Postagem em destaque

Uma crônica que tem perdão, indulto, desafio, crítica, poder...

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Agenda defensiva de Temer...

https://g1.globo.com/agenda-do-dia/noticia/sexta-feira-20-de-outubro.ghtml

Sexta-feira, 20 de outubro

Bom dia! Aqui estão as principais notícias para você começar o dia bem-informado.

Por G1
 
Verbas, cargos, emendas parlamentares e outros agrados. Na tentativa de costurar sua sobrevivência diante de mais uma denúncia, Temer coloca em prática sua estratégia em troca de votos a seu favor. Pelo menos 9 ministros foram exonerados e reassumem seus mandatos na Câmara. Um reforço no placar do presidente, enquanto mantém a articulação com aliados, que contou até com a ajuda para salvar Aécio Neves em seu mandato no Senado.

Estratégias de Temer

Temer exonerou hoje mais oito ministros, que retomam seus cargos de deputados para votar contra a denúncia contra ele por corrupção passiva e organização criminosa. O ministro Fernando Coelho Filho (Minas e Energia) já havia sido exonerado. Raul Jungmann também chegou a ser exonerado esta semana, mas foi nomeado novamente como ministro hoje.

Articulação política

Depois de líderes do "Centrão" deixarem de despachar com o ministro responsável pela articulação política do governo, Antonio Imbassahy, agora foi a vez de alguns funcionários da própria Secretaria de Governo passarem a despachar com o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Na prática, com Imbassahy enfraquecido, Padilha assumiu a articulação política do Palácio do Planalto, informa o Blog do Camarotti.

Suspeita de propina

A Polícia Federal cumpre mandados no Rio de Janeiro e no Recife em operação contra desvios em contratos entre a Petrobras e a Odebrecht. Duas pessoas foram presas. Também são cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e um de condução coercitiva, além de três intimações.

Enem 2017

O Inep divulgará, a partir das 10h, o local de prova para os inscritos no Enem. O endereço vai estar no "Cartão de Confirmação da Inscrição" na página https://enem.inep.gov.br/participante/. Saiba como recuperar senha para acessar o site.

Guia de carreiras

Formados em direito têm os maiores salários entre as 10 carreiras mais procuradas no Sisu, aponta levantamento. O curso também apresenta maior progressão financeira: do salário inicial para o médio da carreira, o crescimento é de 195%.

Mostra de Cinema de SP

Durante a 41ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que vai até 1 de novembro, serão exibidos 394 filmes. Ente eles, 98 são dirigidos ou codirigidos por mulheres, o que é uma ótima chance de ver o que elas têm a dizer na telona. Para quem ainda está meio perdido com tanta opção na programação, o G1 te ajuda a escolher.

U2 em SP

No 1º de 4 shows em São Paulo, baterista do U2 usou camisa com 'censura nunca mais' e Bono citou Cazuza e Renato Russo. Leia aqui.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Caixa pede socorro financeiro ao FGTS ... / Folha de São Paulo

Para manter empréstimos, Caixa Econômica pede R$ 10 bilhões ao FGTS

Samuel Costa/Folhapress
Lucro da Caixa cresce com inadimplência menor e redução da provisão para calote de clientes
Sem recursos da União, Caixa pede R$ 10 bi ao FGTS
Sem contar com recursos da União, a Caixa Econômica Federal pediu ao Conselho Curador do FGTS R$ 10 bilhões em empréstimos sem prazo para pagar.
A operação, que ainda está sob avaliação, deve ser feita por meio de Letras Financeiras que serão adquiridas pelo FGTS. O fundo receberá anualmente uma correção corresponde aos juros da Selic (hoje em 8,25%) mais 1,20%.
Sem esse dinheiro, a Caixa não terá como cumprir as regras regulatórias de "segurança" bancária para concessão de empréstimos.
Hoje, para cada R$ 100 em empréstimos, os bancos têm de entrar com pelo menos R$ 11 de capital próprio. Esse índice vai ficar mais rígido a partir deste ano e do próximo, podendo a chegar, em alguns casos a R$ 13.
O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, chegou a pedir ao presidente Michel Temer um aumento de capital do Tesouro no banco. Mas diante da crise e das restrições orçamentárias, o presidente negou o pedido.
Por isso, o banco passou a estudar medidas alternativas. A operação com o FGTS é uma das alternativas. Mas ela só resolverá o problema de capitalização do banco até o próximo ano.
Paralelamente, a Caixa aposta em outra alternativa: a venda de cerca de R$ 10 bilhões da carteira de infraestrutura. O BNDES, que tem folga de recursos, seria o comprador. Mas a Caixa mantém conversa com outros interessados.
Pessoas que participam das conversas afirmam que as duas medidas devem ser tomadas.
REESTRUTURAÇÂO
Essas medidas serão tomadas no momento em que a Caixa passa por uma reestruturação interna. O novo estatuto do banco definirá regras para dificultar as indicações políticas na Caixa que, justamente por interferências de governo, esteve no centro das operações das "pedaladas fiscais" que levaram ao impeachment da então presidente Dilma Roussef. A ingerência de partidos, que indicaram representantes para oito das 12 vice-presidências da Caixa, também colocou o banco nas investigações da Lava Jato.
O conselho de administração do banco discute mudanças nas regras de governança para enquadrar a instituição na Lei das Estatais. A legislação determina que todas as empresas públicas devem se adequar às novas regras até junho do próximo ano. 

"Tanto pró e tanto contra " / Carlos Sardenderg

quinta-feira, outubro 19, 2017

Tanto pró e tanto contra 

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O Globo - 19/10

Dizem alguns analistas: a necessidade da reforma da Previdência é tão óbvia que, certamente, acabará sendo feita

Foram ruins os principais indicadores da economia real em agosto. A produção industrial caiu, o comércio vendeu menos, e os serviços prestados às famílias e aos negócios perderam volume. Para fechar a sequência negativa, ontem o Banco Central divulgou seu Índice de Atividade Econômica: queda de 0,38% no mesmo período, pior que o esperado.

Como explicar então a melhora nos índices de confiança e nas expectativas de crescimento para este ano e o próximo?

Não se trata de patriotada do governo. Aqui no Brasil, consultorias, departamentos econômicos de bancos e associações, todos se declaram mais animados em relação aos próximos meses. Mesma posição tomada por instituições internacionais, como o FMI e Banco Mundial, e companhias multinacionais.

Há bases para esse moderado otimismo. Aqui: além da clara mudança de política econômica, para melhor, registra-se a inflação muito baixa e a consequente queda da taxa real de juros. Dá-se como certo um período longo de juros baixos — até 2019, pelo menos — uma mudança e tanto na economia brasileira tão acostumada, e viciada, com juros na lua. Isso terá impacto positivo no consumo e no investimento.

Lá fora, é muito bom o desempenho dos principais países e, especialmente, do comércio global, que apresenta um ritmo de crescimento como há tempos não se via.

As altas frequentes das bolsas americanas, com sucessivas quebras de recorde, exprimem esse bom humor global.

Mas por que mesmo o mercado americano vai tão bem? Se você não sabe, não se preocupe. O prêmio Nobel de economia, Richard Thaler, também não sabe.

Disse ele (tradução livre): “Quem poderia imaginar que o mercado continuaria em alta durante este que é o tempo de maior incerteza de minha vida? Não pode ser a certeza de que haverá um maciço corte de impostos (nos EUA), dada a inabilidade do Congresso republicano em agir de modo coordenado. De modo que não sei de onde vem isso.”

Thaler ganhou o Nobel com a tese de que as pessoas (e, pois, as empresas, o governo, as instituições) tomam frequentemente decisões irracionais. Logo, para ele, não é surpreendente que o mercado possa estar equivocado nessa já longa alta nas bolsas americanas (oito anos!).

Por outro lado, há analistas e operadores para os quais a economia mundial pode estar mais aquecida do que pensa o FMI — instituição que recentemente reviu para cima suas projeções de expansão para quase todos os países.

Argumentos: juros baixos ainda por algum tempo; inflação no chão; empregos e, pois, renda total em alta; famílias, empresas e governos com dívidas reduzidas e controladas; investimentos em novas tecnologias (carros elétricos e autônomos, internet das coisas); EUA, China, Europa e Japão entregando crescimento e, pois, demanda global. O que queriam mais? Pode-se devolver a questão com outras perguntas: e se Trump fizer alguma besteira das grandes? Ele tanto pode provocar um conflito com a Coreia do Norte quanto explodir o déficit público americano, gerando inflação e juros, problema que se espalharia mundo afora. Há pressões nacionalistas e/ ou protecionistas por toda parte (Brexit, Catalunha, por exemplo) que podem colocar areia na máquina da economia global. O próprio Trump pode derrubar acordos regionais e internacionais, reduzindo o comércio global.

Também há incertezas por aqui, todas no campo da política. A sequência do ajuste da economia brasileira — que está atrasada em relação às demais — depende de um amplo conjunto de leis, ou seja, de entendimento entre o governo e o Congresso, de modo a se formar uma maioria pró-reformas.

Quem pode garantir que isso vai acontecer? Dizem alguns analistas: a necessidade da reforma da Previdência é tão óbvia que, certamente, acabará sendo feita. Um dia as pessoas hão de entender essa necessidade, agora, nesse resto de governo Temer, ou no próximo.

Aliás, já se ouve por aqui que não será problema se a reforma ficar para o próximo presidente. Mas vai daí que o tema deverá constar da próxima campanha presidencial —e o que temos visto para 2018? O eleitor brasileiro está mais para escolher um Macron ou um tipo Trump do sul?

Em resumo, há boas razões para a expansão da economia global e a recuperação da brasileira. As expectativas dominantes hoje estão nesse lado, o lado pró-racionalidade, tipo: “no fim vai dar certo”.

Mas as incertezas também estão aí, e Thaler pode ter razão ao desconfiar que as pessoas podem estar fazendo a coisa errada.

Vai depender do quê? Do que as pessoas fizerem, aqui e lá fora. Isso te anima?

"ATÉ JUÍZES DEFENDEM FIM DA JUSTIÇA DO TRABALHO" / coluna de Cláudio Humbeto

quinta-feira, outubro 19, 2017


COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

ATÉ JUÍZES DEFENDEM FIM DA JUSTIÇA DO TRABALHO


A extinção da Justiça do Trabalho, elaborada na Câmara sob rigoroso sigilo, tem a aprovação de juízes e de ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST), diante do ativismo político e a sindicalização da magistratura. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), conhece a posição desses juízes. O projeto reage à articulação, na Justiça do Trabalho, para burlar a reforma trabalhista que vigora a partir do dia 11.

RELATOR, DE NOVO
Se depender do presidente da Câmara, o relator do projeto que acaba a Justiça do Trabalho será o mesmo que relatou a reforma trabalhista.

FÃ DE CARTEIRINHA
O deputado Rodrigo Maia sempre elogiou o trabalho competente de Rogério Marinho (PSDB-RN) como relator da reforma trabalhista.

CARA DEMAIS
A Justiça do Trabalho custará R$22 bilhões em 2017, enquanto toda a Justiça Federal dos EUA não gastará mais do que R$21 bilhões.

DEFESA NO TST
O presidente do TST, ministro Ives Gandra Filho, já se manifestou em defesa da Justiça do Trabalho e discorda da sua extinção.

SARNEY DIZ QUE ILHAS À VENDA SÃO ‘CHANTAGEM’
O ex-presidente José Sarney tomou um susto ao tomar conhecimento, nesta coluna, da decisão de um sobrinho de d. Marly de vender por R$37 milhões 12,5% de três ilhas no litoral de São Luís. Sarney disse que o parente da ex-primeira-dama pretende, na verdade, que a família compre a parte dele, correspondente a dois milhões de metros quadrados. “É uma espécie de chantagem”, diz o ex-presidente.

VALOR EXAGERADO
O ex-presidente garante que o imóvel não vale os R$37 milhões. “Acho que por metade disso, o pessoal aqui vende as três ilhas”, ironizou.

PARENTE PROBLEMÁTICO
Sarney diz que o sobrinho de d. Marly, Gustavo Macieira, “sempre foi problemático”. E “ele pensa que temos dinheiro para comprar a área”.

HERANÇA DE FAMÍLIA
As ilhas Curupu, Mogijana e De Fora ou Corimã pertencem à família de d. Marly há várias gerações, desde a bisavó da ex-primeira-dama.

BANDIDO BLINDADO
O governo da Itália confia que vai pôr as mãos no terrorista Cesare Battisti. O Supremo Tribunal Federal já autorizou sua extradição, em decisão ignorada por Lula, e agora o caso voltou à Corte, após a concessão de habeas corpus que blindou o bandido outra vez.

JOGO É JOGO, TREINO...
Escolha do relator, dois dias de discussão na CCJ, votação favorável a Temer... Tudo isso não é nada, não é nada, não é nada mesmo: o que vai valer é a decisão do plenário da Câmara sobre a segunda denúncia.

BOM DE PONTARIA
O resultado da votação na CCJ da Câmara, favorável ao presidente Michel Temer, confirmou a previsão do vice-líder do governo Darcísio Perondi (PMDB-RS), que previa entre 39 e 42 votos.

AEROLULA É PREJUÍZO
Ainda está fora de operação o Airbus 319, “AirForce 51”, comprado por Lula em 2005 por US$57 milhões (R$360 milhões em valores atuais). A Força Aérea agora aluga um outro avião para o presidente.

FUNDÃO, NINGUÉM MERECE
O PSL (Social Liberal) foi o único partido que apelou ao Supremo Tribunal Federal contra a parte da reforma política que criou o “fundão eleitoral” de quase R$ 2 bilhões para financiar campanhas eleitorais.

OPORTUNISMO ELEITORAL
O PDT se aboletou em mais de 300 cargos do governo do DF por três anos, mas decidiu se afastar do desgaste que ajudou a produzir, porque a eleição vem aí. Na maioria cara de pau, ainda pretende o apoio do PSB de Rodrigo Rollemberg à candidatura de Ciro Gomes.

BARNABÉ CUSTA CARO
As despesas de pessoal do governo federal nos primeiros oito meses do ano foram de R$23,1 bilhões. Tudo isso em salários, pensões e aposentadorias de funcionários públicos.

SECOU, SÓ QUE NÃO
A Cia de Abastecimento de Brasília (Caesb) promete ir à Justiça contra os autores de boato de que a capital passaria a racionar água por dois dias consecutivos a cada semana. Um reservatório já chegou a 11%.

PENSANDO BEM...
...custa um Geddel a parte das ilhas colocada à venda por um sobrinho da d. Marly, onde a família Sarney tem casas. E ainda sobraria.


"Viajar a Cuba é conhecer a diferença entre o comunismo ideal e real " / Contardo Calligaris

quinta-feira, outubro 19, 2017

Viajar a Cuba é conhecer a diferença entre o comunismo ideal e real 

CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 19/10

Estamos perto da data do centenário da Revolução de Outubro. Para celebrar, decidi passar uma semana em um país "supostamente comunista" —é tudo o que tivemos nos últimos cem anos, países supostamente comunistas; os comunistas "de verdade", ninguém viu, nunca.

Escolhi Cuba, porque a ilha está a uma distância praticável e porque ela encarnou (talvez ainda encarne para alguns, especialmente na América Latina) um ideal.

Foi minha primeira viagem a Cuba, com expectativas misturadas: entre camisetas de Che Guevara nos anos 1960 e o banho de realidade da "Trilogia Suja de Havana" de Pedro Juan Gutiérrez (Alfaguara), nos 1990.

A história de Cuba é diferente da dos países do bloco soviético: a ilha se tornou comunista por movimento interno (não por uma invasão ou pela divisão, entre Rússia e EUA, dos espólios da Segunda Guerra).
Também, a Revolução Cubana aconteceu numa época (1959) em que só os otários e os desonestos ignoravam os horrores da experiência soviética. Gide publicou seu "De Volta da URSS" em 1936 (Vecchi, 1937). E o relatório Khruschov é de 1956.

A virada filossoviética da Revolução Cubana foi também consequência de uma política equivocada dos EUA, que pareciam sobretudo defender os interesses de seus mafiosos donos de hotéis. Mas a virada sanguinária e repressora da Revolução Cubana veio de onde? Camilo Cienfuegos, o proletário, morreu "por acaso": seu avião sumiu logo quando Camilo começava a manifestar seu dissenso.
Os irmãos Castro e Che Guevara, rebentos (respectivamente) da grande e da pequena burguesia, "inventaram" fuzilamentos e campos de concentração para dissidentes; eles tiveram a crueldade típica de meninos que brincam de guerra para se fazerem de herói.

Justamente, o Museu de la Revolución e o ensino de história alimentam para sempre a narrativa que os torna heróis. Um guia me garante que nunca houve campos de concentração em Cuba. E Reinaldo Arenas, seu livro, "Antes que Anoiteça"? Ninguém ouviu falar.
As afirmações de Fidel e do Che, pelas quais "los maricones" seriam "contrarrevolucionários"? Ninguém nunca ouviu.

Mas eu me lembro da provocação de Allen Ginsberg, o poeta beat, que foi expulso de Cuba em 1965 por dizer que Guevara era bonitinho e que Raúl Castro talvez fosse gay.

Cuba é muito diferente da Europa do Leste antes da queda do muro, em que se respirava um clima tétrico, opressivo. As ruas da Havana são alegres, a gente caminha sem se sentir perseguido num filme expressionista alemão. A mão repressora é mais leve? Ou são o Caribe e seu sol que fazem isso? Aposto no Caribe.

Nenhuma criança está fora da escola, e o analfabetismo acabou. A consequência é a própria comunidade: é possível conversar com qualquer um, e talvez namorar com qualquer um, porque existe um fundo de cultura básica (isso, apesar de diferenças econômicas abissais; o salário cubano começa pelos US$ 20 por mês, mas há pessoas vivendo em casas que não desfigurariam no Pacaembu, em SP).

Agora, a cultura comum é pitoresca de tão parecida com um catecismo. Nas estradas, esbarra-se na declaração de que "la unidad y la doctrina" são os "pilares fundamentales". Parece ter sido escrito para mim: em geral, se tem doutrina e unidade na doutrina, eu sou contra.

As ruas são seguras, mesmo de madrugada. Será efeito da polícia, que, numa ditadura, sempre é temida? Ou será pela própria existência de uma comunidade?

A internet é lenta, disponível só em alguns lugares públicos, caríssima (US$ 2 a hora) e censurada. As imagens eróticas do meu Tumblr, por exemplo, não carregam porque a pornografia é proibida em Cuba. Realmente, os governos repressores sempre têm um sentido claro das prioridades. Estou sendo irônico, viu?

Um pai, na Havana, quer fazer um bolo para o aniversário do filho. Começa a procurar e estocar os ingredientes três meses antes. O desabastecimento é crônico, salvo nos hotéis para turistas. E não adianta acusar embargos e bloqueios. O modelo econômico faliu o país. Conselho às mulheres que procurassem marido: viagem a Cuba se quiserem ser pedidas em casamento na primeira dança. Casar-se, para o homem cubano, é a única saída do país.
Um amigo, para quem explicamos que, para muitas coisas, o Brasil talvez seja pior, responde: "Mas você veio e pode comparar. Eu não consigo sair daqui".