Forças israelenses entram em shopping tomado por terroristas no Quênia
Governo queniano diz que 59 pessoas morreram e 175 ficaram feridas no ataque ao luxuoso centro comercial em Nairóbi
REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA EFE
22/09/2013 10h31 - Atualizado em 22/09/2013 15h00
As forças especiais israelenses entraram neste domingo (22) no shopping Westgate, em Nairóbi (Quênia), ocupado pelo grupo fundamentalista Al Shabab, informaram à Agência Efe fontes da equipe de segurança.
Os agentes entraram para tentar libertar os cerca de 30 reféns retidos desde sábado (21) pelo grupo radical somali. Cerca de dez integrantes do Al Shabab atacaram o local e deixaram 59 pessoas mortas e 175 feridas, de acordo com o último balanço oficial.
Segundo as fontes, ainda ocorrem trocas de tiros no interior do shopping. Uma forte explosão foi ouvida, mas ainda não se sabe a causa. Foi a maior até o momento desde o começo da ocupação, que já dura 27 horas.
O tráfego de ambulâncias continua entre o hospital de campanha instalado em um centro religioso e o estacionamento do complexo comercial. Três helicópteros que sobrevoavam o centro comercial, dois militares e uma da Polícia, deixaram a área.
O governo queniano diz que já conseguiu resgatar mais de mil pessoas. Durante a noite, houve novos tiroteios e uma pequena explosão no interior do complexo. Ao amanhecer, o cerco aos terroristas foi reforçado com pelo menos 50 veículos blindados.
O ministro do Interior, Joseph Ole Lenku, informou neste domingo que as autoridades quenianas têm o controle do circuito de segurança do edifício e sabem onde está o grupo, mas optou por não revelar "por motivos de segurança".
O Westgate é um dos locais mais luxuosos do país e frequentado de maneira habitual por estrangeiros e classe alta queniana. O Departamento de Estado dos EUA confirmou ontem que há americanos entre os feridos, mas não forneceu detalhes.
O governo de Gana confirmou a morte do poeta Kofi Awoonor durante o ataque ao shopping. O Executivo ganês mostrou seu pesar, em comunicado, pela morte do prestigiado escritor de 78 anos, que falou em suas obras sobre as consequências da colonização de sua terra por parte das potências europeias.
Autores do ataque
A milícia radical islâmica somali Al Shabab, vinculada à al Qaeda, assumiu ainda no sábado a autoria do ataque armado e disse que a ação é em represália à presença de militares do Quênia na missão da ONU na Somália.
"Al Shabab confirma que está por trás do espetáculo de Westgate", afirmou o grupo em sua conta no Twitter. "Os mujahedin (guerrilheiros islâmicos) entraram no centro comercial de Westgate hoje por volta do meio-dia e seguem dentro do complexo, lutando contra os kuffars (palavra depreciativa que alguns muçulmanos usam para se referir aos infiéis) quenianos em seu próprio terreno", disse outra mensagem da milícia. "Desde nosso último contato, os mujahedin de dentro do centro comercial confirmaram que mataram mais de 100 kuffars quenianos, e a batalha continua", afirmou a Al Shabab.
"As forças de defesa do Quênia atuam na Somália e isto tem consequências. Se aproximam dias negros", disse a organização.
A milícia fundamentalista ameaçou realizar novas ações: "Ontem foi uma embaixada. Hoje foi um centro comercial. Amanhã? Talvez um estádio de futebol lotado?"
Horas antes, também por meio do Twitter, a milícia afirmou que o ataque de Nairóbi seria uma "longa odisseia". "Lembram de Bombaim? Vai ser uma longa odisseia", alertaram os terroristas, em alusão aos ataques em 2010 a hotéis de luxo, estações de trens e um centro cultural judaico na cidade indiana, que terminaram com 166 mortos após o grupo fazer centenas de reféns. "Mogadíscio e Nairóbi estão tendo seu momento Bombaim", afirmou a organização, recordando novamente os ataques ocorridos na cidade indiana e atribuídos a um grupo terrorista paquistanês.
Momentos antes da publicação desta mensagem, um ataque com granadas provocou dezenas de feridos na capital somali.
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