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terça-feira, 7 de junho de 2016

A Câmara Federal se afunda moralmente com o episódio de cassação de Cunha

Depois de perder poder, Câmara perde o pudor

Josias de Souza
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A Câmara não é feita apenas de cinismo e cumplicidade. Mas 90% dos deputados dão aos 10% restantes uma péssima reputação. Ao suspender Eduardo Cunha do exercício do mandato e da presidência da Câmara, o STF transformou os parlamentares em pequenas criaturas. Hoje, basta que um deputado se agache no plenário para que o considerem um ser de grande altivez.
Num instante em que Eduardo Cunha executa sua penúltima manobra (veja aquiaqui, vale a pena reler um trecho da decisão do STF, redigida pelo ministro Teori Zavascki e refendada por unanimidade no plenário do tribunal. O texto anota que Cunha, “além de representar risco para as investigações penais […], é um pejorativo que conspira contra a própria dignidade da instituição por ele liderada.”
O documento prossegue: “Em situações de excepcionalidade, em que existam indícios concretos a demonstrar riscos de quebra da respeitabilidade das instituições, é papel do STF atuar para cessá-los, garantindo que tenhamos uma República para os comuns, e não uma comuna de intocáveis…”
O que o Supremo afirmou, com outras palavras foi o seguinte: “A permanência de Eduardo Cunha no comando da Câmara ameaça a Lava Jato e avacalha o Legislativo. Se os deputados não conseguem se livrar de um personagem que torna a Câmara indigna de respeito, não resta ao Supremo senão intervir, para preservar a instituição e demonstar que ninguém está acima da lei.”
O que parecia ser um favor do STF transformou-se num suplício. A Suprema Corte afastou Eduardo Cunha, mas manteve nas mãos dos seus pares a obrigação de remover o entulho. Decorridos 33 dias, o Conselho de Ética da Câmara se reúne nesta terça-feira para votar um parecer que recomenda a cassação do mandato de Cunha. E a infantaria do lixão manobra para arrancar do colegiado uma pena alternativa —algo como uma suspensão. Que seria inócua, já que o STF já suspendeu o acusado.
O processo já é o mais longo da história do Conselho de Ética. Arrasta-se há mais de sete meses. O arsenal de manobras de Cunha parece inesgotável. Nesta terça, em sessão realizada numa sala ao lado, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) votará parecer de um aliado de Cunha, o deputado-petroleiro Athur Lira (PP-AL), que altera as regras do jogo aos 45 minutos do segundo tempo.
Mal comparando, é como se as manobras tornassem o processo de cassação semelhante a uma partida de futebol. Com algumas diferenças: o campo não é demarcado, vale impedimento, canelada marca ponto a favor, a bola é quadrada e o juiz é o próprio acusado, um ladrão que expulsa do jogo quem bem entende e cria suas próprias regras sem dar satisfação a ninguém.
O deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), que joga no time da cassação, ainda não se deu por vencido. Ele diz que a Comissão de Justiça, onde Cunha executa sua manobra, “não é um colegiado feito de cartas marcadas.” Para Betinho, “não há segurança de que as mudanças que favorecem Eduardo Cunha serão aprovadas.”
Os partidários da interrupção mandato de Cunha planejam obstruir a votação na CCJ. “Queremos ter primeiro o resultado do Conselho de Ética, que sairá até quarta-feira'', afirma o tucano Betinho. “Obstruindo, a gente expõe um pouco mais a manobra, de modo a elevar a pressão da opinião pública sobre a CCJ.”
Do lado de Eduardo Cunha o problema é saber de que tamanho precisa ficar o embaraço para que a opinião pública, já tão habituada ao papel de tolo, possa considerá-lo aceitável. A tarefa não é simples. Mas a Câmara, depois de perder o poder para o STF, não parece se importar com a crescente perda do pudor.
Os deputados flertam com o risco de o Supremo intervir novamente na cena, moralizando-a. A imagem da prisão de Delcídio Amaral em pleno exercício do mandato de senador flutua na atmosfera como um aviso para Eduardo Cunha.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

domingo, 8 de maio de 2016

Surpresa ...! Dilma esconde de proprietários do 'Minha Casa' o aumento de prestações a partir de julho deste ano

‘Minha Casa’ aumenta sob Dilma e nova prestação começa a vigorar sob Temer 

Josias de Souza
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A clientela mais pobre do ‘Minha Casa, Minha Vida’ terá uma desagradável surpresa. A partir de 1º de julho, os beneficiários do programa habitacional com renda familiar de até R$ 1,8 mil pagarão prestações mais caras. Nessa faixa, o valor mínimo mensal passará de R$ 25 para para R$ 80. Um salto de 220%. O valor máximo subirá de R$ 80 para R$ 270. Um salto ainda maior: 237,5%.
Na quarta-feira (11), o Senado se reúne para votar a admissibilidade do processo de impeachment. Confirmando-se a tendência de afastamento de Dilma Rousseff por até seis meses, os reajustes baixados por ela começarão a ser cobrados sob a presidência de Michel Temer. Farejando a oportunidade, Dilma joga na confusão. Difunde a tese segundo a qual Temer e seus auxiliares são inimigos do social.
Há três dias, Dilma discursou numa cerimônia de entrega de casas em Santarém, no Pará. Suas palavras foram transmitidas simultaneamente para outras cidades onde houve distribuição de chaves —no Rio, em Minas, no Ceará e na Bahia. A presidente animou a plateia ao discorrer sobre cifras:
“Eu vou fazer uma pergunta: quem aqui pagava aluguel de até R$ 100,00? Ninguém. Até  R$ 200,00? Até R$ 300,00? Quem vivia de favor? Quem vivia em área de risco? Sabe quanto que vocês vão pagar no programa Minha Casa, Minha Vida, não só vocês aqui, mas o pessoal de todas as cidades? Entre R$ 25 e R$ 50. E vão ter a casa própria de vocês.”
Dilma não fez menção ao iminente reajuste no preço das prestações. Preferiu falar do “golpe” de que se julga vítima. Sem citar o nome de Temer, insinuou que, querem derrubá-la para “acabar, reduzir ou rever o Minha Casa, Minha Vida.” Perguntou: “Como é que uma pessoa que quer fazer isso resolve o problema dela?” Apressou-se em responder: “Faz uma eleição indireta e veste a eleição indireta com a roupa do impeachment…”
Uma semana antes desse discurso de Dilma, o Banco do Brasil, um dos agentes financeiros do programa habitacional do governo, começou a endereçar cartas para prefeituras que participam de empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida. Anotou:
“Cientes da importância do programa governamental Minha Casa, Minha vida —PMCMV—, vimos informar-lhe das alterações dos valores das prestações dos empreendimentos […], Faixa 1, a partir de 01/07/2016, conforme abaixo estabelecido através da portaria ministerial número 99 de 30/03/2016:
– Prestação mínima atual R$ 25,00 – a partir de 01/07/2016 R$ 80,00.
– Prestação máxima atual R$ 80,00 – a partir de 01/07/2016 R$ 270,00”
Reprodução
A carta reproduzida na imagem acima foi remetida pelo Banco do Brasil à prefeitura de Cruz das Almas, na Bahia. O prefeito da cidade, Ednaldo José Ribeiro, filiado ao PMDB de Michel Temer, abespinhou-se. Na última sexta-feira (6), um dia depois do discurso de Dilma no município de Santarém, ele enviou um ofício à agência do Banco do Brasil na cidade.

domingo, 3 de abril de 2016

Trecho da coluna de Josias de Souza


Para Planalto, Lula estancou sangria de aliados

Josias de Souza

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Em conversa com o blog, um auxiliar de Dilma Rousseff resumiu assim a semana: “Quando o PMDB anunciou o desembarque, propagou-se a tese de que o governo estava à beira do abismo e a presidente havia pisado no sabonete. Chegamos ao final de semana em pé. Contrariando todas as expectativas, não houve uma sangria na base do govero no Congresso.”
O Planalto atribui o torniquete a Lula. Entrincheirado num hotel próximo ao Palácio da Alvorada, o ministro informal de Dilma manuseou cargos e verbas sem nenhuma hesitação ética. Guiou-se por duas bússolas: a moral da sobrevivência e a Lei da Silva. E conseguiu ganhar tempo com legendas como PP, PR e PSD, que ameaçavam desertar nas pegadas do PMDB.
O governo ainda não reuniu a infantaria de 172 deputados de que precisa para enterrar o impeachment. Mas celebra o fato de que a oposição também não obteve os 342 votos necessários para fazer o pedido chegar ao Senado. Num colegiado de 513 deputados, estima-se que algo entre 40 e 50 estão indecisos ou simulam indecisão para valorizar os respectivos passes.
A esse ponto chegou o governo: depois de terceirizar o poder a Lula, Dilma dedica-se a fazer figuração em cerimônias oficiais. Com carta branca para dispor de todos os cargos e recursos orçamentários que o déficit público for capaz de prover, Lula ainda não seduziu nem um terço do plenário da Câmara. Mas o Planalto está feliz porque sobreviveu a mais uma semana.
A tarefa da oposição é mais trabalhosa que a de Lula. Os aliados do governo irão à votação do impeachment se quiserem. Votando contra ou ausentando-se, socorrerão Dilma da mesma maneira. Basta que impeçam que os adversários do governo fechem a conta de 342 votos. Se a oposição reunir em plenário até 341 votos, Dilma prevalecerá mesmo que ninguém vote contra impeachment.
Nessa hipótese, a presidente ainda teria pela frente um país por refazer. Minoritária no Congresso, não lhe restaria senão manter ativado o balcão fisiológico em que Lula encostou sua barriga. Num instante em que a Lava Jato exuma até o cadáver do ex-prefeito Celso Daniel é temerária a estratégia de plantar novos escândalos em Brasília. Já se vê ao longe o pus no fim do túnel.
De resto, é preciso considerar que o voto na sessão do impeachment será aberto. Nada impede que se repita com Dilma o que sucedeu com seu o aliado Fernando Collor, escorraçado da Presidência em 1992. Na véspera da votação do impeachment de Collor, um de seus escudeiros mais fieis, o então deputado Onaireves (pode me chamar de Severiano ao contrário) Moura, ofereceu um jantar ao inquilino do Planalto e aos seus apoiadores. Antes de deixar a casa de Onaireves, os deputados 'colloridos' ganharam de presente uma garrafa de uísque, “para celebrar a vitória do dia seguinte.'' Na hora de pronunciar o voto, sob refletores, até Onaireves votou contra Collor.

Líder! 
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Josias de Souza
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– Via Nani.


sexta-feira, 11 de março de 2016

Lula vai se autonomear ministro ?


PT submete Dilma a impeachment companheiro
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Josias de Souza
Facebook/Reprodução
Dilma Rousseff não só acredita em vida depois da morte como crê que é esta que ela está vivendo. Suposta presidente da República, Dilma já não tem capacidade nem para projetar as aparências do poder. Para evitar que outras forças políticas dêem um golpe, o PT decidiu implementar um impeachment companheiro. Articula a conversão de Dilma em ex-presidente ainda no exercício da Presidência. Só falta decidir o que o partido fará com o vácuo que herdará de si mesmo.
Lula passará o final de semana refletindo sobre a conveniência de assumir um ministério sob Dilma, informou Rui Falcão, presidente do PT, ao discursar na noite desta quinta-feira para uma plateia de cerca de 300 militantes de movimentos sociais. Lula não está interessado no escudo do foro privilegiado, assegurou Falcão. Não, não. Absolutamente. A ideia é que ele vá à Esplanada para “salvar o nosso projeto.” Bom, muito bom. Pode criar algo inteiramente novo. Caos não falta.
Na saída do evento, Falcão afirmou que a decisão de Lula pode sair no próprio final de semana ou demorar mais alguns dias. “Essa é uma decisão dele. Lula está tranquilo e sereno.” Noutros tempos, a escolha de ministros era decisão exclusiva de presidentes. Mas Dilma não se importará se Lula decidir se autonomear. Ela o deixou à vontade para escolher a pasta. O PT quer vê-lo na Casa Civil. Funciona no 4º andar do Planalto, em sala que fica imediatamente acima do gabinete presidencial, situado no 3º piso.
Não é difícil imaginar a cena: na antessala do neo-ministro, congressistas e empresários se acotovelando por uma audiência. Na sala de espera da pseudo-presidente, o silêncio do vazio. No interior do gabinete, o nada. Inútil tentar alcançar Dilma com os olhos. O olhar atravessa o nada e vai bater no couro do espaldar da poltrona. Lula queria um sucessor invisível, que não lhe fizesse sombra. Exagerou!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O ambiente no PT é parecido com o do Titanic antes do naufrágio // Josias de Souza


No Titanic do PT, Lula é o maestro da orquestraCOMENTE

Josias de Souza




A Lava Jato instilou no PT um ambiente de salve-se quem puder. Quem não está preso no porão de Curitiba foge para os barcos salva-vidas. Ouve-se ao longe a orquestra tocando enquando desliza pelo salão. O naufrágio do PT imita o afundamento do Titanic. Lula segura sua orquestra no salão.
Ao convocar o maestro do petismo e a mulher dele, Marisa Letícia, para prestar depoimento sobre o triplex do Guarujá, o Ministério Público de São Paulo injetou dramaticidade na cena. Há nove dias, com água pelo pescoço, com as caldeiras explodindo e tubarões entrando pelas escotilhas, Lula esforçava-se para manter a pose.
“Não sou investigado”, jactava-se a um grupo de blogueiros. “Se tem uma coisa de que me orgulho é que não tem, nesse país, uma viva alma mais honesta do que eu”, autovangloriava-se. Era como se ensinasse aos seus músicos: “Toquem com brio, nem uma nota fora do lugar!”
As palavras de Lula dão um significado —ou pelo menos um fundo musical— ao grande desastre do partido que já foi considerado o transatlântico da ética. O maestro e a ex-primeira dama serão inquiridos como “investigados”, informa o Ministério Público. E o maestro, esgrimindo a batuta: “Com brio, companheiros, com brio!”
Sem se dar conta do desnível acentuado do chão e da água que começa a invadir o trombone e os trompetes, o PT prepara para o segundo semestre de fevereiro sua festa de aniversário. Incluirá na celebração uma  homenagem a Lula. A data ainda não foi fixada. Uma boa sugestão seria 17 de fevereiro, dia do depoimento do maestro. Ajustando-se o repertório, a orquestra petista passaria a executar hinos religiosos. Até o fundo.