"Em 2014, o ministério aprovou uma política para proibir os professores de aceitar presentes e de dar aulas de reforço a seus estudantes fora do horário de aulas. Isso era basicamente uma medida anticorrupção, e acho que foi muito eficiente", afirma.
"Eu não gosto de chamar isso de suborno ou de corrupção, mas na cultura chinesa é comum presentear as pessoas que são importantes na sua vida, e isso inclui os professores."
Para Chu, isso pode "facilmente cruzar a linha e se transformar em algo como 'te deu tanto dinheiro, te dei uma bolsa, será que meu filho pode sentar em um lugar melhor na sala de aula?'. Isso acontece muito aqui no sistema. Tentaram diminuir, e acho que melhorou".
Valor do trabalho duro x crença no talento
O livro da jornalista americana também tenta explicar a educação no país com nuances e de forma equilibrada, diz ela, mais além da visão polarizada que geralmente prevalece nos países ocidentais.
Seu filho, por exemplo, aprendeu a importância da disciplina e a relação entre o esforço e os resultados que obtém.
"Acho que nos Estados Unidos e nas sociedades ocidentais - e isso está baseado em estudos que eu cito no livro - tendemos a acreditar mais no talento quando se trata de capacidades acadêmicas", afirma.
"Falei com inúmeras pessoas que me disseram: 'Ah, Johnny não tem talento para matemática, mas tudo bem, porque eu também não era bom nisso'. Mas os chineses vão dizer: 'ele consegue, basta se esforçar o suficiente'."
Para a americana, isso tem valor, porque aprender que "nada é fácil" é também uma lição importante para a vida.
Depois de cerca de 150 entrevistas com especialistas, professores de todos os níveis do sistema educacional e até com o responsável pelo currículo de matemática da China, Chu chegou à conclusão de que os sistema do país "prepara bem os chineses para a sociedade chinesa" - o que faz com que ele não possa ser aplicável diretamente a outras sociedades.
"Percebemos que a educação é uma atividade cultural, e eu nunca havia pensado nisso desta maneira."
Mesmo incomodada com elementos da experiência da educação chinesa, ela diz valorizar o fato de que seus filhos (ela teve um segundo, Landon, depois de Rainey), "têm um nível de matemática superior aos das crianças de sua idade nos Estados Unidos" e falam tanto inglês como chinês.
Críticas
Apesar do sucesso do método de Xangai, especialistas em educação afirmam que ele, ao privilegiar o cálculo e a memorização, deixa de lado a criatividade, a análise e a capacidade de expressão.
Além disso, o grande número de horas de estudo limita o tempo livre das crianças, o que pode prejudicar o desenvolvimento saudável de suas habilidades sociais e de sua personalidade.
Sendo assim, ainda que sejam bons em cálculo e na memorização de conteúdos, os estudantes acabam tendo dificuldade para se expressar, comunicar suas ideias e raciocinar em equipe, ressalvam os críticos.
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