As mulheres que desafiam o regime no Irã tirando o véu em público
Uma mulher tornou-se o rosto de uma série de manifestações no Irã contra o rígido código de vestimenta feminino do país.
No dia 27 de dezembro, Viva Movahedi, de 31 anos, foi para a Rua da Revolução, na região central da capital, Teerã, e retirou seu hijab, o véu usado por mulheres islâmicas sobre sua cabeça quando na presença de homens adultos que não são seus parentes, como um sinal de modéstia.
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Essa prática é obrigatória desde 1979, quando se deu a Revolução Iraniana, que destituiu a monarquia e instaurou a república neste país do Oriente Médio.
As regras ainda vetam o uso de maquiagem e determinam o uso de roupas que cubram pernas e braços de mulheres. Violar essas normas é algo passível de punição.
Movahedi protestou contra o uso do véu em uma “Quarta-feira Branca”, um movimento surgido na internet no Irã em meados do ano passado que estimula o uso de roupas brancas neste dia da semana como um símbolo contra as regras de vestimenta feminina.
Ela foi presa pelo ato, e imagens em que ela se manifesta em silêncio contra o uso do hijab com o véu na ponta de uma vara viralizou nas redes sociais.
Movahedi foi libertada em 27 de janeiro. Então, o movimento começou a crescer e ganhou um nome – As Meninas da Rua da Revolução –, tornando-se uma ameaça com a qual as autoridades iranianas raramente se depararam antes.
Logo, outras três mulheres foram vistas repetindo o mesmo gesto nas ruas de Teerã, uma delas no mesmo ponto em que Movahedi havia protestado.
Até mesmo homens e uma idosa já participaram desse tipo de manifestação, representando um sentimento cada vez mais comum no Irã.
No início de fevereiro, o governo divulgou uma pesquisa realizada há três anos que mostra que metade da população acredita que o uso do hijab não deve ser obrigatório.
Uma manifestante, que preferiu permanecer anônima, disse se tratar de um ato de “desobediência civil”.
“Achei que ajudaria, porque não aprecio violência. Assim, podemos incentivar outras mulheres a se juntarem a nós para reconquistar nossos direitos”, afirmou ela.
Outras 29 pessoas já foram presas por se manifestarem contra a prática.
O debate domina as conversas na internet no país, e até mesmo alguns clérigos vêm questionando se não chegou a hora de mudar.
Trata-se de um dilema para establishment religioso. Coibir protestos pacíficos pode levar a mais manifestações. Mas uma reação moderada pode criar um movimento que talvez não seja possível parar.
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