Egito anuncia acordo para cessar-fogo de longo prazo entre Israel e Hamas
Do UOL, em São Paulo 26/08/2014 - 11h35 > Atualizada 26/08/2014 - 14h02
Um acordo para um cessar-fogo foi alcançado para acabar com 50 dias de guerra entre palestinos e israelenses na faixa de Gaza, anunciou nesta terça-feira o Egito, que vinha mediando as negociações.
O cessar-fogo começa às 19h (13h no horário de Brasília) desta terça.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, confirmou que Israel e as milícias palestinas chegaram a um acordo de cessar-fogo.
Em entrevista a jornalistas em Ramallah, na Cisjordânia, Abbas afirmou que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) apoia a proposta egípcia para o fim das hostilidades que, segundo o jornal israelense "Haaretz", também foi aceita por Israel.
Veja Álbum de fotos e infográfico no portal UOL
De acordo com Abbas, o objetivo é dar uma resposta imediata às necessidades da população civil em Gaza. O acordo prevê flexibilizar o bloqueio à região para permitir a entrada de ajuda humanitária e material para sua reconstrução.
Antes do anúncio oficial egípcio, o porta-voz do movimento islâmico Hamas havia dito que um acordo havia sido alcançado.
"Foi alcançado um acordo entre as duas partes, e nós estamos aguardando o anúncio do Cairo para determinar a hora zero da implementação", disse o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri.
Arte/UOL
Mapa mostra localização de Israel, Cisjordânia e Gaza
O conflito entre Israel e os grupos armados palestinos na faixa de Gaza, que iniciou em 8 de julho, fez mais de 2.130 mortos do lado palestino e 68 entre os israelenses.
As negociações para uma trégua, conduzidas até o momento no Cairo sob a égide do serviço secreto egípcio, haviam fracassado até então.
Musa Abu Marzuq, número dois do Hamas no exílio, que participava nas negociações no Cairo, afirmou que o acordo, que "encarna a resistência de nosso povo", constitui uma "vitória para a resistência".
Quando o assunto é a violência dentro das salas de aula, não parece haver consenso sobre suas principais causas.
Professores, diretores de escolas, alunos e especialistas em educação ouvidos pela reportagem da BBC Brasil apontam para direções diversas, sugerindo que agressões contra educadores seriam fruto do histórico familiar dos alunos, da falta de políticas públicas e policiamento e também de professores mal preparados - e até mesmo agressivos.
A violência em sala de aula contra professores foi um dos temas destacados por internautas em posts de CliqueFacebook e no CliqueTwitter como um dos que deveria receber mais atenção por parte dos candidatos presidenciais, em uma consulta promovida pelo #salasocial, o projeto da BBC Brasil que usa as redes sociais como fonte de histórias originais.
A pedido da BBC Brasil, internautas, entre eles professores, compartilharam, via CliqueFacebook, Cliquediferentes relatos sobre violência cometida contra profissionais de ensino. Houve também depoimentos feitos via CliqueGoogle+ e CliqueTwitter.
Enquanto ninguém fala a mesma língua, o Ministério da Educação (MEC) diz não ter dados unificados sobre a violência escolar.
Confrontado pela reportagem, porém, o INEP, órgão ligado ao ministério, reconheceu que o tema faz parte da Prova Brasil - avaliação nacional com respostas voluntárias de professores, alunos e diretores. Os últimos dados, de 2011, foram tabulados a pedido da BBC Brasil.
Os resultados apontam que um terço dos professores que responderam ao teste disse ter sido agredido verbalmente por alunos. Um em cada dez afirmou ter sofrido ameaças. Aproximadamente um a cada 50 apanhou de estudantes.
Violência nas escolas -
Prova Brasil
PERGUNTAS PARA PROFESSORES
| SIM | TOTAL |
Você foi ameaçado por algum aluno?
|
19.588 (9,6%)
|
223.253
|
Você foi agredido verbalmente por algum aluno?
|
73.857 (33%)
|
223.019
|
Você foi agredido fisicamente por algum aluno?
|
4.195 (1,9%)
|
224.991
|
"É simplista culpar crianças e adolescentes por tudo o que acontece", alerta a socióloga Miriam Abramovay, pesquisadora do tema com passagens pela Unesco, Banco Mundial e Unicef.
"A escola tem culpa, porque se isola das comunidades e não se atualiza. E os professores têm péssima formação, simplesmente não conseguem, e muitas vezes nem tentam, conquistar os alunos", diz. "No fim, todos são vítimas."
Descompasso
Para pesquisadora, a desvalorização do ensino resumiria este descompasso. "A estrutura das escolas parou no século 19, os professores dão aulas como no século 20 e os alunos, sempre conectados, vivem no século 21", diz.
Ela diz que as escolas vivem um "processo de abertura" há 50 anos.
"Se antes havia pouco espaço para as classes populares, hoje a escola se massificou. Todos entram - nem sempre continuam, mas entram. Mas a relação professor–aluno não mudou nada nesse meio tempo e os educadores não sabem lidar com esse novo interlocutor, que antes estava na rua, do lado de fora", diz.
Abramovay diz que a violência não é consequência direta do entorno. "Há escolas em bairros tremendamente violentos que têm resultados satisfatórios. E colégios particulares, ricos, com problemas enormes", observa.
A pesquisadora aponta o trabalho participativo, envolvendo pais e alunos na construção de regras e do currículo escolar, como caminho para reduzir a resistência e a agressividade.
"Os muros das escolas não são simbólicos", afirma. "Eles são reais, ninguém penetra ali. Assim, a escola não é nem protegida, nem protetora", diz.
O educador Jorge Werthein, presidente da Unesco no Brasil entre 1996 e 2005, também diz que a escola "precisa ser acolhedora" e critica a formação dos colegas.
"Diferente do médico, que faz residência, a maioria dos professores que se forma não tem nenhuma experiência em sala. Só pisam lá no primeiro dia, encontram coisas que nunca viveram e não sabem lidar", diz.
Para Wherthein, os educadores precisam se dar conta "da violência que eles próprios exercem sobre os alunos".
"Perseguição, homofobia e exageros nas repreensões" seriam exemplos. "Outra agressão simbólica é o abismo tecnológico que existe entre professores e alunos", diz.Clique
Celular
Com um olho no smartphone e outro no repórter, os alunos entrevistados parecem concordar com a avaliação.
"Parece que eles vivem fora do tempo. O professor pede para a gente copiar a lição do quadro, mas eu podia tirar uma foto com o celular e prestar atenção no que ele diz", reclamou uma estudante da 8º ano de uma escola em Diadema, ao sul de São Paulo.
A seu lado, espinhas no rosto e sorriso tímido, um adolescente do ensino médio completa. "Sei que celular pode atrapalhar. Não é para usar Facebook e Whatsapp na aula. Mas quando ajuda, por que não, né?", questiona.