http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1052/noticias/quanto-vai-durar-o-alivio
Quanto vai durar o alívio do leilão de Libra para Petrobras?
O leilão de Libra foi bem-sucedido: o governo obteve 15 bilhões de reais e o consórcio vencedor inclui companhias de peso. Mas os problemas da Petrobras continuam por resolver — e ela terá de encarar altos investimentos para o novo campo produzir
Plataforma da Petrobras: o desafio de extrair o petróleo de Libra começa agora
São Paulo - O relógio já contava mais de 2 minutos de silêncio quando o representante do único consórcio concorrente do leilão do maior campo de petróleo da história do Brasil sacou um envelope. O consórcio ofereceu à União o mínimo exigido, 41,65% da produção da área de Libra.
Leia Mais
- 28/10/2013 | Petrobras poderá adaptar refinaria após fim de parceria
- 28/10/2013 | Petrobras tem seu terceiro pior lucro trimestral em 10 anos
- 28/10/2013 | Ministro confirma leilão da BR-163 (MT) dia 27
- 28/10/2013 | Petrobras submete ao governo nova metodologia
Sem disputa, o governo vendeu no dia 21 de outubro, por 15 bilhões de reais, o direito de produzir, por 35 anos, petróleo e gás num campo do pré-sal com reservas estimadas entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris.
A falta de concorrentes foi consequência da mudança do marco regulatório do petróleo, em 2010, que aumentou a presença do governo, criou uma estatal para administrar os poços e obrigou a Petrobras a participar da operação de qualquer campo do pré-sal. O governo chegou a esperar 40 concorrentes por Libra, mas no final das contas apenas nove depositaram garantia para a disputa.
Dessas, cinco se uniram num único consórcio — naturalmente, o vencedor. Com aPetrobras (40% de participação), entraram a anglo-holandesa Shell e a francesa Total (com 20% cada uma) e as chinesas CNOOC e CNPC (10% cada uma).
O governo comemorou, e houve uma reação positiva no mercado, especialmente pela surpreendente presença de duas grandes companhias europeias. Mas, obviamente, o verdadeiro desafio de tirar a riqueza do fundo do oceano começa agora.
O pré-sal foi descoberto em julho de 2005 por técnicos da Petrobras que estudavam o bloco de Parati, na bacia de Santos. A descoberta de Tupi, no ano seguinte, confirmou os sinais de que estavam diante de uma nova fronteira petrolífera escondida sob o mar e abaixo de uma camada de rochas e sal na costa brasileira.
O feito foi anunciado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “um passaporte para o futuro”. Há estimativas de que as reservas do pré-sal possam ser de até 90 bilhões de barris. O problema é que isso só terá mesmo valor após a retirada de reservatórios em profundidades que podem chegar a 7 quilômetros em alto-mar.
Além do desafio tecnológico de operação em áreas inóspitas, será preciso mobilizar um volume enorme de investimentos. Estima-se que somente o campo de Libra deverá demandar de 12 a 18 plataformas para dar conta de extrair 1,4 milhão de barris diários no auge da produção, nas projeções da Agência Nacional do Petróleo (ANP). É quase metade de tudo o que o país produz hoje.
Os investimentos na área serão de ao menos 50 bilhões de dólares. Não é uma tarefa simples. Por isso, os olhares agora estão voltados para a capacidade dos integrantes do consórcio, sob a liderança da Petrobras, de fazer o petróleo jorrar — o que só deverá acontecer em quatro anos.