Violência faz Cidade do México perder imagem de oásis de segurança
Alberto Nájar
Da BBC Mundo na Cidade do México
Atualizado em 27 de dezembro, 2013 - 07:30 (Brasília) 09:30 GMT
Por anos da guerra contra o narcotráfico, grande parte das cidades no México tiveram constantes conflitos armados, explosões de bombas e aparições de dezenas de cadáveres nas ruas. Mas no período de 2007 a 2011, a capital do país se manteve relativamente isolada da guerra.
Agora este "oásis" parece estar desaparecendo. Nos últimos meses, a Cidade do México registrou o sequestro e execução de 13 jovens, o assassinato de adolescentes e uma disputa de gangues pelo controle do mercado de drogas.
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Especialistas e ONGs dizem que o crescimento da violência é reflexo da atuação de novos grupos criminosos no Distrito Federal mexicano que eram relativamente desconhecidos até recentemente.
As autoridades rejeitam esse argumento. "Na Cidade do México o crime organizado não opera", diz o procurador da Justiça Rodolfo Ríos.
Mas para alguns cidadãos, há uma crescente sensação de insegurança.
"Havia uma época, há uns quatro anos, em que a Cidade do México era vista como segura, mas agora já não é mais", disse à BBC María Elena Morera, presidente da organização Causa en Común, entidade que luta por direitos civis.
"Estamos arriscando perder um espaço em que nos sentíamos bastante seguros", diz.
Caso Heaven
Um dos casos que mais despertou preocupações foi o sequestro e execução de 13 jovens no Bar Heaven, que fica em uma das principais regiões turísticas da capital, a Zona Rosa. O ato teria sido uma vingança de traficantes contra um grupo rival, diz a procuradoria geral da Justiça do Distrito Federal.
Os jovens apareceram mortos meses depois em uma vala. As investigações estabeleceram que policiais participaram do sequestro.
O caso do Bar Heaven também provocou divergências políticas entre o governo federal e a prefeitura da Cidade do México. O comissário nacional de Segurança, Manuel Mondragón, diz que gangues de narcotráfico atuam na capital, mas o prefeito, Miguel Mancera, nega.
A sensação de insegurança aumentou. Uma pesquisa recente no jornal Reforma mostrou que 49% dos entrevistados acreditam que o Distrito Federal é menos seguro do que outras cidades do país, enquanto para outros 29% a violência aumentou no último ano.
As autoridades afirmam que se trata meramente de uma percepção popular, já que as estatísticas oficiais indicam que houve uma queda de 12,4% nos índices de criminalidade.
A população duvida dos números oficiais e toma precauções.
"Em dezembro não vamos sair de férias. Sempre passamos o Ano Novo em Acapulco, mas agora os ladrões não nos deram permissão", disse Angélica Zuñiga, que mora no bairro Mixcoac, no sul da capital mexicana.
Para a presidente da ONG Causa en Común, as estatísticas oficiais de crimes podem ser baixas porque muitas pessoas não estariam registrando ocorrências.
A prefeitura da Cidade do México lançou uma nova estratégia de segurança para tentar reconquistar a confiança dos cidadãos. Foram criados gabinetes de segurança nas 16 microrregiões da capital, que deverão elaborar relatórios diários sobre os registros de crimes nas suas áreas.
"Os números são positivos, mas precisamos também combater a percepção – conhecida como insegurança objetiva", diz Mancera. "É algo que precisa ser conquistado a cada dia", afirma.
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