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terça-feira, 20 de setembro de 2016

Mais do mesmo... Lula vira réu ! / Jornal Nacional

Edição do dia 20/09/2016
20/09/2016 21h31 - Atualizado em 20/09/2016 22h00

Moro aceita denúncia e Lula e dona Marisa se tornam réus na Lava Jato

Casal e mais 6 são acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.
Força-tarefa diz que Lula recebeu vantagem indevida da OAS.






















O ex-presidente Lula se tornou, pela segunda vez, réu na Lava Jato. Ele, dona Marisa Letícia e mais seis pessoas vão responder pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.


A força-tarefa afirma que Lula recebeu vantagem indevida da OAS nos casos do triplex em Guarujá e no armazenamento de bens pessoais.

O ex-presidente Lula agora é réu na Lava Jato e terá de ficar frente a frente com o juiz Sérgio Moro para ser interrogado em Curitiba.
Ao aceitar a denúncia, Sérgio Moro fez, como de costume, um breve resumo do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras, e relembrou que ex-executivos da OAS, entre eles o ex-presidente da empresa Léo Pinheiro, já foram condenados na Lava Jato.
O juiz Sérgio Moro ressaltou ainda que, nessa fase do processo, basta analisar se há justa causa e que a decisão de aceitar a denúncia não significa que os réus sejam culpados.
Segundo Moro, “tais ressalvas são oportunas pois o juiz não esquece que entre os acusados está um ex-presidente da República e, por conta disso, a aceitação da denúncia pode levar a celeumas, confusões de toda a espécie”.
Ainda segundo Moro, essas confusões devem acontecer fora do processo. E que durante o trâmite da ação penal o ex-presidente poderá exercer livremente a sua defesa e caberá à acusação produzir a prova acima de qualquer dúvida razoável de suas alegações.
Sobre a denúncia de corrupção e lavagem de dinheiro, Sérgio Moro lembrou a alegação do Ministério Público Federal que “o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva teria participado conscientemente do esquema criminoso, inclusive tendo ciência de que os diretores da Petrobras utilizavam seus cargos para recebimento de vantagem indevida em favor de agentes políticos e partidos políticos”.
Mas não se referiu ao ex-presidente como chefe do esquema de corrupção na Petrobras como afirmou o procurador Deltan Dallagnol ao apresentar a denúncia na semana passada.
Moro também afirmou que, ao contrário do que se esperaria da narrativa, o Ministério Público Federal não imputou ao ex-presidente o crime de associação criminosa.
A omissão, segundo o juiz, encontra justificativa plausível, pois esse fato está em apuração no Supremo Tribunal Federal, Brasília, que envolveria agentes que detém foro por prerrogativa de função.
Moro lembra que na denúncia do Ministério Público Federal estaria o recebimento de vantagem indevida da OAS através de dinheiro desviado de obras nas refinarias de Abreu e Lima, em Pernambuco, e Getúlio Vargas, no Paraná. O valor total da propina foi de R$ 87 milhões.
Segundo as investigações, a OAS pagou mais de R$ 3 milhões a Lula ao reformar e decorar o triplex de Guarujá e ao bancar o armazenamento de bens do ex-presidente.
Sobre o triplex em Guarujá, Sérgio Moro faz um resumo sobre a transação do imóvel desde que ele ainda estava sob responsabilidade da Bancoop e a transferência para a construtora OAS. Moro também apontou uma série de trocas de mensagens, indícios e delações para afirmar que “há razoáveis indícios de que o imóvel em questão teria sido destinado, ainda em 2009, pela OAS ao ex-presidente e a sua esposa, sem a contraprestação correspondente, remanescendo, porém, a OAS como formal proprietária e ocultando a real titularidade. Quanto às reformas e benfeitorias, há indícios de que se destinariam ao ex-presidente e à sua esposa também sem a contraprestação correspondente”.
O juiz Sérgio Moro também fez um breve relato sobre o armazenamento de bens pessoais do ex-presidente.
Segundo Moro, “relaciona a denúncia o custeio da armazenagem às propinas acertadas no esquema criminoso da Petrobras, o que revestiria o pagamento pela OAS dessas despesas de caráter criminoso. Não se trataria, portanto, de mera doação por desprendimento, mas de benefício recebido quid pro quo”, ou seja, em troca de algo.
Dona Marisa Letícia, mulher de Lula, também está entre os réus. No despacho desta terça-feira (20), Moro lamentou a imputação realizada contra dona Marisa Letícia e completou: “muito embora haja dúvidas relevantes quanto ao seu envolvimento doloso, especificamente se sabia que os benefícios decorriam de acertos de propina a sua participação específica nos fatos e a sua contribuição para a aparente ocultação do real proprietário do apartamento é suficiente por ora para justificar o recebimento da denúncia”.
Moro afirma ainda que, “por ora, o fato de que grande parte, talvez a maior parte, do faturamento do grupo OAS decorresse de contratos com a Petrobras, aliado ao comprovado envolvimento do grupo OAS no esquema criminoso que vitimou a Petrobras, tornam esses mesmos contratos uma provável causa e fonte dos supostos benefícios concedidos pelo grupo OAS, sem aparente contraprestação financeira, ao ex-presidente, como o apartamento no Guarujá e o custeio do armazenamento dos bens recebidos durante o mandato presidencial, o que, em tese, pode caracterizá-los como vantagem indevida em um crime de corrupção”.
E afirma que o argumento de que as supostas vantagens indevidas “recebidas pelo ex-presidente possam aparentar ser desproporcionais à magnitude do esquema, não justificaria a rejeição da denúncia, já que isso não descaracteriza o ilícito. E que é oportuno ainda não olvidar que há outras investigações em curso sobre supostas vantagens recebidas pelo ex-presidente”.

Além Lula, dona Marisa, Paulo Okamoto e Léo Pinheiro, outras quatro pessoas passaram a ser réus nessa ação.
O ex-presidente Lula é investigado pela Lava Jato em Curitiba também pelas reformas no sítio em Atibaia que o ex-presidente afirma não ser dele. Lula já é réu numa outra ação que está na Justiça Federal em Brasília, acusado de tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato.
A defesa de Paulo Okamoto afirmou que as denúncias não tem provas ou justa causa e não poderia ter sido recebida; que não há corrupção ou vantagem ilícita no pagamento para a conservação de um acervo de ex-presidente; e que vai recorrer.

O Partido dos Trabalhadores e as defesas de Léo Pinheiro, Agenor Franklin e Fabio Yonamine não quiseram se manifestar.

O advogado de Roberto Moreira Ferreira afirmou que o próprio juiz Moro ressalva que há dúvidas consideráveis quanto ao dolo do cliente dele; e que Roberto Ferreira nunca teve qualquer envolvimento no esquema.

O JN não conseguiu contato com a defesa de Paulo Gorgulho.
Em Nova York, o advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin, criticou a decisão do juiz Sérgio Moro.
“Essa decisão não surpreende, diante do histórico de violações às garantias fundamentais já ocorridas e praticadas por esse juiz de Curitiba”, disse.

Notícias de levantar os cabelos vêm de Brasília / coluna de Claudio Humberto

COLUNA DE CLÁUDIO HUMBERTO

20 DE SETEMBRO DE 2016
A crítica do ministro Gilmar Mendes ao comportamento de Ricardo Lewandowski no conchavo do “fatiamento” do impeachment”, abriu uma crise no Supremo Tribunal Federal (STF). O desabafo de Gilmar, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pode levar o STF a rever o acordo tácito de não deliberar sobre o fatiamento para não desautorizar Lewandowski, ainda que os ministros critiquem a medida.
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Lewandowski se queixou a colegas das declarações de Gilmar, para quem “cada um faz de sua biografia o que quiser”.
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Além de Gilmar Mendes, o ministro Celso de Mello, decano do STF, já havia criticado publicamente o “fatiamento” do impeachment.
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Gilmar já havia chamado de “bizarro” o fatiamento: a Constituição vincula o impeachment à perda de direitos políticos por 8 anos.
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Os ministros combinam que o STF não seria instância de recurso do impeachment, até porque é órgão julgador e não 

O apresentador de TV Roberto Justus parece levar a sério a lorota de que seria o “Donald Trump brasileiro”, porque certa vez protagonizou a versão brasileira do programa “Aprendiz”, imitação do show televisivo protagonizado pelo candidato republicano à presidência dos Estados Unidos. Pior é que Justus parece se orgulhar da comparação: ele estaria tentando se viabilizar, acredite, como candidato a presidente.
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Justus tem assumido posições políticas. Antes do impeachment, disse que se Dilma voltasse ao cargo seria “a maior tragédia” para o País.
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Por considerá-lo politicamente ingênuo, “bobo”, um ex-sócio de Roberto Justus acha que ele seria “uma tragédia” comparável à de Dilma.
Roberto Justus tentou conversar com o presidente Michel Temer, mas só foi recebido por assessores, no Planalto.
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A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), investigada por corrupção tanto quanto o seu líder, o seu marido e tantos outros aliados seguiu à risca a orientação: apareceu no Senado vestindo vermelho. De vergonha?
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O senadores petistas Ângela Portela (RR), Gleisi Hoffmann (PR), Humberto Costa (PE), Jorge Viana (AC) e Lindbergh Farias (RJ) ainda respondem a ações no Supremo Tribunal Federal (STF).
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Roberto Justus tentou conversar com o presidente Michel Temer, mas só foi recebido por assessores, no Planalto.
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O jornal financeiro inglês Financial Times, concluiu que “as acusações contra o ex-presidente Lula não têm motivação política”, mesmo com o “timing” da denúncia do MPF logo após o impeachment.
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...o tour de Lula para apoiar candidatos a prefeito do PT começa pelo Nordeste, mas tem tudo para terminar em Curitiba.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Resenha do blog de José Nêumanne / Últimas


"Terremotos brasilienses" / Valdo Cruz / Folha de SP

Terremotos brasilienses - 

VALDO CRUZ

FOLHA DE SP - 19/09
BRASÍLIA - Em menos de 20 dias, Dilma Rousseff foi cassada, Eduardo Cunha perdeu o mandato e o ex-presidente Lula foi denunciado pela Lava Jato e classificado de comandante máximo da propinocracia.

Eventos capazes de, isoladamente, causarem movimentos das placas tectônicas da política brasileira. Em cadeia, ao contrário de terremotos, reduzem os efeitos de uns e deixam outros em estado de latência.

O impeachment da petista em 31 de agosto prometia dominar o tom da política nos dias seguintes. Gerou gritos de Fora Temer e vaias ao novo presidente, que ficou acuado quando deveria estar celebrando o fato de virar, enfim, definitivo.

A agonia do presidente deu lugar a um certo alívio no dia 12 de setembro, quando o ex-presidente da Câmara dos Deputados foi cassado. Só que Eduardo Cunha caiu atirando em Temer e fazendo ameaças.

Dois dias depois, Dilma já estava fora do noticiário e Cunha foi para a prateleira quando, em 14 de setembro, a Lava Jato denunciou Lula e o chamou de maestro geral de uma orquestra criminosa. O petista reagiu, com razão, porque provas não foram apresentadas de que ele é o poderoso chefão do esquema.

Tudo somado, Dilma tende a ficar totalmente em segundo plano. Afinal, a preocupação no PT virou outra, proteger sua grande estrela, porque efeitos secundários da Lava Jato estão encomendados com novas delações em curso em Curitiba.

Já Eduardo Cunha emite sinais de que não deseja ter o mesmo destino de sua inimiga favorita, que caminha para o ostracismo político, e segue fazendo suas ameaças na direção do governo Temer, elegendo amigos do presidente como alvo.

Enquanto isto, Temer seguiu no domingo para Nova York, sua segunda viagem internacional como definitivo. Vai atrás de reforçar sua legitimidade no exterior e, na volta, corrigir rumos do seu governo. Ele não esperava tantos tremores e que a vida fosse tão difícil na largada.

"A direita é tosca ?" / Luiz Felipe Pondé

segunda-feira, setembro 19, 2016

A direita é tosca? - 

LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 19/09

A direita não acredita em ideias e acha que intelectual é animador de festa

Sim, a direita é meio tosca mesmo. E não me refiro à direita horrorosa a favor da ditadura militar. Refiro-me à direita liberal, a favor da sociedade de mercado. Ela ainda acha que pensar é arroz de festa.

Alguns anos atrás escrevi uma coluna que falava de uma outra dificuldade estrutural da direita liberal no Brasil: não sabe pegar mulher. Na época, me referia a necessidade da direita liberal jovem deixar de ser chata e criar uma "direita festiva". Não saber pegar mulher é uma coisa muita séria para um homem. Saber pegar mulher é um traço adaptativo importante na história do Sapiens.
Nelson Rodrigues dizia que um homem com menos de 18 anos não devia nem dizer "bom dia" para uma mulher porque só diria besteiras.

Um jovem liberal deveria, antes de falar com uma mulher, observar como os jovens de esquerda se movem de forma competente quando se trata de pegar mulher. Sabem conversar sobre filmes, livros, sentimentos. Arriscaria dizer que mesmo liberais de mais de quarenta anos continuam bobos diante de uma mulher e acabam por falar coisas grosseiras e idiotas. Nunca se deve menosprezar a importância de saber pegar mulher quando se trata do futuro da humanidade em jogo.

Mas, há uma outra dificuldade estrutural da direita liberal: só acredita em economia e não acredita em ideias, por isso nunca investe nelas e considera um intelectual um animador de festa e jantares. Acredita mesmo que tudo pode ser comprado e aí apanha da esquerda, que tem uma visão mais abrangente do Sapiens, mesmo que a use para mentir ou criar mundos absurdos. Falta à direita um repertório humanista, por isso é meio tosca.
Isso pode parecer uma questão de detalhe, mas não é. Claro que não se trata de uma regra geral, mas, diria, se trata de um caso quase perdido. A direita liberal acha que o pragmatismo econômico é a única forma de ação que existe no homem. Aqui já aparece sua pobreza de espírito: deixa para a esquerda toda a rica reflexão acerca da humanidade e do "cuidado" para com nosso sofrimento, agonia e inseguranças. A falta de compreensão para com o sofrimento humano é uma das piores faces que a direita liberal apresenta para o mundo. E isso cria a reserva do "mercado humanista" para a esquerda.
A "mania econômica" da direita liberal a cega para o fato que muito já se produziu em matéria de reflexão sobre a humanidade ao longo dos séculos, e, com isso, condena os mais jovens às inutilidades do humanismo raso da esquerda, nascido do ressentimento.

Por isso, essa direita será sempre incapaz de enfrentar a esquerda no plano das ideias. Contará sempre com partidos fisiológicos para lidar com a inquestionável hegemonia intelectual da esquerda no país. E nunca terá interlocução no mundo da produção de conteúdo porque, exatamente, não acredita na inteligência.

No fundo, é a velha mesquinharia característica de quem vê a vida a partir do "livro-caixa da loja". Falta uma certa coragem espiritual à direita liberal, o que, reconheçamos, não falta à esquerda em geral. Não consegue entender que, se a vida é em grande parte uma cadeia produtiva sem garantia ou piedade, ela é, também, uma narrativa sobre esse sentimento asfixiante de contingência, abandono e solidão que acomete o Sapiens há milênios.

Narramos nossa vida e nossas experiências porque precisamos dessas narrativas. Na falta de certezas sobre o sentido maior das coisas, aprendemos, ao longo dos milênios, a sentar ao redor do fogo para contar histórias, experiências, medos e projetos de como superá-los.

A direita não acredita na importância das narrativas sobre a vida, sobre nossas vitórias e sobre nossas derrotas. E quando olha para esses assuntos, o faz, sempre e unicamente, com os olhos do marketing. E o pecado do marketing é sua estrutural contradição para com a ideia de autenticidade. E todos, inclusive quem trabalha com o marketing, sabe desse abismo que o separa da ânsia de verdade que nos assola desde o Paleolítico. Falta à direita liberal humildade para aprender com nossas sombras. Falta a ela reverência pelo fracasso.