espanha perderam a paciência e mandaram o interventor Francisco de Bobadilla prender Colombo e enviá-lo de volta à Europa. Faleceu em 1506, ainda dono de uma fortuna considerável, porém, totalmente atormentado. Quem deixou bem anotadas todas as crueldades e façanhas de Colombo, foi o frade dominicano Bartolomeu de Las Casas, cuja obra publicada integralmente no século XIX, serve até hoje como fonte para os historiadores e revisionistas. Quem realmente descobriu as Índias, o continente no Oriente em 1497, foi o navegador português Vasco da Gama, (1460-1524), seguindo o caminho escolhido por Bartolomeu Dias, e conseguiu contornar o Cabo da Boa Esperança, navegando às margens do continente Africano e o Oceano Índico até chegar à Malabar.
O grande escritor francês Victor Hugo, (1802-1885), deixou registrado que “…Há homens sem sorte, e que Colombo não conseguira associar seu nome à descoberta da América…” e que “…a história do ovo em pé de Colombo não passa de uma lenda italiana, na qual Colombo querendo impressionar seus comandados, fez parar em pé um ovo cozido e levemente amassado na base, que logo em seguida ele mesmo amassa para não descobrirem sua façanha…”. É muito intrigante realmente, a América não se chamar Columbia. Américo Vespúcio, (1451-1512), nascido em Florença e navegador familiarizado com o mar, desenvolveu sistemas de cálculos de longitude imbatíveis para a época, “emprestou” seu nome para as novas terras, parecia ser melhor cotado nos meios pertinentes, pois ao contrário de Colombo descrevia e muito bem sobre suas viagens às novas terras. Afirmava ter chegado ao continente sul, próximo do Rio da Prata em 1497, antes de Pedro Alvares Cabral (1467-1520) ter descoberto o Brasil em 1500. Amigo fiel dos Medici, o “Magnífico”, Américo Vespúcio conseguia se infiltrar facilmente entre patronos e banqueiros da época. A Vila de Saint-Dié, na França, era o berço de reliogiosos cartográficos e o ilustrador Monsenhor Martin Waldseemüller ao preparar o mapa do Novo Mundo, seguindo cálculos de Vespúcio sugeriu o nome das novas terras de “Amerige”. Nasce assim o continente América. O autor Sale, da obra “The Conquest of Paradise” traça um quadro interessante da civilização no século XV, tanto na Espanha sob os olhares de novas descobertas e sob o terror da Inquisição, quanto no resto da Europa dilacerada pelas guerras constantes, assolada pela fome e pela peste. Porém, ressalta simultaneamente com brilhantismo uma época recheada de ilustres figuras como, Leonardo Da Vinci, (1452-1519), Maquiavel,(1469-1527), Michelângelo, (1475-1564), Nicolau Copérnico, (1473-1543), Lutero, (1483-1546) e Rafael, (1483-1520). As grandes navegações foram consequência natural de uma efervescência cultural da época do Renascimento, que estremeceram o conteúdo do conceito humano.
© Revista Eletrônica de Ciências - Número 19 - Maio / Junho de 2003.

Respingos da Lava Jato em Campos... (3 milhões) / blog de Claudio Andrade



domingo, 18 de outubro de 2015

Quem é Felipe? O Globo revela envio de milhões da Lava Jato para Campos.

Coluna do Lauro Jardim