No Titanic do PT, Lula é o maestro da orquestra
Josias de Souza
A Lava Jato instilou no PT um ambiente de salve-se quem puder. Quem não está preso no porão de Curitiba foge para os barcos salva-vidas. Ouve-se ao longe a orquestra tocando enquando desliza pelo salão. O naufrágio do PT imita o afundamento do Titanic. Lula segura sua orquestra no salão.
Ao convocar o maestro do petismo e a mulher dele, Marisa Letícia, para prestar depoimento sobre o triplex do Guarujá, o Ministério Público de São Paulo injetou dramaticidade na cena. Há nove dias, com água pelo pescoço, com as caldeiras explodindo e tubarões entrando pelas escotilhas, Lula esforçava-se para manter a pose.
“Não sou investigado”, jactava-se a um grupo de blogueiros. “Se tem uma coisa de que me orgulho é que não tem, nesse país, uma viva alma mais honesta do que eu”, autovangloriava-se. Era como se ensinasse aos seus músicos: “Toquem com brio, nem uma nota fora do lugar!”
As palavras de Lula dão um significado —ou pelo menos um fundo musical— ao grande desastre do partido que já foi considerado o transatlântico da ética. O maestro e a ex-primeira dama serão inquiridos como “investigados”, informa o Ministério Público. E o maestro, esgrimindo a batuta: “Com brio, companheiros, com brio!”
Sem se dar conta do desnível acentuado do chão e da água que começa a invadir o trombone e os trompetes, o PT prepara para o segundo semestre de fevereiro sua festa de aniversário. Incluirá na celebração uma homenagem a Lula. A data ainda não foi fixada. Uma boa sugestão seria 17 de fevereiro, dia do depoimento do maestro. Ajustando-se o repertório, a orquestra petista passaria a executar hinos religiosos. Até o fundo.
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