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terça-feira, 17 de outubro de 2017

Notícias horrorosas de Brasília.. / coluna de Cláudio Humberto

17 DE OUTUBRO DE 2017
É tão autêntica quanto a cabeleira implantada de alguns políticos a suposta “hostilidade” entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente da República. Às vésperas da votação da segunda denúncia contra Michel Temer, o deputado precisa fazer gestos e acenos para o “público interno” da Câmara, com a maior pose de “independência”, e para eleitores do Rio de Janeiro, onde é candidato a governador.
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Experiente, Temer não exige e nem espera de Maia, candidato em 2018, o sacrifício de “colar” sua imagem à de um governo impopular.
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O deputado e sua mãe sabem que ele não teria sido eleito presidente da Câmara se Temer não quisesse. Mais que isso, Temer o escolheu.
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Maia está mais afinado com Temer do que supõe a torcida juvenil pela “crise”. E tem sido leal ao presidente, sobretudo em momentos graves.
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Questões familiares não podem ser desprezadas: Rodrigo Maia é genro de Moreira Franco, um dos ministros mais ligados a Temer.
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O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), deverá alegar suspeição para não participar da deliberação sobre o terrorista italiano Cesare Battisti. É que, como advogado, ele participou da defesa do italiano, ao lado de Luiz Eduardo Greenhalgh, quando o próprio STF julgava a extradição, afinal aprovada e ignorada pelo então presidente Lula que deu ao bandido o status de “asilado político”.
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Em junho de 2011, Barroso obteve o habeas corpus que soltou o terrorista, preso 4 anos antes enquanto o STF julgava sua extradição.
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Barroso foi “a estrela do processo”, segundo a revista Consultor Jurídico, mas não ganhou um único centavo pelo trabalho.
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O caso Battisti foi o primeiro processo em que Barroso atuou em questões criminais. Na época, prometeu que não voltaria a fazê-lo.
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Do tipo inquieto, engraçado, comunicativo, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), cujos endereços foram vasculhados ontem pela Polícia Federal, não atualiza posts no Facebook desde 26 de agosto.
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Apesar de José Dirceu estar condenado em segunda instância, é necessário que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região analise os recursos antes de determinar a prisão do ex-ministro de Lula.
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O site Alerta Leblon prepara manifestação, em 17 de novembro, para marcar os primeiros doze meses de prisão do ex-governador Sérgio Cabral. O “festão” será na rua Aristides Espíndola, em frente ao prédio onde a mulher de Cabral, Adriana Ancelmo, cumpre prisão domiciliar.
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Deve consumir pelo menos 40 horas a discussão do relatório que rejeita a segunda denúncia contra Michel Temer, entre terça (17) e quinta (19), na CCJ da Câmara. Já são mais de 130 inscritos.
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Moradores da Rocinha apontam buracos na fachada de suas casas para jurar que são balas e cobrar indenização de R$140 mil do Exército. Mas não falam e cobrar o mesmo dos traficantes da favela.
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O presidente Michel Temer homenageia neste dia 17, com a Ordem do Mérito Médico, o admirado cardiologista José Wanderley Neto, que há décadas se dedica à saúde pública, com mais 20 mil cirurgias.
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Além do serviço ruim, a Sky debocha do cliente insatisfeito dificultando ao máximo o cancelamento de assinatura. Os burocratas da Anatel, pagos a peso de ouro para regular o mercado, fingem que não veem.
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Na tarde desta segunda-feira (16) não passaram de 11 os deputados que compareceram à Câmara dos Deputados. O maior quórum do dia somava 15 deputados federais.
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...a vaia ao casal Gleisi Hoffman e Paulo Bernardo no Museu Hermitage, na Rússia, não foi protesto, foi manifestação artística.

‘Torpezas e vilezas’ / Eliane Cantanhêde

terça-feira, outubro 17, 2017

Resultado de imagem para imagens de cartuchos de armas‘Torpezas e vilezas’ - 

ELIANE CANTANHÊDE

O Estado de S.Paulo - 17/10


O confronto entre o presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, virou uma guerra desde que o PMDB sabotou as articulações do DEM para atrair deputados do PSB e Maia aderiu ao vale-tudo. Não só jantou com os piores inimigos de Temer no PMDB, como Renan Calheiros e Kátia Abreu, como agora é acusado de postar no site oficial da Câmara as acusações frontais do “operador” Lúcio Funaro contra o presidente da República.

O menor problema de Temer é a oposição do PT, PC do B e PSOL, porque ele está mesmo é às voltas com os aliados e com o potencial deletério de Maia sobre a tramitação da segunda denúncia da PGR e das futuras medidas de interesse do governo na Câmara. Bater de frente com a oposição é natural, com os próprios aliados é um risco imenso.

Para falar direto com sua base, sem mediação do presidente da Câmara, Temer enviou carta para deputados reagindo às “torpezas e vilezas” contra ele, inclusive a delação de Funaro, que Maia potencializou pela internet. Para o Planalto, Maia fez propaganda a favor de Funaro e contra Temer.

Para piorar, à delação de Funaro vêm se somar a do ex-deputado do PP Pedro Corrêa e a operação da PF no gabinete e nas casas do deputado Lúcio Vieira Lima. Corrêa relata a partilha nojenta de dinheiro público para o PMDB. E Lúcio é famoso por ser irmão do ex-ministro Geddel, que foi parar na Papuda após a polícia estourar seu bunker com R$ 51 milhões.

A operação contra o deputado ocorre por determinação da procuradora-geral Raquel Dodge e ocorreu (por acaso?) na véspera do julgamento de Aécio Neves no plenário do Senado, que opõe o Legislativo ao Judiciário. A tendência é de os senadores dizerem não à Primeira Turma do STF e ao afastamento de Aécio do mandato.

E, apesar de ainda estar em meio a um confronto com o Legislativo, o STF já se meteu numa nova confusão, agora com o Executivo. Temer e os ministros Aloysio Nunes Ferreira (Itamaraty) e Torquato Jardim (Justiça) já decidiram virtualmente extraditar o italiano Cesare Battisti, mantido no Brasil pelo presidente Lula no seu último dia de mandato. Mas a Primeira Turma do STF vai decidir, no dia 24, terça-feira que vem, sobre um habeas corpus apresentado pela defesa dele.
Vem mais divisão por aí! Primeiro, entre os próprios ministros da turma, que podem chegar a 4 x 4, já que o quinto voto seria de Luís Roberto Barroso, ex-advogado do italiano e, portanto, passível de se declarar impedido. Se assim for, o caso vai para o plenário, ainda de ressaca pelo julgamento sobre medidas cautelares para parlamentares. O risco é entrar zonzo e confuso no novo embate.

Então, temos Temer versus Maia, PMDB versus DEM, STF contra Legislativo, agora STF contra Executivo e as delações correndo soltas: Lúcio Funaro contra o PMDB, Pedro Corrêa contra o PMDB, Geddel Vieira Lima é considerado 100% pronto para delatar... o PMDB. 

No centro de tudo está Temer, porque, quando se fala de PMDB, Eduardo Cunha, Geddel e Lúcio Vieira Lima, o delator Funaro, a divisão no Supremo, a insubordinação de Rodrigo Maia, o destino imediato de Aécio Neves e até a extradição ou não de Cesare Battisti, a pergunta automática é: como isso afeta o presidente da República?

Não só porque o regime é presidencialista, mas também porque Temer é campeão de impopularidade, alvo de algo inédito, a segunda denúncia da PGR, e presidiu durante anos o PMDB, partido que está “em todas”. As previsões de crescimento da economia são revistas para cima, o mercado está animado, as pessoas voltam a comprar. Mas, se a economia descolou da política, Temer não se colou na economia.

Diagnóstico socioeconômico do Brasil > O Brasil é polipolar !


terça-feira, outubro 17, 2017


Populismo econômico e colapso do crescimento -

 AFFONSO CELSO PASTORE Resultado de imagem para imagens de dinheiro na mão   

O Estado de S.Paulo - 17/10


O World Economic Outlook (WEO-IMF) publica as séries anuais da renda per capita dos países medida em paridade de poder de compra. Tomando como base a renda per capita dos EUA, em 1980 a do Brasil era equivalente a 38% da norte-americana, apenas um pouco abaixo dos 45% do México e muito acima da chinesa, que atingia apenas 4%. Em 2005, a renda per capita do Brasil havia declinado para 25% e a do México para 33%, com a da China chegando a 11%, e em 2016, a renda per capita do México mantinha-se em 33%, com a do Brasil indo para 27%, quando foi alcançada pela da China. Para 2022, o WEO projeta que a renda per capita do Brasil deverá manter-se em 26%, com a da China igualando-se à do México em 33%. China, Índia e Turquia têm crescimentos superiores à União Europeia e ao Reino Unido, com a Ásia se constituindo no motor do crescimento mundial, enquanto a América Latina e o Brasil estão ficando muito para trás.

A causa desse desempenho medíocre está no que Rudiger Dornbusch e Sebastian Edwards definiram por “populismo econômico” – o crescimento dos gastos públicos distribuindo benesses sem o correspondente aumento das receitas, ao lado do intervencionismo excessivo na economia. As reformas do Plano Real nos afastaram desse paradigma estabelecendo uma nova conduta que ainda se manteve no primeiro mandato de Lula. Nesse período, a austeridade fiscal foi preservada ao lado da redução de distorções na economia e de melhora da distribuição de rendas. Mas no segundo mandato de Lula e nos de Dilma Rousseff tudo isso se perdeu. Embora o Brasil não tenha desembocado no financiamento inflacionário dos déficits públicos, como ocorre atualmente na Argentina, criou um desequilíbrio fiscal que leva ao crescimento insustentável da dívida pública, além de acentuar uma infinidade de distorções.

Por cerca de 20 anos, desde a constituição de 1988 – e mesmo dentro do governo FHC –, o crescimento acelerado dos gastos foi financiado com a criação de novos impostos e o aumento das alíquotas em impostos já existentes, ao lado da venda de ativos – as privatizações. Mas esse processo se esgotou, não restando alternativa a não ser a aprovação de reformas estruturais para conter os gastos, como a da Previdência, sem a qual o congelamento dos gastos primários em termos reais não se sustenta, mantendo a dívida pública em uma trajetória explosiva. Sem um corajoso ciclo de reformas retornaremos ao passado.

Os males do populismo não se restringem ao desequilíbrio fiscal. Um trabalho recente do Cindes e do CDPP revela o grau excessivo do protecionismo, com tarifas efetivas absurdamente elevadas em vários setores da indústria A ilusão de favorecer a indústria levou ao aumento do índice de conteúdo nacional na produção de bens de capital, ignorando que o aumento nos preços dos bens de capital reduz as margens de lucro nos setores que os utilizam. Buscando fortalecer o capitalismo nacional hipertrofiou-se a ação do BNDES, que se dedicou à criação de “campeões nacionais”, cujo único benefício foi a criação de uma sofisticada relação promíscua entre empresários e políticos com o objetivo de maximizar ganhos privados e a perpetuação no poder. Em nome do estímulo à indústria generalizaram-se as isenções tributárias taylor-made, sem nenhum objetivo de elevar a eficiência na economia, mas somente a de favorecer interesses específicos. O governo acreditou que atendendo aos reclamos dos empresários reduzindo tarifas de energia elevaria os retornos nos setores beneficiados, esquecendo-se que estaria quebrando contratos nas concessões e baixando o estímulo aos investimentos em energia.

O mau desempenho brasileiro relatado pelas séries do WEO não é obra do acaso. A profundidade da recessão, o reconhecimento das distorções vindas do populismo econômico e o agravamento do quadro fiscal começaram a mover o governo na direção correta sem, contudo, contar com o apoio político e a legitimidade dos votos. Em breve, estaremos elegendo um novo governo, e é importante que nos protejamos contra as promessas fáceis do populismo, que encontram um solo fértil na falta de perspectivas e na desesperança.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Frases...


Frase 

Neste mundo, o futuro é uma commodity em si mesmo, vendido pelas consultorias de futuro.

!Neste mundo, o futuro é uma commodity em si mesmo, vendido pelas consultorias de futuro.! / Luiz Felipe Pondé

luiz felipe pondé
Filósofo, escritor e ensaísta, pós-doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, discute temas como comportamento, religião, ciência. Escreve às segundas.

A epidemia da inovação

Ricardo Camadura /Folhapress
O mundo corporativo é a distopia perfeita. De um lado, um modo inequívoco de produção de riqueza que elevou a condição material de vida dos seres humanos a um nível jamais imaginável, do outro lado, um sistema que esmaga o sujeito obrigando-o a competir cotidianamente, sem descansar nunca. Se a perfeição da vida material é uma utopia contínua no mundo contemporâneo, essa mesma perfeição produz níveis elevadíssimos de mal estar, provavelmente garantindo um futuro de mais riqueza regada a desespero a cada dia. Ninguém aguenta mais, mas ninguém pode parar.
Dentro desse quadro, chama atenção a obsessão pela ideia de "inovação". Ela aparece em todos os níveis da vida, do corporativo as pressões psicológicas sobre os mais velhos e mais jovens, num nível epidêmico.
A ideia, profundamente inscrita no "DNA" (como gosta de dizer o mundo corporativo quando "reflete sobre identidades") da modernidade, tem raízes filosóficas claras em obras como a do inglês Francis Bacon (1561-1626), entre outros. Seu projeto de "atar a natureza" a fim de conseguir as respostas necessárias para a melhoria das condições materiais de vida "na natureza" numa futura "Nova Atlântida", associado aos avanços do saneamento básico de Londres ao longo do século 19, são fundamentos básicos dos ganhos técnicos e de gestão de problemas na modernidade. Da natureza ao esgoto, o projeto é o mesmo.
Na vida pessoal, essa epidemia da inovação aparece no modo nefasto como as pessoas buscam "se reinventar" a todo momento. Ela obriga as pessoas a se vem como start ups contínuas num mercado infinito de demandas que vão da saúde física permanente, a beleza sustentável as custas de obsessões, a espiritualidade a serviço da commoditização da alma, enfim, a uma insatisfação existencial contínua como "motivação" para o imperativo da inovação.
É evidente que a proposta é patológica no nível humano, inclusive porque, apesar dos reais avanços tecnológicos na engenharia médica, marchamos para o envelhecimento e a morte, e isso tem impactos definitivos, mesmo que a indústria da inovação, regada a moda da Singularity University, a bola da vez, venda a ideia de que seremos imortais.
A epidemia da inovação no plano psicológico corrói a capacidade, principalmente dos mais jovens, de lidar com o tédio, o fracasso e a as frustrações "normais" da vida, impondo-nos o imperativo do sucesso crescente, que nos assola das nossas camas, a vida profissional, a lida com filhos até o esgotamento de nossas capacidades intelectuais e afetivas.
Um fato evidente nesse processo é o que muitos chamariam de "pressão do capital". Essa pressão nos obriga a pensar em nós mesmos como uma commodity buscando "investimento" no mercado de um mundo em "movimento", em direção a multiplicação do próprio capital que se expande a medida em que habita a inovação como condição sine qua non de adaptação a ele.
No mundo corporativo, que gasta dinheiro com palestras circenses, a fim de fazer seus "colaboradores riem", assim como uma sessão de meditação em meio ao massacre cotidiano, a epidemia da inovação é um mercado em si mesma.
Neste mundo, o futuro é uma commodity em si mesmo, vendido pelas consultorias de futuro. Citando casos conhecidos como a implantação de fake memories (diante destas, fake news é conversa de crianças), esse mercado da inovação vende a ideia de que num mundo próximo, a indústria de implantação no cérebro de memórias falsas, mas "felizes", eliminará a depressão e toda uma série de quadros clínicos indesejáveis.
Para além do absurdo da ideia, de um ponto de vista meramente médico, a própria noção de uma humanidade vivendo continuamente num parque temático "cognitivo" assusta não pelo suposto avanço médico em si, mas pelo modo como as consultorias do futuro vendem a ideia como o máximo da felicidade e da saúde. É a condição definitiva de idiotas cognitivos, sonâmbulos que caminham pela vida como um pós-humano em processo de extinção. Os neandertais, do alto de sua sabedoria de espécie já extinta, chorariam de pena de nós.