O Brasil maravilha, cantado em prosa e verso por Lula, Dilma e seus sequazes é desnudado numa reportagem do jornal O Globo. Os haitianos e africanos já se sentem enganados pelos coiotes que os trouxeram ao Brasil depois que o governo do PT abriu as porteiras para imigrantes. Em síntese: mesmo esses imigrantes que procedem do terceiro mundo, de países miseráveis e conflituosos como o Haiti, estão desolados com o Brasil.
Mesmo assim, segundo a reportagem de O Globo, calcula-se que até o final deste ano haverá cerca de 50 mil cidadãos do Haiti no Brasil.
Como se vê, trata-se de uma irresponsabilidade condenável sob todo os aspectos, essa desastrada decisão do governo do Lula e da Dilma de estimular a entrada de imigrantes no Brasil. É uma insanidade promover o aumento da população brasileira que já atinge cerca de 200 milhões de habitantes. Ainda mais que essa mão-de-obra, que entra às centenas diariamente no país é em sua totalidade sem qualificação do ponto de vista profissional.
Mais adiante, se verá esses imigrantes integrando a folha de pagamento do programa Bolsa-Família, da qual dependem cerca de 40 milhões de brasileiros, a maioria nordestinos, que compõem o voto de cabresto do PT. Mais adiante, muitos desses imigrantes estarão também sobrevivendo às expensas do Estado brasileiro e, por aí, dá para se ter uma ideia do cenário que se desenha.
Está aí uma realidade terrível que é zelosamente abstraída do debate político geral e, sobretudo, no que respeita à campanha eleitoral presidencial em curso.
Mas o que se revela no caso desses imigrantes dá a medida exata do que é o Brasil, principalmente depois que foi tomado de assalto por um bando de psicopatas de todos os gêneros capazes de até mesmo de reeditar a época da escravidão, se isso de alguma maneira puder ser transformado em votos de cabresto. Leiam:
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O Haitiano Ivon Belisarie na carvoaria: trabalho degradante e quilos a menos (Foto de O Globo)
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O suor que escorre pelo rosto se junta à poeira negra do carvão e tinge a face e os braços de Ivon Belisarie. A fuligem avermelha seus olhos. Desde que chegou ao Brasil, há dois anos e meio, de segunda a sábado, das 8h às 17h, o imigrante haitiano corta madeira, abastece fornos que produzem carvão vegetal e ensaca o produto que será enviado a centros urbanos do país, numa carvoaria em Maringá (PR). Ele não se senta um minuto. Emagreceu tanto que está abaixo do peso.
No terremoto de 2010, além de nove parentes, Ivon perdeu o patrão, um empresário haitiano do ramo de arroz para quem trabalhava como motorista havia 15 anos. Percebeu então que a permanência no Haiti ficara inviável. Trocou o conforto do ar-condicionado de veículos esportivos pelo calor, a poeira negra e a insalubridade da carvoaria. E a companhia ruidosa dos filhos pela solidão de sequer ter dinheiro para telefonar para casa.
Dos dez haitianos que vieram com Ivon de Manaus para o Paraná, atraídos pela possibilidade de reconstruir a vida, ele é o único que continua na carvoaria. Em troca, recebe cerca de R$ 950.
— Deixei a mulher chorando, com um bebê no colo e mais duas crianças pelas mãos, e vim buscar dinheiro no Brasil. Tenho responsabilidade com a minha família, não podia ficar sem trabalho — conta o haitiano, que chegou a racionar comida para enviar cerca de US$ 300 aos parentes no Haiti.
Desrespeito a normas do trabalho
A 230 quilômetros da carvoaria, num frigorífico em Cascavel (PR), 380 migrantes haitianos fazem, cada um, cerca de 90 movimentos por minuto para desossar frangos e pendurar galinhas. Por um salário mensal de cerca de R$ 1 mil, suportam a rotina de oito horas e 48 minutos diários sob um frio de nove graus, temperatura abaixo do limite de 12 graus estabelecido pelo Ministério do Trabalho.
Trabalho degradante, insalubre e de baixa remuneração em empresas de setores que, frenquentemente, figuram na lista suja do trabalho escravo têm sido o destino final de haitianos e africanos que enfrentam uma travessia dispendiosa e arriscada, muitas vezes patrocinadas por coiotes, para chegar ao Brasil. E não são poucos. Um estudo recém-divulgado pelo demógrafo Duval Fernandes, da PUC-MG, estima que, até o fim deste ano, haverá cerca de 50 mil haitianos no país. Junto a senegaleses, nigerianos e bengaleses, eles têm se engajado em funções que não requerem qualquer nível educacional, e recusadas por brasileiros.
— O trabalho em frigorífico é extremamente penoso. Em três meses, o trabalhador já começa a adoecer porque não há ser humano que suporte tanto movimento repetitivo em temperatura tão baixa. Esse trabalho não interessa mais aos brasileiros. Há uma analogia entre a situação desses migrantes aqui e a dos hispânicos que lotam frigoríficos nos Estados Unidos. Só que aqui a exploração é maior — afirma o procurador do trabalho Heiler Natali, responsável pela vistoria dos frigoríficos.
A história que os imigrantes contam é de promessas não cumpridas sobre salários e alojamentos.
— A coisa mais usual é que ele achem que vão ganhar US$ 2 mil por mês. São enganados e também não entendem a lógica dos impostos sobre o salário — afirma Fernandes.
O haitiano Marcelin Geffrard diz ter sido enganado por um supermercado que o levou do Acre a Cascavel:
— Me prometeram quase R$ 900. Quando cheguei ao Paraná, o salário era menor. Com os descontos, dava só R$ 600. Isso não dava para comida e aluguel, e ainda tinha que mandar dinheiro para a minha filha, no Haiti. O alojamento era sujo, camas quebraram, e a gente tinha que dormir no chão. Leia MAIS