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sábado, 3 de setembro de 2016

Ensaio sobre Maturidade / Sonia Zaguetto


Sonia Zaghetto: O fim de uma Era

O que nos falta para ser grandes? Maturidade. Apenas maturidade em vários aspectos


Por: Augusto Nunes 02/09/2016 às 14:53



Um céu enevoado pairava sobre Brasília nas primeiras horas do dia 31 de agosto de 2016. Nada daqueles dias ensolarados que douram o cerrado: apenas a atmosfera sufocante e seca que traduzia as horas. Debaixo daquele céu, uma Esplanada deserta, melancólica, de ressaca antecipada. Sim, um dia histórico e de reflexão – exceto para o ativismo das redes sociais, onde o clima de terceira guerra mundial continuava de vento em popa.

Pouco depois das 11 horas, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, iniciou a sessão do julgamento de Dilma Rousseff. Às 13h35, tudo estava consumado. Não era apenas o fim do governo Dilma. Chegava ao fim uma era que expôs com toda crueza nossa infantilidade brasileira, nosso despreparo perante os embates da vida, nossa dificuldade em debater com maturidade as questões essenciais da nação.
Não vou atribuir todos os males desta terra ao PT, já que nossa história e ethos nos mostram que malandragem, jeitinho, corrupção e populismo têm lugar garantido desde priscas eras. Entretanto, é inegável que a era petista ampliou o ódio e estimulou algumas práticas que hoje estão plenamente incorporadas ao modo de agir brasileiro. Somadas ao caráter natural de parte da população e ao advento das redes sociais, constituíram um pacote explosivo que resulta na atual face da nossa sociedade.

Nos últimos anos, fomos envenenados. Não foi abrupto, com a boca sendo aberta à força e o cálice tóxico derramado goela abaixo. Não, nada disso. Foi um envenenamento gradual – a cada dia uma gota amarga e cumulativa sendo oferecida com um sorriso nos lábios. Aos poucos o organismo desta pobre Nação recebeu, sem resistência, as gotículas que se converteram no oceano de raiva mal contida que agora nos ameaça. E quando nos demos conta, lá estávamos nós, ventre inchado de ódios, vomitando a mágoa que nos encharcava as vísceras e saía boca afora, violenta e feia.
Atordoados pelo veneno, feridos pelas marcas de um passado ditatorial recente que nos apavorava, muitos acreditaram nas ilusões que viam. E reverenciaram salvadores da pátria que tinham como único objeto de adoração o seu próprio projeto de poder. Nossa gente tão crédula abraçou os discursos demagógicos, os corruptos em pele de cordeiro, os exploradores da pobreza e os que, espertamente, os insuflavam a se odiarem mutuamente.

O modo de agir era sempre o mesmo: pegava-se um problema social pré-existente e, em vez de concentrar esforços apenas em mecanismos positivos para eliminá-lo, açulava-se os brasileiros uns contra os outros. Em vez da educação que liberta, de ações positivas, do incentivo ao respeito mútuo, o país mergulhou na era da vingança induzida pelo debate superficial e por sofisticadas técnicas de marketing. Curiosamente, a prática contraria uma das mais famosas frases de um ídolo das esquerdas, o pedagogo Paulo Freire: “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”. Não deu outra: os oprimidos adoraram inverter os lugares.

E foi assim que causas nobres e dignas de atenção – como combate ao racismo, à pobreza, ao preconceito contra homossexuais e a violência contra as mulheres – tornou-se propriedade exclusiva de um grupo instalado no poder. Aos petistas e seus mais próximos aliados cabia o monopólio da indignação com qualquer problema de natureza social. Souberam manipular muito bem as mentes mais imaturas, dando a elas a sensação de que agora tinham voz e armas para lutar contra a opressão. Não é muito diferente das estratégias de colonização de cérebros utilizada pelo Estado Islâmico. Só mudam os resultados práticos. Quer transformar alguém num homem/mulher bomba real ou virtual? Convença-o que ele é vítima de um sistema, dê-lhe inimigos, faça-o concentrar seu ódio em um alvo específico, assegure a ele que está do lado certo e que suas estratégias – mesmo as mais estapafúrdias – são a maneira adequada de “lutar”.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Sonia Zaghetto: "O que nos falta é um movimento vigoroso de todo o organismo social para expurgar de vez os personagens sem ética que nos fazem campeões da vergonha"



Sonia Zaghetto: 

A medalha dourada do vexame

O que nos falta é um movimento vigoroso de todo o organismo social para expurgar de vez os personagens sem ética que nos fazem campeões da vergonha

Por: Augusto Nunes  
Sempre tive uma certeza: a medalha de ouro na categoria vexame internacional por equipes seria nossa. Seguíamos liderando também nas modalidades individuais mazela política, incompetência administrativa, corrupção despudorada e obras não concluídas. A imprensa mundial já trombeteava aos quatro ventos nossa vitória, apontando lixo e cadáveres boiando na baía de Guanabara, a violência onipresente e a precariedade da Vila Olímpica.
Tanta certeza tive de que o campeonato era nosso que não titubeei: adquiri uma sacolinha de papel para usar sobre a cabeça. Para completar o quadro, surgiram novas chances de medalhas na categoria péssimo anfitrião, quando oferecemos cangurus, vaiamos atletas e delegações adversários, incluindo os vizinhos que aprendemos a odiar.
Foi quando surgiu o nadador americano Ryan Lochte. Ah, esses americanos, sempre tentando arrebatar as medalhas alheias! Lochte relatou um assalto, incrementou a performance com a história de uma arma na cabeça e bateu em retirada. Estava certo de que nada aconteceria, afinal estava numa terra de ninguém, famosa pela incapacidade do Estado, por um aterrorizante número de crimes e por um povo acostumado a assistir passivamente a seus dirigentes mentirem com a mesma naturalidade com que se respira.
Desmascarado, o nadador seguiu agindo com arrogância e sem dar mostras de arrependimento. Foi a essa altura que, sozinho, Lotche quase nos arrebatou a medalha dourada e eu ensaiei tirar a sacola de papel que me cobria a cabeça. Como bem sabe quem acompanhou a saga, inicialmente os americanos deram suporte aos seus atletas, mas, diante das evidências, fizeram algo cada vez mais raro no Brasil: reconheceram a gravidade da conduta dos seus compatriotas e o Comitê pediu desculpas formalmente.
Com a maturidade desse gesto, os Estados Unidos deixaram a disputa pela medalha da vergonha. Continuamos soberanos na incapacidade de reconhecer erros, admitir equívocos, curvar a cabeça diante de provas cabais e demonstrar pudor em apoiar mentiras e crimes. Não há estatística da tragédia socioeconômica, testemunho de antigos comparsas, prova documental ou gravação de conversas obscenas que consiga arrancar de nossos homens públicos e seus apoiadores uma singela admissão de culpa ou o reconhecimento da gravidade de suas condutas.
Da nota do Comitê Olímpico americano destaquei esta frase: “O comportamento desses atletas não é aceitável, muito menos representa os valores do Time Americano ou a conduta da vasta maioria de seus membros”. Pensei aqui comigo no quanto seria prazeroso ouvir algo assim de dirigentes de partidos cujos membros foram flagrados em casos de corrupção. Ou como seria confortador ouvir de alguns eleitores que não é aceitável que seus políticos de estimação mintam, manipulem, cometam crimes e permaneçam impunes.
“Em nome do Comitê Olímpico dos Estados Unidos, pedimos desculpas aos nossos anfitriões no Rio e aos brasileiros pelo problema causado durante o que deveria ser apenas a celebração da excelência”, declarou o comitê americano. E já que nossos políticos são apenas hóspedes temporários em Brasília, seria de bom tom copiar o modelo acima em várias situações:
º Em nome do meu partido/coligação, peço desculpas aos brasileiros pelos crimes causados durante o que deveria ser apenas um mandato. O comportamento desses políticos não é aceitável, muito menos representa os valores do partido ou da vasta maioria de seus membros.
º O comportamento causado pelo político que elegi causou graves prejuízos ao nosso país. Isso é inaceitável. Peço desculpas aos brasileiros pelos crimes causados por minha escolha equivocada.
º Reconheço e peço desculpas ao povo brasileiro pelos crimes que cometi, pelas mentiras que espalhei para convencer incautos e por ter me locupletado com dinheiro público durante o que deveria ser apenas um mandato. Meu comportamento não é aceitável, muito menos representa os valores da Nação brasileira.
Achou excessivo? Pois lembre-se que Ryan Lochte é considerado um dos maiores atletas olímpicos de todos os tempos e os americanos não hesitaram em expor o membro doente que pode corromper toda uma sociedade. Obviamente os Estados Unidos não são exemplos de perfeição ética ─ não é isso que estou afirmando. Mas demonstraram, neste episódio específico, que prezam pela imagem de seu país e que não aceitam ser associados a condutas abjetas. O recado foi claro: mentiras são prova de péssimo caráter e não há passado glorioso que possa justificar atos vergonhosos.
É exatamente o que nos falta: um movimento vigoroso de todo o organismo social para expurgar de vez os personagens sem ética que nos fazem campeões da vergonha. Mas, antes disso, temos uma outra tarefa ainda mais árdua: tornar verdadeira a parte das desculpas que diz que os comportamentos indecorosos não representam os valores de partidos políticos, da maioria de seus membros e do conjunto da pátria brasileira.
Com a medalha dourada do vexame reluzindo na Praça dos Três Poderes, decidi manter a sacolinha de papel na cabeça

sábado, 30 de julho de 2016

"O cordel encantado de Lula"... 'um tratado de vitimização e autolouvação'




Sonia Zaghetto: 

O cordel encantado de Lula

A petição encaminhada à ONU é uma peça risível e a perfeita tradução da alma do ex-presidente: um tratado de vitimização e de autolouvação

Por: Augusto Nunes  

A denúncia de Lula ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) é mais um capítulo na infindável saga de vexames a que o país vem sendo submetido no cenário internacional. Não contente de escancarar ao mundo a extensão de nossa miséria moral, administrativa e política, ao trazer para o Brasil uma Copa do Mundo e uma Olimpíada, o ex-presidente agora segue os passos de Dilma Rousseff e mancha um pouco mais a imagem da Nação ao levantar suspeitas sobre a Justiça brasileira.
A petição é uma peça risível e a perfeita tradução da alma do ex-presidente: um tratado de vitimização e de autolouvação. Lula parece ver a si mesmo como herói de uma saga de literatura de cordel. A boa notícia é que, perante o Cordel Encantado de Lula, o leitor tem certeza que o petista está em pânico devido à possibilidade de vir a ser preso pelo juiz Sérgio Moro.
O mais surpreendente na petição é o uso, em diversos momentos, de uma linguagem coloquial incompatível com a que se espera em um documento endereçado a uma corte internacional. Os principais alvos são o juiz Sérgio Moro, o Ministério Público e o vazamento de informações, mas as acusações perdem impacto diante das teorias da conspiração e da alta carga ególatra-coitadista que se lê nas mal traçadas linhas.
Lula chega a acusar Moro de ser candidato à Presidência da República em 2018! E não se envergonha de defender o fim das prisões temporárias que levam os envolvidos no Petrolão a fazer delações premiadas. Sua defesa também se posiciona a favor das propostas que tramitam no Congresso Nacional, sob as bênçãos do impoluto Renan Calheiros, e que representam  um freio nas ações da Lava Jato.
E o que dizer do momento em que Luiz Inácio demonstra incômodo – como aliás já o fez em diversos discursos – sobre os prêmios internacionais concedidos a Sérgio Moro? Lembro-me de, em um de seus últimos discursos, o ex-presidente ter advertido Moro sobre os perigos da vaidade por receber prêmios internacionais. Acho bonito quando a experiência fala – e Lula sabe como poucos o poder da bajulação como infladora do ego. Noto que Lula teme Moro em três aspectos: o de juiz que vai determinar sua prisão; o de concorrente na categoria brasileiro-estrela-incensado-no-exterior; e futuro concorrente nas eleições de 2018. Calma, Lula, só os dois primeiros são reais ameaças.
Juro que tentei fazer uma análise sóbria do que li, mas minha veia histriônica ficou inquieta diante de frases como a que o gabinete de Moro “vaza como uma peneira” informações sigilosas a fim de destruir a honra (sic) e a reputação (sic, de novo) de Lula. Ou que a corrupção no Brasil é um exagero da mídia.
Há de se reconhecer o talento do advogado de Lula para a comédia. Desafio qualquer um a permanecer com ar compungido diante do trecho que classifica Sérgio Moro como um soldado das Cruzadas! Nesse caso, quem seria Lula? Saladino? Outro momento impagável é o “exemplo escandaloso” da parcialidade de Moro: o juiz foi convidado de honra na festa de lançamento de um livro sobre a Lava Jato. O texto adverte que, na ocasião, Sergio Moro cometeu o gravíssimo crime de…posar para fotos com o autor do livro e sua mãe “que é conhecida por reprovar Lula”.
Ainda agora me pergunto como lidar com esse primor da egolatria vitimista: “Lula é reconhecido internacionalmente como um lutador dos direitos dos trabalhadores para o desenvolvimento econômico e social do país, com ênfase no alívio da pobreza.  No Brasil sua honra e reputação são altas, particularmente entre os mais pobres. No entanto, ele tem muitos opositores nas classes média e alta, os quais estão prontos para falar mal dele quando é difamado por juízes e promotores, que o incluíram como suspeito em investigações de corrupção. Essas autoridades tentam criar expectativas na população da culpa de Lula, com a colaboração da mídia, que também é quase toda contra o ex-presidente e o Partido dos Trabalhadores”.
Segurei o riso quando a defesa de Lula reclamou que o Brasil não tem uma lei “para impedir campanhas de difamação contra suspeitos antes de seu julgamento”. E como sou discípula do velho e bom Aristóteles, apelei para a catarse a fim de terminar a leitura. Já que Lula se vê como herói de literatura de cordel, imagino que os que dominam essa adorável modalidade literária poderiam se apropriar de alguns trechos da petição encaminhada à ONU para compor novas peças. Minha contribuição para a obra é a elaboração dos títulos.
Ei-los: A fantástica história do Pai dos Pobres e sua luta contra as elites malvadas e a mídia perversa; A saga do malvado Moro e de Janot, seu jagunço; A lenda do mensalão e os exageros dos jornalistas malvados; O cruzado Sergio Moro e a tortura dos inocentes; Moro, o ferrador de gente, consumido pelo desejo de ser herói; O grande medo de ver o sol nascer quadrado nos calabouços do Reino de Curitiba; O grande dragão estrangeiro roubando o cordel (sobre a possibilidade da Netflix retratar Moro como herói e Lula como vilão); A espetacular história do jogo de um homem só: o juiz como goleiro, meio campo e centroavante; A epopéia da delação que nasce a fórceps; O manual do eufemismo em terras de Lampião (A “Operação Lava Jato”, sem dúvida, descobriu alguns casos graves de corrupção na Petrobras, como resultado da aparente atuação ilegal das cinco maiores empresas de construção do Brasil, que supostamente formaram um cartel”); A memória que se perdeu no vasto mundo (“Lula tem repetida e enfaticamente negado que tenha conhecimento, tampouco, que tenha aprovado tais crimes, ou recebido qualquer dinheiro ou favores como “propina” por ações ou decisões que ele tenha tomado quando presidente do Brasil, ou em qualquer outro momento”)O mistério do sítio e do triplex sem donos; A incrível história do juiz que queria ser presidente; A farsa de Silvério dos Reis, que culpou os próprios amigos (“A quadrilha envolvida na Lava Jato foi o cartel de empresas construtoras, do qual nunca poderia ter se alegado que Lula era o chefe”); O caboclo incitador de poviléuA epopéia do ataque à casa do pai dos pobres (“De manhã cedo, o ataque contra a casa de Lula foi liberado para a mídia. A foto abaixo mostra ele sendo conduzido de seu apartamento em um elevador cheio de policiais”); O pacto de sangue para matar o herói (Onde se aprende que Moro se aliou a grupos politicamente hostis a Lula); O cavaleiro encantado na luta contra o eixo do mal (“Os principais meios de comunicação brasileiros – jornais, revistas e a televisão – são todos hostis a Lula). Haja imaginação!

domingo, 22 de maio de 2016

"Feira, boteco, bordel..." A evolução da mediocridade na política do Brasil / Sonia Zaghetto

Sonia Zaghetto: Feira, boteco, bordel

Aos poucos consolidou-se a ideia de que, para se aproximar do povo, nossos representantes têm que adotar uma fala chula, rasteira

Por: Augusto Nunes  
Não sei bem quando a política brasileira começou a se confundir com feira livre, boteco e bordel. Talvez na chegada de Cabral, quando escambo, compadrio, clientelismo e a frouxidão dos costumes desembarcaram, junto com os europeus, nas grandes praias da costa brasileira. Mas deixo aos historiadores e cientistas sociais a parte de explicar a gênese e evolução desse non-sense que hoje domina em grande parte a cena política nacional. Concentro-me por ora nos impressionantes artistas do Gran Circus Brasil.
Em um momento tão grave da história da República, os brasileiros assistem ao que ocorre na Praça dos Três Poderes com um sentimento que alterna descrença, desalento e vergonha.  Não, não culparei apenas os políticos, que para lá foram conduzidos pelo voto livre e democrático. Responsabilizarei também por esse estado de coisas a proverbial opção pela chicana, pelo candidato histriônico e pelo discurso grosseiro.
Trouxemos para a vida real Odorico Paraguaçu, o personagem de Dias Gomes que encarnou o estereótipo do político corrupto que se vale do verbo torto para convencer os eleitores de que pode fazer chover no sertão, abrir caminho entre os sete mares e reinventar o paraíso. Populista e falastrão, Odorico parece ter sido um modelo levado a sério pela classe política.
Aos poucos consolidou-se a ideia de que, para se aproximar do povo, nossos representantes têm que adotar uma fala chula, rasteira, que eles acreditam reverberar melhor na alma popular. Por alguma razão que me escapa, nossos líderes entenderam que essa aproximação não se daria pela via da sensibilidade acerca das questões sociais, da eficiência administrativa, das atitudes comedidas, da responsabilidade perante as contas públicas, da postura equilibrada e de discursos onde a razoabilidade prevaleceria sobre a oratória vã.

Em 1990, Fernando Collor trombeteou aos eleitores: “Tenho aquilo roxo”. Referia-se à cor dos próprios genitais que, segundo a crença tradicional por ele evocada, seria sinônimo de homem corajoso. A frase tornou-se moda. Muita gente repetiu, os tolos riram ainda uma vez. Mais uma barreira vencida. A essa época, já tínhamos representantes que adotavam o estilo feira livre: berros ensurdecedores para vender seu peixe. E, claro, balcões onde se negociava de tudo, inclusive consciências.
Nos primeiros anos de seu governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que antes de adotar a configuração “paz e amor” era dono de um discurso extremado – descobriu as maravilhas da mansuetude e da autolouvação. Nunca antes na história deste país tornou-se um clássico à moda Goebbels.  A eloquência mesmerizava as multidões a ponto de convencer a quase todos sobre as grandes virtudes de administradora de sua desconhecida auxiliar, guindada à condição de sucessora do trono. Consolidava-se a conversa de boteco, aquela superficial, em que, embalado por duas ou três cervejas, o sujeito converte-se em técnico de futebol renomado, cientista laureado ou historiador nato. Sob tais condições etílicas, acredita-se em muita lorota e derrama-se muita balela nos ouvidos alheios. Sem compromisso algum com a verdade.
pièce de résistance que nutria o ódio entre os brasileiros na era Lula ganhou ainda mais espaço no primeiro reinado de Dilma Rousseff. A retórica oficial apostava em outro clássico da conversa de boteco: as generalizações. As elites brancas, de olhos azuis e opressoras tornaram-se objeto de ódio. Os slogans separatistas multiplicaram-se: agora, a Casa Grande do século 21 surta quando a senzala aprende a ler; meritocracia tornou-se palavrão e privatização é igual a sexo na era vitoriana: pratica-se a rodo no escurinho das alcovas, mas não se admite o ato nem sob tortura.
Há dois meses, Lula inaugurou uma nova fase no repertório do discurso político nacional: comparou-se a uma jararaca. Aristóteles, Demóstenes e Cícero – se vivos fossem – teriam meneado as clássicas cabeças. Quem, em sã consciência, se compara a uma serpente, associada a traição, veneno e morte? Imagine Barack Obama ou James Cameron proferindo algo semelhante!  Aliás, imagine Obama ou Cameron bradando aos quatro ventos qual a cor de seus genitais! Atitude igual, lamento dizer, só na selva mesmo, com as feras disputando território à base de urina nos arbustos. Nem Putin, senhores, ousaria tanto. E ele é russo!
Se hoje boa parte de nossos políticos acha naturalíssimo expor a própria intimidade, igualmente não se peja de continuar a receber salários e benesses enquanto enfrenta processos e investigações. Flagrados em escândalos, acreditam-se donos dos cargos que ocupam e dali não se afastam, a não ser que sejam expurgados. Também não se constrangem em mentir: repetem com absoluta convicção teorias esdrúxulas e versões que não resistem a simples análises. E a todos nos deixam com a  impressão que uma certa dose de psicopatia é necessária para alcançar os postos mais elevados da Nação.
Por muito menos do que vemos hoje no Brasil, renunciariam os homens públicos de outros países onde ainda sobrevive um certo pudor. A prostituição da política há muito já deixou de ser motivo de vergonha em nosso país – lamentavelmente.
Agora, quase não se vê vestígios de qualquer respeito aos cargos e funções públicos. Foi-se a solenidade do cargo e o comedimento do gesto.  O varal de cartazes colados esta semana nos vidros do Palácio do Planalto é mais uma prova de que as instituições foram convertidas em meros “puxadinhos”. É a mais recente demonstração da confusão que se estabeleceu entre Estado e governo. Recuamos trezentos anos e caímos no absolutismo ególatra de Luís XIV:  “LÉtat c’est moi” (O Estado sou eu).
Aceitemos: somos co-autores dessa piada macabra que nos vitima. Felizmente, estamos deixando de rir como crianças tolas. Hora de dizer não aos discursos toscos e atitudes galhofeiras. Hora de varrer os slogans ocos e a crescente espetacularização da política, cujo ápice foram as excelências estourando bombas de confete no plenário da Câmara em plena votação do impeachment.
Não, senhores, apesar de seus esforços em nos infantilizar, uma grande parte da população reconhece a superioridade da elegância e da ética – e as prefere em seus representantes, embora, obviamente, muitos desavisados ainda se riam das baixezas. Alguns por mera identificação; outros porque acham no mínimo curioso que um homem público, ocupante de altas funções, desça ao nível dos bufões.
E há os que, justamente por se reconhecerem anões morais, deleitam-se com as bravatas e traquinagens dos governantes. A estes interessa assistir ao circo político como quem assiste a um episódio do Big Brother, comprazendo-se com a miséria das atitudes e com as pequenezas dos poderosos. “São todos iguais a mim”, dizem a si mesmos, contentes que a tacanharia seja coletiva. Traduzem aquele gozo miúdo dos que, incapazes de se erguer, debulham-se de alegria perante a queda alheia.
Estes passarão, assim como a era das mediocridades na política nacional.
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domingo, 15 de maio de 2016

"A primeira mulher a presidir o Brasil pecou por falta de humildade, por inabilidade, por não saber ouvir... foi vítima da própria arrogância" // Sonia Zaghetto


Sonia Zaghetto: O outro lado

A cerimônia do adeus pelo olhar de uma jornalista que estava lá: `Atrás dela, Lula se mantém alheio, acariciando o bigode com um gesto mecânico e aquela expressão de descrença que todos temos nos velórios dos amados. Lula assiste ao enterro de seu projeto'

Por: Augusto Nunes  
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“Marionete”, do pintor espanhol Francisco Goya
Sob o sol inclemente, milhares de pessoas enfrentam uma fila para entrar na área cercada diante do Planalto. Índios, funcionários públicos, velhos militantes de longos cabelos brancos e jornalistas se comprimem contra as grades. Muitos vestidos de vermelho, com camisas da CUT, bandeiras da UNE e uma espécie de avental do MST. Há gente fina, elegante e, creio, sincera, com óculos Ray-Ban e iPhone, mas a maioria traz na roupa e na expressão o selo da pobreza. Cheiro do suor e balões vermelhos, rosas meio murchas nas mãos das mulheres. Celulares registrando cada movimento, como convém a esses tempos.
Palavras de ordem de repente rebentam no meio da multidão. “Dilma, guerreira da pátria brasileira” e “Golpistas não passarão” soam mais modernos, mas “O povo não é bobo: abaixo a rede Globo” parece ressuscitar algum fantasma da década de 70 que deveria estar morto e enterrado, não fossem os interesses da hora. Entre os que estão fechados no espaço gradeado há reclamações sobre crianças e idosos sedentos. Seus pedidos por água são ouvidos com total impassibilidade pelos seguranças do Planalto.
Nem bem encosto na grade e ouço uma moça, com crachá de funcionária de um dos Ministérios, comentar com a amiga: “A luta continua. Eles vão ter que nos matar. Nós, servidores públicos, mulheres, negros e trabalhadores rurais enfrentaremos tempos muito difíceis. Mas nós resistiremos“. A frase me soa surreal. Eles. Quem seriam eles? Temer? As perversas elites? Não me contenho e indago. “Eles, os que sempre mandaram no Brasil e agora não admitem que os pobres estejam no comando. Esses coxinhas, claro!“, é a resposta.
Um silêncio se faz em mim. Coxinhas. Sob esse rótulo – mais um dos que nos separam – vi o rosto de cada um de meus muitos amigos que combatem, com todas as forças, o governo petista. São médicos, garçonetes, taxistas, engenheiros, porteiros e professores. Alguns têm filhos recém-nascidos, outros estão desempregados, há os que estão abatidos com o noticiário interminável sobre corrupção e os que apostaram tudo o que tinham em pequenos negócios. Todos temem a sombra da grande crise que nos engolfa. Além de posts no Facebook e participação em manifestações, são inofensivos como borboletas. E menciono borboletas propositalmente, pois tenho um ridículo medo delas. São incapazes de me fazer qualquer mal, mas, em algum momento de minha vida, aprendi a temê-las e até odiá-las, coitadas.
Exatamente nessa hora recebo uma mensagem da Paula, que me confidencia: “Por que estou constrangida em dar uma leve comemoradinha em público!? Será que é respeito pelos colegas de esquerda, queridos, ou porque não há o que comemorar de verdade? Depois de tanto tempo eu deveria estar mais eufórica, mas não estou”. Paula, coxinha e borboleta, cuja doce sensibilidade até em comemorar traduz bem o instante e o perigo de julgar desconhecidos. Paula e sua mensagem são uma demonstração de que nem todo “coxinha” toma champanhe em copinhos de plástico na Paulista.
Olha essas flores, vem aqui que eu te dou. Essas duas cercas não podem nos separar!“, grita um rapaz com sotaque gaúcho para uma garota do outro lado da grade. Não ouço a resposta, mas registro no rosto dele, se não o amor, mas a pura atração em tempos de cólera. Ele insiste: “Vem pra cá com a sua câmera. Aqui não tem ladrão nem golpista“. Atrás de mim, uma voz responde: “Há golpistas aqui, também“.
O ruído aumenta, punhos erguidos, mãos fechadas. Os ânimos se acirram, a grade é derrubada, um grito alto se eleva e o povaréu invade a cena.  A jornalista americana está visivelmente tensa, assim como o cinegrafista musculoso, de óculos de sol e coberto de suor. Juntam os equipamentos e correm. Apenas um susto. A segurança intervém e põe a grade de pé novamente.
Olho para o lado e vejo dois militantes de meia idade – Tomás e sua companheira – que carregam cartazes em russo e alemão falando sobre o suposto golpe. Vieram do Ceará e querem alertar o mundo sobre o que acreditam ser um atentado à democracia. Atrás deles, um homem idoso, de longos cabelos totalmente brancos, compra um pacote de amendoim na barraca do ambulante (sempre os há). Veste uma regata branca. Os cabelos empapados de suor grudam na pele clara e no rosto vermelho.
De repente, um burburinho: o ex-presidente Lula chega. Começam a cantar um olê-olê-olê-olá-Lulá-Lulá. Apesar da saudação, Lula mal olha para os apoiadores. Passa direto, sem disfarçar o abatimento.
Pouco depois, Dilma começa a falar. Cada frase transmitida pelo sistema de som desperta reações na plateia. Chama o processo de impeachment de golpe e repete que não cometeu crime de responsabilidade. Quando se diz “vítima de uma grande injustiça” vários manifestantes começam a chorar, principalmente as mulheres. A presidente afastada pede várias vezes para que os seguranças mudem de lugar para que ela enxergue as pessoas do outro lado da grade. “Quero ver o pessoal!”, repete.
Atrás dela, Lula se mantém alheio, acariciando o bigode com um gesto mecânico e aquela expressão de descrença que todos temos nos velórios dos amados. Lula assiste ao enterro de seu projeto. Pergunto a mim mesma no que estará pensando. Lembro do líder carismático, domador de multidões de outrora, e tenho certeza que, naquele instante, ele está enfrentando a si mesmo: as escolhas equivocadas, a voracidade de seu grupo que lhe corroeu a popularidade, os planos de poder destruídos. Parece muito, muito velho. E cansado.
Lula - pronunciamento 2
Volto novamente minha atenção para Dilma, que responsabiliza por sua queda não os erros que cometeu, mas os adversários, “os que não conseguiram chegar ao governo pelo voto direto do povo”, os que perderam as eleições e “tentam agora pela força chegar ao poder”. É aplaudida em delírio.
Em meio ao discurso de Dilma, disperso-me de novo. Noto um rapaz. Muito jovem, negro, vestido com simplicidade. Soluçava abraçado à mãe, que o consola. Eu e outra jornalista os fotografamos (a imagem era irresistível). A mãe nota as câmeras e quase sorri, abraça-o mais, conferindo pelo canto dos olhos se os celulares registram a cena. O rapaz afunda a cabeça no pescoço dela, as lágrimas encharcando a camisa. Balbucia frases sobre futuro incerto, desesperança, portas fechadas e perdas. Sinto uma brutal vontade de chorar. Uma compaixão imensa por aquele rapaz, tão jovem, acreditar que apenas um governo é capaz de erguê-lo.
Penso imediatamente em meu tio-avô, Deoclécio, negro, com seu impecável uniforme branco da Marinha Mercante, muito engomado, desfilando perante a vizinhança, orgulhoso de só dever sua carreira a si mesmo. E sofro, muda, por aquele rapaz estar tão vitimizado e dependente. Minha dor imensa é por terem roubado dele o que temos de mais esplêndido: o espírito independente, altivo. Abatido, ele agora acredita que não é nada. Sem a mão do governo, que seria dele? E isso, penso, é uma coisa inominável.
Isso, sim, é a restauração da escravidão. Uma escravidão que não atinge apenas a uma raça, que não vitima uma epiderme: a escravidão da alma, que é subjugada até não mais acreditar em si mesma, em seu esforço e capacidade. Alguém disse àquele rapaz – quase menino – que só sob a tutela do grande pai governamental ele seria algo na vida. E ele acreditou. Ao microfone, Dilma repete que é um dia muito triste.
Uma espiada em torno e vejo novamente os tipos clássicos que deveriam estar ali, obrigatoriamente. Alguns com jeito de classe média alta, mas que carregam uma culpa ancestral pela desigualdade social que testemunham. São sonhadores como Lennon e querem mudar o mundo como Cazuza. Dividem o planeta entre capitalistas feios e socialistas bondosos; acreditam que ser de esquerda é um certificado de “ser do bem”. Demoro algum tempo observando a moça que tudo fotografa com um iPhone: corte de cabelo moderno, óculos de sol e um colar de miçangas alaranjadas enrolado no braço direito.
Volto a atenção para Dilma pela terceira vez.  Ela está dizendo que sofreu a dor da tortura, da doença e, agora, a da injustiça e da traição. Um coro se eleva: “Fora Temer!”. Ouço o discurso pensando que ela também foi vítima da própria arrogância. A primeira mulher a presidir o Brasil pecou por falta de humildade, por inabilidade, por não saber ouvir.
A presidente se aproxima de onde estou. Abraça e beija as mulheres que estão ao meu lado. Sorri muito. Noto seus cabelos escovados, a face coberta de pesada maquiagem. Terá dormido? Estará medicada para enfrentar a dureza da hora? Começo a sentir piedade, mas lembro que, poucos minutos antes, ela havia, ainda uma vez, insinuado a toda aquela gente desesperançada que eles perderiam tudo o que tinham conquistado: Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Fies, Prouni, cotas raciais e sociais. E a imagem do rapaz que chorava absorve toda a minha capacidade de sentir compaixão.
A presidente se afasta e começo a retornar. O caminho está impedido por muitos índios que cantam, dançam e gritam pela demarcação das terras indígenas. Penso nos treze anos em que o autointitulado governo das minorias e dos desamparados não resolveu a questão indígena, a mortandade dos Guarani-Kaiowá e a reforma agrária.
Abro caminho entre os índios, os jornalistas que correm e uma parte do povo que se dispersa. De repente eu me apanho rindo e tentando decifrar uma imagem: caminha à minha frente um objeto de chita onde está escrito “Dilma”. Penso comigo: parece algo que faria parte de uma encenação de bumba-meu-boi, mas era apenas um guarda-chuva que tinha uma espécie de sainha costurada nele. A pessoa andava e a sainha ia sacolejando pela Praça dos Três Poderes, com suas letras de tecido colorido costuradas. Tão pueril, tão brasileiro.
E pensei, como Vinicius, poeta e brasileiro como eu:
Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos…
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!

segunda-feira, 7 de março de 2016

Lula, um senhor embriagado pela bajulação; portador de excessos de vaidade; que desconhece o significado da palavra grandeza

06/03/2016
 às 17:20 \ Opinião

‘Os excessos da vaidade que cega’, umartigo da jornalista Sonia Zaghetto

SONIA ZAGHETTO 
Assisti ao discurso do ex-presidente Lula da forma o mais isenta possível e mente aberta. Obviamente não esperei grandes mudanças, mas imaginei que haveria um pouco de autocontrole como demonstração de inteligência. Aguardei alguma demonstração de contenção, se não por gestão de imagem, ao menos como medida destinada a não aumentar a grande fogueira dos ódios deste país.
Imaginei que, dado o momento inédito em sua vida, manifestaria algum respeito aos milhões de brasileiros cujas mentes não se curvam à retórica barata. Em vão: palavras vazias, em uma fala recheada de clichês e tolices, plena de autolouvação, piadas grosseiras, delírios narcisistas e frases piegas que comoveriam apenas pré-adolescentes ou amigos encharcados de boa vontade.
Houve, ainda, uma revisita a dois clássicos: a velha estratégia vitimista sobre a perseguição movida pelas elites por ser o redentor dos pobres; e o desejo sádico de alimentar um pouco mais o ódio que divide seus compatriotas.
Observei-lhe o rosto contorcido, a expressão raivosa, a incapacidade de se reconhecer como cidadão comum, submetido às leis do país. E entendi: Lula hoje acredita piamente na imagem que ele e seus aduladores criaram. Para ele, é inadmissível que seja investigado, ou conduzido a depor: trata-se de falta de respeito.
Logo ele, tão grandioso, dotado de tal inteligência que chega a mencionar com desprezo os que dedicam longos anos ao estudo. Atrás dele, uma multidão aplaudia, mesmerizada. E me veio à memória uma história que se conta sobre Julio Cesar. Ao entrar triunfante em Roma, quase semideus em sua dourada carruagem, trazia consigo um escravo que o prevenia contra os excessos da vaidade, lembrando-o, de tempos em tempos: “Memento mori!” (Lembra-te que és mortal!).
É uma pena que Lula não tenha entre os seus quem o alerte para os excessos intoxicantes da vaidade que cega. É uma pena que Lula ame apenas a si mesmo e não ao país, transformando uma parte significativa de nossa população em inimigos sobre quem açula seus cães.
É uma pena que ninguém lhe diga, francamente, que o rei está nu – que sua habilidade de comunicação só funciona para dois segmentos: os que se renderam a essa nova forma de fanatismo criada por seu partido; e a parcela da população cuja ausência de educação é louvada como vantagem e não como vergonha.
Despido de riquezas morais, passará à história como fanfarrão histriônico. Órfão de qualidades éticas, não consegue reconhecer que ultrapassou todos os limites. Desabituado à reflexão, não vê além dos limites das necessidades básicas.
Embriagado pela bajulação, não consegue ver nas críticas de milhões de brasileiros a advertência severa para seus excessos. Tudo isso, Lula já havia demonstrado sobejamente em ocasiões anteriores. Nesta sexta-feira apenas reafirmou que desconhece o significado da palavra grandeza.