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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Dois brasileiros íntegros, de 93 anos, fazem história na política brasileira ao se proporem combater o bom combate...


24/09/2015
 às 11:03 \ Direto ao Ponto

Seja bem-vindo à frente oposicionista quem tiver compreendido, não importa quando, que é preciso combater o bom combate

Leitores da coluna reagiram com indignação a uma notícia que decerto expandiu a epidemia de insônia que grassa no clube dos cafajestes no poder: a portentosa frente oposicionista acaba de incorporar duas figuras exemplarmente íntegras. Aos 93 anos, o jurista Hélio Bicudo, antigo expoente do PT, alvejou Dilma Rousseff com o mais sólido pedido de impeachment. Também aos 93, o advogado Tito Costa, ex-prefeito de São Bernardo e amigo de Lula desde 1979, expôs a nudez do reizinho numa carta aberta publicada pela Folha.
Por que Bicudo não fez isso antes? irritaram-se veteranos antipetistas. Por que Tito Costa só viu agora a face horrível do arrivista patológico?, zangaram-se oposicionistas de primeira hora. Se o critério que fundamentou o veto aos recém-chegados valesse para todos os que tiveram vínculos com o lulopetismo, o deputado Eduardo Cunha, por exemplo, deveria ser proibido de atrapalhar a vida de Dilma. Até recentemente, o presidente da Câmara serviu ao governo Lula. Nenhum dos inquisidores de Bicudo e Tito Costa se encolerizou com o despertar tardio do figurão do PMDB.
Pior ainda seria se tais exigências e restrições se estendessem à população inteira. Nessa hipótese, a resistência democrática estaria condenada ao confinamento perpétuo no gueto dos 7% em que sobreviveu por tanto tempo por imposição das pesquisas de opinião. O que fez surgir o colosso oposicionista que hoje abrange quase 80% dos brasileiros foi a adesão de milhões de eleitores que votaram em Lula e ajudaram a instalar no Planalto o poste fabricado pelo chefão.
Vale a pena ler o que a nossa Valentina de Botas escreveu sobre essa ─ mais uma ─ paradoxal brasileirice:
Não pergunto a quem vem, de alguma forma, me ajudar numa luta, a razão de ter demorado. Se preciso da ajuda, se o essencial é a luta que travo ─ e o essencial é exatamente isso ─, não me atenho com quando ou como. Talvez não seja como eu tenha desejado, talvez não tenha sido quando eu pedi, talvez nem seja suficiente, mas a coisa está aí e pronto. Claro, sempre saberemos quem são os combatentes de primeira hora e a partilha com eles é de outra qualidade; dos tardios, quero apenas o essencial.
Falando especificamente de Hélio Bicudo, ele tem 93 anos, poderia deixar para lá, não arrumar para a cabeça a essa altura da vida. Contudo, ele está sendo linchado nas redes sociais e por determinado jornalismo, chamado de traidor para baixo, até um dos filhos expôs grosseira e publicamente a discordância. Para quê? Para fazer o que acha certo, o que encorpa a nossa luta. Ah, mas só agora? É e ainda bem que foi. Poderia ter sido antes? Talvez. Ninguém sabe o que vai na consciência de cada indivíduo nem os desdobramentos do tempo e dos acontecimentos.
Eu saúdo a coragem de Hélio Bicudo que pode ser, para confirmar que ninguém controla a história, o fator com potencial para antecipar o triunfo de uma luta, até aqui, inglória.
É isso. A porta de entrada do Brasil oposicionista está aberta a qualquer aliado de boa fé. Sejam bem-vindos todos os que tiverem compreendido, não importa quando, que é preciso combater o bom combate.    

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