Enviado por Ricardo Noblat -
12.01.2013
|
15h03m
ECONOMIA
O Globo
Poderia ser melhor o início da segunda metade do mandato da presidente Dilma. Inflação em patamar elevado, pelo terceiro ano consecutivo, conjugada com baixo crescimento, é preocupante, principalmente numa economia em que ainda existem mecanismos de indexação, capazes de criar fortes barreiras de resistência à queda de preços depois de um certo limite de alta e que persista durante algum tempo.
O IPCA fechou o ano passado em 5,84%, mais uma vez distante do centro da meta (4,5%). Nos dois anos anteriores, 6,5% (2011), no limite superior da meta, e 5,91% (2010). Enquanto isso, os juros básicos, instrumento à disposição do Banco Central para conter a inflação, se mantêm no nível histórico mais baixo: 7,25%.
O BC aproveitou de maneira competente a “janela” aberta pelo agravamento da crise europeia e fez um substancial corte nas taxas, o que parecia impossível. Deu certo, mas a questão mais ampla da economia — retomar o crescimento em bases equilibradas — continua em aberto.
Não é apenas a conjugação indigesta de crescimento na faixa de 1% e inflação alta que alimenta desconfianças. O conjunto da obra é que preocupa. Afinal, qual é mesmo a política econômica em curso?
Quando Lula assumiu, em 2003, e manteve a estratégia do tripé — metas de inflação, responsabilidade fiscal e câmbio flutuante —, houve um alívio geral, e, com aquilo, ele garantiu que o país pudesse aproveitar ao menos parte da onda de crescimento sincronizado das grandes economias mundiais, puxado pela China.
Hoje, há quem tema que esta política tenha sido revogada sem anúncio formal — o que aumenta a insegurança. O centro da meta de inflação, por exemplo, parece ter deixado de ser um alvo prioritário.