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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

"A indignação da sociedade brasileira poderá acabar com a corrupção" / Juan Arias / El País

Apenas a indignação da sociedade brasileira acabará com a corrupção

O que amedronta os políticos corruptos é a ira dos sem poder

Não serão os Governos, a polícia, os juízes, nem sequer a detenção de alguns corruptos importantes, que acabará com a impunidade que contagiou com um abraço mafioso partidos e empresas brasileiras.
Contra a raiz da corrupção e contra a impunidade dos criminosos existe uma só arma: a rejeição das mesmas por parte da sociedade, dos sem poder.
A presidenta Dilma Rousseff afirmou na Austrália, durante a reunião do G20, que o escândalo da Petrobras “mudará a história do Brasil para sempre”, porque representa o fim da impunidade. Não. Isso só acontecerá se o Brasil, a parte limpa da sociedade, puder mudar a Petrobras para devolver à empresa a honra da qual foi despojada por políticos e empresários corruptos.
Nada, nem ninguém, será capaz de acabar com a impunidade da corrupção sem que haja um despertar da sociedade no sentido de descobrir que pode ser mais letal do que o vírus do ebola, porque, além de atentar contra a vida, esses crimes sujam a dignidade da nação.
A aceitação manifestada e subliminar da corrupção e da impunidade por parte da sociedade é o que deixa as mãos dos políticos livres para assaltar os cofres públicos. Como explicar, então, que, às vezes, os políticos e partidos mais corruptos são os mais votados nas urnas?
Isso se deve à má consciência daqueles cidadãos que pensam que todo mundo, quando pode, rouba e suborna e, por isso, recorre aos políticos menos moralistas porque eles costumam ser, também, os mais generosos?
Não existe, em nenhum lugar do mundo, uma regeneração ética originada pelo poder. Só a força de uma sociedade que um dia desperta e diz “basta”, que deixa de apreciar os políticos corruptos e que se envergonha de aparecer perante o mundo como cúmplice dos crimes pode mudar as coisas.
Os políticos não mudam, e cada vez que tomam atitudes diferentes relacionadas a eles mesmos é para se blindarem melhor e aumentar seus próprios privilégios.
Os juízes não tomam uma atitude porque não é fácil para eles se desatarem dos compromissos que os unem ao poder, e sempre estarão mais dispostos a perdoar o político ou empresário corrupto do que a mulher que rouba um quilo de arroz no mercado.
A polícia não acaba com a corrupção porque também, salvo algumas meritórias exceções, trabalha à sombra dos políticos e acaba se submetendo a eles. E se, alguma vez, tenta fazer uso da autonomia concedida à Instituição acaba se tornando um dos suspeitos e até é perseguida.
Quem sabe muito bem disso tudo; quem não tem dúvidas de que a corrupção e o crime não podem ser combatidos pelo poder, porque ele também é corrupto e corruptor, é o povo. As pessoas comuns não confiam no poder público, nem sequer no que diz respeito a casos concretos, como o do Mensalão e agora o da Petrobras, em que políticos e empresários famosos e importantes envolvidos nos esquemas foram presos. “Não vai adiantar nada. Sairão em seguida e continuarão vivendo como ricos com o que roubaram”, é o que se escuta em comentários na rua.
O mais grave é que o poder sabe disso, e, também, que uma parte da população acaba se aproveitando da corrupção do poder, recebe as migalhas e se vende. Daí o medo dos políticos de que a sociedade possa despertar de sua letargia, abrir os olhos e perceber que a onda de corrupção ameaça encobri-la. Medo de que o povo comece a exigir responsabilidades.
Nas últimas manifestações realizadas depois das eleições, os políticos não se preocuparam muito com os cartazes contra a Dilma ou a favor da volta dos militares. Nada disso os amedronta porque sabem que é inofensivo. O que começa a preocupa-los são cartazes como os que apareceram em São Paulo: “Sociedade unida, corrupção vencida”, “o povo brasileiro é maior que um partido corrupto”, “O Brasil despertou e não voltará a adormecer”. Não sei se vai ser verdade ou se já é agora. Outro cartaz dizia: “Antes de tudo, Brasil”.
E, a propósito, onde estavam os black blocks e os famosos vândalos nas últimas manifestações? Não se importam com a corrupção?
O mais importante para que este país ressuscite mais forte e mais limpo do pesadelo da corrupção que o tinha anestesiado é tomar consciência de que só os brasileiros, os que se acham sem poder, têm a força de impor um freio aos desmandos dos políticos. E eles fingirão mudar as coisas para que tudo continue igual.
O poder sabe dialogar com corruptos e corruptores porque entende seu idioma e sabe decifrar seus hieróglifos. Mas tem medo da linguagem da ira dos sem poder quando, acordados após um longo período de letargia, começam a querer sonhar juntos.

Capa da Veja online ás 20 horas de 24/112014

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/empreiteiro-diz-que-pagou-r-88-mi-em-propina





domingo, 23 de novembro de 2014

Mais suspeitas em aquisição do governo federal.... Caças suecos são os estranhos da vez nos negócios da administração pública federal


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Compra bilionária de caças suecos ingressa no céu da 

suspeita e pode colocar Dilma em situação difícil

gripen_11Estranho demais – Muitos fatos estranhos ocorridos durante a corrida presidencial continuam sem explicação, mas pelo menos um chama a atenção daqueles que conhecem os bastidores da administração pública federal. Em 24 de outubro passado, dois dias antes da realização do segundo turno da eleição presidencial, o governo brasileiro assinou um contrato bilionário com a empresa sueca Saab, cujo objetivo é renovar a frota de supersônicos da Força Aérea Brasileira, que aposentou os obsoletos Mirage.
Depois de longos anos de disputa em uma concorrência (FX-2) marcada por controvérsias de todos os tipos, o Palácio do Planalto anunciou a decisão de adquirir o modelo Gripen NG, com a promessa de transferência de tecnologia por parte da Saab. Perderam a disputa o Rafale, da francesa Dassault, e o F/A-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing. O contrato com a Saab prevê o fornecimento de 36 caças, sendo 28 do tipo monoposto e 8 com dois assentos, específicos para treinamentos.
Quando o governo brasileiro bateu o martelo, em dezembro de 2013, a empresa sueca apresentou proposta no valor de US$ 4,5 bilhões, a mais barata entre as três recebidas pelo Palácio do Planalto.
O prazo para o começo da entrega dos supersônicos estava estipulado para 2018, mas no contrato foi alterado para 2019. O que causou estranheza no contrato com Saab, publicado no Diário Oficial da União apenas em 27 de outubro, um dia após o segundo turno, é que o valor saltou para US$ 5,4 bilhões. Para justificar a majoração do valor do negócio o governo brasileiro alegou necessidade de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Esse tipo de expediente [reequilíbrio econômico-financeiro] é comum quando já existe um contrato firmado, que não é o caso da compra dos Gripen NG, um projeto que, além disso, continua no papel. No Direito Administrativo só se admite reequilíbrio econômico-financeiro de contratos firmados com a administração pública, no caso o governo federal. Isso significa que pelo fato de o aludido contrato inexistir, o reequilíbrio econômico-financeiro não tem um grama de amparo legal.
Fosse minimamente sério e responsável, o atual governo brasileiro não teria assinado o contrato com a Saab, mas reaberto a concorrência para que a Dassault e a Boeing pudessem concorrer em igualdade de condições. O motivo para que isso ocorresse é muito simples. Com o sobrepreço de US$ 1 bilhão, o negócio com a Saab ficará mais caro do que a aquisição do modelo F/A-18 Super Hornet, da Boeing, um equipamento que há muito saiu do papel e já foi exaustivamente testado.
Em relação ao Gripen NG, que como citado anteriormente continua no papel, o governo brasileiro poderá ter uma desagradável mais adiante, pois nem sempre um projeto resulta em um produto de qualidade. Em outras palavras, o Palácio do Planalto decidiu queimar US$ 5,4 bilhões para fazer da FAB uma espécie de rato de laboratório.
A questão maior e mais preocupante não está apenas no universo do valor do negócio, mas na forma como o contrato foi assinado e quando. Muito estranhamente, antes da assinatura do contrato com a Saab, uma pessoa que goza da estrita confiança dos atuais inquilinos do Palácio do Planalto foi a Estocolmo para acertar detalhes do contrato. Alvo de investigações passadas da Polícia Federal, o emissário pode ser abatido em pleo voo, muito antes de os Gripen saírem das pranchetas suecas.
Resumindo, nesse negócio bilionário tem algo muitíssimo mal contado, que a qualquer momento pode colocar o governo federal abaixo. O UCHO.INFO sabe quem foi a Estocolmo, cujo nome foi confirmado por algumas autoridades do governo que frequentam o segundo anel orbital da compra bilionária.

Notícias horrorosas de Brasília.... DF tem gestão desastrada e pode ser eleita como a pior e mais irresponsável administração do país


Distrito Federal

De saída, Agnelo provoca caos nas finanças do DF

Paralisação na coleta do lixo, greves frequentes, falta comida a pacientes de hospitais públicos, radares eletrônicos foram retirados das ruas e o caixa está no vermelho. A gestão de Agnelo não será esquecida tão cedo

Gabriel Castro, de Brasília
O governador do DF, Agnelo Queiroz, fala com jornalistas em 2011
CAOS – O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz: campeão em marcas negativas (Beto Barata/AE/VEJA)
O petista Agnelo Queiroz alcançou algumas marcas significativas em sua passagem pelo governo do Distrito Federal: obteve o segundo maior índice de rejeição entre os 27 governadores do país – só superado por Rosalba Ciarlini, do Rio Grande do Norte –, foi o único candidato à reeleição que ficou fora do segundo turno e, agora, ficará marcado por enterrar as finanças da unidade da federação mais rica do país.
Com território pequeno, urbanização próxima dos 100%, a mais alta renda per capita do Brasil, o distrito que engloba a capital federal e as cidades satélites não tem dificuldades de arrecadação – até porque, na ausência de uma prefeitura, os impostos que seriam municipais também caem na conta do governo. Fora isso, há o bônus de ser a capital da República: as fartas transferências do Fundo Constitucional, bancado pela União. São essas verbas que pagam todos os salários da segurança pública em Brasília e parte do salário de professores. Em 2014, o valor repassado pela União somará 10,4 bilhões de reais.
Ainda assim, o final da gestão de Agnelo é marcado por uma sucessão de notícias negativas: paralisação na coleta do lixo, greves frequentes de rodoviários, interrupção do fornecimento de comida a pacientes e funcionários de hospitais públicos, radares eletrônicos retirados das ruas. A tradicional festa de Réveillon da Esplanada dos Ministérios chegou a ser cancelada, antes de o governo recuar da medida. A razão dos problema é simples: falta de dinheiro em caixa.

Eleições 2014: O vexame de Agnelo
O símbolo da má administração durante o governo petista é o estádio Mané Garrincha, reformado para a Copa do Mundo ao preço de 1,8 bilhão de reais. Com as intervenções feitas no entorno da arena, o preço ultrapassou os 2 bilhões de reais. E a conta ainda não fechou: neste mês, o governo aplicou mais 14,5 milhões de reais para quitar dívidas da obra do estádio. Enquanto isso, o principal clube de futebol de Brasília está na quarta divisão nacional e nem mesmo utiliza o estádio monumental.
O Mané Garrincha tem seu peso no comprometimento das contas e se tornou um símbolo do descontrole nos gastos. Mas a razão da bancarrota foi outra: o aumento abrupto na folha de pagamento. Na parte final de seu mandato, Agnelo concedeu reajustes e contratou servidores num ritmo muito superior ao que a arrecadação poderia suportar. Em janeiro, o gasto mensal de Agnelo com a folha era de 580 milhões de reais. Agora, é de 930 milhões. Outros 300 milhões são gastos por mês com despesas de rotina. Isso significa que, tudo o que é arrecadado mensalmente, sobram cerca de 70 milhões para todos os investimentos. É insuficiente.
A herança de Agnelo é tão nefasta que os dois candidatos que disputaram o segundo turno, Jofran Frejat (PR) e Rodrigo Rollemberg (PSB), se esforçaram ao máximo para afastar sua imagem da do governador. Ao mesmo tempo, tentavam emplacar a acusação mais grave que poderiam um ao outro: a de que o adversário era ligado ao governo de Agnelo – o que é parcialmente verdadeiro nos dois casos. Magoado, sem apoio e sem influência, o petista passou a defender o voto nulo no segundo turno.
O governador eleito Rodrigo Rollemberg terá de lidar, em 2015, com o impacto adicional de 2,3 bilhões de reais causado por 29 aumentos salariais concedidos por Agnelo, já que normalmente as negociações envolvem reajustes escalonados, em dois, três ou quatro anos.
Mas não é por favor a Rollemberg que o governador vem tentando reduzir o rombo nas contas do governo: é por receio de ter as contas rejeitadas e ser enquadrado na Lei de Responsabilidade Fiscal. O Tribunal de Contas do Distrito Federal emitiu um alerta para o governo. Hoje, a gestão de Agnelo gasta 46,04% da Receita Corrente Líquida com a folha de pagamento – sem contar o dinheiro do Fundo Constitucional. Se esse número chegar a 46,55%, a administração ficará impossibilitada de criar cargos ou conceder aumentos.
Em 2013, o governo fechou as contas no vermelho em 1,2 bilhão de reais. Agora, o rombo não será menor do que 3 bilhões de reais. Para tentar minimizar o estrago, a gestão de Agnelo recorreu a artifícios questionáveis. Inicialmente, pediu que a União antecipasse o pagamento de uma dívida de 625 milhões de reais. Esses recursos, entretanto, pertencem ao estoque da chamada Compensação Previdenciária e não podem ser usados em outras áreas que não o pagamento de pensões e aposentadorias.
Depois, o governo enviou à Câmara Legislativa um projeto para permitir a venda do estoque da dívida do governo, de 16 bilhões de reais. A proposta, elaborada às pressas e cheia de lacunas, recebeu críticas de analistas econômicos. O professor Roberto Piscitelli, da Faculdade de Economia da Universidade de Brasília (UnB), afirma que o artifício é incomum: "É uma coisa inusitada no poder público e muito complicada de operacionalizar", diz. Para Piscitelli, o governo não soube administrar as demandas do funcionalismo local e subestimou o impacto dos reajustes: "A impressão que eu tenho é que o governo cedeu às pressões das corporações do Distrito Federal e se demonstrou débil", diz.
A deputada distrital Celina Leão (PDT), que faz oposição à gestão Agnelo e apoiou Rodrigo Rollemberg na eleição deste ano, critica o petista: "O que o governo fez foi uma irresponsabilidade. Tenho certeza que vai ser enquadrado na Lei de Responsabilidade Fiscal", diz. Na opinião da deputada, o novo governador terá de negociar intensamente com o Tribunal de Contas do Distrito Federal para manter os serviços básicos funcionando.
O governo do Distrito Federal, por sua vez, alega que a arrecadação ficou abaixo do previsto em 2014. Mas o valor arrecadado cresceu 6,5% no ano, quando o resultado do governo federal foi de menos de 1%.


Em nota enviada ao site de VEJA, o governo Agnelo negou que a situação esteja fora do controle e, embora reconheça atrasos em pagamentos, afirmou que está dentro do prazo de noventa dias para quitação das dívidas. Para a população do Distrito Federal, o alento é que em menos tempo do que isso Agnelo não será mais seu governador.