Com as mudanças na cúpula da Petrobras, a presidente Dilma Rousseff pretende retomar para o controle do governo um filão da administração federal – de orçamento bilionário e de papel estratégico no campo dos investimentos – comandado por interesses partidários, sobretudo de PT e PMDB. Presidente da Petrobras desde 2005, José Sergio Gabrielli é um petista da estrita confiança do ex-presidente Lula e do ex-ministro José Dirceu. Segundo assessores da presidente, sempre privilegiou o jogo dos padrinhos petistas, a ponto de, se necessário fosse, dificultar a implantação de decisões tomadas pelo Palácio do Planalto. Ao substitui-lo por Maria das Graças Foster, Dilma espera deixar claro que os projetos do governo, e não das legendas governistas, são prioridade, além de reforçar o caráter técnico da gestão. Maria das Graças Foster é funcionária de carreira e trabalha há mais de 30 anos na Petrobras.
“A atual direção da Petrobras falava diretamente com o Lula, que depois conversava com a presidente Dilma. Com a mudança, acaba a intermediação, e a presidente passa a controlar diretamente a empresa”, diz um líder governista. “A relação da companhia com o governo será mais direta e autêntica”, acrescenta o senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
A presidente Dilma pensou em demitir Gabrielli logo depois de vencer a disputa presidencial. Foi dissuadida por Lula. O ex-presidente pediu mais um ano de mandato para o correligionário, sob a alegação de que ele era o quadro mais qualificado para tirar do papel a exploração do petróleo do pré-sal. Dilma acatou a sugestão, mas a relação entre ela e Gabrielli só piorou desde então.
A presidente identificou a digital de Gabrielli em denúncias divulgadas contra o marido de Maria das Graças Foster, quando esta aparecia como favorita para sucedê-lo na empresa. Dilma também passou a ficar irritada com o fato de Gabrielli sempre dificultar a implantação de decisões governamentais. De fazer as coisas com má-vontade, como se quisesse desafiá-la ou lembrá-la de que, por ter Lula como padrinho, tinha condições de atuar como certa autonomia. Autonomia que Gabrielli fez questão de mostrar quando declarou que não tinha nada a explicar sobre o fato de ter se encontrado com o ex-ministro Dirceu , num quarto de hotel, depois de participar de uma audiência no Planalto.
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