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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

No Mundo tudo mudou... O Brasil nem tanto...!!!

http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/mensalao-julgamento-ja-durou-mais-do-que-a-ii-guerra-mundial-desde-o-comeco-entre-muitos-outros-fatos-4-ministros-se-aposentaram-1-morreu-e-o-brasil-ganhou-13-milhoes-de-habitantes-mais/

17/09/2013
 às 19:30 \ Política & Cia

MENSALÃO: Julgamento já durou mais do que a II Guerra Mundial — desde o começo, entre muitos outros fatos, 4 ministros se aposentaram, 1 morreu e o Brasil ganhou 13 milhões de habitantes mais

INTERMINÁVEL -- Até amanhã, dia do voto decisivo do ministro Celso de Mello sobre a aceitação ou não dos embargos infringentes, o processo do mensalão se arrastado por 7 anos, 5 meses e 7 dias (Foto: arche.org)
Na brilhante sacada do jornalista Carlos Brickmann, o processo do mensalão já durou mais do que a II Guerra Mundial, o maior conflito bélico da história da Humanidade e o acontecimento mais importante do século XX.
A guerra em que morreram 50 milhões de pessoas, iniciada com a invasão da Polônia pela Alemanha nazista de Adolf Hitler a 1º de setembro de 1939, terminou com a cerimônia de capitulação do Japão — aliado da Alemanha e da Itália fascista no chamado Eixo –, a 2 de setembro de 1945, a bordo do cruzador norte-americano Missouri, fundeado ao largo da Baía de Tóquio.
A II Guerra durou 6 anos e 1 dia. O julgamento do mensalão, até amanhã, dia do voto decisivo do ministro Celso de Mello sobre a aceitação ou não dos recursos denominados embargos infringentes, terá se arrastado por 7 anos, 5 meses e 7 dias.
Amontoada numa das mesas de apoio do plenário do Supremo, a montanha de autos do processo; 50 mil páginas e 200 apensos (Foto: Nelson Jr / STF)
A trajetória do mensalão começou quando o então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, ofereceu denúncia contra os envolvidos, a 11 de abril de 2006. O Supremo aceitou a denúncia — ou seja, reconheceu que, ali, havia um processo criminal a ser julgado — a 22 de agosto de 2007.
Desde então, mais de 700 testemunhas foram ouvidas, a montanha de autos do processo abrange 50 mil página e cerca de 200 apensos com material pertinente ao caso, e o Supremo realizou quase 60 sessões de julgamento.
General Douglas MacArthur, à esquerda, assite o ministro japonês Manoru Shigemitsu a entregar documento de rendição à bordo do USS Missouri, na Baía de Tóquio, em 2 de setembro de 1945, em cerimônia que marcou o fim da Segunda Guerra Mundial (Foto: AP)
2 de setembro de 1945: no momento soleníssimo em que termina o maior conflito bélico da história da Humanidade: o comandante norte-americano para o Pacífico, general Douglas MacArthur (esq.), assiste ao chanceler Manoru Shigemitsu assinar o instrumento de rendição incondicional do Japão a bordo do cruzador "USS Missouri", fundeado na Baía de Tóquio. (Foto: AP)

Enquanto o Japão se rendia incondicionalmente, mais de 1.000 aviões de guerra da Força Aérea dos Estados Unidos sobrevoaram, com um longo e enorme rugido, a Baía de Tóquio, em demonstração de força minuciosamente organizada (Foto: AP)
A coisa parece que não termina mais.
O processo que procura colocar na cadeia um grupo de políticos e outras personalidades que tramaram colocar o Legislativo sob controle do Executivo por meio de dinheiro sujo — uma tentativa de “um golpe de Estado branco”, como definiu o ministro aposentado do Supremo Carlos Aires Britto — dura
Lula (2003) e Dilma (2010), em momentos de posse, com a faixa presidencial (Fotos: AFP :: Flávio Florido)
O processo já atravessou um pedaço do primeiro mandato presidencial de Lula, seu segundo mandato inteiro e a maior parte do de Dilma (Fotos: AFP :: Flávio Florido)
tanto que já abrangeu um pedaço do primeiro mandato de um presidente, Lula (mais da metade de 2006), seu segundo mandato inteiro (2007-2011) e quase dois terços do mandato de sua sucessora, Dilma Rousseff (de janeiro de 2011 a setembro de 2013).

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Do blog de Ricardo Setti / HOMO CONNECTUS


08/02/2012
 às 17:56 \ Tema Livre

Roberto Pompeu de Toledo: Homo connectus

Imperdível este artigo de Roberto Pompeu de Toledo publicado emVEJA desta semana, a propósito do fenômeno dos smartphones. O título original está em negrito, abaixo. 
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Homo connectus

Roberto Pompeu de Toledo
Roberto Pompeu de Toledo
Uma charge em recente número da revista The New Yorker mostrava uma animada mulher, ao telefone, convidando os amigos para uma festinha em sua casa. “Vai ser daquelas reuniões com todo mundo olhando para seu iPhone”, ela diz. O leitor captou? A leitora achou graça? Cartunistas são mais rápidos do que antropólogos e mais diretos do que romancistas. Captam o fenômeno quase no momento mesmo em que vem à luz. O fenômeno em questão é o poder magnético dos iPhones, BlackBerries e similares. O ato de compra desses aparelhinhos é um contrato que vincula mais que casamento. As pessoas se obrigam a partilhar a vida com eles.

Na charge da New Yorker, a mulher estava convidando para uma festa em que, ela sabia — e até se entusiasmava com isso —, as pessoas ficariam olhando para seus iPhones ainda mais do que umas para as outras. É assim, desde a sensacional erupção dos tais aparelhinhos, e não só nas ocasiões sociais. O mesmo ocorre nas reuniões de trabalho. Chegam os participantes e cada um já vai depositando à mesa o respectivo smartphone (o nome do gênero a que pertencem as espécies). Dali para a frente, será um olho lá e outro cá, um na reunião e outro na telinha. Não dá para desgarrar dela. De repente pode chegar uma mensagem, aparecer uma notícia importante, surgir a necessidade de uma consulta no Google.
O que vale para reuniões sociais e de trabalho vale também para as sessões do Supremo Tribunal Federal. Quem assistiu pela TV Justiça, na semana passada, ao início do julgamento das competências do Conselho Nacional de Justiça, assistiu a uma cena exemplar. Falava o representante da Associação dos Magistrados Brasileiros. A TV Justiça, com seu apego pela câmera parada, modelo Jean-Luc Godard, enquadrava o orador e, atrás dele, quatro cadeiras da primeira fila da assistência. Três delas estavam ocupadas, a primeira por uma moça que, coitada, não conseguia se livrar de um ataque de espirros, e as outras duas por cavalheiros cujo tormento, igualmente compulsivo, era não conseguir se livrar dos smartphones. (Se o leitor ainda não se deu conta, o melhor, na TV Justiça ou na TV Câmara, é observar o que se passa ao fundo.)
Os dois cavalheiros apresentavam reações características do Homo connectus. Um olho lá, outro cá. De vez em quando, um deles guardava o telefoninho no bolso. Será que agora vai sossegar? Não; minutos depois, sacava-o de novo. E se chega uma mensagem? Uma notícia? Às vezes o smartphone exigia mais que um simples olhar. Requeria o afago dos dedos, naquele gesto que antes servia para espanar uma sujeirinha na roupa, e hoje é o modo de conversar com a telinha. Quando o representante da Associação dos Magistrados terminou o discurso, veio ocupar a cadeira que estava vazia. Agora era sua vez! Sacou o smartphone e, olho lá e olho cá, ele o põe no bolso, tira, olha, consulta de novo, enquanto o orador seguinte se apresentava.
O telefoninho esperto vem provocando decisivas alterações na ordem das coisas. O ser humano é instigado a desenvolver novas habilidades, como a de tocar na tela e conduzi-la ao fim desejado, sem que desande, furiosa e insubmissa. Implantam-se novos hábitos sociais. No tempo do celular puro e simples, aquele bicho que só telefonava, havia restrições a seu uso. Não em ambientes mais debochados, como a Câmara dos Deputados por exemplo, onde sempre foi e continua a ser usado sem peias. Em lugares de maior compostura, os celulares são evitados porque fazem barulho — disparam a tocar campainhas ou musiquinhas e só permitem comunicação via voz. Já os smartphones podem ser desativados na função telefone mas continuar, em respeitoso silêncio, na função telinha. Daí serem socialmente mais aceitáveis.
Smartphones: os aparelhos silenciosos que dividem seus usuários em 2
Smartphones: os aparelhos silenciosos que dividem seus usuários em 2
Há uma grande desvantagem, porém. O aparelhinho parte a pessoa ao meio. Metade dela está na festa, metade no smartphone. Concluída sua oração, metade do senhor da Associação dos Magistrados continuou na sessão do Supremo, metade evadiu-se para o aparelhinho. Pode ser que o aparelhinho lhe tenha trazido informações fundamentais para sua causa. Mas pode ser também que tenha perdido informações fundamentais, ao não acompanhar o orador seguinte. Qual o remédio, para a divisão da pessoa em duas, metade ela mesma, metade seu smartphone? Abrir mão do aparelhinho, depois de todas as facilidades que trouxe, está fora de questão. Se é para abrir mão de um dos dois lados, que seja o da pessoa. Por exemplo: inventando-se um smartphone capaz de sugá-la e reproduzi-la em seu bojo. As reuniões sociais, as de trabalho e as sessões do Supremo seriam feitas só de smartphones, sem a intermediação humana. Delírio? O leitor esquece do que a Apple é capaz.
E se chega uma mensagem? Uma notícia?

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Choro por um ditador na Coréia do Norte...

"O fato de Kim Jong-Il ter morrido no sábado e sua morte divulgada apenas hoje, primeiro por uma causa estapafúrdia – “fadiga física” – até o governo de Pyongyang admitir que se tratava de um enfarto fulminante, dá margem a imaginar-se que houve alguma dúvida ou mesmo disputa entre a cúpula do “Partido dos Trabalhadores” (o Partido Comunista lá é PT), sobretudo de parte dos generais que o compõem, sobre entregar o poder ou não ao neto do fundador da ditadura.
A Coreia do Norte passa a ser o primeiro regime não-monárquico a adotar uma monarquia peculiaríssima que entra, com a assunção do mais jovem Kim, na terceira geração de ditadores...."

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Uma crônica de saudades para Sócrates....

De Ricardo Setti para Sócrates

A morte de Sócrates, o grande craque, doi e revolta.
"Sócrates não foi apenas um dos grandes craques da história do futebol brasileiro, o gênio de calcanhar de ouro, dos dribles surpreendentes para quem tinha seu porte físico, da visão inteligente e criativa de jogo."
"Sócrates foi um brasileiro de seu tempo, preocupado com seu país e sua gente. Líder da democracia corintiana, foi aos palanques da campanha das Diretas-já em pleno regime militar, sempre se lixando para o que pensavam ou poderiam fazer os cartolas de clube ou os mandachuvas da CBF."
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"Um homem reto, bom, generoso. Até hoje tenho – sob guarda de meu filho Daniel –, a camisa 8 que ele tanto honrou e que me deu na concentração da Seleção em Mas Badó, nas proximidades de Barcelona, no dia seguinte à histórica vitória de 3 a 1 sobre a Argentina, com Maradona e tudo, e às vésperas da fatídica e injusta derrota para a Itália que colocou fim ao sonho do time de Telê Santana levantar a Copa FIFA.
O tamanho da figura de Sócrates para o Corinthians e o futebol brasileiro tornariam desejável que tivesse um velório no qual pudesse ser homenageado por muitos milhares de torcedores — na sede do Corinthians, no Estádio do Pacaembu, na Assembleia Legislativa do Estado, onde fosse. A família, porém, cuja vontade deve ser respeitada, preferiu uma cerimônia menos ruidosa em Ribeirão Preto, a 330 quilômetros de São Paulo, a cidade onde se radicaram seus pais, paraenses, e onde nasceram vários dos irmãos do Doutor, como Raí..."
Hoje, deixando de lado qualquer objetividade jornalística, choro por ele.