Fórmula 1 movimenta indústria da prostituição em São Paulo
Garotas de programa dizem cobrar mais caro dos estrangeiros que visitam a cidade para a corrida
“Eu cobrei o dobro, 600 reais”. Este foi o acerto que Alinne Brandão negociou para passar uma hora com um mecânico alemão de uma equipe de Fórmula 1. Alinne é uma das muitas garotas de programa que já atenderam estrangeiros e que faturam nesta época do ano com gente que trabalha ou apenas viaja a São Paulo para assistir à corrida.
“A gente é convidada para muitas festas da Fórmula 1, é normal”, diz Alinne, que foi contatada pelo mecânico alemão através de seu site pessoal na Internet.
A maior parte dos negócios, porém, acontece em casas especializadas. E os taxistas paulistanos são agentes importantes no negócio. “Se o cliente me pergunta, eu levo em algumas das casas em que sou conhecido”, diz Ricardo, taxista há mais de 15 anos em São Paulo e que domina conversações básicas em inglês. Ricardo admite que o negócio é muito lucrativo para ele também. “Se eu deixo um gringo nestes lugares, eu geralmente ganho R$ 100,00 da casa. É a praxe”.
Na tradicional Rua Augusta, local em São Paulo conhecido por casas com garotas e mesmo com algumas delas fazendo ponto nas ruas, o faturamento já foi maior, segundo comerciantes locais. “Há uns cinco ou seis anos, fazia uma baita diferença, o público aumentava, mas hoje nem tanto”, diz Alan, barman de uma boate.
Fernanda, gerente de uma das casas noturnas visitadas por nossa reportagem na região, explica que a grande quantidade de eventos que acontecem em São Paulo acaba transformando o GP do Brasil em apenas mais um deles. “Ultimamente, uma feira ou congresso internacional que acontece na Paulista reflete no aumento de movimento tanto quanto a Fórmula 1”.
Mas, mesmo assim, eles esperam um movimento cerca de 15% a 20% maior no faturamento até a próxima segunda-feira, quando o “circo” da Fórmula 1 é desmontado e muitos dos funcionários ganham finalmente uma folga.
“Profissionalismo e casas de luxo”
Segundo o porteiro de uma das boates da Rua Augusta, Pedro, o poder aquisitivo do fã da Fórmula 1 é mais alto e este é o principal fator para que a diferença não seja sentida nos “inferninhos” locais. “As pessoas que vêm a São Paulo para a corrida geralmente têm muito dinheiro e acabam optando por casas mais discretas e luxuosas”.
O IG Automobilismo entrou em contato com uma destas casas de luxo, no bairro de Pinheiros, mas a administração recusou-se a atender. Segundo taxistas e garotas ouvidas pela reportagem, alguns dos lugares mais badalados do momento são Scandallo Lounge, Bomboa e Café Photo – este último, inclusive, coloca em seu site um aviso destacado de funcionamento normal no domingo do GP do Brasil.
Sobre o comportamento dos estrangeiros, as diferenças são percebidas logo de cara. “Eles bebem mais, gastam mais e não são de muita conversa.” Ricardo, o taxista, diz que eles geralmente já entram alcoolizados nos táxis. “Eu percebo e já perguntam se eles não querem conhecer umas garotas.”
Para Alinne Brandão, essas diferenças vão bem além da barreira da língua ou da quantidade de álcool. “Eles são mais profissionais, mas são ruins de cama”.
* Com exceção de Alinne, os outros nomes usados na matéria são fictícios.
* Com exceção de Alinne, os outros nomes usados na matéria são fictícios.
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