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segunda-feira, 2 de abril de 2012

País agora atrai bancos chineses — Portal ClippingMP

País agora atrai bancos chineses

Bancos chineses aportam no país
Autor(es): Filipe Pacheco | De São Paulo
Valor Econômico - 02/04/2012

Os bancos estatais da China, os maiores do mundo, rondam o mercado brasileiro. O Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), o maior deles, espera desde o ano passado o sinal verde para poder atuar no país e já está com contrato de locação assinado para ocupar um escritório no coração financeiro de São Paulo. O China Construction Bank (CCB) sonda há meses possibilidades de entrada por meio de aquisições de bancos de pequeno ou médio portes e teria de US$ 500 milhões a US$ 600 milhões para a empreitada. O Bank of China, menor que os outros dois, opera como banco múltiplo desde 2009 e começará agora a atuar mais intensamente. Juntos, os três têm valor de mercado próximo de US$ 570 bilhões


O mercado bancário brasileiro está no radar dos gigantes bancos estatais da China, também os maiores do mundo em valor de mercado. O ICBC (Industrial and Commercial Bank of China), maior deles, espera desde o ano passado o sinal verde presidencial para poder atuar no país, mas já está com contrato de locação assinado para ocupar um escritório no coração financeiro de São Paulo. O segundo maior, o China Construction Bank (CCB), sonda há meses possibilidades de entrada por meio de aquisições de bancos de pequeno ou médio porte. Já o Bank of China, menor que os outros dois e o único que já conta com unidade por aqui, aberta em 2009, começará só agora a "atuar para valer", segundo as palavras de seu atual presidente. Juntos, os três somam números impressionantes: valor de mercado próximo de US$ 570 bilhões e mais de 40 mil agências na China - todos são de controle estatal. Um quarto interessado seria o China Bank of Communications, menor que os outros três e em estágio ainda preliminar de prospecção do mercado doméstico.
O ICBC, cujo valor na bolsa de Hong Kong é de US$ 238,2 bilhões, ainda não tem permissão oficial para operar no Brasil, mas fechou contrato para ocupar 1.500 metros quadrados no mesmo prédio que já abriga o BTG Pactual, Banco Espírito Santo e J.P. Morgan, na Av. Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. O capital inicial declarado ao BC em abril do ano passado foi de US$ 100 milhões, o que caracteriza um banco com operações de porte tímido em comparação às cifras da matriz. Não há prazo limite para que a concessão seja dada. Seu futuro presidente já está no país há alguns meses e executivos brasileiros estariam sendo abordados para compor o time. No total, entre 40 e 70 funcionários devem ocupar a unidade, e o ICBC procura no momento 12 apartamentos residenciais na mesma região para os funcionários chineses mais graduados que virão. A KPMG e o escritório Tozzini Freire Advogados têm auxiliado o banco.
Em agosto do ano passado o ICBC pagou US$ 600 milhões por 80% da unidade do Standard Bank na Argentina, sendo que em março de 2008 já havia se tornado o sócio majoritário da matriz do Standard Bank. Comprou, por US$ 5,4 bilhões, 20% do banco sul-africano que opera no Brasil como banco de investimento. Segundo uma fonte próxima do ICBC, ainda não está clara qual será a estratégia em relação aos dois bancos no país.
Já o CCB (US$ 200,8 bilhões na bolsa de Hong Kong) tem cogitado uma outra via de entrada. Desde o ano passado executivos do banco estudam o mercado brasileiro, e a matriz em Pequim já teria aprovado a aquisição de um banco que poderia ser tanto de capital 100% nacional como uma subsidiária de um grupo estrangeiro interessado em deixar o país. Segundo Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, que tem assessorado executivos do CCB, o valor autorizado para a compra estaria entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões. Em março, um grupo de seis executivos do banco, dentre eles um diretor de aquisições estratégicas, esteve em São Paulo e no Rio para avançar nas conversas. Uma das oportunidades consideradas seria a unidade local do banco alemão West LB, que passa por reestruturação global e anunciou no dia 16 de março que a subsidiária brasileira está à venda.
O Bank of China é o único já autorizado a operar no país e abriu um banco múltiplo no começo de 2009. Até agora, entretanto, pouco ou nada fez. No momento, passa pela troca de sua direção local, o que, espera-se, anime os negócios. No fim de abril, Zhang Dongxiang deve assumir a operação no Brasil, sendo que o atual presidente, Jianhua Zhang, voltará para Pequim para atuar como uma espécie de conselheiro para os assuntos relativos à unidade brasileira perante a cúpula da instituição.
O Bank of China começou a operar com capital de US$ 60 milhões e contava com valor próximo de R$ 138 milhões em patrimônio líquido no final de 2011. Uma examinada em seu balanço mostra que a instituição limitou-se, até agora, a comprar papéis do governo brasileiro. Em 31 de dezembro, tinha cerca de R$ 111 milhões em títulos de valores mobiliários (a grande maioria de notas do Tesouro de curto prazo), e uma carteira de crédito tímida, próxima de R$ 27,8 milhões.
Segundo Jianhua, os primeiros anos no país serviram para "conhecer as regras do mercado brasileiro" e, a partir de agora, o banco deve de fato começar a liberar crédito com mais força.
Os bancos chineses, ainda que comecem a atuar timidamente por aqui, devem acabar brigando pelo mesmo filão de clientes. O que mais lhes interessa é prestar serviços a grandes empresas chinesas de porte global que agora começam a desembarcar em escala cada vez maior no Brasil. O interesse maior é na concessão de linhas de crédito e na realização de operações de câmbio, dizem fontes próximas aos bancos.
De acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), os investimentos chineses de 2003 até março de 2011 (diretos ou decorrentes de fusões e aquisições) somaram US$ 37,1 bilhões, em um total de 86 operações. O mais recente plano quinquenal chinês prevê cerca de US$ 500 bilhões de investimentos estrangeiros até 2015, e uma fatia importante desse valor deve ser destinada à América Latina e, especialmente, ao Brasil.
Alguns exemplos: em outubro de 2010 a China Petroleum & Chemical Corp, ou Sinopec, pagou US$ 7 bilhões por uma participação de 40% na unidade brasileira da companhia petrolífera espanhola Repsol. Em novembro do ano passado, a montadora Chery anunciou investimentos de US$ 400 milhões em uma fábrica em Jacareí, no interior de São Paulo, que deve começar a operar em 2013.

Compostura e caldo de galinha — Portal ClippingMP

Compostura e caldo de galinha

Autor(es): Lya Luft

Veja - 30/01/2012
Vejo no noticioso que estamos em último lugar quanto ao retorno, para cada cidadão, dos gigantescos impostos que pagamos mesmo num cafezinho. Em muitas coisas andamos lá na rabeira do mundo, mas parece que nosso ufanismo continua pulsante. Vai daí, acompanho meio distraída a celeuma em torno de alguma cena tórrida numa das camas do Big Brother, programa a que assisti há anos, quando ele se iniciava, achando bobamente que aquilo não iria durar. Depois, vi fragmentos e ouvi comentários, o suficiente para notar que a vulgaridade se perpetua e toma conta sem que se perceba: fica natural. Há quem vá me achar antiquada, alienada, severa. Não imagino que a gente deva usar saia comprida, manga idem, feito freiras de antigamente. Detesto a antiga hipocrisia em assuntos sexuais. Naturalidade e liberdade são positivas, mas a gente não precisava exagerar... Precisamos, já grandinhas, usar saia tão curta que a maioria fica tentando puxar um centímetro mais para baixo, num desconforto idiota? Precisamos, homens e mulheres, fingir que sexo é só o que importa, ou em idade avançada expor peles murchas em profundíssimos decotes como se o tempo nos tivesse ignorado? Um pouco de recato é questão de higiene, diz uma amiga minha, jovem e sensata. Mas haja coragem para nadar contra a correnteza, em quase todos os assuntos e modismos deste nosso tempo.

Aí vem o tal programa BBB, que virou manchete, no qual um casal (nada original, pois a isso eu mesma assisti nos primeiros tempos) faz ou finge fazer sexo embaixo da coberta sabendo que é filmado. Nada novo, isso já se viu ali com algum parceiro a mais na cama, ou no sofá espiando pois  se é o olho voraz do BB que tudo espreita, por que não? Alguém ousou reclamar, mas parece que a maioria achou tudo bobagem, todos estavam gostando, o povo espectador aplaudindo, por que não, por que não? Afinal, não somos tropicais, liberados, avançados, modernos, embora digam que somos Terceiro Mundo – ou exatamente porque somos?  
Não sei se progresso se mede pela vulgaridade. Não sei se avanço se calcula conforme a deselegância, e se ascender socialmente implica baixar as calças, levantar a saia, tirar o que sobrou do sutiã. Tenho dúvidas. Tenho insegurança a respeito do que representam essas drásticas mudanças do antigo primeiro tímido beijo na boca, cheio de encantamento e mistério, e esse ficar atual, muitas vezes ainda na infância, no qual vale quase tudo e meninas engravidam sem saber – e sem saber de quem – nesses falsamente inocentes joguinhos eróticos em salões de festas, quando a luz diminui, ou dentro de piscinas sem adulto por perto, mas com bebida.
Escrevi há tempos dois artigos dizendo que família deveria ser careta: cada dia me convenço mais de que toda a sociedade deveria ser um pouquinho mais careta. Com jovens menos pressionados a enveredar precocemente por uma sexualidade que ainda não é a deles nem psíquica nem biologicamente. Com adultos que não precisem inventar uma modernidade fictícia, mas ser amorosos e responsáveis – mais naturalmente alegres, não tendo de se expor de corpo e alma. Feito, diz minha amiga Lygia Fagundes Telles, "carne em gancho de açougue". Essa aceleração no escrachado, no pretensamente liberado, essa ânsia de ser uma celebridade, de ser notado (não necessariamente amado), essa exigência de ter imediatamente um emprego bom, fácil, muito bem pago, e todas as sensações que o mundo (da fantasia) pode oferecer, depressa, logo, agora, não têm volta. Pois a construção de uma vida, uma profissão, uma pessoa, importa pouco diante da onda de caricaturas de mulheres, homens ou gays que invade nossas telinhas e respinga no nosso colo. E o mundo gira para a frente. Tudo está virando um grande cenário de reality show? Que reality, aliás? Pois não me parece que essa seja a realidade concreta. E é isso que alimenta minha esperança de que, apesar de tudo, se afirme e espalhe a velha mania do bom gosto e da compostura, que, como caldo de galinha, nunca fez mal a ninguém.