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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

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CIÊNCIA | 24.09.2011

Demissão de futebolista chama a atenção para a síndrome de Burnout

 

Após o pedido de demissão do técnico Ralf Rangnick, do Schalke, o distúrbio voltou às manchetes na Alemanha. Cada vez mais esportistas e celebridades tornam público seu esgotamento físico e mental.

 
A síndrome de Burnout  (em inglês "queimado") voltou às manchetes na Alemanha esta semana devido ao pedido de demissão do técnico do Schalke, Ralf Rangnick, que aos 53 anos disse que, em seu atual estado, não conseguiria mais contribuir para o bom desempenho da equipe. A doença caracteriza-se por um estado de esgotamento emocional, físico e mental.
Rangnick, no entanto, não é a única celebridade alemã a abandonar temporariamente a carreira alegando esgotamento.
Duo voltou após burnout de músico Peter PlateDuo voltou após burnout do músico Peter PlateDepois de quase três anos de pausa devido ao Burnout do músico Peter Plate, o duo de pop rock berlinense Rosenstolz voltou aos charts alemães esta semana com o novo álbumWir sind am Leben (Nós estamos vivos).
Em 2010, Jan Ullrich, único alemão vencedor da principal prova de ciclismo mundial, o Tour de France, retirou-se para um isolamento voluntário que durou vários meses, sob a alegação de Bornout. Somente em agosto deste ano ele voltou a pedalar profissionalmente.
Burnout no esporte
A opinião pública alemã tomou conhecimento do fenômeno do Burnout no esporte em abril de 2004, quando o ex-saltador de esqui Sven Hannawald reconheceu abertamente seu esgotamento mental, afastando-se das competições esportivas. Um ano antes, Hannawald havia atingido o ápice de sua carreira profissional.
Desde então, cada vez mais esportistas se arriscam a tornar públicos seus problemas de saúde mental. Na Bundesliga, esse foi o caso do ex-goleiro Markus Millar, do jogador Jan Simak e agora de Rangnick. E, segundo informações de especialistas, muitos atletas encontram-se atualmente em tratamento.
Sintomas da síndrome
Sven Hannawald, em 2002Sven Hannawald, em 2002Enfraquecimento do desempenho mental e cansaço crônico, irritação fácil, ansiedade, dores corporais e aumento do risco do vício são sintomas da síndrome do Burnout.
Ela é considerada o estágio final de uma linha de desenvolvimento, que começa frequentemente com o entusiasmo idealista, e ao decorrer de experiências frustrantes, a síndrome pode levar à apatia, doenças psicossomáticas, depressão e agressividade.
Quanto ao tema depressão, o suicídio do goleiro da seleção alemã Robert Enke, há dois anos, logo vem à cabeça dos alemães. Na época, todo o país discutiu sobre a doença, que o caso Rangnick traz agora de novo à tona.
Quando se pergunta sobre as causas do Burnout, muitas vezes são citados a falta de tempo, a pressão pelo sucesso, o estresse e a sobrecarga. Pessoas que trabalham por um longo tempo em seu limite, que se engajam demasiadamente em sua profissão ou que se impõem altas expectativas e exigências são candidatas a ficarem doentes.
Otimização de recursos
Jens Kleinert, da Universidade do Esporte de ColôniaJens Kleinert, da Universidade do Esporte de ColôniaQuem sofre de Burnout precisa de ajuda, garantem especialistas. E o importante é que os afetados reconheçam por si mesmos que precisam desse apoio que também o aceitem. O psicólogo Jens Kleinert, professor da Universidade Alemã do Esporte de Colônia, exige um melhor acompanhamento psicológico nos clubes e associações.
No caso do esporte profissional, Kleinert afirma que não é o sistema que tem que mudar, mas os recursos que precisam ser otimizados. Segundo ele, clubes e associações devem trabalhar juntamente com psicólogos esportivos e psicoterapeutas, colocando especialistas à disposição.
Assim, pode-se garantir a prevenção e o reconhecimento precoce da doença. "Clubes e associações devem estar dispostos a investir", explicou.
Kleinert explica que após o suicídio o governo Robert Enke a opinião pública alemã se sensibilizou, o que levou à criação do portal mentalgestärkt.de, uma rede destinada à saúde psíquica nos esportes competitivos. O psicólogo explica, todavia, que muito ainda precisa ser feito. "Pois o ambiente num clube tem de ser muito bom para que alguém admita que sofre da doença."
Segundo Kleinert, isso só é possível em clubes nos quais os afetados sabem que receberão apoio. "Muitas vezes doenças são escondidas ou não são constatadas."
CA/rtr/dpa/afp
Revisão: Mariana Santos www.dw-world.de/brazil

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