A torcedora do Grêmio Patrícia Moreira deixou o anonimato ao ser flagrada pelas câmeras do canal fechado "ESPN" chamando de "macaco" o goleiro Aranha, do Santos, em partida disputada em Porto Alegre na última quinta-feira (28). E as primeiras repercussões na vida dela já começaram a acontecer: nesta sexta-feira, ela foi afastada do trabalho por causa da atitude.
Patrícia prestava serviços ao Centro Odontológico da Brigada Militar. Não tinha vínculo empregatício com a corporação, mas era contratada por uma empresa que prestava serviço. Por causa da conduta inadequada durante período de folga, ela foi afastada do emprego e substituída em suas funções.
"Informamos que a torcedora filmada ontem, xingando o goleiro do Santos, já foi afastada de sua função na Policlínica", divulgou a Brigada Militar em seu perfil oficial no Twitter. A reportagem do UOL Esporte confirmou que a substituição já até aconteceu.
Ainda na noite de quinta-feira, os xingamentos racistas proferidos por Patrícia geraram reações incisivas em redes sociais. Ela cancelou sua conta no Twitter para evitar o enfrentamento.
O Santos confirmou nesta sexta que o goleiro Aranha irá registrar um Boletim de Ocorrência e o clube irá "até o fim" para coibir tais atos. O Grêmio divulgou na madrugada uma nota de repúdio e prometeu punir os torcedores racistas.
As ofensas racistas direcionadas a Aranha aconteceram no segundo tempo de Grêmio 0 x 2 Santos, partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil. O árbitro Wilton Pereira Sampaio ignorou o incidente na versão inicial da súmula, mas acrescentou o episódio em adendo feito nesta sexta-feira.
Casos de racismo em estádios gaúchos se repetem 2006: Antônio Carlos x Jeovânio Em partida realizada no estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul, um caso de racismo ficou marcado na história do futebol gaúcho. O zagueiro Antônio Carlos, que defendia o Juventude, fez sinais apontando para pele após acertar uma cotovelada no volante Jeovânio, do Grêmio, e ser expulso. O jogador tentou se justificar, pediu desculpas, mas jamais teve o perdão do marcador gremista. Foto: Fernando Santos/Folha Imagem 2011: Zé Roberto é vítima no Olímpico Na final do Gauchão de 2011, o meia Zé Roberto denunciou atos racistas vindos da torcida do Grêmio. Segundo ele, os aficionados imitavam macacos a cada toque na bola durante o aquecimento. O relato do jogador ainda revelou que, segundo colegas de profissão, tal situação é 'normal' no Estado. Ao deixar o clube, Zé também disse que seu filho sofreu com racismo em uma escola de Porto Alegre. Foto: Wander Roberto/VIPCOMM 2013: Vanderlei, do Caxias, sofre em NH O atacante Vanderlei, do Caxias, foi alvo do mesmo tipo de injúria racial no duelo entre sua equipe e o Novo Hamburgo pelo Gauchão de 2013. Quando tocava na bola, via os aficionados imitarem macacos nas arquibancadas do Estádio do Vale. O árbitro Jean Pierre Gonçalves de Lima relatou o fato em súmula, o Nóia foi julgado e a pena foi uma multa de R$ 10 mil. Foto: Nabor Goulart/Agência Freelancer 2014: Árbitro tem carro coberto por bananas No duelo entre Esportivo e Veranópolis, em Bento Gonçalves, pelo Gauchão, o árbitro Márcio Chagas da Silva foi chamado de macaco, safado e imundo. Depois, ao ir até seu carro para deixar o estádio, viu que o veículo havia sido depredado e coberto por bananas. Julgado, o Esportivo perdeu pontos e acabou rebaixado. Chagas abandonou o apito e atualmente é comentarista de rádio e televisão. Foto: Fabio Braga/Folhapress 2014: Goleiro é xingado em Pelotas Reiterando a 'normalidade' de casos de racismo no interior do Estadol, o goleiro reserva do São Paulo-RS foi vítima de xingamentos durante o aquecimento no duelo contra o Pelotas. Lúcio foi chamado de 'preto vagabundo, macaco' entre outras colocações mais graves. O responsável foi detido e impedido de comparecer em estádios durante partidas do Pelotas pelos próximos 720 dias. Foto: Pedro Antunes/Divulgação assessoria imprensa Pelotas 2014: Paulão 'encara' torcedor no Gre-Nal Ao deixar o gramado da Arena do Grêmio após a vitória do Inter por 2 a 1 na primeira partida da final do Gauchão deste ano, o zagueiro Paulão viu um torcedor imitar um macaco, fazendo ofensas racistas das cadeiras do estádio. Prontamente, o robusto defensor 'encarou' o aficionado rival e chamou para briga. O torcedor fugiu. Paulão não registrou queixa e o caso gerou multa de R$ 80 mil ao Grêmio. Foto: Vinícius Costa/Agência Preview Veja Álbum de fotos