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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

"“Mas essa moça tua que falô, ô, essa moça não entende porra nenhuma de Brasil e não entende nada de governo Dilma. Me desculpe… Mantê… mantê uma mulher dessa num cargo de chefia é, sinceramente… Pode mandar ela embora e dar o bônus dela para mim que eu sei como é que eu falo”. Lula da Silva dando ordem ao Santander

04/02/2016
 às 9:00 \ O País quer Saber

A derrota do reizinho prepotente e do banqueiro sabujo: TRT confirma sentença que condenou o Santander a indenizar a analista demitida por ordem de Lula

Foto: Ana Paula Paiva/Valor/Folhapress
Há duas semanas ─ um ano, cinco meses e vinte dias depois de perder por ordem de Lula o emprego no Santander ─, Sinara Polycarpo Figueiredo ganhou a segunda etapa da batalha judicial travada contra o banco que a demitiu. Neste 21 de janeiro, a juíza Cynthia Gomes Rosa, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, manteve a sentença expedida em agosto de 2015 pela juíza Lúcia Toledo Silva Pinto Rodrigues, que condenou a instituição financeira a pagar uma indenização de R$ 450 mil por danos morais infligidos à funcionária castigada por ser honesta.
Ao recorrer da decisão em primeira instância, o Santander apenas adiou a consumação da derrota. Não há como inocentar o comando do banco, grita a reconstituição do monumento à subserviência que começou em 10 de julho de 2014, quando um documento produzido pela área chefiada por Sinara foi distribuído entre um grupo de clientes com renda mensal superior a R$ 10 mil. Na sentença, a juíza Lúcia registrou que o texto se limitara a endossar “constatações uníssonas entre os analistas do mercado financeiro e nas diversas mídias independentes sobre investimentos”.
A fúria da seita lulopetista foi desencadeada pelo trecho do documento segundo o qual “a economia brasileira continua apresentando baixo crescimento, inflação alta e déficit em conta-corrente”. Linhas adiante, o diagnóstico nada empolgante observa que a onda de previsões sombrias se adensava sempre que Dilma subia nas pesquisas.  Neste início de 2016, passados dezoito meses, a releitura da análise demonstra que a equipe de Sinara se excedeu na timidez. As coisas estavam muito piores. Era questão de tempo o naufrágio consumado em 2015.
Lula e seus sequazes acham que, numa campanha eleitoral, o único crime é perder. O resto pode. Matar a mãe, por exemplo. Ou afanar a poupança da avó. Previsivelmente, o chefão fingiu enxergar num papelório inofensivo a prova material de que até bancos estrangeiros estavam envolvidos na conspiração urdida para encerrar a supremacia do PT. A ofensiva contra o diagnóstico do Santander começou assim que cópias do documento chegaram à imprensa. E atingiu o climax com o ataque em pinça executado por Dilma e Lula em 28 de julho de 2014.
Numa sabatina na Folha, transmitida pelo SBT e pela rádio Jovem Pan, Dilma puxou o trabuco do coldre: “Sempre que especularam não se deram bem”, apertou o gatilho ao responder a uma pergunta sobre a análise do Santander. “Acho inadmissível um país que está entre as maiores economias aceitar qualquer interferência externa. A pessoa que escreveu a mensagem fez isso sim, e isso é lamentável, é inadmissível”. Os disparos precipitaram a entrada no saloon de Lula, o pistoleiro que primeiro atira e depois pergunta. Quando pergunta.
No mesmo dia, num encontro noturno organizado pela CUT em Guarulhos, Lula acionou o tresoitão. No vídeo, andando de um lado para o outro, o copo até aqui de cólera abre o numerito repulsivo cobrando gratidão do banco presidido pelo amigo Emílio Botín. “Não tem lugar no mundo onde o Santander esteja ganhando mais dinheiro que no Brasil”, rosna o animador de comício, que em seguida recorda conversas e episódios que reduziam o banqueiro espanhol a um bajulador grávido de admiração pelo Lincoln de galinheiro. Por isso mesmo merecia o benefício da dúvida, informa a continuação do palavrório.
“Ô Botín, é o seguinte, querido: olha, eu tenho consciência que não foi você que falô”, concede Lula na abertura do mais sórdido momento de uma trajetória atulhada de infâmias: o antigo líder sindicalista vai ordenar ao dono do Santander que demita uma trabalhadora cujo único pecado fora contar a verdade aos clientes. “Mas essa moça tua que falô, ô, essa moça não entende porra nenhuma de Brasil e não entende nada de governo Dilma. Me desculpe… Mantê… mantê uma mulher dessa num cargo de chefia é, sinceramente… Pode mandar ela embora e dar o bônus dela para mim que eu sei como é que eu falo”.
Assim se fez. Dois dias depois de formulada a exigência, Sinara foi demitida com outras duas pessoas de sua equipe. “Enviamos uma carta à presidente”, rastejou Botín em 30 de julho. “A pessoa tinha que ser demitida porque fez coisa errada”. O banqueiro espanhol não viveu para festejar a reeleição de Dilma. Morreu em setembro, um mês antes de completar 28 anos no cargo. Substituído pela filha e herdeira Ana Botín, o campeão da sabujice escapou de ler as considerações incluídas na sentença exarada em primeira instância e agora ratificada pelo Tribunal Regional do Trabalho.
A juíza Lúcia Toledo Silva Pinto Rodrigues entendeu que o banco maculou a carreira profissional de Sinara ao retratar-se publicamente pelo ocorrido. Concluiu, também, que o Santander foi longe demais ao agachar-se diante de Lula. Confira um trecho da sentença:
“O Banco reclamado foi sim submisso às forças políticas ao demitir a reclamante. Somente demonstrou a parcialidade da instituição em atender os interesses políticos que estavam em jogo na época por conta da eleição e a falta de comprometimento perante seus clientes investidores que, se acreditassem na assertiva de que a economia seguiria a ‘bem-sucedida trajetória de desenvolvimento’, fatalmente amargariam prejuízos financeiros, dada a retração da economia e a desvalorização do nosso câmbio e dos ativos negociados na bolsa de valores”.
Nesta primeira semana de fevereiro, o documento que resultou na degola da analista foi transformado num monumento ao otimismo pelas apavorantes dimensões da crise econômica. Isolada em seu labirinto, Dilma Rousseff luta para adiar o enterro em cova rasa. Emilio Botín é só um quadro nas paredes do Santander. Lula, enredado em maracutaias urbanas e rurais, caminha para a morte política. Apenas Sinara está liberada para divertir-se no Carnaval. Ela derrotou seus algozes. O banqueiro poltrão e o reizinho prepotente perderam.
COM REPORTAGEM DE NAOMI MATSUI

sábado, 12 de setembro de 2015

Trabalhar com, para ou mesmo contra o PT tem alto risco profissional... A partir da sua aproximação com o partido começam a surgir eufemismos que desviam o foco e relevam a intenção primária..O caso de Sinara Polycarpo Figueiredo, o Santander e o PT é revelador. No final todos perdem !


BRASIL

Justiça manda Santander indenizar funcionária demitida por texto com críticas à reeleição de Dilma

Valor da indenização é de R$ 450 mil e banco pode recorrer da decisão
Sinara Polycarpo Figueiredo  (Foto: Divulgação)Sinara Polycarpo Figueiredo (Foto: Divulgação)
O Globo
A juíza Lúcia Toledo Silva Pinto, da 78ª Vara do trabalho de São Paulo, determinou que o banco Santander pague R$ 450 mil de indenização à analista Sinara Polycarpo Figueiredo, demitida no ano passado da Superintendência de Consultoria de Investimentos Select por causa de uma carta enviada a clientes de alta renda advertindo para o possível agravamento da crise econômica caso a presidente Dilma Rousseff fosse reeleita. A decisão é de primeira instância e cabe recurso.
Na ação, Sinara negou que ela tinha sido a autora do texto, afirmando que a análise foi elaborada por uma de suas funcionárias. A ex-funcionária do Santander argumentou no processo que sua dispensa ocorreu por ato de “discriminação política”, prejudicando sua imagem pessoal e profissional e taxando-a de "agitadora política". Segundo ela diz na ação, o banco foi "subserviente às forças políticas e se manifestou publicamente sobre o episódio pedindo desculpas pela publicação do texto".
O Santander negou na ação que a demissão de Sinara Polycarpo tenha tido cunho político e afirmou que a demissão ocorreu porque a ex-funcionária violou norma de conduta do banco ao não ter revisado um texto de análise financeira elaborado por uma de suas subordinadas, evitando assim "publicações com conotações político partidárias".
saiba mais

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Informações incômodas para o governo PT...Mais desafios para o Santander

http://aluizioamorim.blogspot.com.br/2014/07/o-desputdor-do-lulopetismo.html

sábado, julho 26, 2014

O DESPUDOR DO LULOPETISMO

Por Nilson Borges Filho (*)
Duas notícias publicadas pela chamada grande imprensa merecem uma análise mais apurada, para, no mínimo, se colocar as coisas nos seus devidos lugares. O banco Santander, de bandeira espanhola, encaminhou aos clientes das agências Select uma informação que é de domínio público: se Dilma subir nas pesquisas haverá uma movimentação para baixo dos indicadores econômicos e, sendo assim, os investidores com aplicações no Santander Select devem procurar os gerentes de seus investimentos para um realinhamento.
Simples assim. Essa informação deve ser lida, considerando que: primeiro, o banco não fez uma declaração urbi et orbi, apenas alertou seus clientes, a quem deve fidelidade, o que o futuro reserva para os seus investimentos; segundo, o banco não especulou cenários possíveis, pois o que consta do comunicado do Santander são fatos reais e conhecidos por todos aqueles que têm o hábito da leitura de jornais e revistas ou pelos que acompanham noticiários das tevês
O banco Santander, como instituição privada e apartidária, tem todo o direito em preservar o dinheiro aplicado por seus clientes e avaliar o humor do mercado, oferecendo caminhos para minimizar eventuais perdas dos investimentos da clientela, em decorrência de pesquisas eleitorais. A bem da verdade, Lula já se utilizou de indicadores econômicos favoráveis para fazer proselitismo eleitoral, sem o mínimo pudor. Aliás, pudor é o tipo de comportamento que não agrega à personalidade do ex-presidente em exercício.
O que se viu, depois do comunicado do Santander, foi uma forte pressão sobre o banco com acusações rasteiras de que estaria promovendo campanha em favor de outros candidatos de oposição. O Santander soltou nota dizendo que não está em campanha por determinados candidatos em detrimento da candidatura oficial e que se desculpava com os clientes pelo mal entendido. Para dar certo sossego a si próprio, fez chegar a direção do PT  que havia demitido todos os funcionários envolvidos no episódio.
A rigor, a direção petista intimou o banco a cortar algumas cabeças. O presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão, cheio de si, vibrou com a quantidade de cabeças que rolaram no Santander. Pura hipocrisia, senão veja-se: enquanto o banco Santander estava sendo defenestrado por “petistas éticos” por estar favorecendo candidatos da oposição, o Banco Central, instituição pública, informava urbi et orbi que estava colocando à disposição do setor bancário 30 bilhões de reais com impacto imediato no mercado de crédito. Ao longo do tempo as cifras podem chegar a 45 bilhões.

Com tal “bondade”, o Banco Central permite que aumente o crédito para que o populacho continue consumindo. Ora, não é necessário um diploma de economista para concluir que essa medida tomada pelo Banco Central tem uma conotação eleitoreira para favorecer a candidata Dilma Rousseff que, mal das pernas, desce ladeira abaixo nas intenções de votos, principalmente pela política econômica desastrada do seu governo.
Quer dizer: o Santander, ao querer preservar os investimentos dos seus clientes, segundo os petistas, estava em campanha para as candidaturas da oposição.  E o Banco Central, com a liberação de 30 bilhões de reais  dos contribuintes está fazendo o quê? A hipocrisia  do lulopetismo e a falta de pudor dos seus agentes são de embrulhar o estômago. É a política no nível do esgoto.
(*)  Nilson Borges Filho é mestre, doutor e pós-doutor em direito e articulista colaborador deste blog.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

A lei da Ação e Reação....!!! / blog do Aluizio Amorim

http://aluizioamorim.blogspot.com.br/2014/07/intervencao-de-lula-no-santander-abala.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+BlogDoAluizioAmorim+(BLOG+DO+ALUIZIO+AMORIM)

quarta-feira, julho 30, 2014


INTERVENÇÃO DE LULA NO SANTANDER ABALA A CONFIANÇA DOS INVESTIDORES NAS ANÁLISES SOBRE OPÇÕES DE INVESTIMENTO

Quem possui aplicações financeiras nos bancos deve começar a ficar atento. A intervenção do Lula no Banco Santander, obrigando o estabelecimento a punir com a demissão uma analista de mercado, porque ela afirmou que quando Dilma cai a bolsa sobe e quando a Dilma sobe nas pesquisas a bolsa cai, acendeu literalmente a luz vermelha, a cor preferida dos tiranetes bolivarianos. Vide o exemplo da Venezuela, onde Nicolás Maduro, o amigão de Lula, estraçalhou a economia daquele país.
Creio que ninguém melhor do que o jornalista Reinaldo Azevedo, pegou a coisa de jeito. Recomendo que leiam aqui o post de Reinaldo sobre o assunto, ou melhor, sobre o fato de que a credibilidade das análises sobre investimentos fornecidas aos clientes pelos bancos, depois dessa intervenção de Lula, foram para o espaço sideral. Quebra de confiança numa área séria e sensível que são os investimentos é um péssimo negócio para qualquer investidor e, por conseguinte, para a economia brasileira.
Ilustro este post com uma dessas fotomontagens que circulam pelas redes sociais e que foi enviada ao blog pelo médico e escritor Milton Pires.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Salada de impropérios na festividade da CUT: Lula, aeroporto de Cláudio, presidente do Santander, família Neves, Dilma tudo junto e misturado com pouca Ética

CUT:‘Eleito, Aécio fará aeroporto no quintal dele’

Josias de Souza

Do blog do Josias

Observado por Lula, o presidente da CUT, Vagner Freitas de Moraes, fez duros ataques ao presidenciável tucano Aécio Neves na noite desta segunda-feira. Deu-se na abertura da 14ª Plenária Nacional da entidade. Ao discursar, o sindicalista fez referência ao aeroporto que o governo de Minas construiu no município de Cláudio. A pista de pouso fica a 6 km da Fazenda da Mata, um refúgio da família Neves que Aécio visita amiúde.
Ardoroso defensor da reeleição de Dilma Rousseff, Vagner Freitas disse que a classe trabalhadora “não pode errar” na escolha do próximo inquilino do Planalto. “Alguém acha que a eleição do Aécio vai significar investimento em políticas públicas de qualidade no Brasil? Não. Ele vai fazer o que ele sempre fez. Imagina! Ele, como senador, já faz aeroporto na casa do pai dele! Se for presidente da República vai fazer aeroporto no quintal dele!”
O mandachuva da CUT revelou-se profundamente desinformado. Construída ao custo de R$ 13,9 milhões, a pista de pouso ficou pronta em 2010. Aécio aprovou-a como governador de Minas. Só assumiria sua cadeira no Senado em fevereiro de 2011. De resto, o aeroporto não fica na “casa do pai” do tucano, morto há quase três anos. Foi plantado em terras desapropriadas de Múcio Tolentino, tio-avô de Aécio.
Alheio à precisão, Vagner Freitas entregou-se a um vale-tudo retórico no seu esforço para espinafrar Aécio. A CUT está empenhada em recolher assinaturas para colocar de pé uma reforma política com plebiscito. “Se nós conseguirmos o plebisto popular e o Aécio ganhar a eleição, ele joga esse plebiscito no lixo.”
“Se continuarmos conseguindo todos os aumentos reais de salário das campanhas salariais e o Aécio ganhar a eleição, nós vamos ter problema”, prosseguiu o presidente da CUT. “E vamos ter que fazer campanha para defender empresas publicas, nossos direitos, para ter salário, porque ele vai acabar com a gente.”
No Apocalipse esboçado por Vagner Freitas, “se o Aécio ganhar a eleição, ele vai acabar com a conquista que nós construímos com o presidente Lula de valorização do salário mínimo, que é a questão social mais importante do Brasil.” Ao concluir o seu discurso, transmitido ao vivo pela internet, o comandante do braço sindical do PT repassou o microfone para Lula, cacique supremo da tribo partidário-sindical.
Ironicamente, Lula utilizou parte de sua fala para reclamar do terrorismo eleitoral que a mídia e o mercado finaceiro estariam fazendo com Dilma Rousseff. Estendeu-se, por exemplo, nos comentários sobre o texto enviado pelo banco espanhol Santander aos clientes mais endinheirados, para dizer que a economia iria piorar se Dilma for reeleita. Lula revelou que conhece Emilio Botín, presidente mundial do Santander.
“Acho que meu amigo Botín criou um problema sério”, disse Lula, antes de recordar uma passagem da sucessão presidencial de 2002. Contou que o espanhol Botín acabara de chegar ao Brasil. “Foi visitar o meu comitê. E, naquela época, as pessoas diziam que os banqueiros não iam fazer investimentos, que o mercado iria correr e não sei mais o quê.”
“O Botín falou assim pra mim: ‘Se usted quiera, eu posso hablar com la prensa’. Eu falei: puede hablar. E ele ele fez um discurso dizendo que o mercado não tinha nenhuma precupção, que ia continuar acreditando no Brasil, investindo no Brasil, porque ele sabia da responsabilidade do nosso governo. Agora, depois de tantos anos, não tem nenhum lugar do mundo em que o Santander esteja ganhando mais dinheiro do que no Brasil. Aqui, ele ganha mais do que Nova York, Londres, Pequim, Paris, Madrid, mais do que Barcelona.”
Lula dirigiu-se aos cerca de 600 delegados estaduais presentes ao encontro da CUT como se estivesse conversando com o próprio presidente do Santander: “Ôoo, Botín, é o seguinte, querido: tenho consciência que não foi você que falou. Mas essa moça tua que falou não entende porra nenhuma de Brasil. E não entende nada de governo Dilma. Manter uma mulher dessa num cargo de chefia é, sinceramente… pode mandar embora e dá o bônus dela pra mim, que eu sei como falo.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Verdades de banco incomodam governo e geram juros negativos à Democracia

http://veja.abril.com.br/blog/mercados/mercado-de-ideias/santander-verdades-que-nao-cabem-num-extrato/

27/07/2014
 às 16:02 \ Mercado de ideias

Santander: Verdades que não cabem num extrato

Doze anos depois da ‘carta’, um extrato assusta o PT
O episódio que começou com a singela opinião de um analista do banco Santander e terminou num pedido de desculpas, na vitimização do PT e na demissão de funcionários do banco mostra o crescente constrangimento do debate de ideias no Brasil, já tão pobre e imbecilizado.monkey-covering-eyes-224x300
Dizer que, se Dilma for reeleita, a Bolsa vai cair e o dólar vai subir é como “prever” que o rio corre para o mar, ou que o dia amanhecerá depois da noite.
Ao tentar envenenar a análise clara do Santander, o PT só prova que, além de ser mau gestor da economia, o partido está cada vez mais medroso, mais cheio de mimimi, e mais distante da democracia.
Senhoras e senhores, liberais e conservadores, petistas e tucanos: O dinheiro não aceita desaforo. O dinheiro não é “amigo” de uns, nem tem antipatia com outros. Ele não é um ente político nem partidário. Ele é um freelancer que só busca uma coisa: retorno sobre o investimento. Boa parte do PIB nacional já “votou” no PT em 2006 e até em 2010, uma época em que o partido deixou a economia em paz no seu tripé e foi cuidar dos programas sociais.
Mas, ensinam os livros de economia, os donos do dinheiro são sujeitos excêntricos: eles só acham possível obter retorno quando as regras são claras e estáveis, quando a inflação está baixa, e quando o País cresce. Infelizmente — para a Presidente Dilma, para o mercado e para o País — seu governo falhou nos três quesitos. Nada pessoal, Presidente.
O Santander está certo: se este governo que produz PIBinho atrás de PIBinho e que faz com que empresários represem investimentos for reeleito, as empresas brasileiras valerão menos, o dólar valerá mais, e a economia continuará crescendo pouco ou nada. Isto é uma realidade econômica, mas se você não entende o sentido da frase “não existe almoço grátis”, nem precisa continuar lendo.
Qualquer brasileiro pode se lixar para o valor das empresas, dar de ombros para o valor do dólar, e não se ligar na taxa de crescimento do Brasil — apesar das três coisas terem impacto na sua vida e na do seu vizinho — e pode votar na Presidente Dilma. É um direito dele, assim como deveria ser direito de um analista de banco…. analisar os incentivos dos agentes econômicos, como fizeram os funcionários do Santander.
É curioso que, na eleição de 2002, o então candidato Lula (então conhecido no mercado como Satã) entendeu a importância de se comunicar com o mercado (ainda conhecido no PT como Satã) em sua famosa “carta ao povo brasileiro” — mais conhecida, na piada que a história consagrou, como “carta ao banqueiro brasileiro”. Para quem não se lembra, era uma carta em que o PT jurava que ia honrar as dívidas e não bagunçar a economia que FHC havia acabado de consertar.
É isto mesmo, companheiros. Saboreiem a ironia: o partido que um dia teve a coragem de escrever uma carta pública, renunciando a 20 anos de nonsense econômico, hoje se faz de vítima histérica de uma opinião nada controversa escrita num reles extrato. Pior: não quer que sua política econômica passe pela análise de profissionais de uma empresa financeira que é paga para orientar seus correntistas.
Rui Falcão, presidente do PT, disse ao Estadão: “O que aconteceu é proibido, porque você não pode fazer manifestações que por qualquer razão interfiram na decisão de voto. E aquele tipo de afirmação pode sim interferir na decisão do voto.”
Levada ao limite, a tese de Falcão impediria o debate político, já que qualquer cidadão que emite uma opinião “interfere” na decisão de voto de alguém. Se fosse assim, só nos restaria sentar e assistir à propaganda eleitoral, aquele espaço onde existe tudo, menos verdade.
Os esforços do PT de se fazer de vítima do mercado nessa estória revelam a pobreza intelectual do partido, sua incapacidade de lidar com críticas e seu oportunismo em bancar a vítima. Nos EUA, quando os democratas estão na frente numa corrida eleitoral, os bancos frequentemente dizem que isso é má notícia para o mercado (“vendam suas ações”), pois democratas tendem a querer mais impostos e mais gastos. Apesar disso, não há registro do Partido Democrata ameaçar o JP Morgan ou a Goldman Sachs de “interferir no processo”.Quanto ao Santander, que assumiu o “erro” e pediu desculpas, também aprendemos uma coisa: Nem o banco mais umbilicalmente conectado com o Governo — com exceção dos próprios bancos estatais — conseguiu controlar uma opinião que, de tão óbvia, passou despercebida por qualquer controle interno.
A postura subalterna do Santander — noves fora a covardia inominável de demitir seu time de analistas — não é, entretanto, de se estranhar. O banco é como o capital: só quer saber de seu retorno. É um negócio amoral.
Já da política se espera muito mais — o livre debate de ideias — e é preocupante que os políticos não estejam à altura das expectativas.
No final das contas, o extrato do Santander só mostrou uma democracia com saldo negativo.
Por Geraldo Samor