Postagem em destaque

DIÁRIO DO PODER informa ...

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Prisão perpétua para 10 paquistaneses que atacaram Malala em 2012... // G1

30/04/2015 07h45 - Atualizado em 30/04/2015 08h54

Paquistão condena 10 homens à prisão perpétua por ataque a Malala

Malala foi alvo de um ataque de talibãs em 2012, quando voltava da escola.
Ela sobreviveu e tornou-se ativista pelos direitos das crianças à educação.

Da France Presse


Um tribunal antiterrorista paquistanês condenou nesta quinta-feira (30) dez homens à prisão perpétua pelo ataque a menina Malala Yusafzai, que tornou-se uma ativista pelos direitos das crianças à educação e foi vencedora do Nobel da paz de 2014.

Em outubro de 2012, a jovem militante pelo direito à educação foi alvo de um atentado dos talibãs paquistaneses do TTP quando retornava da escola em sua cidade natal de Mingora, na região noroeste do Paquistão.
saiba mais
Malala Yousafzay e Kailash Satyarthi recebem formalmente o Nobel da Paz

Estrela do Nobel, Malala leva amigas que sofreram ataque para a premiação
Saiba quem é Malala Yousafzai, a paquistanesa que desafiou os talibãs
Malala passa a ser a pessoa mais jovem a ganhar um Nobel; veja lista

Em setembro do ano passado, o exército paquistanês anunciou a detenção de 10 suspeitos, que foram julgados por um tribunal antiterrorista local.

"Os 10 homens envolvidos no ataque a Malala Yusafzai foram condenados à prisão perpétua", afirmou à AFP uma fonte do tribunal antiterrorista de Mingora, onde foi lida a sentença do juiz Mohamad Amin Kundi.

"Cada um deles recebeu uma pena de 25 anos de prisão", o que equivale à prisão perpétua no direito paquistanês, informou outra fonte, que pediu anonimato por temer represálias dos talibãs.

As autoridades de Islamabad afirmam que o homem suspeito de ser o autor do disparo contra Malala, identificado como Ataullah Khan, estaria foragido no Afeganistão, junto com o líder talibã paquistanês, Mulá Fazlullah, que ordenou o ataque.

No dia 9 de outubro de 2012, vários jihadistas do TTP invadiram o ônibus escolar no qual a jovem retornava para casa em Mingora e um deles perguntou "Quem é Malala?", antes de atirar à queima-roupa contra a cabeça da adolescente.

Por milagre, o tiro não matou a jovem. Em estado de coma, Malala foi levada para um hospital de Birmingham, na Grã-Bretanha, onde recuperou a consciência seis dias depois.
Malala Yousafzai posa com a medalha e o diploma do Prêmio Nobel da Paz em Oslo nesta quarta-feira (10) (Foto: Suzanne Plunkett/Reuters)
tópicos:

Afeganistão,
Malala Yousafzai,
Paquistão

quarta-feira, 29 de abril de 2015

O BRASIL de sempre não resiste a uma patacoada ou marcha-ré ... STF solta executivos e prepara terreno (jurisprudência) para repetir decisão para os supostos políticos enrolados na Lava Jato


STF libera empreiteiros e restaura anormalidade

Josias de Souza

O brasileiro sempre foi um povo de pouquíssimos espantos. No país dos absurdos, o ponto de exclamação deixou de fazer parte dos hábitos nacionais. Quando se imaginava que o Brasil estava mesmo condenado à falta de estupefação, o juiz Sérgio Moro horrorizou todo mundo em novembro de 2014. O magistrado ressuscitou o assombro ao colocar o baronato da construção civil para dormir nos colchonetes da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. Com seus mandados de prisão, Moro transformou a Operação Lava Jato num ponto fora da curva.
Ampliar

Operação Lava Jato da PF142 fotos

141 / 142
28.abr.2015 - Por 3 votos a 2, a segunda turma do STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu nessa terça-feira (28) liberdade ao empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, que foi preso pela Polícia Federal por suspeita de participação na operação Lava Jato. O Supremo também pode determinar que ele cumpra prisão domiciliar. Além dele, oito acusados de participação no esquema de corrupção na Petrobras, seis executivos e dois funcionários de empreteiras também poderão cumprir a pena em casa Leia mais Pedro Ladeira/Folhapresss
Antes que o pasmo fizesse aniversário de cinco meses, a 2ª turma do STF tratou de puxar o ponto de volta para perto da curva. Em decisão apertada —três votos contra dois— o Supremo transferiu nove empreiteiros dos colchonetes do PF’s Inn para os lençois de linho egípcio da prisão domiciliar. Restituiu-lhes o conforto às vésperas de prestarem depoimentos sobre o assalto aos cofres da Petrobras. Restaurou-se a anormalidade, tão normal no Brasil quanto as escamas no peixe.
A decisão do STF foi tomada numa sessão em que se julgou um pedido de habeas corpus formulado pela defesa de Ricardo Pessoa. Trata-se do dono da UTC, apontado pelos operadores da Lava Jato como coordenador do cartel que tomou de assalto a Petrobras. Como o mandado que levara Pessoa à cadeia incluía os nomes de outros oito empreiteiros, o STF decidiu estender o linho egípcio para os demais.
Relator do processo, o ministro Teori Zavascki anotou em seu voto que “a sociedade tem justificadas e sobradas razões para se indignar” com a petrorroubalheira. Acrescentou que as pessoas têm motivos para “esperar uma adequada resposta do Estado, no sentido de identificar e punir os responsáveis.”
Porém, prosseguiu Zavascki, “a sociedade saberá também compreender que a credibilidade das instituições, especialmente do Poder Judiciário, somente se fortalecerá na exata medida em que for capaz de manter o regime de estrito cumprimento da lei, seja na apuração e no julgamento desses graves delitos, seja na preservação dos princípios constitucionais da presunção de inocência, do direito a ampla defesa e do devido processo legal.”
Na opinião de Zavascki, avalizada pelos colegas Gilmar Mendes e Dias Toffoli, as razões invocadas por Sérgio Moro para ordenar as prisões dos empreiteiros perderam a razão de ser. Como os executivos afastaram-se formalmente dos postos que ocupavam nas empresas, não teriam como reincidir nos crimes.
A ministra Carmen Lúcia, vencida na ilustre companhia do colega Celso de Mello, decano do STF, contrapôs às teses de Zavaschi um argumento tão singelo quanto avassalador. “Testemunhas ainda podem ser reinquiridas. Como não existe mulher quase grávida, não existe instrução [de inquérito] quase acabada. Quando finalizar a instrução, esse quadro pode mudar.”
Ante o argumento de Zavascki de que os presos não estavam sendo soltos, mas transferidos para a prisão domiciliar, Carmen Lúcia recordou que, em casa, os empreiteiros terão acesso a telefone, internet e a outras formas de comunicação. Der resto, o fato de os executivos estarem formalmente afastados das respectivas empresas não impede que continuem mandando e, sobretudo, desmandando por baixo dos panos.
A lógica linear do raciocínio de Cármen Lúcia não foi capaz de reverter o placar. Natural. O brasileiro não resistiria a tanto espanto. Ele já está acostumado com o Brasil da anormalidade —um país em que sempre existiu a corrupção só de um lado.
A CPI dos Anões do Orçamento, por exemplo, identificou os parlamentares corruptos. Mas fechou os olhos para os corruptores. A consultoria fictícia de PC Farias atraiu para as arcas clandestinas de Fernando Collor o dinheiro de empresários graúdos. Alguns tiveram seus 15 segundos de má-fama. Mas nenhum teve de dar muitas explicações. Estava entendido que aquilo tudo era normal. Era a maneira de fazer negócios.
Só de raro em raro consegue prosperar no Brasil a ideia de que o corruptor é tão culpado quanto o corrupto. Agora mesmo, sob Dilma Rousseff, o governo se esforça para retirar as empreiteiras da fogueira. Alega-se que desonestas são as pessoas, não as empresas. Sustenta-se, de resto, que a ruína das empreiteiras atrapalha o desenvolvimento do país e o bom andamento das obras.
Nos autos da Lava Jato, a propina é pecado. Nos hábitos nacionais, trata-se de uma das mais normais anormalidades da história nacional. No papelório do processo, Ricardo Pessoa é o chefão do cartel que trocou contratos na Petrobras por propinas. Na defesa sustentada oralmente da tribuna do Supremo pelo advogado Alberto Toron, o todo-poderoso do cartel é apenas um bom marido, um bom pai, um ótimo avô. Uma pessoa cuja liberdade não oferece o mais remoto risco à sociedade. Sendo assim, nada mais normal do que restaurar a anormalidade. Os doutores soltam fogos.

Cada novo escândalo supera o anterior // TV Noblat

Incompetência administrativa gerou prejuízo de 17 milhões de reais por dia na Petrobras durante gestão de Gabrielli... / Globo


29/04/2015
 às 21:19 \ Opinião

José Casado: Gestão temerária 

Publicado no Globo
É recorde: R$ 17,4 milhões em perdas por dia, ou R$ 726,4 mil por hora, durante seis anos e sete meses seguidos. Essa é a herança administrativa deixada por José Sérgio Gabrielli depois de 2.370 dias no comando da Petrobras.
Na semana passada, a companhia informou que seu patrimônio encolheu em R$ 47,4 bilhões, por desvalorização de ativos e cancelamento de projetos considerados inviáveis há pelo menos meia dúzia de anos.
Desse total, R$ 41,2 bilhões têm origem em iniciativas danosas ao patrimônio da estatal anunciadas na gestão de Gabrielli (a conta não inclui o custo do repasse da corrupção).

BLOG DO ALUIZIO AMORIM: DELATOR DO MENSALÃO JANTA COM AMIGOS NA CHURRASCAR...

BLOG DO ALUIZIO AMORIM: DELATOR DO MENSALÃO JANTA COM AMIGOS NA CHURRASCAR...: Paulo Roberto Costa, tendo sobre a cabeças estrelas vermelhas, prepara-se para iniciar o jantar com amigos em churrascaria de Curitiba * C...

BLOG DO ALUIZIO AMORIM: SENADO APROVA CRIAÇÃO DA CPI DA OPERAÇÃO ZELOTES Q...

BLOG DO ALUIZIO AMORIM: SENADO APROVA CRIAÇÃO DA CPI DA OPERAÇÃO ZELOTES Q...: O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), determinou nesta quarta-feira a criação da comissão parlamentar de inquérito que irá i...

Notícias indecorosas de Brasília... / coluna de Cláudio Humberto



29 DE ABRIL DE 2015

LULA AINDA ATRIBUI A MERCADANTE ERROS DO GOVERNO
Conversa vai, conversa vem, e Lula continua atribuindo ao ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) as trapalhadas do governo Dilma. Em conversa com líderes aliados, há dias, ele reafirmou a crítica. Disse – referindo-se a Mercadante – que Dilma é cercada de “gente desastrada para quem não dei a menor bola em oito anos como presidente”. Lula acha que os erros de Dilma decorrem de “conselhos” do ministro.

O MAIOR ERRO
Trombar com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha foi, para Lula, o maior erro político de Dilma, por influência do chefe da Casa Civil.

GROSSERIAS INÚTEIS
Lula acha que Dilma errou ao hostilizar Barack Obama, no caso da espionagem, e a Indonésia, pela execução do traficante Marco Archer.

RESPEITO É BOM
Segundo Lula, Dilma deveria ter feito a visita de Estado a Washington, que ela cancelou, e respeitado as leis internas da Indonésia.

SEM ‘MEA CULPA’
Ao criticar Dilma, Lula esquece um detalhe: a culpa é dele, por dar cartaz ao aspone Marco Aurélio Top-Top, que define a política externa.

PUBLICIDADE
CUNHA SINALIZA ACEITAR PEDIDO DE IMPEACHMENT
O Planalto acendeu a luz amarela após reunião de última hora entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e líderes aliados, na noite desta segunda. Deputados saíram com a certeza que o impeachment de Dilma não está sepultado, como Cunha tem dito à imprensa. Nenhuma decisão sobre o assunto deve ser tomada antes de 27 de maio, quando é esperada marcha contra Dilma em Brasília.

MUY AMIGOS
Depois de Eduardo Cunha, os “aliados” se reuniram com a oposição. E Carlos Sampaio (PSDB-SP) deve aumentar a pressão sobre Cunha.

COMEÇO MODESTO
A oposição já chama de “Marcha dos 100 mil” a caminhada entre São Paulo e Brasília de defensores do impeachment.

DE ONDE VEM
A marcha é liderada pelo Movimento Brasil Livre, que também tem organizado protestos contra Dilma, e inspirada em Luiz Carlos Prestes.

GANHANDO TEMPO
O dono do PDT, ex-ministro Carlos Lupi, prometeu a senadores indóceis que em junho o partido sai da base de apoio ao governo. Os senadores fingiram acreditar. Sabem que ele tenta ganhar tempo.

RENAN ENCOLHEU
O presidente do Senado, Renan Calheiros, anda amuado com o poder de Eduardo Cunha. Ele se irritou ao ser questionado sobre o tema: “Eu não vou rebaixar a discussão”. Mas sabe que foi rebaixado de patamar.

BOQUINHA AMIGA
O PP se reuniu com Michel Temer para definir cargos no segundo escalão. Mais da metade dos parlamentares do PP está atolada no assalto à Petrobras, mas nenhum deles abre mão das boquinhas.

CALMA LÁ
A filiação da senadora Marta Suplicy (SP) será definida nesta quarta no PSB, em Brasília, partido pelo qual ela pretende disputar a prefeitura paulistana. Mas PV, PPS, PDT e SD também querem o passe dela.

SABOIA NO SENADO
O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), assinou finalmente a nomeação do diplomata Eduardo Saboia, punido por Dilma após salvar a vida do ex-senador Roger Pinto Molina, perseguido pelo cocaleiro boliviano Evo Morales.

DE OLHO EM 2022
Após o alvoroço com Aécio Neves (PSDB-MG), há dias, ontem Jair Bolsonaro (PTB-RJ) também foi cercado por crianças, na Câmara. Ele caprichou na simpatia com os eleitores do futuro.

SÓ PODIA DAR NISSO
A prefeita de Baltimore, uma banana, parece tão brasileira quanto sua cidade rebelada: jovens sem oportunidades, educação que não educa e políticos conhecidos pelas promessas não cumpridas. Só em 2014 a violência da polícia resultou em indenizações de US$ 7 milhões.

77 ANOS
Comemora-se nesta quarta o 77º aniversário do Conselho Nacional do Petróleo, de onde saíram os brasileiros que transformaram a Petrobras numa grande empresa... até ser assaltada pela “cumpanherada”.

CADÊ O GOVERNO?
Senadores fazem graça com a vacância, por cem dias, do cargo de Líder do Governo no Congresso. Se não há governo, líder para quê?
  •  
  •  
  •  


Por decisão transitada em julgado, este colunista foi condenado pelo Juízo da 18ª Cível de Brasília, na Ação Indenizatória por Danos Morais nº 2001.01.1.061217-6, movida pelo então vereador à Câmara Municipal de São Paulo e atual Ministro da Justiça, Sr. José Eduardo Martins Cardozo, em virtude de matéria publicada em 2001, sob o título “Delícias do Poder”. A íntegra da sentença pode ser lida em www.tjdft.jus.br



"Honestidade não é virtude, ainda que não seja vício. A virtude se eleva sobre a moral corrente, implica uma certa aristocracia do coração, própria do talento moral... " ; Percival Puggina


UMA SOCIEDADE MORALMENTE SEDENTÁRIA

por Percival Puggina. Artigo publicado em 29.04.2015


Li “O homem medíocre” pela primeira vez em 1999. Na época, o cetro do poder político brasileiro estava em outras mãos e a oposição de então apresentava-se como modelo das mais seráficas virtudes. Um capítulo do livro, em especial, chamou-me a atenção por parecer escrito para aquela realidade. O autor, José Ingenieros, tratava, ali, da diferença entre a mera honestidade e a virtude, bem como da falsa honestidade daqueles que a exibem como troféu. “Em todos os tempos, a ditadura dos medíocres é inimiga do homem virtuoso. Prefere o honesto e o exibe como exemplo. Mas há nisso um erro ou mentira que cabe apontar. Honestidade não é virtude, ainda que não seja vício. A virtude se eleva sobre a moral corrente, implica uma certa aristocracia do coração, própria do talento moral. O virtuoso se empenha em busca da perfeição.”

Com efeito, não fazer o mal é bem menos do que fazer todo o bem que se possa. Ser e proclamar-se honesto para consumo externo é moldar-se às expectativas da massa e isso fica muito aquém da verdadeira virtude. “Não há diferença entre o covarde que modera suas ações por medo do castigo e o cobiçoso que age em busca da recompensa“, afirma o filósofo portenho enquanto sentencia sobre o homem medíocre: “Ele teme a opinião pública porque ela é a medida de todas as coisas, senhora de seus atos“. Temia, filósofo Ingenieros, temia. O medíocre não mais teme a opinião pública porque a nação tolerou prostituir-se em troca de umas poucas moedas.

Não demorou muito, daquela minha leitura, para que as palavras de Ingenieros desnudassem a intimidade do novo círculo de poder que se instalara no país! Presentemente, após 12 anos disso, sempre em dose crescente, estou convencido, como nunca, de que jamais enfrentaremos de modo correto a degradação das práticas políticas brasileiras se não compreendermos o que é a virtude e como ela se expressa no plano pessoal e no plano institucional.

Há alguns anos, quando se discutia com disposição semelhante à de agora a conveniência e o conteúdo de uma reforma política, instalou-se na opinião pública ampla convergência quanto à indispensabilidade de ser criado preceito que impusesse a fidelidade partidária. “É preciso estabelecer a fidelidade partidária!”, clamavam as vozes nas calçadas, em torno das mesas de bar, nas academias e nos salões do poder. Cansei de alertar, em sucessivos artigos, contra a falsa esperança que a nação depositava nesse instrumento de coerção. Tudo que se lia sobre o assunto passava a impressão de que a infidelidade partidária sintetizava nossos males políticos e era o coração ético de uma boa reforma. Por quê? Nunca entendi. Há coisas que se repetem sem explicação plausível.

Honestidade não é virtude, ainda que não seja vício. A virtude se eleva sobre a moral corrente, implica uma certa aristocracia do coração, própria do talento moral. O virtuoso se empenha em busca da perfeição.”

Decorridos, já, sete anos de vigência do instituto da fidelidade partidária está demonstrado que ela em nada melhorou o padrão das relações institucionais entre o governo e o parlamento, nem a conduta dos agentes políticos nacionais.

É preciso distinguir, portanto, a virtude que se alcança por adesão voluntária a um determinado bem, da virtude intrínseca a modelos institucionais que inibem a conduta não virtuosa. A fidelidade será, sempre, um produto da vontade humana. O pérfido só renunciará a perfídia quando ela se mostrar inconveniente. O venal pode trocar de camiseta, mas só não terá preço se não houver negócio a ser feito. É por esse motivo que quando o STF proclamou a constitucionalidade da Lei da Ficha Lima, eu escrevi que estávamos trocando de fichas, ou de fraldas como diriam alguns, mas não estávamos acabando com a sujeira que, logo iria encardir outras tantas.

Por quê? Porque essa lei parece desconhecer que a corrupção tem causas em duas fragilidades, a da moralidade individual e a institucional. No plano das individualidades, só teremos pessoas virtuosas em maior número quando forem enfrentadas certas questões mais amplas, na ordem social. Ou seja, quando:

• a virtude for socialmente reconhecida como um bem a ser buscado;
• escolas e universidades retomarem o espírito que lhes deu origem e levarem a sério sua missão de formação e informação e não cooptação;
• famílias e meios de comunicação compreenderem a relação existente entre o desvario das condutas instalado na vida pública e o estrago que vêm produzindo na formação da consciência moral e na vida privada dos indivíduos;
• o Estado deixar de ser fonte de privilégios;
• for vedada a filiação partidária dos servidores públicos;
• forem extintos os CCs na administração direta, indireta e Estatais;
• a sociedade observar com a atenção devida o método formativo e educacional das corporações militares;
• voltar a ser cultivado o amor à Pátria;
• a noção ideológica de “la pátria grande” for banida por inspirar alta traição;
• as Igrejas voltarem a reconhecer que sua missão salvadora nada tem a ver com sociedade do bem estar social, mas com sociedade comprometida com os valores que levam ao supremo Bem.
Não há virtude onde não há uma robusta adesão da vontade ao Bem. E isso não acontece por acaso. É uma busca que exige grande empenho.

Contudo, a democracia (governo de todos), não é necessariamente aristocracia (governo dos melhores). E será sempre tão sensível à demagogia quanto a aristocracia é sensível à oligarquia. Portanto, numa ordem democrática, como tanto a desejamos, é necessário estabelecer instituições que, na melhor hipótese, induzam os agentes políticos a comportamentos virtuosos ou, com expectativas mais modestas, inibam as condutas viciosas. Ora, o modelo político brasileiro parece ter sido costurado para compor guarda-roupa de cabaré. Não há como frear a corrupção que se nutre num modelo institucional que a favorece tão eficientemente, seja na ponta das oportunidades, seja na ponta da impunidade, vale dizer, pela via das causas e pela via das consequências. Não estou falando de leis que a combatam, mas de um modelo político que a desestimule.

Como? Adotando procedimentos e preceitos comuns nas Forças Armadas. Libertando a administração pública dos arreios partidários, por exemplo. Ao entregar para o aparelhamento partidário a imensa máquina da administração (que a mais elementar prudência aconselharia afastar das ambições eleitorais), o Brasil amarra cachorro com linguiça e dá operosidades e dimensões de serraria industrial ao velho e solitário “toco”. “É politicamente inviável fazer isso no Brasil”, estará pensando o leitor destas linhas em coro com a grande maioria dos que, entre nós, exercitam poder político. Eu sei, eu sei. Não sou ingênuo. Está tudo errado, mas não se mexe. As coisas são assim, por aqui.

Do mesmo modo como a fusão do Governo (necessariamente partidário e transitório) com a Administração (necessariamente técnica e neutra porque permanente no tempo) cria problemas e distorções de conduta, a fusão do Governo com o Estado (que, por ser de todos, não pode ter partido) faz coisa ainda pior no plano da política interna e externa. Desde a proclamação da República, todo governante trata de aparelhar o Estado e exercer influência sobre suas estruturas.

Por fim, quero lembrar que o relativismo moral veio para acabar com a moral. O novo totalitarismo elegeu como adversário os valores do Ocidente. Multidões, sem o perceber, tornaram-se moralmente sedentárias.

Abandonaram os exercícios que moldam a consciência e fortalecem a vontade. Ao fim e ao cabo, em vez de uma sociedade onde os indivíduos orientam suas vidas segundo os conceitos que têm, constituímos uma sociedade onde os indivíduos conformam seus princípios e seus valores à vida que levam.


________________________________
* Percival Puggina é membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do sitewww.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo;Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

Vale a pena roubar... A pena de roubo 'Lava Jato' é ficar em casa !


Edição do dia 29/04/2015
29/04/2015 14h18 - Atualizado em 29/04/2015 14h52

Nove executivos condenados na Lava Jato cumprirão prisão domiciliar

Eles vão usar tornozeleiras eletrônicas.
Réus beneficiados com habeas corpus ficaram presos por quase 5 meses.


Ana Zimmerman
Curitiba, PR
Nove empreitiros detidos na Operação Lava Jato, que nesta quarta-feira (29) conseguiram habeas corpus, saíram do Complexo Médico Penal, na região metropolitana de Curitiba.
Os nove réus beneficiados com habeas corpus ficaram presos por quase cinco meses. Sete no Complexo Médico Penal, na região metropolitana de Curitiba, e dois na carceragem da Polícia Federal, inclusive Ricardo Pessoa, dono da UTC, que é apontado como chefe do clube das empreiteiras.
Além de Ricardo Pessoa, também conseguiram habeas corpus: Agenor Franklin Medeiros, diretor afastado da OAS; Erton Medeiros Fonseca, diretor de negócios afastado da Galvão Engenharia; João Ricardo Auler, presidente afastado do Conselho de Administração da Camargo Corrêa; José Ricardo Nogueira Breghirolli, funcionário afastado da OAS; José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Leo Pinheiro, presidente afastado da OAS; Mateus Coutinho Sá Oliveira, diretor afastado da OAS; Sérgio Cunha Mendes, ex-vice-presidente executivo da Mendes Júnior; e Gerson Almada, vice-presidente afastado da empreiteira Engevix.

A prisão domiciliar significa que eles não devem sair de casa, precisam entregar passaportes, se apresentar na justiça a cada 15 dias, e não podem retomar a administração das empreiteiras.
Nesta terça-feira (28) a segunda turma do Supremo Tribunal Federal,  concedeu habeas corpus ao dono da UTC, Ricardo Pessoa, por três votos a dois. Em seguida os ministros estenderam a decisão para outros oito presos.
Dos nove réuss, sete devem voltar à Curitiba já na semana que vem. O juiz Sergio Moro agendou para o início de maio os interrogatórios deles, nos processos da sétima fase da Operação Lava Jato.
O doleiro Alberto Youssef, delator do esquema de corrupção na Lava Jato e que continua preso, prestou novo depoimento hoje na Justiça Federal, em Curitiba. Primeiro ele foi interrogado pelo juiz Sergio Moro e depois pelo Ministério Público Federal. O teor do depoimento ainda não foi divulgado.

"A casa das três mulheres" // Eliane Cantanhêde // Estadão


A casa das três mulheres

  • TAGS: 
  • Eliane Cantanhêde, 
  • Dilma Rousseff, 
  • Marta Suplicy, 
  • Marina Silva, 
  • O Estado de S. Paulo
  • Eliane Cantanhêde
    29 Abril 2015 | 02h 03

    Dilma Rousseff, Marta Suplicy e Marina Silva têm um ponto em comum: eram do PT, foram ministras do governo Lula e, de certa forma, disputaram as graças do chefe e grande líder. O ponto de união para por aí.
    Marta, da aristocracia paulistana, foi a menina rica, loura e linda dos colégios de freira dos grandes centros urbanos de décadas atrás. Entrou na política trilhando os caminhos do então marido Eduardo Suplicy, mas criando seus próprios atalhos e defendendo as, à época, "causas perdidas": gênero, sexualidade, direitos de minorias, igualdade social. Além do sobrenome, capitalizou sua marcante atuação de vanguarda na TV.
    Marina, cabocla bem brasileira, cresceu descalça num povoado distante do já distante Acre, só foi alfabetizada na adolescência, comeu o pão que o diabo amassou nos colégios de freiras que paparicavam Marta e não só se formou como entrou para a política perseguindo causas amazônicas e ambientais, pelas quais seu mentor Chico Mendes foi assassinado e seu grupo conquistou reconhecimento internacional.
    Mineira que se assumiu como gaúcha, Dilma vem da classe média abastada, recebeu boa formação intelectual do pai estrangeiro, lutou contra o regime militar, foi presa e torturada quase menina e fez carreira política no PDT, seguindo os princípios nacionalistas e trabalhistas do brizolismo, hoje um tanto retrógrados.
    Mais pragmática e mais ideológica do que a paulistana rica e a ex-empregada doméstica do Acre, Dilma fez o caminho partidário inverso ao delas. Ambas estão na origem e na história do PT, mas se desiludiram com o partido no poder e tomaram outro rumo, Marina ainda no governo Lula, Marta agora. Já Dilma se fez no PDT e só pulou no barco petista quando ele já estava a pleno vapor.
    Enquanto Dilma seguia Brizola, a menina rica e a menina pobre tinham como referência Lula, migrante nordestino que virou metalúrgico e entrou para a história como o grande líder sindical na resistência à ditadura. Vestiam a camisa vermelha, desfilavam com a estrela símbolo do partido, sonhavam com um país melhor e mais justo, acreditavam que o PT unia os puros e justos.
    Mas foi Dilma, sem jamais ter sido sequer eleita vereadora, que virou presidente da República. E virou pela vontade de Lula e pelas circunstâncias do PT. José Dirceu e Antonio Palocci afogaram-se com Valdomiros, mensalão, quebra de sigilo de caseiros, casas suspeitas e apartamentos mal explicados. Lula tinha de pescar alguém. Pescou Dilma.
    Ela é a presidente no 13.º ano de PT no poder, num momento em que o partido vai ladeira abaixo, desequilibrado por mensalões e petrolões da era Lula e empurrado pela crise política e econômica da era Dilma.
    Se ela chegou ao PT e parece caminhar com ele para o precipício logo ali à frente, Marina Silva fez meia volta ainda no governo Lula, quando saiu para o PV, depois articulou a criação da Rede Sustentabilidade e enfim filiou-se ao PSB para ser vice de Eduardo Campos. E Marta está desde ontem fora do partido e a caminho do mesmo PSB para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2016.
    Ou seja: Dilma pulou dentro do PT quando o partido se preparava para chegar ao poder e afunda junto com ele, enquanto Marina e Marta ajudaram a empurrar o barco para mar aberto e para a glória, mas pularam fora quando viram que o combustível começava a faltar, que as cores esmaeciam e, principalmente, que já não cabiam mais dentro dele.
    A Dilma, agora, só resta ir até o fim no PT, enquanto Marta luta pela prefeitura que o partido lhe negava e a matreira Marina observa, avalia e pensa nos passos a seguir. Com uma curiosidade: fundadora do PT, ela hoje demonstra mais identidade com Fernando Henrique Cardoso do que com PT, Lula e, principalmente, Dilma.
    O que fica evidente, a partir da história e do destino dessas três mulheres, é que o PT não é mais o PT, Lula não é mais Lula e Dilma nunca foi a Dilma do marketing. Enfim, o sonho acabou.