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domingo, 3 de março de 2013

Fernando Gabeira // Furacão sobre Cuba


Furacão sobre Cuba

Por Fernando Gabeira (*)
Grande parte dos neurônios da esquerda triunfante brasileira foi irremediavelmente perdida na guerra fria. Com seus aliados cubanos, ela nos jogou no século passado durante a visita da blogueira Yoani Sánchez.
Sartre pediria um dose de absinto para entender que outro furacão ameaça Cuba: a revolução digital. Marx precisaria de boas almofadas para acomodar seus furúnculos no bumbum ao contatar que uma ditadura comunista não resiste ao avanço tecnológico e científico da humanidade.
Cuba e Venezuela estão ligadas por fibra ótica. Do ponto de vista técnico, a ilha poderia estar toda conectada ao mundo e, pela criatividade e boa educação de seu povo, achar novos caminhos para superar seu atraso econômico. Mas o instrumento não pode ser usado em sua amplitude porque ameaça a estabilidade do governo. Para que o governo exista o atraso precisa sobreviver.
Yoani não é a primeira voz dissidente em Cuba. Mas foi a que melhor usou a conexão com o mundo não só para divulgar seus artigos, mas para garantir algum nível de proteção diante da burocracia. De longe, com seus cabelos longos, saias compridas, pode sugerir aquela personagem que sobe no fio e desanda a fazer milagre no filme Teorema, de Pasolini. Mas é articulada, responde a todas as perguntas, até às mais provocativas, e certamente também foi arrastada para o século passado com aquelas pessoas gritando palavras de ordem.
Digo isso porque no seu blog confessou que a experiência com os militantes brasileiros lhe lembrou coisas parecidas em Cuba, sobretudo os gritos de “traidora” contra uma vizinha que iria para o Porto de Mariel na grande debandada permitida pelo governo. Numa entrevista ressaltou que nem os jovens cubanos usam mais o termo ianque. Um forte cheiro de naftalina exalou não só dos cartazes e gritos, mas de toda a história da campanha organizada pela embaixada cubana, com apoio do batalhão digital do PT.
O curioso é que dentre aqueles cartazes havia um que Yoani empunharia com naturalidade: o que pede o fim do embargo econômico à ilha. O problema é o bloqueio mental, porque torna mais denso o cerco econômico. A manobra articulada pelos cubanos e seus aliados na esquerda é típica de estrategistas que perderam o contato com a realidade. Constantemente obtêm o oposto do que projetaram.
A campanha contra Yoani ampliou a repercussão de sua visita ao Brasil e estendeu o halo de simpatia em torno de uma pessoa que luta pela liberdade de expressão. Em todos os contatos espontâneos ela recebeu carinho no País. Isso talvez tenha mostrado rapidamente a uma estrangeira que nossa política externa expressa a vontade de um partido dominante, não a vontade nacional.
Os neurônios perdidos na guerra fria fazem enorme falta à esquerda no poder. Por que não contestar com argumentos a luta pela liberdade de expressão num regime ditatorial? Simplesmente porque a burocracia cubana e, agora, a brasileira já não se dispõem ao debate, apenas à desqualificação dos que delas divergem.
No livro de Reinaldo Arenas Antes que Anoiteça segui, emocionado, alguns lances do aniquilamento de uma geração de intelectuais e poetas pelas forças da repressão. Percebi que, tanto nele como em Raúl Rivero e mesmo em Juan Pedro Gutierrez, que vive em Havana, existe um grande vínculo com a vida, com os sentidos, e intuí que talvez venha daí a força para prosseguir adiante, apesar da aspereza do cotidiano numa ditadura.
No dossiê que os burocratas cubanos prepararam contra Yoani consta que ela gosta de comer bananas e, às vezes, tomar cerveja com os amigos. Seu último fim de semana foi passado no Rio. Deve ter percebido que o crime que lhe atribuem é uma delinquência de massa, com tanta gente tomando cerveja num domingo de muito calor. A burocracia investe contra isso não apenas pela cerveja ou mesmo pelas bananas. Ela investe contra o prazer, contra a vida, da mesma forma que investiu contra os antecessores de Yoani. Esse é o núcleo indestrutível que ela não consegue alcançar. Suas táticas puritanas no Brasil, então, não têm a mínima chance de prosperar.
Yes, nós temos bananas. O Brasil não é só um grupo de caras de barba vociferando nas ruas e nos blogs. A passagem de Yoani foi uma contribuição nacional para iluminar a realidade cubana e dissipar a aura de romantismo em torno da revolução. Os adversários ajudaram, é verdade. Fizeram a parte do leão, admito. Se continuo nesse tom, acabo me empolgando e escrevendo que os adversários são bons companheiros, ninguém pode negar…
Em alguns momentos você pode errar de século ou mesmo de alvo. Os sequestradores do embaixador americano, em setembro de 1969, quase o confundiram com o embaixador de Portugal. Quando houve um quebra-pau em Minas na passagem do Brizola por BH, um pouco antes do golpe de 64, José Maria Rabelo era protegido por um segurança que socava todo mundo aos gritos de “vamos acabar com esses comunistas!”. José Maria agarrou-o pelos braços e disse: “Comunistas somos nós, comunistas somos nós”. E ele respondeu: “Ah, bem”.
A recepção que cubanos e petistas eletrônicos deram a Yoani não tem a graça do século passado. É um equívoco que envolve o destino de 11 milhões de cubanos e a reputação internacional do Brasil. No passado, pelo menos, havia alguma imaginação. Se um dia a esquerda encastelada no poder for obrigada a voltar a lutar nas ruas por uma causa justa, estará perdida. Imaginem quem será convencido por um grupo de pessoas, narizes de palhaço, gritando coisas do século passado… Ainda não perceberam que o século passou e levou consigo a Juventude Hitlerista, os Guardas Vermelhos, deixando-nos apenas com uns estridentes palhaços chamando de traidora uma jovem mulher cuja vida é o exercício de liberdade.
Eduardo Suplicy bem que tentou fazê-los discutir, mostrar que tudo aquilo era absurdo. O embaixador cubano chegou a perguntar se o senador não era da CIA. Suplicy da CIA? Só quem não o conhece poderia pensar nisso. E quem conhece um pouco a CIA sabe que, apesar de todas as suas loucuras, não seria ousada a esse ponto.
(*) Fernando Gabeira é jornalista.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

"Falta-me cinismo para a política", disse Yoani Sánchez à revista Época


ENTREVISTA - 23/02/2013 10h50 - Atualizado em 23/02/2013 10h50
TAMANHO DO TEXTO

Yoani Sánchez: "Escutar o outro é básico para a democracia"

A dissidente cubana diz ter "pena" dos militantes que tentaram impedi-la de falar em sua visita ao Brasil e defende uma investigação sobre os protestos

JULIANO MACHADO

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Comentários
DE CARA LIMPA Yoani Sánchez posa para foto em São Paulo. Sua aparência despojada gerou comentários no Brasil, especialmente seu cabelo, segundo ela uma expressão de liberdade (Foto: Filipe Redondo/ÉPOCA)A conversa com a blogueira cubana Yoani Sánchez, de 37 anos, começa com uma brincadeira: “Aqui posso falar tranquila, não?” Depois de cinco anos de frustrados pedidos ao governo comunista para viajar ao exterior, Yoani escolheu o Brasil para iniciar seu giro de cerca de 80 dias por mais de dez países da América Latina e Europa. Na estada de uma semana por aqui, foi hostilizada diversas vezes por manifestantes de grupos de esquerda, que tentaram impedi-la de falar ou responder as suas perguntas. A exibição de um documentário em que é o tópico central, em Feira de Santana, Bahia, e o relançamento de seu livro De Cuba, com carinho (Editora Contexto), em São Paulo, foram interrompidos por causa da balbúrdia. A ÉPOCA, Yoani cobrou uma investigação sobre esses episódios e disse suspeitar da influência direta do regime cubano na organização dos protestos. Ela falou também sobre seu futuro numa possível Cuba democrática e por que não sonha ser presidente de seu país. “Falta-me cinismo para a política.” Mas também falou de temas amenos, como seu longuíssimo cabelo, que definiu como "livre e selvagem como eu".


ÉPOCA– E por que o Brasil como primeiro destino?
Yoani – 
Porque gosto de ser desafiada (risos). Durante os anos em que me foi negado sair de Cuba, vieram do Brasil as maiores manifestações de apoio, inclusive nos momentos em que já tinha perdido as esperanças. Tinha de vir ao Brasil primeiro para receber o abraço dessas pessoas.
ÉPOCA– Não é irônico o fato de que este mesmo Brasil que apoiou tanto sua vinda também a hostilizou?
Yoani –
 Nunca pensei em encontrar um país homogêneo racial, cultural ou religiosamente, muito menos ideologicamente. Não esperava um país em que todos pensassem igual.
ÉPOCA– Mas a senhora imaginava ser recebida como foi?
Yoani –
 Imaginava. Dias antes de viajar, vários blogs oficialistas de Cuba, quase sempre anônimos, já advertiam que me dariam uma resposta contundente no Brasil. Talvez para vocês seja algo pouco comum alguém ser impedido de falar num evento público, mas para mim não é. Desde pequena, testemunho manifestações de ódio em Cuba. Me dá um pouco de pena dessas pessoas (os manifestantes brasileiros). Elas têm muito poucos argumentos. Estava muito aberta ao debate, mas o que encontrei do outro lado foi o extremismo, com gritos e palavras de ordem. Foi um ódio excessivo. Muitos deles nem sequer me conheciam ou leram meus textos. Repetem clichês que não se ajustam à realidade.
ÉPOCA - E a sensação de ter sido escoltada pela Polícia Legislativa no caminho para a Câmara dos Deputados?
Yoani - 
Foi a primeira vez que passei por isso. E ocorreu com uma cidadã pequenininha, que não tem nenhuma importância, como o governo cubano diz. É paradoxal. Se não sou nada importante, por que me proteger tanto? Estamos falando de uma pessoa que nunca militou por nenhum grupo político, nunca agrediu ou matou ninguém, mas apenas põe suas ideias em um blog. É realmente sintomático, como prova da força que tem a palavra.
ÉPOCA – Alguns manifestantes eram ligados ao PT, o partido da presidente Dilma Rousseff. O governo brasileiro deveria emitir uma posição sobre esse episódio?
Yoani – 
Quero evitar me envolver em temas partidários ou sugerir aos brasileiros o que têm de fazer. Mas não há dúvida de que os fatos ocorridos deveriam ser investigados. Os militantes do PT precisam de uma explicação sobre por que alguns colegas impediram atos como a exibição de um filme ou o lançamento de um livro. Se eu militasse num partido e ocorresse algo assim, pediria explicações. Vale a pena investigar, porque não acho que as razões sejam apenas o rechaço a meus textos. Evidentemente, havia alguém atiçando os ódios. É preciso saber quem, o quê, a que distância e de onde é essa entidade que está fazendo isso.
ÉPOCA– Quem é essa entidade?
Yoani –
 Não tenho nenhuma prova. Mas tudo tem o signo muito marcante do tipo de ação que faz o governo do meu país contra os dissidentes.
ÉPOCA– Seria alguma iniciativa da embaixada de Cuba no Brasil?
Yoani – 
Como disse, não tenho provas, mas não acharia estranho. Em Feira de Santana, todos os manifestantes tinham o mesmo documento, impresso da mesma forma. É claramente um sinal de que alguém lhes entregou. E os pontos desse documento se parecem assombrosamente com aqueles com que o oficialismo me ataca.
ÉPOCA– Que pontos?
Yoani –
 Meu suposto vínculo com a CIA, que já é quase uma piada. Outro são os questionamentos sobre o sequestro que sofri em 2009 (ela afirma ter sido agredida e levada de carro por agentes do governo). É o mesmo roteiro de ataques que costumo receber em Cuba. Já estou acostumada a isso e não me traz danos emocionais, mas me incomoda não me darem o direito de me explicar. Sou uma pessoa da palavra. Essas perguntas são feitas para que eu não as responda. São para me difamar.
Evidentemente havia alguém atiçando os ódios. tudo tem
o signo marcante do tipo
de ação que faz o governo
do meu país contra os dissidentes
 
ÉPOCA– Um militante disse num debate na TV que não houve coerção em Feira de Santana porque não houve violência física. O que a senhora acha desse raciocínio?
Yoani –
 Em minha chegada ao Brasil, no aeroporto do Recife, uma pessoa chegou a puxar meu cabelo. Em Feira de Santana não houve violência física contra mim, graças à intervenção dos organizadores, que me cercaram e me colocaram numa sala até que os ânimos serenassem. Mas o clima ali era de linchamento. A questão não é se houve agressão ou não. Impediram uma pessoa de se expressar. Isso, sim, é coerção, algo muito autoritário. Escutar o outro é um princípio básico da democracia e da convivência pacífica. A lógica foi: “Não estou de acordo com você. Cale-se”.
ÉPOCA – Tanto ativistas da esquerda como parlamentares de partidos da oposição se aproveitaram sua figura para defender seus interesses. Isso a incomoda?
Yoani – 
Não. A vida é aproveitar-se do outro. O governo de Cuba se aproveita de mim para dizer ao mundo que há uma democracia, porque Yoani Sánchez pode escrever em seu blog. Prefiro a manipulação por dizer algo do que por não dizer nada. Se minha opinião serve a alguém, podem tomar minhas palavras sem problema. Sou open source, dou licença gratuita para todos. O que não faço é me alinhar ao pensamento de um partido. Na saída da Câmara, um jornalista me perguntou se eu sabia que alguns deputados que me receberam eram muito conservadoras em temas como o casamento gay. Fui madrinha do primeiro casal gay de Cuba, mas uma das minhas filosofias de vida é a transversalidade. Quero ter contato com todas as forças políticas. Sou uma pessoa de conciliação. Não houve mais gente do PT na Câmara porque não quiseram ir. O embaixador cubano (Carlos Zamora) também foi convidado, mas não foi.
ÉPOCA - Sua visita mudará o “silêncio cúmplice” do Brasil ante a ditadura cubana, usando um termo que a senhora escreveu em seu blog?
Yoani - 
Não quero ter a pretensão de pensar que a simples vinda de uma cidadã a um país enorme como o Brasil mudará a política externa. Mas todas as pessoas que me encontraram nas ruas por aqui me trataram com muito carinho e palavras de estímulo: “Siga”, “resista”, “leio seu blog”, “abaixo a ditadura”. Fora os extremistas que desejam sustentar um cenário utópico de Cuba, tenho a sensação de que o povo brasileiro sabe que Cuba é um Estado sem direitos para os cidadãos. Se um povo começa a mudar sua opinião sobre um assunto de fora, a política exterior terá que mudar um dia.
ÉPOCA– A senhora ficou conhecida por lutar pelo seu direito de viajar ao exterior. Isso conseguido, seu discurso será mais concentrado agora na queda do regime? Quais são seus próximos passos?
Yoani –
 Creio na evolução. Não posso ser a mesma Yoani de 2007 (ano em que lançou o blog Generación Y). Pretendo abrir um jornal em Cuba com os recursos que conseguirei levantar nas viagens por vários países. Ainda não é possível de maneira legal, mas tratarei de achar brechas para conseguir. Não abandonarei o blog, que é minha terapia particular. Mas claro que preciso mudar o discurso, não ficar somente na denúncia, mas sim propor soluções. Minha proposta principal se resume a despenalizar a dissidência. Cobrar que o governo tenha o compromisso de que nenhum cidadão será punido por expressar qualquer ideia. Conheço muitos economistas, sociólogos, gente que quer ajudar a melhorar o país, mas tem medo de passar pela mesma situação de Yoani Sánchez ou dos prisioneiros da Primavera Negra (como ficou conhecido o movimento de repressão do regime em 2003, que resultou na prisão de 75 pessoas). Se houver isso, as propostas aflorarão.
ÉPOCA– A ditadura não durará para sempre, e um dia haverá eleições livres em Cuba. A senhora pensa em se candidatar à Presidência quando isso ocorrer?
Yoani – 
Não tenho a menor vontade. Quando uma figura se destaca em Cuba, nos acostumamos a depositar nela todos os desejos de mudança, quase como uma entidade messiânica. Isso nos fez entregar nosso destino nas mãos de Fidel Castro. Não gostaria que isso se repetisse na Cuba do futuro. Prefiro que o governante do país com que sonho seja um administrador sem nenhum carisma, que não tenha a auréola do salvador da pátria. Não tenho intenção de me candidatar porque tenho uma responsabilidade maior como jornalista. Quero ser incômoda para este governo e para o próximo. Tenho tanto a fazer que não dá para embarcar em uma carreira política.
ÉPOCA – Mas seus admiradores no exterior esperam por isso...
Yoani - 
Muita gente já me abordou sobre isso, sim, mas nunca estive interessada. Não é que digo “não” agora e “sim” depois. Falta-me cinismo para a política. Eu seria um desastre. Nas primeiras duas semanas, diria tudo tão honestamente que isso me causaria todos os problemas do mundo. Que outros se ocupem da política com minúscula. Vou me preocupar com a política com maiúscula.
ÉPOCA - A senhora se incomoda de não ser muito conhecida em Cuba?
Yoani -
 Não sou a pessoa indicada para falar disso, pois pareceria um ato de imodéstia. Mas cada vez que saio às ruas do meu país, seja em Havana ou em um pequeno povoado, muita gente me reconhece. Como? Pela forma como a informação se difunde em Cuba. Há o fenômeno das antenas parabólicas ilegais, que transmitem emissoras da Flórida, do México, onde veiculam reportagens sobre mim. Mas minha intenção não é ser conhecida. Não sou política, não busco apoio popular. A fama é efeito colateral, não resultado do meu trabalho. Não sou uma pop star nem quero competir em popularidade com as novelas brasileiras, transmitidas três vezes por noite na televisão cubana. Sobre eu não ser conhecida, é preciso ir a Cuba e perguntar.
ÉPOCA - Sobre as novelas brasileiras, a senhora já escreveu que elas têm uma influência grande na população ao mostrar situações em que um personagem sai da miséria e realiza seus sonhos. As novelas daqui já fizeram mais que nosso governo para despertar a consciência do povo cubano?
Yoani - 
Acho que são melhores embaixadoras da liberdade. Mas as novelas têm um duplo papel contraditório. Se por um lado trazem informação e oxigênio para mostrar aos cubanos que há outras realidades e não somos o paraíso, por outro funciona como um sonífero. Muita gente compra caixas com novelas inteiras no mercado informal e fica o dia inteiro na frente da TV.
ÉPOCA - A senhora disse que “falta dureza” do Brasil quanto aos direitos humanos em Cuba. Essa é questão mais delicada envolvendo a relação dos dois países?
Yoani -
 O governo brasileiro encampou a luta contra o embargo americano a Cuba, mas nosso maior problema não é o conflito entre Cuba e Estados Unidos, mas o conflito Cuba e seus cidadãos. Recomendaria, muito humildemente, complementar a política externa para Cuba com a questão da ausência de liberdade de expressão, de associação. Senão, parece apenas um assunto de xadrez político. Se estão pressionando pelo fim do embargo, muito bem, mas por que não pressionar pelo fim do bloqueio que o governo impõe a nós mesmos?
ÉPOCA - Que impressão a senhora levará do Brasil?
Yoani - 
Fabuloso. Encontrei muita pluralidade. Confirmei a frase que um amigo me disse: “Os brasileiros são como os cubanos, mas livres. Todos os rostos que vi me lembram os de Cuba, e também a gestualidade. Mas, ao falar com os brasileiros, me espantei com a naturalidade com que falavam de temas políticos. No aeroporto do Recife, fiquei em um escritório à espera do carro para me levar dali porque os manifestantes poderiam bloquear minha passagem. Ali, uma controladora de voo falou de corrupção e falta de transparência no Brasil de uma forma que seria impensável em Cuba. Lá, nós murmuramos. Se vamos falar de Fidel Castro em local público, fazemos um gesto de alguém barbudo. Se o assunto é Raúl Castro, puxamos os olhos, por causa de seus traços achinesados. Ninguém fala em voz alta de política.
ÉPOCA - As pessoas no Brasil estão falando sobre seu cabelo. Li um post antigo no seu blog sobre o fato de que sua irmã ria da senhora por causa do seu “cabelo de brasileira”, pois parecia com a da cantora Maria Bethânia.
Yoani - 
Sim. Quando era menina, minha mãe dizia meio de brincadeira, meio sério. Era a época em Cuba, no início dos anos 80, que se ouvia muito a música brasileira, como Maria Bethânia, Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento. Me parecia muito bonito os cabelos que eles tinham, um cabelo livre. Deixo crescer meu cabelo, que é bastante selvagem. Mas não há uma razão especial. Já tive todos os tipos possíveis de cabelo. Uma vez tive o cabelo raspado, durante dois anos da minha vida.
ÉPOCA - Quando?
Yoani -
 De 1992 a 1994.
ÉPOCA - Mas por quê?
Yoani -
 Bom, primeiro porque era a época de Sinéad O’Connor (cantora irlandesa que tinha o cabelo raspado) e estava na moda. Mas também naqueles anos em Cuba havia uma crise material, econômica e financeira tão forte que comprar xampu ou conseguir xampu para o cabelo era quase impossível. Sob essa condição de colapso material, surgiram por todos os lados muitas epidemias de piolho. Bom, então decidi raspar o cabelo para evitar todos esses problemas, a compra de xampu e a aplicação (de remédios) para os piolhos. Foi muito difícil, porque na rua as pessoas gritavam muitas coisas para mim.
ÉPOCA - O quê, por exemplo?
Yoani -
 Me chamavam de lésbica. Porque era uma época que em Cuba não estavam acostumados com o cabelo raspado. Me agrediam muito verbalmente. E um belo dia deixei o cabelo crescer e...
ÉPOCA - Aqui perguntam “por que ela não corta o cabelo”?
Yoani - 
Já me perguntaram se eu tinha uma promessa... Não, não é isso. Ele é livre e selvagem como eu. Não há cuidados especiais. Não me penteio muito. Não me maquio. Não tenho tempo para isso. Não pinto as unhas. Ele (o cabelo) está aí e tem seu espaço. Eu tenho o meu. Nós nos respeitamos (risos).
ÉPOCA - A senhora não é uma pessoa muito vaidosa, neste sentido?
Yoani - 
A minha vaidade se reflete em outra coisa. Mais que a vaidade física, não passo minha vida vendo as coisas que não escolhi, compreende? São coisas que não selecionei para a minha vida. Uma é o meu corpo. Veio assim...
  

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Yoani Sánchez, até que enfim, conseguiu aplausos no encontro na sede do 'Estado de São Paulo', hoje de manhã


 FATOS DO DIA
 YOANI SÁNCHEZ DIZ QUE FALTOU 'DUREZA' DO BRASIL NA QUESTÃO DOS DIREITOS HUMANOS EM CUBA 
Por Beatriz Farrugia
SÃO PAULO, 21 FEV (ANSA) - A blogueira e opositora cubana Yoani Sánchez afirmou nesta quinta-feira que faltou "dureza" por parte da comunidade internacional, incluindo o Brasil, contra as supostas violações de Direitos Humanos cometidas em Cuba.
  
Em um debate realizado nesta manhã na sede do ¿O Estado de S.Paulo¿, Yoani lamentou o "silêncio" do governo brasileiro e disse achar que "faltou dureza, até franqueza, ao tratar a questão dos direitos humanos na ilha".
  
"No caso do Brasil, houve omissão. Não sou diplomata, mas recomendaria um posicionamento mais enérgico, porque o povo não esquece', defendeu a cubana, autora do blog "Generación Y".
  
"Os cubanos estão acostumados a se sentirem abandonados', acrescentou.
  
Ela também comentou que, por outro lado, o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o da atual mandatária, Dilma Rousseff, "estreitaram o laço" com Cuba, principalmente no campo econômico.
  
Como exemplo, a blogueira citou a construção do porto de Mariel, a cerca de 40 quilômetros de Havana e cuja obra está a cargo da empresa brasileira Odebrecht. A blogueira, porém, disse que os cubanos brincam com o fato da entrega do empreendimento ser constantemente adiada.
  
Diferente de outros eventos dos quais participou e foi recebida com protesto, Yoani Sánchez foi aplaudida em pé pelo público que compareceu ao debate, a maioria leitores do jornal e estudantes. (ANSA)
21/02/2013 14:29

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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

"...una vecina me regaló un amuleto para el viaje y cierto amigo anotó su número de zapato para que le traiga un par..."


¿Cómo serán?

die_plaza
El Sexto ha dicho que hará un grafiti sobre mi maleta; una vecina me regaló un amuleto para el viaje y cierto amigo anotó su número de zapato para que le traiga un par. Me despiden aunque todavía no me voy. Ni siquiera tengo fecha de vuelo. Pero algo ha cambiado para mí desde el pasado 14 de enero en que entró en vigor la Reforma Migratoria anunciada en octubre pasado. Después de aguardar por 24 horas a las afueras del Departamento de Inmigración y Extranjería (DIE), supe que finalmente me expedirían un nuevo pasaporte. Con veinte “tarjetas blancas” negadas en menos de cinco años, confieso que estaba más escéptica que esperanzada. Aún ahora, sólo creeré que lo he logrado cuando me vea dentro de un avión que levante vuelo.
Ha sido una larga batalla llevada a cabo por muchos. Un prolongado camino reclamando que la entrada y salida de nuestro país sea un derecho inalienable, no una dádiva que se otorga. Aunque las flexibilizaciones que ha traído el Decreto-Ley No. 302 resultan insuficientes, ni siquiera esas se hubieran logrado de habernos quedado con los brazos cruzados. No son el fruto de un gesto magnánimo, sino el resultado de las denuncias sistemáticas que se hicieron contra el absurdo migratorio.
De ahí mi intención de seguir “empujando los límites” de la reforma, experimentar en carne propia hasta donde llega realmente la voluntad de cambio. Para traspasar las fronteras nacionales no haré ninguna concesión. Si no puede viajar la Yoani Sánchez que soy, no pienso metamorfosearme en otra persona para alcanzarlo. Una vez en el extranjero tampoco disfrazaré mi opinión para que me dejen “volver a salir” o para complacer ciertos oídos, ni me acogeré al silencio por aquello de que me pueden negar el retorno. Diré lo que pienso de mi país y de la ausencia de libertades que padecemos los cubanos. Ningún pasaporte va a funcionar para mí como tapabocas, ningún viaje como señuelo.
Aclarados esos pormenores, preparo el cronograma de mi estancia fuera de Cuba. Espero poder participar en innumerables eventos que me hagan crecer profesional y cívicamente, responder preguntas, aclarar parte de las campañas de difamación que se han levantado en mi contra… y en mi ausencia. Visitaré aquellos lugares a los que una vez me invitaron, pero la voluntad de unos pocos no me dejó llegar; navegaré como una obsesa por Internet y volveré a subir algunas montañas que dejé de ver hace casi diez años. Pero lo que más me apasiona es que voy a conocer a mucho de ustedes, mis lectores. Ya tengo los primeros síntomas de esa ansiedad: el hormigueo en el estómago que provoca la cercanía de lo desconocido y el despertar en medio de la madrugada preguntándome cómo serán sus rostros, sus voces. ¿Y yo? ¿Seré como ustedes me imaginaron?
       

sábado, 8 de dezembro de 2012

Um ensaio sociológico por meio de cães domésticos de Cuba ... / Yoani Sánchez


Pekinés albino

perro2
Se podría hacer una historia social de Cuba de los últimos años a partir de sus perros, de esos animales que pueblan nuestras calles y nuestras casas. No sólo por los cuidados o los maltratos que han recibido, sino también por las razas caninas que la gente ha elegido para compartir su día a día. Recuerdo que hace unos años llegó la moda de los dálmatas –imbuida por Disney con sus 101 cachorros- y después apareció la predilección por los chow chow que ya prácticamente no se encuentran. Confieso que mi delirio son los satos, los chuchos, los sin linaje. Tal vez porque mi falta de pedigrí y de abolengo me hace simpatizar con mascotas igual de ajenas a la genealogía. No obstante sigo con detenimiento cómo los estamentos sociales se expresan también en esos seres de cuatro patas, olfato aguzado y ladrido.
Detrás de las altas verjas de las mansiones de Miramar bufan los Rotweilers. Tener un perro así es una señal de poder y de excelente status económico. Alimentarlo, sacarlo a pasear y entrenarlo para que destroce al ladrón que salte el muro forman parte de los pasatiempos de sus pudientes propietarios. Son, para estos tiempos, lo que los pastores alemanes representaron en los años ochenta: una raza enérgica para un sector que quiere mostrar su ascenso. Detrás llegan los labradores, con dueños que poseen jardín o piscina y que les compran comida enlatada. Perros que tienen estilista y alguien que los lleva a correr en las mañanas; asiduos a la Quinta Avenida y a los baños de mar. Perros con suerte.
Pero no crean que a cada zona de la ciudad o a cada sector social le corresponde una especie de mascota u otra. En el solar más deteriorado de Centro Habana puede salirle al paso un hermoso cocker spaniel color champán o un esbelto doberman con cara de pocos amigos. Abundan ejemplos de enormes galgos afganos viviendo en apartamentos sin balcón e incluso he visto un gran danés asomado entre los trozos de lata de una casa improvisada en un “llega y pon”* de La Habana. Los perros elegidos dicen mucho de lo que queremos llegar a ser, de nuestras ansias de grandeza… o de nuestra aceptada pequeñez. Precisamente, una raza diminuta causa furor por estos días en esta Isla, los pekineses de nariz aplastada y cuello corto. Los mejor valorados son los albinos, que se venden al precio de tres salarios mensuales: alrededor de 50 USD por cada cachorro.
Ayer me he encontrado una de esas “motas de algodón” a la salida de una cuartería en Cayo Hueso. He tenido que reírme por el contraste que hacía su blanquísimo pelaje junto a una tubería albañal rota. Y he salido de allí reflexionando en la historia que se podría contar a través de los perros, en el derrotero nacional que es posible narrar contemplando sus hocicos y sus patas. Una realidad de contrastes que van desde el fuerte tórax de un bóxer del Vedado, hasta el visible costillar del sato abandonado en cualquier calle.
Barrios improvisados con viviendas precarias hechas de material de desecho

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Texto com porções de saudade e verdade... // Yoani Sánchez


El andén vacío

Imagen tomada de lacomunidad.elpais.com
Trenes Habana-Bejucal 1835.Imagen tomada de lacomunidad.elpais.com
La pequeña estación de trenes bulle de vida desde bien temprano. Los estudiantes pasan con los uniformes ajustadísimos y un vendedor de periódicos anuncia el aburrido Granma de cada día. Hay cucuruchos de maní, dependientes que ofrecen refrescos y varias personas que han dormido toda la madrugada sobre cartones en el suelo. El lugar –a pesar de su insignificante arquitectura– podría ser una terminal de ferrocarril en cualquier ciudad del mundo. Sólo que algo falta en la escena, algo brilla por su ausencia: no se ve ni un solo tren. Los rieles están vacíos y no se divisa ninguna locomotora, ni siquiera se oye su silbato en la distancia. A media mañana llegará renqueante un solitario coche motor que aún tiene pintadas en el costado las siglas DB (Deutsche Bahn). Los pasajeros lo abordaran con desgano, aunque algún que otro niño todavía saludará sonriente desde la ventanilla.
Cuba tuvo el primer ferrocarril de Iberoamérica, que se inauguró justamente en un noviembre como éste pero de hace 175 años. El tramo La Habana-Bejucal se creó una década antes de que España –la entonces metrópoli- pusiera a funcionar los trenes en su propio territorio. Pero no es solamente cuestión de fechas, sino que en esta Isla las líneas férreas vinieron a encajar en la geografía nacional como una espina dorsal de la que partían infinitos ramales. La vida de muchos pueblitos empezó a medirse temporalmente entre la llegada de un vagón y otro, entre los arribos y las partidas que aparecían en la pizarra de cada estación. La cotidianidad olía a ese “aroma” que surge de la fricción entre el metal de las ruedas y el de los rieles. Pero de aquel protagonismo ferroviario poco queda hoy. Un día dijimos adiós desde el andén al último tren donde nos sentimos a gusto y a partir de ese momento subirnos en otro fue una experiencia incómoda, difícil, angustiosa.
Aunque en el último año se han llevado a cabo labores de reparaciones de vías y aumentó en más del doble la mercancía trasladada a través de ellas, el daño sufrido por el ferrocarril cubano es de una gravedad que no se puede cuantificar en números. El problema principal no es la falta de puntualidad en las salidas, los vagones deteriorados, ni los baños tan sucios que ya ni siquiera se pueden llamar servicios sanitarios. Tampoco el robo sistemático a las pertenencias de los viajeros, el maltrato de muchos empleados a los clientes, la cancelación constante de salidas o la alarmante falta de seguridad vial que se expresa en frecuentes accidentes. El deterioro mayor ha ocurrido en la mentalidad de los cubanos, para quienes el ferrocarril ha dejado de ser el transporte interprovincial por excelencia. Esos millones de personas que ya no miden el ritmo de su vida por el silbato de una locomotora, que ya no saludan con orgullo desde la ventanilla de un vagón. A la manida escena del beso de despedida en un andén, del pañuelo batiendo desde el apeadero, le falta desde hace décadas el protagonista principal: un tren a punto de partir, una larga serpiente de hierro dispuesta a recorrer la espina dorsal de esta Isla.

Violência contra a mulher parece ser universal... /// Yoani Sánhcez


Violencia contra la mujer

La voz de Julieta Venegas retumba en la amplia sala del Teatro Nacional. Escala las cumbres, se sumerge en el alma. Yo estoy en una butaca, en la penumbra, cuando suenan los primeros acordes. Con la vista fija en el escenario. He atravesado el barrio de La Timba desde mi casa para llegar allí, con perros que me ladran en las esquinas y mujeres de ropa deshecha que se asoman a las ventanas. He llegado al lugar con mis dudas, mi progesterona, mis uñas tan cortadas que podrían ser las manos de un adolescente, mi falta de femineidad para vestirme, mi pelo que se resiste al peine, mi maternidad, mi fiereza. Soy yo, con estos ovarios que marcan el reloj de mi fecundidad y un hijo que cualquier día de estos me hará abuela… mejor prepararse para la velocidad de la vida.
Así que trato de cogerle el ritmo a las canciones de Venegas, repetir un estribillo y chasquear algún que otro dedo para marcar el compás. La lucha contra la violencia doméstica que ella enarbola me toca de cerca aunque nunca haya vivido el atropello familiar ni matrimonial en carne propia. Conozco bien esos rostros taciturnos, amoratados, cabizbajos, que veo a cada paso. En el ascensor, en la cola del ómnibus, en esta urbe en la que a pesar de su tamaño uno se vuelve a topar una y otra vez con las mismas personas. Veo esos ojos que ya no miran de frente por vergüenza y por temor a que el abusador descubra su llamado de auxilio, pero cada centímetro de su piel, cada trozo de sus ropas dice: “¡sálvenme! ¡sáquenme de esta situación!”. Veo a la jovencita de vestido apretado cuyo proxeneta no le pierde ni pie ni pisada; a la mujerona de senos crecidos por los múltiples partos a la que el marido le lanza el plato sobre la mesa mientras le grita “¿Y esto es todo lo que hay para comer?”; a la secretaria que se maquilla frente al espejo pensando que si complace a su jefe al final de mes tendrá una bolsa con un kilogramo de pollo y algunos jabones. A la bailarina que convierte la mueca de asco en gesto de goce después del beso del decrépito jerarca que le promete una vida mejor.
Y veo, vuelvo a ver entre una canción de Julieta Venegas y otra, al presidente de la Federación Estudiantil Universitaria de la Facultad de Economía. El mismo que el sábado pasado en el anfiteatro Manuel Sanguily de la Universidad de La Habana daba la bienvenida a los posibles nuevos alumnos. Para convencerlos de inscribirse en esa especialidad, este muchacho ha dicho: “hacemos muchas actividades, los juegos deportivos Caribe, las fiestas en el Balneario de la FEU y claro está… las actividades contra las Damas de Blanco”. Y yo he estado allí en aquel auditorio, sintiendo una tristeza increíble por aquel joven al que le parecía casi un divertimento ir a insultar mujeres, impedirles salir de sus casas, gritarles cualquier tipo de improperios. Dos días después,  me encontraba en la mullida butaca del Teatro Nacional comprobando como el propio discurso oficial puede incitar y condenar a la barbarie, invitar a una artista talentosa para que denuncie la violencia doméstica y –al mismo tiempo- apagar el canto de libertad de tantas féminas.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Yoani Sánchez esteve detida por oito horas por "indisciplina social" pelo governo de Cuba


Liberan a la bloguera cubana Yoani Sánchez tras varias horas de detención

 

JCCHAVEZ@ELNUEVOHERALD.COM

Las autoridades cubanas detuvieron en la tarde del jueves a más de una docena de disidentes pacíficos que se habían reunido frente a una estación policial en La Habana con el propósito de exigir la libertad de un grupo de activistas y abogados independientes.
Entre los arrestados estuvieron la popular bloguera Yoani Sánchez y el ex preso político Guillermo Fariñas, así como los escritores Orlando Luis Pardo Lazo, Angel Santiesteban y Eugenio Leal. Asimismo fueron detenidos los ex presos políticos de la Causa de los 75 Angel Moya y Félix Navarro, Julio Aleaga, Eduardo Díaz Fleitas y Librado Linares. Los arrestos ocurrieron en los alrededores de una estación policial ubicada en Acosta y 10 de Octubre, en el reparto habanero de La Víbora.
Según un mensaje de Twitter enviado por su esposo, el periodista independiente Reynaldo Escobar, Sánchez fue liberada en la noche del jueves.
Posteriormente, Sánchez afirmó a través de otro mensaje que “después de varias horas detenida, ¡estoy bien! ¡Gracias por la solidaridad!
Al cierre de esta edición, se desconocía la situación de los otros detenidos.
Berta Soler, esposa de Moya, afirmó a El Nuevo Herald que la policía cubana actuó de manera violenta e intolerante.
“Este gobierno es impredecible”, declaró Soler desde su casa en La Habana. “Arrecia su represión contra personas que luchan pacíficamente y alzan sus voces contra la injusticia y los atropellos”, subrayó.
Una red de blogueros progubernamentales que usa el nombre de Yohandry informó en Twitter que Sánchez fue arrestada por “indisciplina social y alterar el orden público”. Según fuentes de la disidencia, las autoridades policiales arremetieron violentamente contra los opositores. Estos exigían la inmediata libertad y sin condicionamientos de más de una veintena de activistas que habían sido detenidos a mitad de semana.
“Se ha desatado una ola represiva en la capital. Tiene la forma de un espiral, de efecto dominó”, indicó a El Nuevo Herald, Elizardo Sánchez Santa Cruz, portavoz de la Comisión Cubana de Derechos Humanos y Reconciliación Nacional (CCDHRN), radicada en La Habana.
Los arrestos coinciden con informes sobre la crítica situación de los derechos humanos y la política de cero tolerancia del gobierno de los hermanos Castro para silenciar los pedidos de libertad y democracia.
Sánchez Santa Cruz agregó que las detenciones de los disidentes y las amenazas de la policía marcan un nuevo capítulo de represión indiscriminada. El miércoles la policía detuvo a los abogados independientes Yaremis Flores, Laritza Diversent y Veisant Boloy. La Comisión confirmó también los arrestos del director de Estado de Sats, Antonio Rodiles, y los activistas Andrés Pérez y Mario Morales.
El Proyecto Estado de Sats es un movimiento radicado en La Habana. Promueve el intercambio de ideas y la discusión abierta de la realidad de la isla. En varias ocasiones, Sats ha demandado por escrito el cese de la censura que ejerce el gobierno cubano. En ese contexto organiza mensualmente encuentros, paneles de discusión y análisis sobre arte y activismo social para exigir igualdad de condiciones en los acercamientos culturales con Estados Unidos. El movimiento ha pedido consistentemente que no se limite la entrada de intelectuales y artistas que no se ajustan a las expectativas políticas de la isla.