Petrobras vai pagar quase US$ 3 bi para encerrar
ação coletiva nos EUA
Investidores que compraram papeis da estatal no mercado americano alegaram prejuízo pela queda das ações por causa da corrupção.
Um bom acordo é aquele em que os dois lados têm motivos para cantar vitória. Foi assim com o acordo anunciado nesta quarta-feira (3), comemorado no Brasil pela Petrobras e também pelos investidores, nos Estados Unidos.
Para encerrar uma ação coletiva na corte federal de Nova York, a empresa brasileira concordou em pagar quase US$ 3 bilhões em três parcelas, até 15 de janeiro de 2019. O valor equivale a mais de R$ 9 bilhões.
Agora, só falta o juiz da ação confirmar o acordo, o que deve acontecer nos próximos dias.
Em uma nota oficial, a Petrobras diz que “o acordo atende aos melhores interesses da companhia e de seus acionistas. Além disso, põe fim a incertezas, ônus e custos associados à continuidade dessa ação coletiva”. Ou seja, mesmo tendo que pagar, a estatal já sabe qual é o tamanho exato de um problema que antes parecia muito maior.
“Apesar de serem US$ 3 bilhões, é muito menor do que os números que inicialmente circulavam por aí, alguns chegavam até US$ 20 bilhões, US$ 25 bilhões. E que, na verdade, ninguém sabia ao certo qual seria o montante, mas que levava a essa fonte de incerteza muito grande com relação ao futuro do caixa e do balanço patrimonial”, diz Helder Queiroz, professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ.
O valor vai ser pago a investidores que compraram ações ou títulos da dívida da Petrobras nos Estados Unidos no período de 2010 a 2015. Os advogados americanos ressaltaram a grandiosidade do valor que vai ser pago.
Esse é o maior acordo já feito nos Estados Unidos sobre perdas com ações envolvendo uma empresa estrangeira. No mundo todo, é o maior acordo fechado na última década e o quinto maior da história.
O acordo não significa que a Petrobras assumiu a culpa no processo. A empresa diz que foi vítima da corrupção.
A Lava Jato restituiu até agora quase R$ 1,5 bilhão aos cofres da estatal, que ainda luta para recuperar valores maiores.
O dinheiro perdido na Justiça americana pode ser compensado pelo que a Petrobras espera receber na Justiça brasileira. Em 59 ações ligadas à operação Lava Lato, a empresa pede o ressarcimento de R$ 41 bilhões. O dinheiro viria de ex-diretores, empreiteiros e políticos envolvidos em corrupção.
Na noite da terça-feira (2), a Petrobras comunicou outra perda importante. A empresa foi multada pela Receita Federal em R$ 17 bilhões por remessas ao exterior para pagar o afretamento de embarcações.
Mesmo diante dessas notícias, os especialistas entendem que o momento é favorável à empresa, que aos poucos vai saindo dos tribunais para se concentrar no que mais entende: petróleo.
“Nesse momento sem dúvida a empresa está numa situação bastante positiva e muito melhor do que comparado a dois anos atrás. Acredito que daqui para frente, né, no âmbito da restruturação financeira a empresa poderá ter mais tranquilidade com relação ao desenho dos seus planos de negócios futuramente”, afirma Queiroz.