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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Um agradecimento ao genial Cole Porter / by Flávio Mattos Noblat // blog do Ricardo Noblat


Um tributo à fábrica de clássicos de Cole Porter

Cole Porter compondo ao piano (Foto: Daily News)Cole Porter compondo ao piano (Foto: Daily News)
A música de Cole Porter está presente em nossa memória auditiva, mesmo que não a reconheçamos de imediato. Autor com mais de 1.200 composições, Porter é  o maior representante da canção popular norte americana. Um mestre em reunir leveza e sofisticação, fazendo chegar ao grande público melodias e letras elaboradas, apresentadas de maneira simples e acessível.
Nascido em uma família rica, Cole Porter recebeu toda a educação e o cuidado que o dinheiro pode comprar. Incentivado pela mãe, aos seis anos começou a estudar violino e aos oito, piano, demonstrando igual talento para os dois instrumentos. Mas aos dez anos deixou o violino de lado e optou pelo piano. Foi nessa idade que escreveu sua primeira opereta, que sua mãe mandou editar e distribuir comercialmente.
Cole era o neto do maior empresário do Estado de Indiana, O.J. Porter. Os planos de seu avô eram formá-lo advogado e prepará-lo para estar à frente dos negócios da família. Por isso, aos 14 o jovem foi mandado a estudar na Worcester Academy, em Massachusetts. Inteligente e talentoso, ele formou-se com boas notas e ingressou na Universidade de Yale.
Cole Porter divertiu-se muito no período de Yale. Escreveu pequenos musicais para as festas de sua fraternidade e algumas músicas para a torcida incentivar o time universitário de futebol americano. Os refrãos se tornaram gritos de guerra e são cantados até hoje nas partidas. Só nessa época sua produção alcançou a marca de 300 composições.
Depois de Yale, Harvard, a mais antiga e prestigiosa faculdade de Direito nos Estados Unidos. Era o sonho de seu avô. Foram dois anos de curso até que uma professora lhe aconselhou a buscar seu caminho na escola de música. Foi o que ele fez, sem contar para o avô.
Cole Porter conheceu o sucesso na Broadway nos anos 30. Antes havia feito muita coisa mas, principalmente, vivido a vida. Sem problemas financeiros, a música para ele podia ser diversão, não condição de sobrevivência. Morou em Paris, onde casou-se com sua amiga Linda Lee Thomas, uma socialite americana que o apoiava em sua opção homossexual.
De volta a Nova York, Porter viveu um período extremamente produtivo, recebendo encomendas para diversos musicais e emplacando inúmeros sucessos em cada um deles. Gay Divorce, com Fred Astaire, peça de 1932, traz as canções Night and Day e After You, Who?. Em 1934, escreve as canções de Anything Goes, que, além da música título tem ainda I Get A Kick Out Of You, All Through The Night, Blow e You're The Top.
Na mesma época, Hollywood investe também nos musicais e Cole Porter compõe I've Got You Under My Skin, para o filme Born to Dance, em 1936 e In The Still Of The Night, para Rosalie, de 1937. Todas essas canções viram clássicos da música popular, ouvidas no mundo inteiro, executadas das mais diversas maneiras e em diferentes estilos.
Quando em 1990, a organização de combate à AIDS, Red Hot montou um projeto para arrecadação de fundos, escolheu fazer um tributo a Cole Porter. Arregimentou alguns dos expoentes da música popular contemporânea para gravar, à sua maneira, os clássicos de Porter, para um cd. Ao mesmo tempo, convidou os diretores mais criativos da cena cinematográfica independente para dirigir os vídeos que integrariam o DVD promocional.
O projeto ganhou o nome Red Hot + Blue, e o foi o primeiro de uma série, que inclui um Red Hot + Rio, com uma homenagem à Bossa Nova. À parte o problema comum nos tributos, o risco do desequilíbrio entre as apresentações, neste temos algumas performances surpreendentes, que merecem ser testadas.
É o caso de interpretação de Sinéad O’Connor para You Do Something to Me. Também o U2 com Night and Day. Nesse, o vídeo foi dirigido por Win Wenders, no mesmo clima de seu filme Asas do Desejo, que é da mesma época. Já Tom Waits é bastante ele mesmo interpretando It’s All Right With Me. Seu vídeo tem a direção de Jim Jarmusch, o bad boy de Hollywood, com quem Waits havia trabalhado no cult Down By Law.
O grande destaque do projeto é a presença da canadense k.d. lang, com seu registro de mezzo soprano cantando a peça So In Love, escrita em 1948 para o musical Kiss Me, Kate. Aqui a vemos no vídeo dirigido pelo alemão Percy Adlon, autor de outro filme cultuado, o BagdadCafé, de 1987.
O projeto foi um grande sucesso, vendendo mais de um milhão de cópias do cd em todo o mundo.

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