POLÍTICA
Quer prova de uso mais escandaloso de cargo público do que esta?
Em pânico com o risco de ser deposta, Dilma está perdendo o mínimo de bom senso que conseguira reter apesar dos problemas que enfrenta
Ricardo Noblat
Dilma demitiu, ontem, o vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, Fábio Cleto, aliado de Eduardo Cunha, e responsável pelas loterias federais e por fundos como o FGTS.
Ele estava no cargo desde 2011.
A demissão foi publicada no “Diário Oficial da União” e ocorreu oito dias depois de Eduardo ter admitido o início do processo de impeachment de Dilma.
Há apenas dois dias, Cleto havia sido reconduzido para representar a Caixa no comitê que avalia os investimentos do FI¬FGTS (Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Cleto tem 39 anos, é formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e já trabalhou em instituições como Dresdner Bank e Itaú.
— Ele [Eduardo] virou inimigo do governo. Não faz sentido manter pessoas ligadas a ele nos cargos — comentou um interlocutor do Palácio do Planalto.
Ou bem Cleto não tinha qualificação ou idoneidade para ser vice-presidente da Caixa,. E não deveria ter sido nomeado; ou tinha e não deveria ter sido demitido.
É assim que se joga com cargos públicos. Eles servem para premiar ou punir quem apoia ou deixa de apoiar o governo.
Se apoiar, o indicado por ele pode roubar à vontade, desde que não seja apanhado.
Se deixar de apoiar, o indicado cederá a vaga para outra pessoa patrocinada por quem apoia o governo.
Em pânico com o risco de ser deposta, Dilma está perdendo o mínimo de bom senso que conseguira reter apesar dos problemas que enfrenta.
De Eduardo, ela diz que aceitou o pedido de impeachment para vingar-se dela, com quem brigava.
Eduardo poderá dizer de Dilma que ela demitiu Cleto para vingar-se dele.
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