Homem faz amizade com leoa e é recebido com 'abraços'
- 19 março 2015
Em 2012, Valentin Gruener resgatou uma leoa filhote e passou a criá-la sozinho em um parque de vida selvagem em Botswana. Agora, uma cena surpreendente se repete a cada vez que eles se encontram: a leoa pula em Gruener e o envolve em um abraço caloroso.
"Desde que a leoa chegou, há três anos, eu não saio daqui", diz Gruener.
"Às vezes, por uma noite, eu vou até a cidade para resolver alguma coisa, mas fora isso eu fico aqui o tempo todo com a leoa."
A leoa a quem ele tem dedicado sua vida é Sirga - uma filhote fêmea resgatada de uma jaula de um fazendeiro, que vivia tendo problemas com animais que atacavam o seu gado.
"Os leões haviam matado os outros dois ou três filhotes dentro da jaula, e a mãe abandonou o filhote que sobreviveu. Ela era muito pequena, tinha talvez dez dias de idade", diz Gruener.
O fazendeiro, Willy de Graaf, pediu a Gruener para tentar salvá-la. Ele a levou para um parque de vida selvagem financiado por de Graaf e virou sua "mãe" adotiva, "alimentando-a e cuidando dela."
"Era um bichinho fofo, parado ali, mas já era cheia de energia", na época. "Eu sabia que logo mais ele ficaria dez vezes maior e teria de lidar com isso", pensou ele na época.
"Você tem aquele bichinho fofo sentado ali, todo brincalhão e já bem agressivo" conta ele.
A leoa está bem maior agora, e quando Gruener abre a jaula ela ainda corre para cumprimentá-lo, jogando suas patas em volta do pescoço dele.
"Isso acontece todas as vezes que eu abro a porta. É uma coisa incrível cada vez que acontece, é uma coisa muito emotiva que ela faz: pular e me abraçar", diz Gruener.
Ele explica a reação do felino. "No momento, ela não tem nenhum outro leão com ela na jaula e acho que, para ela, é como se eu fosse da sua espécie. Sou o único amigo dela. Leões são como gatos sociáveis, então ela sempre fica feliz ao me ver."
Os companheiros passam seu tempo passeando entre os arbustos de Botswana, fazendo o tipo de coisas que gatos gostam, como ficar embaixo de árvores, brincar de luta e caçar.
"Eu não acho que temos que ensinar a leoa a caçar. Eles têm esse instinto, como um gato doméstico ou mesmo um cão. Qualquer gato consegue pegar um pássaro ou um rato. A leoa vai pegar um antílope quando for grande o suficiente ", diz Gruener.
"Eu dou a ela a chance de caçar, mais ou menos três vezes por semana. Cada caminhada leva cinco horas - às vezes chega a nove. A gente meio que caça junto e às vezes eu a ajudo, tento mostrar como fazer para matar alguma coisa, em vez de só pegar a presa".
Depois que Sirga matou o primeiro animal, Gruener não sabia se seria seguro para ele ficar perto do leão. "Mas ela me deixa participar", diz ele. Agora, ele despacha os animais que a leoa não consegue matar rapidamente.
"É um pouco cruel porque ela pega o antílope e o deixa no chão; ela poderia simplesmente morder o pescoço do animal e matá-lo, mas não o faz. Fica empolgada, parece um gato brincando com um rato."
Willy de Graaf deu a Gruener 500 hectares de terra para criar um "parque em miniatura" onde Sirga pudesse andar livremente, mas ela não vai ser solta na natureza. Não porque ela não tenha capacidade de sobreviver, diz Gruener, mas porque ela perdeu o medo dos seres humanos.
Com isso, ela pode se aproximar demais dos seres humanos, e se houver um acidente, ela pode acabar levando um tiro. "E esse não é o objetivo de criar um leão", diz Gruener.
No parque, Sirga pode viver como um leão selvagem, mas permanece segura, diz ele. "Esse é o plano para o futuro dela."
E seu próprio futuro? Gruener deixou de lado seu doutorado enquanto criava Sirga, e quase nunca a deixou sozinha.
"Se ela tiver um lugar maior para ficar e talvez um outro leão para fazer companhia, tenho certeza de que poderia me afastar daqui por mais tempo, para terminar meus estudos, por exemplo."
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