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domingo, 30 de agosto de 2015

"A CPMF é um roubo"... quem disse isso foi Lula, no governo de Fernando Henrique... / Ruth de Aquino / Época




A CPMF é uma extorsão oficial 

A CPMF é um roubo. Quem disse isso foi Lula, no governo de Fernando Henrique. Depois, já presidente, mudou de ideia


RUTH DE AQUINO
28/08/2015 - 20h43 - Atualizado 28/08/2015 20h43 já!
A CPMF é um roubo. Uma usurpação dos direitos do trabalhador. Quem disse isso foi Lula, no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso. Lula foi a Brasília denunciar o imposto extorsivo sobre o cheque. Mas Lula ainda era oposição. Em 2007, presidente do Brasil, mudou radicalmente. Comparou a CPMF à salvação da pátria. Citou Raul Seixas para explicar que ele, Lula, era uma metamorfose ambulante.
Tudo é mentiroso na CPMF. A começar pelo nome: Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras. É uma trapaça ao idioma. “Contribuições” costumam ser voluntárias – a palavra contribuir vem do latim e significa “ter parte numa despesa comum”. Foi chamada de “provisória” mas virou “permanente” até ser derrubada em 2007, numa derrota fragorosa de Lula no Senado.
Ao se referir a “movimentações financeiras”, parece punir os ricos, os que movimentam mundos e fundos. Não. É um imposto sobre cada cheque emitido, recebido, depositado. É um confisco direto sobre as transações bancárias e comerciais, sobre as compras no supermercado. É uma assombração e uma bitributação, porque já pagamos o IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras – que, aliás, foi aumentado quando a CPMF acabou, em 2007. É tão matreira que se paga CPMF até no ato de pagar os impostos.
Oremos e lembremos o que Lula disse em 2007. “Estamos perdidos sem a CPMF.” “Se os senadores votarem contra a CPMF, temos de mostrar quem é o responsável de deixar milhões de pessoas sem esse programa (o Bolsa Família).” “Todo mundo sabe que o Estado brasileiro não pode viver sem a CPMF.”  Sabem o que Lula fez para tentar aprovar a continuidade da CPMF há oito anos? Liberou R$ 500 milhões de verbas para senadores. O mesmo que Dilma fez nesta semana.
A CPMF é um imposto tão impopular que precisa de uma cirurgia plástica invasiva para se tornar palatável. Primeiro, muda-se o nome. Vira CIS: Contribuição Interfederativa da Saúde. Ah, ela se tornaria, portanto, um “imposto do bem”. Quem pode ser contra ajudar o SUS, combater a penúria dos hospitais públicos, reduzir as filas de doentes? Quem? O duro é o dinheiro chegar lá. Pois uma década de CPMF não mudou o caos da Saúde.
Mais uma mentira, mais uma extorsão, mais uma imoralidade num país de pixulecos e pinóquios. Quem, em sã consciência, acredita que os impostos beneficiam os pobres no Brasil? A CPMF ludibriou até mesmo um de seus criadores, o ex-ministro da Saúde Adib Jatene. Ele se demitiu ao perceber que a verba caíra no colo do Tesouro.
O maior sonegador de todos é o Estado brasileiro. O Estado sonega da população o que arrecada de nós, os contribuintes. Dilma quer ressuscitar a CPMF para cobrir o maior rombo do governo central desde 1997 – mais de R$ 9 bilhões –, divulgado na quinta-feira. A CPMF é portanto um oportunismo de princípio, meio e fim.
Dilma, além de liberar meio bilhão de reais para parlamentares, também prometeu repassar aos Estados e municípios uma parcela dos R$ 80 bilhões por ano que seriam arrecadados com a nova CPMF. A promessa deixou assanhadinhos os governadores e os prefeitos – todos pensando no bem público.
Há duas maneiras de equilibrar um orçamento. Sabemos disso dentro de casa. Ou se cortam gastos ou se aumenta a renda. Os brasileiros cortam gastos. Não roubam dos vizinhos. Não roubamos de quem tem menos que nós, porque eles estão com a corda no pescoço. Aliás, não roubamos porque é crime.
Oi, Planalto! Os brasileiros estão inadimplentes, desempregados. O programa federal mais popular hoje é o Minha Casa Minha Dívida. Não dá para criar mais imposto. Precisa desenhar? Dilma, corte R$ 80 bilhões em sua ilha da fantasia. E não venha com essa desculpa esfarrapada de que não sabia, no ano passado, a gravidade da crise.
Vi uma cena, no programa Bom dia Rio, na TV Globo, de cortar o coração. Para agendar o recebimento do seguro-desemprego, homens e mulheres têm passado a noite inteira ao relento, deitados sobre papelões improvisados. Como eles se sentem? “Eu me sinto humilhado”, disse um deles. Os pedestres passam ao largo, achando que são todos moradores de rua, pedintes.
A volta da CPMF é a maior pauta-bomba surgida até agora. Mostra o desespero de um governo que obriga os outros a decretar falência, a fechar seus negócios, a se reinventar, mas que continua a aumentar os gastos além da inflação.
A sociedade civil deveria aproveitar para exigir transparência no destino dos impostos que já pagamos. Prestação de contas. Nós merecemos. Só vemos deputados, senadores, juízes ganhando reajustes superiores à inflação. Mais de 22 mil cargos comissionados no Executivo, 39 ministérios, uma barafunda no aparato do Estado. Nós não merecemos.

sábado, 1 de agosto de 2015

Senador Delcídio Amaral tem suas férias atrapalhadas por protestos na Espanha / Bruno Astuto / Época


SENADOR PETISTA DELCÍDIO AMARAL É ALVO DE PROTESTOS DE BRASILEIROS IRADOS NA GLAMOUROSA IBIZA NA ESPANHA

a
 ALMOÇO INDIGESTO: O senador petista Delcídio Amaral em restaurante grã-fino em Ibiza, na Espanha, foi alvo de protestos de brasileiros.
Da coluna de Bruno Astuto, do site da revista Época:
As férias do senador petista Delcídio do Amaral em Ibiza, Espanha,  realmente não estão nada fáceis. Depois de ter se envolvido num barraco na boate Pacha e chamado de 'ladrão' por brasileiros que estavam no local, no último dia 28, desta vez ele também não teve sossego durante o almoço com a família no restaurante Juan Y Andrea, nesta sexta-feira (31), na ilha de Formentera, nos arredores de Ibiza, onde só se chega de barco ou lancha, e um grupo de brasileiros começou a tirar foto do político. O local é o preferido dos milionários em Ibiza.

"Eu não vou cair..."

http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/guilherme-fiuza/noticia/2015/07/so-grecia-salva-dilma.html

Só a Grécia salva Dilma

Austeridade é o palavrão da moda. A Grécia deve € 26 milhões à Espanha, e a culpa é dos espanhóis


GUILHERME FIUZA
19/07/2015 - 10h01 - Atualizado 19/07/2015 10h01

Do alto de seus 9% de aprovação, Dilma Rousseff abriu as janelas do palácio e bradou ao povo: “Eu não vou cair”. A presidente afirmou que a Operação Lava Jato nunca vai provar que ela roubou. E que “todo mundo neste país sabe” que ela não roubou. É um pouco constrangedor quando a argumentação chega a esse ponto. Lembra aquele político de Brasília que, apanhado fraudando o painel de votação do Senado, reagiu: “Eu não matei! Eu não roubei!”. Acabou preso.

Se Dilma chega ao ponto de declarar que não é ladra, o brejo está mesmo se aproximando da vaca. Até aqui, a presidente tem contado com a formidável blindagem do STF, coalhado de companheiros que chegaram lá graças a décadas de bajulação ao PT. A dobradinha com o procurador-geral da República, de fazer inveja à dupla Messi-Neymar, impediu até agora que Dilma fosse sequer investigada. E, se não for investigada, realmente jamais será provado que ela roubou.

Vamos economizar trabalho aos investigadores: Dilma não roubou. É apenas a representante legal de um grupo político que depenou o país. Que, entre outras façanhas, estuprou a maior empresa nacional – naquele que foi possivelmente o maior roubo da história, chegando pelas últimas estimativas à casa dos R$ 20 bilhões. Com um currículo desses, que inclui o assalto cinematográfico do mensalão, muitos petistas não se sentem ladrões. E estão sendo sinceros. Eles acham que expropriar recursos do Estado em benefício do partido governante é uma espécie de mal necessário – um meio não muito nobre que justifica o mais nobre dos fins: manter a esquerda no poder, em nome do povo.

Ninguém jamais localizará essa procuração dada pelo povo aos iluminados do PT, autorizando-os a sugar a economia popular para montar uma casta governante com estrelinha no peito e figurino revolucionário. Há quem diga que o falsário mais perigoso é o que acredita na própria falsidade. A impostura involuntária é contagiosa. Basta ver quantas personalidades respeitáveis mantêm o apoio ao governo delinquente, de peito estufado e latejante orgulho cidadão. Um país está em maus lençóis quando perde a capacidade de distinguir os inocentes úteis dos parasitas convictos.

A crise na Grécia veio mostrar que a demagogia do oprimido está longe de ser desmascarada. Na apoteose da mistificação populista, boa parte do mundo culto resolveu se convencer de que os gregos são vítimas da austeridade – o palavrão da moda. Como disse Mario Vargas Llosa: a Grécia deve € 26 milhões à Espanha, e a culpa é dos espanhóis. A receita é genial: você gasta mais do que tem, pede emprestado para cobrir o rombo, faz um plebiscito para oficializar o calote e, quando lhe cobram a dívida, você alega desrespeito à soberania.

E eis a bancada do PT querendo enquadrar a Polícia Federal. A Lava Jato é realmente um flagrante desrespeito da soberania petista, ferindo seu direito de ir e vir entre os cofres públicos e o caixa do partido. A PF tem de se submeter a quem tem voto, argumentou um deputado do PT. É uma espécie de tráfico de democracia – o criminoso com voto vira vítima.

E aí, embebido da inocência aguda que o eleitor lhe concedeu, o Partido dos Trabalhadores decide atacar a política de juros altos praticada pelo governo do Partido dos Trabalhadores. Basta de austeridade, vociferam os mandatários oprimidos. Tudo sob as bênçãos de Caloteus, o deus grego do almoço grátis. A sobremesa de demagogia caramelada é por fora – tratar com o tesoureiro.

O problema é que o tesoureiro está preso. Entre outras acusações, responde pela suspeita de roubar a Petrobras para financiar a eleição da presidente – que jura não ter roubado um tostão. Mandato roubado não tem problema. O PT montou uma casta de nababos, nadando em verbas piratas, propinas oficiais, altos cargos e altíssimos subsídios partidários, mas ninguém roubou um tostão. É tudo dinheiro da revolução – a tal procuração popular para essa gente sofrida desfalcar o contribuinte e padecer no paraíso.

O site Sensacionalista revelou por que Dilma disse que não vai cair: “As pedaladas foram dadas com rodinhas”. E acrescentou que ela não sabia quem estava pedalando sua bicicleta. É isso aí. O jeito é continuar falando grego, língua oficial dos caloteiros do bem. 
 

terça-feira, 28 de julho de 2015

"Haddad, o professor Pardal" / blog do Fucs


Haddad, o Professor Pardal e as marginais

A última do prefeito de São Paulo, que transformou a cidade num grande laboratório de experimentos urbanos, é reduzir a velocidade máxima dos veículos


JOSÉ FUCS
17/07/2015 - 18h34 - Atualizado 17/07/2015 18h49




Congestionamento em uma via da Marginal Tietê (Foto: Daniel Aratangy / Editora Globo)A última de Haddad é reduzir a velocidade nas avenidas marginais Tietê e Pinheiros, que ligam as zonas leste, oeste e sul da cidade. Sob a alegação de que a velocidade atual é a responsável pelo elevado número de mortes nas duas vias, a prefeitura anunciou a redução da velocidade máxima na pista local de 70 km por hora para 50 km/hora (!!!!) e de 90km/h para 70 km/h na pista expressa, a partir de segunda-feira, dia 20.O alcaide paulistano, Fernando Haddad, não sabe mais o que inventar para manter-se em evidência. Como uma espécie de Professor Pardal, ele transformou a cidade num grande laboratório urbano, para desespero de boa parte da população. Quando a gente pensa que seu arsenal de excentricidades chegou ao fim, eis que Haddad surge com um novo “piro”.
Embora a medida anunciada pela prefeitura de São Paulo tenha um enorme impacto no cotidiano de milhões de cidadãos, praticamente não houve debate a respeito do assunto. Como outras decisões de Haddad, a medida está sendo empurrada goela abaixo dos paulistanos. De forma geral, os grandes veículos de comunicação, em vez de contribuir para estimular a discussão sobre o tema, apenas reproduziram as informações divulgadas pela prefeitura de São Paulo para justificar a medida. 
Uma análise cuidadosa dos dados divulgados pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), porém, não permite concluir que o atual limite de velocidade das marginais tenha relação direta com o número de acidentes e de mortes nas duas vias.  Em 2014, é certo, houve um aumento de 15% no total de mortos nas marginais em relação a 2013. Foram 73 mortos, segundo os dados da CET, contra 63 em 2013.  Ainda assim, ao fazer a comparação do número de mortos no ano passado com o de 2012 e os de anos anteriores, o que se observa é uma queda de até 22% desde 2008.
Fora isso, é preciso levar em conta que, do total de mortes ocorridas nas duas vias no ano passado, nada menos que 36 (50%) foram de motoqueiros. Parece pouco provável que eles tenham se acidentado por causa do excesso de velocidade ou do instinto assassino dos motoristas de automóveis. Talvez, um ou outro até tenha tombado por causa disso, mas a esmagadora maioria certamente não. Infelizmente, não é possível avaliar a evolução do número de motoqueiros que morreram nas marginais, porque a prefeitura só informa as mortes do gênero nas duas vias em 2014.
Na verdade, a tendência de queda das mortes nas marginais reflete um fenômeno registrado em toda a cidade. Em 2014, houve, de forma geral, um ligeiro aumento no número de mortes no trânsito. Foram 1.249 mortes no ano passado contra 1.152 em 2013 – uma alta de 8,4%. Ainda assim, excetuando-se 2013, o total de mortes ocorridas em 2014 por acidentes nas vias de São Paulo ainda foi o menor da série, desde 2005 – número praticamente igual ao de 2012.
É preciso considerar também que a frota em São Paulo cresceu 23,5% de 2008 a 2014, passando de 6,4 milhões para 7,9 milhões veículos. Em termos relativos, a redução do número de mortos por veículo em circulação foi espetacular. Caiu pela metade, de 0,0003 em 2005 para 0,00015 por veículo em 2014.
Como se não tivesse ciência dos dados, a prefeitura embarcou numa campanha para conquistar o apoio da opinião pública para a redução da velocidade nas marginais. Colocou faixas com números absolutos de mortes e acidentes em quase todas as pontes que existem nas duas vias. Acontece que os números só querem dizer alguma coisa quando analisados em perspectiva histórica – e o que eles nos dizem, quando colocados no contexto, contradiz a justificativa da prefeitura para a adoção da medida.
Na falta de alguma obra ou ação de maior impacto para ancorar sua gestão, é isso o que resta para o prefeito Haddad. Depois de implantar uma rede de iclovias que, de ciclovias, só têm o nome, inúmeras faixas de ônibus descabidas, em vias superestreitas, e defender a abertura do comércio no coração dos Jardins, comprometendo uma das poucas áreas verdes que ainda restam em São Paulo, Haddad agora se saiu com essa – e quem pagará o pato, mais uma vez, seremos todos nós.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Financial Times é vendido para grupo japonês Nikkei / Época

http://epoca.globo.com/tempo/filtro/noticia/2015/07/financial-times-e-vendido-para-nikkei-por-844-milhoes-de-libras.html?google_editors_picks=true

"Financial Times" é vendido para Nikkei por 844 milhões de libras

Com a venda para os japoneses, o grupo britânico Pearson pretende concentrar esforços em seus negócios de educação 

REDAÇÃO ÉPOCA
23/07/2015 - 12h32 - Atualizado 23/07/2015 12h52 

Financial Times, jornal britânico de negócios, foi vendido para o grupo de mídia japonês Nikkei por 884 milhões de libras (cerca de R$ 4,3 bilhões). A confirmação do negócio ocorreu nesta quinta-feira (23), horas depois de o grupo editorial Pearson ter afirmado que estava em negociação para vender seu periódico. Especulou-se que o grupo alemão Axel Springer SE poderia ser o comprador. O negócionão inclui a participação de 50% da editora Pearson no The Economist Group ou a sede do FT, em Londres.
"A Pearson foi proprietária orgulhosa do FT por cerca de 60 anos. Mas alcançamos um ponto de inflexão na mídia, conduzido pelo explosivo crescimento de mobile e social. Neste novo ambiente, o melhor caminho para assegurar o sucesso jornalístico e comercial é ele ser parte de uma companhia de notícias global e digital", afirmou o CEO da Pearson, John Fallon, em comunicado.
Com a venda, a Pearson deve concentrar seus esforços na unidade voltada para a educação, com livros didáticos e ferramentas de ensino online para estudantes e professores.
Segundo reportagem do The Guardian, há muito já se falava que o FT, fundado em 1888, poderia ser vendido. A antiga CEO do grupo Marjorie Scardino, entretanto, chegou a dizer que o jornal seria vendido "sobre seu cadáver". Ela foi substituída no posto por John Fallon há dois anos, que já chegara a negar, em 2013, outros rumores sobre a venda.
De acordo com o USA Today, o FT Group teve lucro operacional de 24 milhões de libras (cerca de R$ 122 milhões) em 2014. O jornal tem circulação impressa e digital global de 720 mil exemplares. O Nikkei foi fundado em 1876. O jornal japonês tem 3 milhões de assinantes. O grupo tem ainda outros periódicos, agência de notícias, revistas, canais de TV e outros negócios digitais.
LY

sábado, 27 de junho de 2015

É bom conhecer um pouco de Neuro Linguística para suportar os políticos brasileiros... / Época

http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2015/06/os-tipos-da-politica-brasileira-segundo-linguagem-corporal.html


IDEIAS


Os tipos da política brasileira segundo a linguagem corporal


O tímido, o inseguro, o atrevido... Expressões faciais e pequenos gestos podem revelar personalidades, verdades e mentiras

RODRIGO CAPELO
24/06/2015 - 08h00 - Atualizado 24/06/2015 14h51



Em Lie to Me, série que se inspirou no trabalho do renomado psicólogo Paul Ekman, especializado em emoções humanas, o protagonista é um investigador que consegue dizer se tal acusado realmente cometeu o crime somente ao notar, na face e nos gestos dele, padrões que apontem verdades, mentiras e sentimentos. É um exagero típico da televisão americana, claro, mas levanta uma hipótese que faria qualque brasileiro festejar: o que seria do político se houvesse alguém que analisasse suas expressões e gestos e descobrisse o que ele realmente pensa sobre o que diz?


É com esta ideia em mente que ÉPOCA consultou dois especialistas em linguagem corporal: Giovanni Mileo, com experiência em marketing político, e Paulo Sergio de Camargo, autor dos livrosLinguagem Corporal e Não Minta Para Mim! Psicologia da Mentira e Linguagem Corporal. Ambos assistiram a vídeos de uma dezena de políticos, anotaram padrões e os classificaram em nove tipos.


Que fique claro: para que esse estudo fosse conclusivo, científico, seriam necessárias muito mais horas de análise e muito mais vídeos de períodos mais abrangentes das carreiras desses políticos. O intuito, aqui, é mostrar que pequenos gestos, conscientes ou involuntários, podem reforçar o que o interlocutor fala ou podem revelar o que ele não gostaria que fosse revelado.


>> Leia também: O que Dilma Rousseff diz (sem querer) com gestos e caretas


Aécio Neves – O aflito


O senador tucano concorreu com Dilma Rousseff pela Presidência da República em 2014 e perdeu. Em 2015, tentou surfar na onda gerada por manifestações populares nas ruas para se notabilizar como principal nome da oposição ao PT. Uma dessas ocasiões ocorreu logo após os protestos de 15 de março, e nela especialistas notaram que há um Aécio Neves aflito por trás do opositor de discurso ferrenho.


Assim que começou a dizer que "é essencial que as oposições continuem reunidas" a jornalistas (0:05 do vídeo abaixo), Aécio tem rugas na testa e entre as sobrancelhas, o que especialistas chamam de "ruga da dificuldade", ambos sinais de tensão. "Ele sabe que vai ser muito difícil manter as oposições reunidas", interpreta Camargo. Depois (0:32), os cantos da boca apontam para baixo, indício de tristeza. A face ao falar das pessoas que votaram nele para presidente (0:56) demonstra raiva contida. É um misto que leva a aflição.





O aflito: Aécio Neves, senador e presidente do PSDB (Foto: Reprodução / YouTube)


Eduardo Cunha – O chefe


Eduardo Cunha disputa eleições há 17 anos, hoje preside a Câmara dos Deputados e tem tamanha influência que foi comparado a Frank Underwood, o parlamentar fictício que manipulou adversários na série americana House of cards até virar presidente dos Estados Unidos. Seus gestos apontam na mesma direção. Quando foi voluntariamente à CPI da Petrobras para "prestar esclarecimentos" sobre as acusações de que fez parte do esquema de propinas na estatal, Cunha repetiu com as mãos o que dizia com as palavras. Ao afirmar que prestaria "todo e qualquer esclarecimento" (0:46 do vídeo abaixo), a mão dele avança sobre a mesa. Isso quer dizer: quero tomar posse deste território, quero ter iniciativa. A cabeça dele balança positivamente (1:02) quando diz que faz questão de comparecer ao plenário para ser "inquirido", sinal de que fala a verdade. Manter o cotovelo sobre a mesa e falar de lado demonstra convicção. Cunha confia no que diz e coloca a voz no tom exato, com pouquíssimas interrupções na fala e no raciocínio. Ele é o chefe.





O chefe: Eduardo Cunha (Foto: Reprodução / YouTube)






Joaquim Levy – O tímido


O ministro da Fazenda escolhido por Dilma Rousseff para tesourar as contas públicas e negociar o chamado ajuste fiscal com parlamentares demonstra, por meio de suas aparições públicas, que tem o que o cargo exige: humildade, confiança no que vai dizer, energia para trabalhar. Mas não é, como os demais à sua volta, um político de fato, por isso dá sinais de timidez.


A voz dele é monótona e faz poucas variações de entonação em meio a uma fala. Note no discurso da posse, já em 5 de janeiro, quando defendeu o "equilíbrio fiscal", que Levy coloca os ombros sobre a mesa e a mão esquerda sobre o antebraço direito (0:15 do vídeo abaixo). O primeiro gesto quer dizer: tenho confiança no que vou falar. O segundo: preciso me acalmar. O ministro está sob pressão no novo cargo, e isso fica evidente quando ele cruza os dedos (0:47).


O tímido: Joaquim Levy, ministro da Fazenda (Foto: Reprodução / YouTube)






José Eduardo Cardozo – O irritado


O ministro da Justiça foi colocado pela presidente para responder às manifestações populares de 15 de março, uma situação de extrema delicadeza para a equipe de Dilma. Com bom vocabulário, voz grave e fala precisa, Cardozo passa credibilidade a quem o ouve. Tanto que voltou a ser porta-voz do governo federal sobre protestos e corrupção em outras ocasiões. Mas detalhes revelam desconforto e raiva.


Alguns gestos são repetidos por Cardozo várias vezes durante o longo pronunciamento após os protestos. As mãos em formato de pinça reforçam a exatidão do que o ministro diz. A ruga entre as sobrancelhas revelam o estado de tensão. E há raiva contida. Quando diz que o governo ouvirá propostas seja de quem o defende, "seja de quem o critica" (6:15 do vídeo abaixo), ele ergue o queixo, o lábio esquerdo sobe, e os dentes cerram. São indícios de desprezo e raiva. Poucos antes (6:04), ele já tinha apontado com os dois dedos ao dizer que o governo apresentaria novas medidas e estaria "aberto ao diálogo". Isso revela o desejo de ganhar a discussão no grito.









O irritado: José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça (Foto: Reprodução / YouTube)






Aloizio Mercadante – O inseguro


O ministro-chefe da Casa Civil foi colocado por Dilma Rousseff para "intensificar" as negociações do ajuste fiscal no Congresso, uma tarefa nada grata. A missão era passar por parlamentares as MPs 664, 665 e 668 sem que as economias que o governo federal pretendia fazer fossem depenadas. Diante de jornalistas, Mercadante mostrou o que lhe é característico: voz grave, fala pausada, bom vocabulário. O que certos microgestos deixaram transparecer é que o petista, a julgar pela postura na ocasião, passar por momento de insegurança.


Logo no início (0:02 do vídeo abaixo), Mercadante acaricia as mãos. Faz isso para se acalmar. Olha de lado (0:06) e aparenta desconfiança. Depois, quando começa a falar efetivamente do ajuste fiscal (0:30), faz uma pausa, engole seco, indícios de que está em desacordo com as medidas que defende. Ele volta a engolir seco quando cita as três MPs (0:39). Outro sinal que aponta na mesma direção vem três minutos depois (3:50), quando arranha a própria mão. A sequência mostra que o petista não está nada à vontade.


O inseguro: Aloizio Mercadante, ministro-chefe da Casa Civil (Foto: Reprodução / YouTube)


Romário – O novato


O Romário senador tem muito mais experiência em gramado e praia do que em plenário, e ele deixa claro o nervosismo por enfrentar um novo desafio enquanto fala. Um sinal está no vídeo abaixo, em que o "baixinho" chacoalha as pernas ao comentar a prisão de José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). É o que especialistas chamam de "cadeira elétrica". Ele tem pressa, fala rápido, quer resolver tudo de uma vez. Calma, artilheiro.





O novato: Romário, senador (Foto: Reprodução / YouTube)






Fernando Collor – O locutor


Quem não o conhece e o ouve falar pode achar que Collor, ex-presidente, hoje senador, é locutor. A entonação da voz se parece com a de uma apresentador de jornal, com excelente leitura e paradas dramáticas para enfatizar certos trechos. Os microgestos vão na mesma linha. Ao criticar Rodrigo Janot, procurador-geral da República que investiga, entre outros casos, na Operação Lava Jato, Collor (7:09 do vídeo abaixo) faz uma pinça com a mão. Isso denota precisão. Ao mesmo tempo, durante todo o pronunciamento, tem rugas na testa e outros sinais de tensão. "Ele quer se controlar para não ultrapassar limites", explica Camargo. Como um radialista.


O jornalista: Fernando Collor, senador (Foto: Reprodução / YouTube)


Humberto Costa – O atrevido


O senador Humberto Costa, do PT, foi à tribuna em 30 de abril, logo após o massacre de professores no Paraná, para condenar a polícia paranaense – afinal, o governo do estado é do tucano Beto Richa. A performance do petista é peculiar dele. O movimento circular com a mão (1:09 no vídeo abaixo) enquanto falava que o caso havia rodado o mundo é pertinente. Especialistas elogiam quem confirma com gestos o que acaba de dizer. Ao falar da imprensa internacional (1:16), ele faz careta, um sinal do deprezo que quer conferir ao que fala.


O mais interessante vinha dez minutos depois, quando Aloysio Nunes (PSDB-SP) interrompeu o discurso de Costa para lhe fazer perguntas. O petista, que socava o ar enquanto criticava a ação da polícia, colocou as duas mãos sobre a tribuna e disse: "mas eu ouço com atenção uma voz que, acredito, vá tentar justificar o injustificável". Em seguida, enquanto Nunes começava a questioná-lo, Costa fazia uma carranca. Em silêncio, ele dizia: não me importo com o que você vai falar. A careta foi mantida durante a fala do opositor (15:17), modo de desprezá-lo durante um embate.


O atrevido: Humberto Costa, senador (Foto: Reprodução / YouTube)


Marta Suplicy – A gesticuladora


Se há alguém na política brasileira que sabe usar bem as mãos enquanto discursa, este alguém é Marta Suplicy. A ex-petista, ao defender cotas para mulheres no Congresso, gesticula no mesmo sentido o que fala. Quando quis demonstrar exatidão, no trecho sobre os 10% que as mulheres ocupam no parlamento brasileiro (2:06 do vídeo abaixo), ela fez uma pinça com os dedos. Quando fala no voto em lista (3:20), faz uma coluna com as mãos no ar. Depois, ao dizer que mulheres têm "percepção" e "sensibilidade", Marta abre os dedos, estica as mãos e faz um movimento à frente (4:41). Isso diz implicitamente: eu quero que minhas ideias entrem em você, quero que as internalize. "A Marta faz bom uso das mãos enquanto discursa. A voz é que não tem variação como deveria", diz Camargo.





A gesticuladora: Marta Suplicy, senadora (Foto: Reprodução / YouTube)



saiba mais
O que Dilma Rousseff diz (sem querer) com gestos e caretas



terça-feira, 9 de junho de 2015

Novidades da Lava Jato inclui o Palácio do Planalto / Guilherme Fiuza



Guilherme Fiuza

Lava Jato toca a campainha do Palácio  

Youssef afirmou que se sentia “mais seguro” por saber que tinha a proteção do Planalto


GUILHERME FIUZA
04/06/2015 - 08h00 - Atualizado 04/06/2015 08h00


O doleiro do petrolão afirmou, em delação premiada, que o Palácio do Planalto sabia do esquema. Citou pelo menos três ex-ministros de Dilma cujos nomes ouviu várias vezes nos momentos decisivos das operações criminosas. Alberto Youssef disse também aceitar acareações com qualquer um. O esquema bilionário que funcionou mais de década exatamente sob os governos do PT, operado por diretores da Petrobras nomeados ou protegidos pelo grupo político governante, chegou à sua hora da verdade. Ou o Brasil acredita que o doleiro Youssef botou a República debaixo do braço e fez o governo inteiro refém, ou o comando da quadrilha terá de aparecer.

Youssef afirmou, em seu depoimento à CPI da Petrobras em Curitiba, que se sentia “mais seguro” em suas operações criminosas por saber que tinha a proteção do Palácio do Planalto. Marcos Valério não chegou a dizer literalmente a mesma coisa, mas o julgamento do mensalão mostrou que ele também era assegurado pelo Palácio – tanto que o então ministro-chefe da Casa Civil acabou condenado e preso. Nos dois megaescândalos, dois tesoureiros do PT presos, acusados de participar de desvios de dinheiro de estatais para o partido. E o Brasil, chupando o dedo, não liga lé com cré e se recusa a entender que esse é um padrão de governo.

Aliás, “a única forma de governar o Brasil” – como Lula teria afirmado a José Mujica, ex-presidente do Uruguai. Os dois ex-presidentes naturalmente negaram que se tratasse do reconhecimento do escândalo, mas o livro que traz essa passagem é absolutamente claro ao contextualizá-la como referência ao mensalão. Um dos autores do livro, Andrés Danza, declarou não ter dúvidas de que assim a fala de Lula fora entendida por Mujica – com quem, aliás, Danza tem excelente relação. Possivelmente o ex-presidente uruguaio, chapa de Lula, achou que expondo a confissão de “culpa” do colega brasileiro em relação ao escândalo iria humanizá-lo. É um tipo de humanismo que passarinho não bebe.

A tolerância do Brasil com os métodos escancarados do PT beira o masoquismo. A pessoa em quem Dilma Rousseff mais investiu para ser seu braço direito no governo chama-se Erenice Guerra, investigada em dois escândalos de tráfico de influência dentro do Palácio – este que Youssef diz que o fazia sentir-se seguro, o mesmo de onde foi engendrado o mensalão. É uma vertiginosa sucessão de coincidências. Ou então o Brasil gosta de apanhar.

Gosta porque não se mexe. Está esperando a Justiça capturar a quadrilha. E vai esperar sentado. A domesticação da corte máxima dessa Justiça apresenta neste exato momento mais um capítulo circense – talvez o de maior audiência, pelo que tem de bizarro. O país assiste à indicação de mais um soldadinho petista para o Supremo Tribunal Federal – um simpatizante do MST, para ter uma ideia do nível de aparelhamento a que está chegando a Justiça brasileira, esta que a plateia está esperando pegar os chefes do bando. O novo indicado por Dilma para o STF tem até site feito pela mesma pessoa que faz o do PT, provando que a independência não livra ninguém dos sortilégios da sincronicidade.

O Congresso Nacional teria a chance de devolver essa carta marcada ao Planalto, reprovando a indicação de Luiz Edson Fachin ao Supremo. Mas o Congresso é... o Congresso. E assim o país vai assistindo candidamente ao adestramento das suas instituições pelos companheiros progressistas, que conseguiram subjugar até as contas públicas – travestindo o balanço governamental através da contabilidade criativa e das já famosas pedaladas fiscais (tão famosas quanto impunes). Claro que a lavagem cerebral companheira já chegou forte a escolas de todo o país – sendo que até colégios militares andam sendo coagidos a ensinar o conto de fadas petista, coalhado de ideologias exaltando as pobres vítimas do capitalismo que mandam no Brasil (pelo visto, para sempre).

O Congresso Nacional está em cima do muro, o governo está atrás do muro e o Supremo está atrás do governo. Só o povo, com ou sem panelas, pode afrontar essa barricada no coração do Estado brasileiro e libertá-lo – exigindo que a Lava Jato siga o dinheiro até o fim. E levando a investigação até dentro desse Palácio que protege doleiros

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Mais do mesmo... Turma da pesada do PT de Minas está encrencada com a Polícia Federal, MPF, Receita Federal...




Quem é Bené, o empresário amigo de Fernando Pimentel preso pela Operação Acrônimo   
FELIPE COUTINHO COM REDAÇÃO ÉPOCA

29/05/2015 - 14h15 - Atualizado 29/05/2015 16h39
Benedito Oliveira (Foto: Folhapress)
Benedito Oliveira embarca em avião PR-PEG no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte.
Aeronave está registrada em nome da Bridge Participações (Foto: Folhapress)

Benedito Rodrigues de Oliveira é amigo do governador e foi essencial para sua eleição. Foi preso acusado de associação criminosa

A Polícia Federal prendeu, na manhã desta sexta-feira (29), o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené, por associação criminosa. Além dele, outras três pessoas foram presas, acusadas de fazer parte de uma organização responsável por lavagem de dinheiro por meio de sobrepreço e inexecução de contratos com o governo federal desde 2005. As prisões fazem parte da Operação Acrônimo, deflagrada pela Polícia Federal nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás e no Distrito Federal. De acordo com a investigação, para lavar o dinheiro os suspeitos recorriam a movimentações 


A Polícia Federal prendeu, na manhã desta sexta-feira (29), o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené, por associação criminosa. Além dele, outras três pessoas foram presas, acusadas de fazer parte de uma organização responsável por lavagem de dinheiro por meio de sobrepreço e inexecução de contratos com o governo federal desde 2005. As prisões fazem parte da Operação Acrônimo, deflagrada pela Polícia Federal nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás e no Distrito Federal. De acordo com a investigação, para lavar o dinheiro os suspeitos recorriam a movimentações financeiras fracionadas e uso de laranjas. Segundo o G1, há 30 empresas sendo investigadas. O faturamento de uma delas foi de R$ 465 milhões, segundo as investigações.

>>PF realiza operação de combate à lavagem de dinheiro em três estados e no DF

Bené é personagem importante da política nacional: homem forte do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, foi fornecedor durante a campanha do petista ao governo do Estado em 2014. Entre os bens de Bené que foram apreendidos está um avião bimotor, frequentemente usado por Fernando Pimentel – inclusive durante a campanha. Entre os presos está também Victor Nicolato, ex-sócio de Bené e seu operador durante a campanha de Pimentel. De acordo com um integrante da campanha petista, Nicolato era encarregado de “resolver os problemas” que surgissem no comitê de Pimentel. 

>>PF prende o empresário Benedito Oliveira

O objetivo da operação é encontrar documentos, valores e informações que ajudem a investigação a relacionar o dinheiro movimentado pelos suspeitos com contratos superfaturados firmados com órgãos públicos.
Como a operação começou

As investigações da Operação Acrônimo começaram em 2014, quando foram apreendidos R$ 113 mil em dinheiro vivo no avião de Bené. Na ocasião, Bené embarcara em Belo Horizonte com destino a Brasília, quando foi surpreendido por agentes da Polícia Federal ainda no aeroporto da capital. Em seguida, foi levado à superintendência da PF para prestar depoimento.

Bené foi essencial para a eleição de Pimentel em Minas Gerais. Em 2014, reportagem de ÉPOCA reuniu evidências de que a relação do empresário com o governador é próxima, e ultrapassa a relação comercial estabelecida entre um cliente e um fornecedor.  A ascensão de Pimentel coincide com a ascensão de Bené. Enquanto um subia na política, o outro subia na carreira.
A amizade entre Bené e Pimentel

Quando os R$ 113 mil foram encontrados no avião de Bené, Pimentel declarou que não podia ser responsabilizado pela conduta dos fornecedores. Segundo o governador, Bené apenas fornecia material gráfico para sua campanha. Há evidências de que o relacionamento entre os dois, no entanto, era muito mais próximo do que o governador atestava.

Bené se aproximou do PT durante o segundo mandato do governoLula. Foi apresentado aos quadros do partido pelo deputado Virgílio Guimarães – o mesmo que apresentou Marcos Valério à sigla. Na manhã desta sexta-feira (29), a PF fez busca e apreensão na casa de Guimarães também.  A proximidade com o partido lhe fez bem: Bené ganhou contratos em vários ministérios no governo Lula.

Bené e Pimentel são amigos há anos, apesar de o empresário já ter sido, no passado, acusado de desvio de dinheiro pelo TCU. Os dois se aproximaram em 2009, durante a campanha eleitoral da presidenteDilma Rousseff. Bené colaborou com a campanha, alugando a casa onde a equipe da candidata trabalhava. O aluguel era pago com dinheiro vivo.
Foi na casa que, pouco depois, assessores da Dilma começaram a produzir dossiês contra o PSDB. Na metade de 2010, quando o caso veio à tona, Bené e Pimentel tiveram de se afastar da campanha.
A influência de Bené na política
Documentos obtidos por ÉPOCA mostraram que, logo depois da posse de Dilma, Bené comprou nos EUA o avião apreendido nesta sexta-feira pela PF. A aeronave também foi paga à vista, segundo a nota fiscal: US$735 mil. O documento aponta o comprador como Lumine Editora, empresa de um dos irmãos de Bené.  Segundo amigos próximos do empresário, ele precisava do avião para transportar políticos, “de maneira discreta”.  Hoje, o avião está registrado na Anac sob a posse da Bridge Participação. Os donos da Bridge são desconhecidos, mas documentos comerciais indicam que ela é controlada pelo próprio Bené. 

Ao longo do governo Dilma, Bené ganhou vários contratos. Na época, sua amizade com Pimentel lhe garantia influência sobre o Ministério do Desenvolvimento, comandado pelo petista.
A influência de Bené sobre o governo foi logo sentida – ele se encarregou de indicar um dos secretários do Ministério do Desenvolvimento, logo que Pimentel assumiu a pasta. Em 2011, Pimentel nomeou Humberto Ribeiro como secretário de Comércio e Serviços. Ribeiro é irmão de Luiz César Ribeiro, ex-sócio de Bené.

Reportagem de ÉPOCA em 2014 mostrou que Bené se aproximou também de dois assessores de Pimentel: Eduardo Serrano e Carolina Oliveira. Serrano foi um dos coordenadores da campanha de Pimentel. Em 2012, Pimentel se separou e engatou um namoro com Carolina Oliveira. Segundo amigos em comum, Bené e sua namorada, Juliana Sabino, passaram a sair com Pimentel e Carolina. As duas namoradas tornaram-se amigas. Pouco depois de começar o namoro com Pimentel, ainda funcionária do ministério, Carolina abriu, ao lado da mãe, a empresa Oli Comunicação. Carolina deixou o ministério em dezembro de 2011. A Oli, em seguida, foi contratada pelo PT para prestar serviços de assessoria de imprensa. Duas salas da Oli, em Brasília, eram alugadas por Bené.
RC